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Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário PDF

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- • - e Este um livro nece~rio. Um livro aliroonlado na ~o e na rellexllo. . ----- Livro aberto, lnacabado, queslionador, leito para a intertQ(:U~o A e pertin!ncia desses te,tos inegavel. lodos eles est!o centrados na compreensao e na translorrna~o ria pralica docente em attabeliza~o em ~I ed~o basica Este livro testemunha um estorlO conslante para analisar as mudancas nas pralicas doceoles et eorizar sabre as acoes necessarias para Que tais mudancas ocorram. r Em sua rettexllo, Delia incorpora lortemente 0 pensaroonto tranc!s de urna corrente conhecida como Didalica da Matematica, cujos represenlanles principals. cllados por ela mesrna. sao Brousseau e Chevatlard Ea qui se lorna manifesto seu duplo interesse nas aprendizagens basicas -lIngua e MatemAlica--que determinam a ~xilo ou fracasso inicial. Ela atualiza conceitos lundaroonlais dessa corrente de pensaroonto como ode 'cootrato d,datico' e0 de '\Iansposl~O didatica', tIalando, no enlanto, de enconlrar sua prOpria especificidade no caso cia lingua escrila. Finalroonte, a roolhor recoroon~o que 50 pede tazer a um livro ! mostrar que ajurla ac oolinuar pensando Que ad iscussao siga eq ue 0 conheciroonto avance para que possamos atuar melhor e, assim, garantir 0 direito a attabeliza~o de todas as cflancas. Do prefdcio de Emilia Ferreiro Lere eserever SOBRE A AUTORA Da esenla: Delio lemer. Investlgodoro em did6ticQ do leitura e escrito e em did6tico do motem6tica. ProfessOf"o do Departamento de Cl~ncios do EducoC;60 do Foculdode de Filosofio e LeffOS do Un/versldade de Buenos Aires. oreal, possivul necessario Em IInguo portuguese, tem publicodo pelc Artmed Edilare; A motem6tico no escolo: oquj e 0 B0 agora (1995); com Porra, C. et 01. Didoticc do motem6tko: rellex6es psicopedog6gicos (1996) ; com Palacios, A. e Munol, M. Compreens60 do leitura e express60 escrito: a expe rifnc:io pedog6gico (1998). Dolia Lornor Pref6cio: Emilio Ferreiro Trod~o: 1.6161 Lerne.r, Delia EmoniRoso Ler e escrever fla esrola: 0 real, a JX>SSlve.1 e. 0 nettss6rio I Delia Lerner; trad. Emani Rosa. - PortO Alegre: Anmed, 2002. Consultoria, superviseo e reviseo tecnica desta edi4joo: 1. Educac;ao - Mchodos de investiga,ao - lLitura - Escrita. TelmaWeisz 1. Titulo. Doutoro em Psicologio do Aprcndizogem pcla Universidode de $60 Paulo CDU 37.012 Calaloga,!o na publica,ao: MOnica Ballejo Canto - CRB ]0/1023 J. . 000.32 ISBN 85-7307·957·6 2002 Obra originalment~ publicada sob 0 titulo Lur, y escribir tn la escuda: 1.0 r~al, 10 posiblt y 10 ntCeulrio o Fondo d~ Cultura Economica, 2001. Sumeria capa Gustavo Macri Pr~para~30 do original Solangt Canto l.ogutreio Leitura Final Fabiana Cardoso Fiddis Supe.rvis30 editorial Pref6cio ............................................................................................................... 7 M6nica Balltjo Canto Emilio Ferreiro Projew e ~dilOra~iio Vorio~6es sem fuga ............................................................ .............................. 13 Armm:lm Digital Edilorafao Elttr6nica - remv Doniel Goldin Nota introdut6rio ............................................................................................... 15 1 ler e escrever no escalo: 0 real, 0 passivel e o necessario ....................... 17 Dificuldades envolvidas na escolariza~o das prciticas ............................... 19 TensOes entre os prop6sitos escolares e exrra-escolares da leitura e da escrita ................................................... 19 Reservados todos os direitos de publica~ao. em Ungua ponuguesa, a ReJa<;ao saber-dura<;ao Vtrsus preserva<;ao do sentido ................................ 20 ARTMED-EDITORA SA Tensao entre duas necessidades institucionais: Av. JerOnimo d~ Ornelas, 670 _ Santana ensinar e controlar a aprendizagem ..................................................... 20 90040·340 Pono Al~gre RS Fone: (51) 3330·3444 Fax: (51) 3330-2378 2 Pora transformar 0 ensino do leitura e do escrito ..................................... 27 E proiblda 8 dupli~alf'1io ou reprodulf'!io d~ste volume, no todo ou em pane, sob quaisquer Qual eo desafio? ...................................................................................... 27 (onnas ou por qU8lsquer meios (eletr6nico, mecAnico, gravalf'ao, fotoc6pia, distribuilf'30 na Ep oss(vel a mudan<;a na cscola7 ............................................................... 29 Web e oUlros), scm pennissao expressa da Editora. A capacita<;ao: condi<;ao necessaria, mas nao suficiente para a mudan<;a na proposta didatica .................................................. 31 sAo PAULO Acerca da rransposi<;ao didatica: a leitura e Av. ~boulf'as, 1073 - Jardins 05401·150530 Paulo SP a escrita como objetos de ensino .......................................................... 33 Fone: (I1) 3062·3757 Fax: (11) 3062·2487 Acerca do "contrato didatico" .................................................................... 36 Ferramentas para transfonnar 0 eosino ..................................................... 38 SAC 0800 703·3444 3 ApontamentO$ a partir da perspecti't'a curricular ...................................... 53 IMPRESSO NO BRASIL Acerca dos problemas curricula res ............................................................ 54 PRlNTED IN BRAZIL Conslruiro objelo de eosine ...................................................................... 5S 6 Sumario Caracterizar 0 objeto de referenda: as pralicas de leitura e escrita ......... S9 Explicitar conteudos envolvidos nas prciticas ........................................... 61 Preservar 0 senrido dos conteudos ........................................................... 64 Os comportamemos do leitor na escola: tensoes e paradoxos .................. 66 4 Ep ossfveller no escolo~ ........................................................................... 73 A realidade nao se responsabiliza pela perda de e suas (nossas) ilusOes (ou - Nao. Nao posslveller na escola) ............ 7S A escola como microssociedade de leitores e escritores (ou - Sim. Ep ossfveller oa escola) ..................................... 79 PrefOcio o sentido da leilUra oa escola: prop6sitos didaticos e prop6sitos do aluno ........................................................... 79 GestaO do tempo, apresenta~ao dos conteudos e organiza~ao das atividades ............................................................... 87 Acerca do controle: avaUar a leitura e ensinar a ler ................................. 92 o professor: urn ator no papel de leitor .................................................... 94 A institui~ao e 0 sentido da leitura .. ., ....................................................... 97 5 e 0 popel do conhecimento did6tico no formo'ioo do professor .............. 103 Este urn livro necessario. Urn livro alimentado na a~ao e na reflexao. o conhecimento didalico como eixo do processo de capacita~ao ........... 103 Livro abe no, inacabado, questionadoer, feito para a interlocu~ao. Livro que eu Acerca de conserva~Oes e transforma~Oes .............................................. 107 recomendaria ler em grupo, porque composto de textos que foram escritos As situa~Oes de "dupla conceilUaliza~lio ................................................. 107 para serem escutados por inrerlocutores com os quais Delia dialoga desde A atividade na aula como objeto de analise ........................................... 110 uma tensao permanente entre compreensao e iocompreensao, ja que esses interlocutores (reais ou potenciais) compartilham desejos, mas nao necessaria Palavras £ina is ........................................................................................ 116 mente praricas e reflexoes. e Re f ere'n CIOS BOIb !"l ogr6 1'I COS ............................................................................. 118 A pertin!ncia destes textos, feitos para um publico latino-america no, 0 inegavel. Todos eles estao centrados na compreensao e transforma~ao da pra lica docente em alfabetiza~ao oa educa~ao basica. Transcorreram mais de vin te aoos desde a publica~ao da Psicogenese da lingua escrita1 e, nesse perfodo, assistimos a uma serie de assimila~oes (muilas delas deformantes) dos conhe cimentos ali expostos. Nenhuma das situa~Oes de iodaga~ao psicolingi.ifsticas apresentadas nesse livro tern inten~ao didatica, mas a simplicidade de quase e tOOas as tarefas propostas as crian~as taota que, inevitavelmente, suscita ram nos leitores ateotos (nas leiloras atentas) a preocupa.-;ao de as reproduzi rem. Por exemplo, 0 que e mais simples que estimular uma crian.-;a para que escreva uma serie de palavras que ainda nao Ihe ensinaram a escrever? Muilas professoras 0 tentaram e, quando descobriram que em seus grupos escolares havia crian~as que repetiam as respostas de Javier, Romina, Griselda e Omar (para char alguns dos nomes que estao em suas paginas), foram convencidas por seus pr6prios alunos. E entao come~ou a angustia. Se as crian~as slio assim, se 0 processo de e aquisi~ao da lingua escrita assim, 0 que a professora tern que fazer? "Respei tar 0 processo" foi uma primeira resposta (que quase se transformou em slogan). - 8 Delia Lerner Ler e escrever na escola 9 e Ou seja, se a crian~a passa a ser 0 alor principal, 0 professor se sente desloca Finalmente, a melhor recomendac;ao que se pode fazer a urn livro mostrar do e se recolhe, transformando-se em espectador. que ajuda a continuar pensando. Nao foi isso 0 que fizeram os que melhor aceitaram 0 desafio de com par tilhar 0 papel principal com suas crian~as, os que puseram a no.;ao de processo no pr6prio centro de suas pniticas e aceitaram que, embora a professora seja ANEXO E CONTINUAc;AO DA CONVERSA quem sabe mais, as crian.;as tambem tern saberes provenientes de Fontes di a versas, e todos (inclusive a professora) podem seguir seu processo de alfabeti Ja disse que este livro esra aberto interlocu,ao. Depois de te-Io lido, za.;ao, com a condi.;ao de que aceitem utilizar 0 tempo escolar para funcionar fa~o-me novas interroga,oes, algumas das quais me parece pertinente expor "em seu melhor nlvel". aqui, precisamente para demonstrar que este livr~, polemico por natureza, Eu disse insistentemente que "um novo metodo nao resolve os proble nos permite entrar numa discus sao que, na America Latina, apenas come~a a e e mas". Mas a reflexao didatica outra coisa. E uma vez que conseguimos resti se esbo~ar, e que muito necessaria. tuir 0 direito pie no ao alor principal de seu processo de aprendizagem, que e A noc;ao de inte",enp:i'o docente. Em seus capitulos, dita interven,ao e e a pr6pria crian~a, necessario conceitualizar as mudanc;as que ocorrem no conceirualizada fundamentalmeme em termos de "dizer" ou "fazer". Mas 0 ambito escolar quando se torna complexa a noc;ao de "lingua escrita", quando silencio pode ser conceitualizado nao como uma ausencia de interven~ao, e nao se confundem ensinamentos com aprendizagens e quando se aceita (me sim como urn tipo particular de interven~ao, muito poderoso em certos casos, diante evidencias) que 0 sujeito da aprendizagem assimila, cria, constr6i, e porque pode suscitar uma interroga,ao nada banal nos alunos: "por que a que suas assimila~oes, suas cria.;oes intelectuais, suas constru~Oes cognitivas professora se manteve calada?". Acho que 0 silencio como intervenc;ao peda u~m um extraordinario potencial pedag6gico. g6gica merece ser considerado explicitamente. Vamos nos en tender: nao qual e Este Iivro testemunha um esfor,o constante para analisar e teorizar sobre quer silencio, ja que ha silencios c silencios ... Nao 0 silencio do laissez faire as mudan,as nas praticas docemes e sobre as ac;oes necessarias para que ditas nem 0 silencio do desconcerto loral por parte do docente. Refiro-me, por exem mudan~as ocorram. Urn lei tor ingenuo pode achar estranho que se fale de sua plo, a certos momentos (que Delia e outras colegas conhecem muito bern) pratica em termos que nao sao coloquiais nem simplistas. Mas assim deve ser onde a professora assume conscientemente 0 rempo necessario para que as quando "0 didarico" pretende ser levado a urn saber ajustado a criterios de crian~as encontrem uma soluc;ao, ou quando ela fica junto ao grupo em atitu rigor cientffico. de de reflexao. Conceitualizar adequadamente essas "interven,oes silencio Delia nos prop6e come,ar por urn texto-slntese, que resume temas que se sas" me parece que faz parte desse esfor~o global de conceituaJiza~ao da pni. iraQ desdobrando nos capitulos sucessivos. Em sua reflexao, Delia incorpora tica a que nos convidam suas paginas. fortemente 0 pensamento frances de uma corrente conhecida como Didatica A not;ao de transposi~ao diddtica significa, tal como se diz no Capitulo 2, da Matem<i.tica, cujos representantes principais, cirados por ela mesma, sao "0 saber que se modifica ao ser comunicado, ao ingressar na rela~ao didarica". Brousseau e Chevallard. E aqui se lorna manifesto 0 duplo interesse de Delia Delia tern muiro claro que essa rransposic;ao nao e uma justifica~ao para dis nas aprendizagens bcisicas - Lingua e Matematica - que determinam 0 exito lanciar saber escolar do saber rout court, ou seja, do estado do conhecimento ou 0 fracasso iniciaL Ela atualiza conceitos fundamentais desta corrente de das disciplinas de referencia. Digo isto porque come,aram a circular "versoes pensamemo, como 0 de "contra to didatico" e 0 de "transposic;ao didalica", Iivres'" da transposi~ao didtitica, que servem para justificar urn modo de pensar trarando, no entanto, de encontrar sua pr6pria especificidade no caso da Ifn nos conteudos escolares que simplesmente nao se preocupa com sua rela~ao gua escrita. com a ciencia constitufda. Pelo contrario, quem se ocupe da didatica (de qual Este prefacio deveria terminar aqui, ja que 0 convite ao lei tor foi feito e a quer dos conteudos escolares) deve ter muito claro qual e 0 estado do co justificac;ao da pertinencia e oportunidade da obra tambem foi apontada. No nhecimento da ciencia que se (rara de ensinar. ISlO, que me parece fundamen e, enta?ro, acrescentei uma segunda pane (po~co convencional) a esre pr610go, tal para qualquer conteudo escolar, no entanto, motivo de serios quesliona precisamente para dar testemunho do que flquei pensando depois de rer lido mentos no caso da didatica da lingua materna. Por isso 0 veremos a seguir. e de ter continuado, atraves dessa leitura, urn dialogo de anos com Delia, feito Se 0 conteudo didcitico se identifica com "no<;oes gramaticais e lirerarias", nos audit6rios e nos cafes, nos aeroportos enos congressos, face a face e por a didcitica da lingua enfrenta cenos problemas, ja que ha teorias gramaticais correia eletronico. Como 0 que se segue nao e parte do pref<kio (mas fica ria concorrentes com francas oposic;6es entre si (pense-se, por exemplo, nas dis sem ser diro, se nao 0 colocasse aqui), convido 0 leiror a deixa-Jo de lado e, em tintas acepc;oes atuais da nOC;ao de ora~ao), tanto como ha diferentes e todo caso, voltar a este "anexo ao pre facio", uma vez que renha lido 0 Iivro. contrastantes concept;6es de leoria lireraria. Mas Delia nos propoe pensar em 10 Delia Lerner Lcr e escrever na escola 11 out~~ conte~do da did~tica da lingua materna (Capitulo 3), onde as prciticas trabalho de documemac;ao. Chervel-que e historiador e nao didata - diz, em e socials de lenura e escnta definem urn novo objeto de ensino que leva a outro poucas palavras, 0 seguime: a gramarica escolar apresentada como uma objeto, "a lingua", cuja realiza~ao como "lingua escrita" e uma realidade corrente gramancal particular (portanto, vulgariza~ao ou transposi~ao de uma indubitavel no ambito escolar. Dito em termos mais simples: se a escola assu produc;ao cientifica). quando na realidade se uata de uma COnStru~ao (no me plenamente sua fun~ao social de formar lei[Qres e produtores de texto, as sentido de fabricac;ao) de urn modo de analise do frances com 0 unico objetivo pr~ticas socia!s vincula~as com os usos da lingua escrita nao podem ser peri de ensinar a ortografia peculiar do frances. Chervel 0 diz com palavras muito feneas, mas slm centrals ao programa escolar. (Em vez de ensinar gramatica fones: com a pretensao de que isso "ajude a escrever" e de mostrar belos textos com a a prerensao de que isso "ajude a formar juizos esteticos em rela~ao Ifngua e Era necessario ensinar a onografia a todas as crianc;as francesas [ ... ) Para ~sta a avaliar 0 "bern dizer", 0 que se propOe e uma reflexao gramatical "no ato" e lare(a se criou a instituic;ao escolar. Para ~sta tar~fa, a instituic;ao escolar do uma reflexao. ~xplicita, mas nao le6riea, sobre a lingua em tarefas de corrigir, tou~se de urn inslrumento leonco, de uma conceJX;ao global da lingua, que eomparar, uflhzar modelos, etc.) Vejo com simpatia e interesse essa mudan~a apresenlOu arbitrariamenle como a juslificac;ao da oTlOgrafia. (p. 27) de foco, acho que e extrema mente oportuna e inovadora, mas em termos da ... a gramalica escolar nunCrt teve outra ra7.ao de ser que servir de auxiliar transposi~ao diddtica me pergunto: qual e a ciencia que se ocupa da eonceitua pedag6gico ao ensino da orlOgrafia ( ... 1 3 gramatica cscolar, e somenle c13, permitiu canonizar a ortografia, identificando na mente das pessoas a orlogra Iizac;iio das praricas de leitura e escrita? Por sorte dispomos da obra de hislO fia francesa com a lingua franccsa. (p. 28) riadores que nos informam da evoluc;ao de ditas praricas (penso em europeus como Roger Chartier e Armando Petruccci, que felizmente contagiaram multi Falla-nos em espanhol estudos provocativos como este para entender plos seg~idores com seu entusiasmo). Por acaso sera a hist6ria a disciplina de melhor a relaC;ao entre as conceitualizac;oes escolares e os saberes disciplinares. refer~nc\a, pelo menos por contraste? Ou a didatica esta interpelando a socio e log!a ou a antropologia da leitura e da escrita para que cOnlribuam para cons Finalmente, 0 tempo. A distribuic;ao do tempo didatico uma constante e atraves dos capitulos deste Iivro. Por urn lado, porque Delia sustenta que trUir seus parametros de referencia? Delia tern consciencia da dificuldade quando nos diz que "as praticas atuais serao objeto de novos estudos no fUlU: preciso distinguir e diferenciar sem parcializar as praticas. Por OUlro, porque 0 (.j tempo didatico deve ser distribuido entre atividades coletivas, grupais e indi ro, .a partir da perspectiva soeiol6gica e hist6rica. Enquanto isso, e neces viduais, que, por sua vez, podem penencer a projetos, sequencias de ativida sana recorrer a uma analise intuitiva, e nao tao rigorosa como seria desejavel des ou atividades habituais. Esta dupJa distribuic;ao do tempo did.hico (con de alguns ?spectos das praticas, das atividades de leirores e escrilores" (Capl forme a quantidade de atores envolvidos e conforme a indole da rarefa, em rulo 3). EJustamente esse recurso a uma "analise intuitiva" das praricas con que os projetos, que sao atividades de longo prazo com urn produlo tangivel, temporaneas 0 que acaba sendo problematico, ainda mais em momentos de e rapid as mudan~as nessas mesmas praticas (penso nas praticas de leitura e merecem uma considera~ao particular) muito justificada. Aproveitar ao ma escrita atraves de urn processador de texto e na "navega~ao" na internet2). 0 ximo 0 tempo didatico e aprender a controla-Io e potencializJ.-lo e, sem duvi da, uma variaveJ da maior importancia na renexao didarica. E nesse mesmo que ~cabo de dizer nao invalida - entenda-se bem - 0 interesse da proposi~ao e cUrricular exposta, nem sua peninencia arual. Refiro-me exclusivamente aos ponto se suscita uma pergunta que nao e nova, mas recorrente: qual 0 tem po da capacirac;ao do professor? Delia (e lodos os que compartilham sua filo problemas te6ricos vinculados com uma mudam;a de foeo na concepc;ao do "objeto de ensino" . sofia de capacirac;ao) nos falam de urn acompanhamento (medio) de dois anos, que inclui necessariamente urn trabalho sobre regisrros de aula, quer dizer, .J a que acabo de me referir a hist6ria e a transposi~ao didatica, gostaria uma discussao sobre a pratica efetiva. Rendo-me as evidencias e ace ito as de vmcular ambos os termos. 0 pr6prio conceito de "transposi~ao didatica" dificuldades de qualquer sujeito (crianc;a ou adulto) para mudar seus esque alude a uma rela~ao entre urn saber constiruido fora de roda referencia a suas mas conceituais. Mas sofro a angustia dos tempos impastos por OUlros. A an· condi~oes de transmissao, e a transmissao desse mesmo saber as novas gera gustia de urn momento espedfico de nossa hist6ria presente, quando mudan ~oes. Sugere, ponamo, uma relaC;ao entre uma fonte de legitimidade (a cien c;as tecnol6gicas extrema mente velozes (e poderosas) exigem respastas imedi cia) e ~ma ~it~ar;ao de .transmissao (didarica), que gera condir;6es particula aras para necessidades mal resolvidas no passado imediato. Tenho medo que res de mscnc;ao para dno saber. Consequememente, uma rela~ao unilateral. No emamo, a hist6ria da "gramarica escolar" na fran~a parece ter invertido urn modelo de capacira~ao (correto no conceitual) apare~a como inadequado frente ao pragmatismo da imediatidade. No entanto, con vern apostar em que dira relac;ao. Ha urn texto de Andre Chervel (1977)3 que mereccria atcn~ao, o pr6prio avanc;o do conhecimento didatico sugerira form as diferenciadas de ao menos pelo que ha de provocativo em sua posiC;50 e de cuidadoso em scu 12 Delia Lerner capacita~ao (incl~indo uma incorpora~ao das novas recnoJogias disponiveis) e que chegara 0 dla em que poderemos aproveitar 0 tempo de forma~ao ante a rior entrada em servi~o do professor. Que a discussao siga e que 0 conhecimento avance, para que possamos a atuar melhor e garantir, assim, 0 direito alfabetiza~ao de lodas as criam;as. Emilia Ferreiro VariaC50es sem fuga a Antes de se dedicar de todo educa~ao, Delia Lerner tocava piano. Urn de seus compositores favoritos era - e continua sendo - Johann Sebastian Bach, 0 mesne da arte da fuga e 0 rna is alto expoente da ane das varia~Oes. Delia me contou isso durante uma conversa em que Ihe comentei a im pressao que me causou a leitura dos textos, entao dispersos, que integram a este livro: a de estar diante de urn pensamento construido maneira das va ria<;6es em musica. o tema, essencial e da maior importfincia para quem trabalha na educa ~ao, esra enunciado no titulo do livro - Ler (! escrever na escola: 0 rea~ 0 passi vel e 0 necessaria. Mas esse lema e na realidade a varia~ao de urn tema do maior interesse para todos aqueles que eSlao preocupados com a constru~ao de uma sociedade democratica. Deliberadamente escolho apresenta-lo em for ma interrogativa: a escola pode propiciar 0 surgimento de outras rela~6es de poder na sociedade? Como editor que sou, durante muiro tempo tentei convencer Delia de que deixasse suas multiplas ocupa~oes, para se consagrar a escrever uma obra que imaginei sisuda e definitiva. Mas, embora a escrira seja uma parte essen cial de sua vida - urn desafio conSlante e uma fonte essencial de conhecimen to -, Delia nao quer abandonar tudo para se debruc;ar a escrever, pais sustenta 'IOTAS que, se se quer escrever sobre educa<;ao, nao e aconselhavel distanciar-se to talmente sala de aula: "Meus escritos sao instrumentos de batalha, sao manei 1. E. Ferreiro e A. Th~rosky (979). lm sistemas de escritura en eI desarrollo del ras de lutar pelo que desejo para a educa<;ao em geral e para a forma~5.o de nillo. M~xico. Siglo XXI Edilores. (Em ponugu!s: Psicogenese da lingua escrira. leitores e escritores em panicular", disse-me uma vez. Por isso, Delia optou Porto Alegre: Mimed, 1999.) por ourra via e se prop6s a abordar 0 tema de maneira paula tina, ensaiando 2. E. Ferreiro, (2001). Pwado y pnsente de los ~rbos lur y escribir. Buenos Aires: Fondo de Cuhura Econ6mica, 2001. diversas esrraregias e perspectivas, ideias e leituras, experimentando progra 3. A .. Chcrvcl (1977) ... ef il/al/u/ apprendre d lcnre d tous les petilS /rallfuis _ mas e projeros, falando, escutando e discutindo com colegas, professores e IllstolTe de 10 grammOlTe .Ko/Ulrt. Paris: Pay-ol.- ----- 14 Delia Lerner crian~as. Por isso, seus escritos transpiram essa mescJa de suor da aula, medi ta~ao e discussao de ideias, observa~Oes e teorias, que Ihe dao seu valor tao peculiar. Atravessando os diferentes niveis e ambitos do sistema educacional, 0 livro reune e ana lisa os diferentes conflitos que a tensao entre a conserva~ao e a mudanc;a gera na escola. Sua vontade de compreender 0 que ai acontece s6 a e com para vel tenacidade com que mosrra as possibilidades de transforma ~5.0 abenas para aquele que estiver decidido real mente a aceitar os desafios da forma~ao de leitores e escritores. E, em urn campo onde campeou 0 volun Nota Introdutoria tarismo, 0 planejamento distanciado do conhecimento das condi~Oes de instru mentaIJao ou 0 desaceno cego, essa posrura - que, em ultimo caso, busca a constru~ao te6rica a panir da analise sistematica e rigorosa da experiencia - deve ser saudada. Proposic;ao e variac;Oes, este livro n5.o s6 expressa com clareza a forma como Lerner mosrra os desafios que a escola enfrenta para criar nela uma comunidade de leitores e escritores, como apresenta 0 processo. Como na musica que expressa sempre a si mesma, aqui se encena uma proposra, n5.o apenas se fala dela. Paradoxalmente, ao se inrernar neste livr~, 0 leitor com Alguns livros se anunciam como urn rel1mpago subilO; e outros, pelo COntra preende que nlio podera abordar a transformaIJao das praticas de escrita e rio, levam decadas mawrando suas paginas. Com El instinto dt lnu, porenm leirura na escola atraves da leitura de urn Iivro (seja este ou qualquer outro), plo, eu estou ceno de que tudo oom~u durante minha adolescencia tm BuenOJ pelo menos nao da leitura, linear e solita ria, a que nos acostumamos. Pois, Aires ( ... ). e sem duvida, preciso ler para formar leirores e escritores. mas principalmeme (Carlos Futntes, ao apresentar em Barrelona seu ultimo romance, 0 uhimo e preciso reier, conversar, pensar, discurir, ensaiar, brincar e analisar. .. e voltar deste seculo, confonne el~esmo afinna. [Citado por Rodrigo Fresan, em pd a faze-Io muitas vezes. gina 12, Buenos Aires, 6 de abril de 2001.)) Como nos acontece ao escurar Bach, a ane das variac;Oes desre livro gera e, A preseme edic;!o se dedica, em maior medida ainda, a essa larefa de empilha no leitor a impressao de estar diante de uma obra que aleme de tudo, 0 anun mento de teXlOS, coisa que nao desagrada ao autor. Porque 0 texto do saber cio de uma obra sempre por-vir, e urn convite a continua-Ia: sem duvida uma nunca ~ outra coisa que uma col~io de pec;as e fragmentos cosmrados mais ou suri! maneira de permanecer perfurando 0 tempo e 0 estabelecido. A nobreza da menos minuciosamenle. proposta de Delia e que suas variac;6es aJcanc;am plasmar caminhos para trans a formar 0 real a partir de urn maior envolvimemo nele. Sao varia~Oes sem fuga. (Yves Chevallard. La transposici6n diddclica. Prtfacio segunda edi~30. Marc;o a de 1991.) A edic;ao deste livre deve muito inteligencia de duas amigas e leiroras de Delia, Graciela Quinteros e Mirta Castedo, com quem discuti esta obra em diversos momentos de sua elaborac;ao. Quero deixar patente meu reconheci Por 0 ponto final. Permirir que 0 Iivro empreenda seu pr6prio caminho e va encontrar-se com voces, seus leitores. Escrever umas palavras para apresenu\ mento e minha gratidao. la, para acompanha-Io ao mesmo tempo em que 0 deixo ir. Can tar sua hist6- Daniel Goldin ria, falar das intenc;Oes que 0 animam, das preocupac;Oes que palpitam em suas paginas ... Este livro levou seu tempo. Tempo de consrruc;ao, de escrita e reescrita. Tempo necessario para plasmar de maneira orga.nica ideias elaboradas e reelaboradas durante quase uma decada, para costurar minuciosamente com pontos invisiveis textos produzidos durante esse perfodo, para reescrever os artigos originais ate transform a-los em cap(tulos. I 16 Delia Lerner As ideias que 0 atravessam sao produro de muiros anos de pesquisa na 1 sala de aula, da imera~ao com muitos professores em diversas instancias de formac;ao permaneme, dos problemas apresentados peJo projeto curricular e pelas respostas eJaboradas para resolve-los, das discussoes constantes com colegas de diferentes palses, do dia)ogo mantido atraves dos textos com a produc;ao pioneira da dirlarica da matematica. Contribuir para instalar na escola as pniticas de leitura e escrita como e objetos de ensino, compreender por que tao dificil produzir ~ra?sforma.c;oes profundas na instituic;ao escolar - essas transforma<;6es que sao Imprescmdf· Ler e Escrever no Escolo: veis para que lOdos os alunos cheguem a seT ieirores e escritores -, elaborar ferramentas que permiram superar essas dificuldades ... sao intenc;Oes essenciais OReal, Possivel e Necessario1 0 0 que os leitores reenCOntrarao ao longo destas paginas. Aprofundar no esrudo da problematica did Mica, produzir conhecimentos rigorosos ace rca do ensino e da aprendizagem da linguagem esc rita, contri· buir para a construc;ao da didatica da leirura e da escrita como urn campo do saber. .. sao preocupac;oes scm pre presentes, sao prop6sitos que orienraram todas as analises realizadas. Transformar os artigos originais em capirulos de urn livro foi urn trabalho arduo. Era necessario estabelecer relac;oes, evitar repetic;oes, reunir rios dispersos, tecer uma trama justa e coerente. Foi possivel faze-lo, porque, em Ler e escrever. .. Palavras familiares para [odos os educadores, palavras bora se centrassern em temas diferentes, todos os textos foram inspirados por que marcaram e continuarn marcando uma func;ao essencial - talvez a unica prop6sitos similares, (odos constituiarn tijoios de uma "obra em construc;ao". fun\ao - da escolaridade obrigat6ria. Redefinir 0 sentido dessa fun\ao - e Enquanto reda a trama, os capirulos iam mudando de lugar. Cada mu explicar, ponanto, 0 significado que se pade atribuir hoje a esses [errnos lao danc;a permitia entrever novas reiac;oes, gerar novos sentidos, revelar matizes e arraigados na instituic;ao escolar - urna tarefa incontestavel. antes insuspeitos. Ensinar a ler e escrever e urn desafio que transcende amplamente a alfa· A ordem atual esta muiro longe da ordem cronol6gica em que foram betizac;ao em sentido estrito. 0 desafio que a escola enfrenta hoje e 0 de incor produzidas as versoes anteriores dos textos. Tao distante, que 0 primeiro capi porar todos os alunos a cultura do escrito, e 0 de conseguir que todos seus ex tulo se baseia no texto mais recente (uma sfntese das ideias que ja haviam alunos cheguem a ser rnembros plenos da comunidade de leitores e escritores.2 sido expostas em artigos previos). Situa-Io no come<;o permite antecipar as Participar na cultura escrita supoe apropriar·se de uma tradiC;ao de leitu questoes essenciais que se desdobram nos capitulos seguintes, mas essa ante ra e escrita, sup6e assumir uma heran\a cultural que envolve 0 exercicio de dpaC;ao corre 0 risco de ser pouco explicita. Ao percorrer os pr6ximos capi~u­ diversas operac;oes com os textos e a coloca<;ao em ac;ao de conhecimentos los, os leirores poderao ir penetrando na problemMica e nas propostas anuncla sobre as rela<;oes entre os texros; entre eles e seus autores; entre os pr6prios das a partir de diferentes perspectivas: a analise cdtica do ensino usual e a autores; entre os aotores, os textos e seu contexto ... reflexao sobre as ferramentas que podem transforma-Io; 0 projeto curricular; Agora, para concretizar 0 prop6sito de formar todos os alunos como pra· o trabalho na instiruic;ao escolar; a formac;ao permanente dos professores. licantes da cultura escrita, e necessario reconceitualizar 0 objeto de ensino e Certamente, os capitulos continuarao mudando de lugar. Certamente, construi-Io tomando como referenda fundamental as praticas sociais de iehu cada leit~r construira seu pr6prio itinen'trio, podera ir e vir de urn capitulo a ra e escrira.l P<>r em cena uma versao escolar dessas praticas, que mantenha outro, fazer diferentes trajetos, encontrar ou criar novas relac;6es, conSlruir a cerra fidelidade versao social (nao-escolar), requer que a escola funcione respostas para suas pr6prias perguntas ... como urna rnicrocomunidade de leitores e escritores. Confio·lhes entaO meu Iivro. Deixo-o em boas maos. Sei que, ao U!-)o, voc~s o necessdrio e fazer da escola uma comunidade de leitores que recorrem o reescreverao e que poderemos trabalhar juntos nesta obra em construc;ao. aos textos buscando respOSla para os problemas que necessitarn resolver, tra Agrade<;o a Johanna Pizani sua inteligente colaborac;iio durante 0 proces rando de encontrar inforrna<;ao para compreender melhor algum aspecto do so de escrita deste Iivro. e mundo que objelo de suas preocupac;oes, buscando argumentos para defen- Delia Lerner - 18 Delia Lerner Ler e escrever na escola 19 der uma posi<;ao com a qual estao comprometidos, ou para rebater outra que DIFICULDADES ENVOLVIDAS consideram perigosa ou injusta, desejando conhecer ouuos modos de vida, NA ESCOLARIZA<;AO DAS PRATICAS' identificar·se com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar·se de outras hist6rias, descobrir outras formas de Precisarnente por serem pracicas, a leitura e a escrita apresentam tra<;os utilizar a linguagem para criar novos sentidos ... 0 necessario e fazer da escola que dificultarn sua escolarizac;ao: ao cOntra rio dos saberes tipicarnente uma comunidade de escritores que produzem seus pr6prios textos para mos· escolarizaveis - que se caracterizarn por serern expHcitos, publicos e sequen· trar suas ideias, para informar sobre fatos que os destinatarios necessitam ou ciaveis (Verret, citado por Chevallard, 1997) -, essas pratitas sao totalidades devem conhecer, para incitar seus leitores a empreender altOes que conside· indissociaveis, que ofe re cern resistl!ncia tanto a analise como a programaC;ao ram vaiiosas, para convenc~·los da validade dos pontos de vista ou das pro sequencial, que aparecem como tarefas aprendidas por panicipa<;ao nas ativi· postas que tentam promover, para protestar ou redamar, para compartilhar dades de ouuos leitores e escritores, e implicam conhecimentos implicitos e com os demais uma bela frase ou urn born escrito, para intrigar ou fazer rir. .. privados. o e necessario fazer da escola urn Ambito onde leitura e esc rita sejam praticas Ponanto, nao e simples determinar com exatidao 0 que, como e quando vivas e vitais, onde ler e escrever sejam insrrumentos poderosos que permirem os sujeitos as aprendem. Ao tentar instaurar as pnlticas de leitura e escrila na repensar 0 mundo e reorganizar 0 pr6prio pensamenro, onde interpretar e escola, apresentam·se - na realidade - multiplas perguntas cujas respostas e produzir texros sejam direitos que legftimo exercer e responsabilidades que nao sao evidentes: 0 que se aprende quando se ouve 0 professor lendo? em e necessario assumir. que momento as crianc;as se apropriam da "Iinguagem dos contos"? como ter o e, necessaria em suma, preservar 0 sentido do objeto de ensino para 0 acesso as anlecipa<;oes ou inferencias que as crianc;as presumivelmenle fazem sujeito da aprendizagem, 0 necessario e preservar na escoia 0 senrido que a ao tenlar ler por si mesmas urn texto? quando se pode dizer que urn aluno leitura e a escrita t~m como praricas socia is, para conseguir que os alunos se aprendeu a recornendar livros ou a confrontar diversas inrerpretac;Oes? ... a apropriem delaspossibilitando que se incorporem comunidade de leitores e Por outro lado, trata-se de praticas socia is que historicamente foram, e de escritores, a fim de que consigam ser cidadaos da cultura escrila. ceno modo continuam sendo, patrim6nio de certos grupos sociais mais que de a e Oreal e que levar prarica a necessario uma tarefa difkil para a escola. outros. Tentar que pnhicas "arislocraticas" como a leitura e a escrila sejam Conhecer as dificuldades e compreender em que medida derivam (ou nao) de instauradas na escola sup6e, entao, enfrentar - e encontrar caminhos para necessidades legftimas da institui<;ao escolar constituem passos indispensa· resolver - a tensao exislente na insliluic;ao escolar entre a tendencia a mud an· veis para construir alternativas que permitam supera·las. E. por isso que, antes <;a e a tendencia a conserva<;ao, entre a fun<;ao explicita de democratizar 0 de formular solultOes - antes de desdobrar 0 poss{vel -, e preciso enunciar e conhecimento e a func;ao implfcita de reproduzir a ordem social estabelecida. S analisar as dificuldades. A tarefa e dificil porque: TENSOES ENTRE OS PROPOSITOS ESCOLARES E 1. a escolariza~ao das praticas de leitura e de escrita apresenta pro EXTRA·ESCOlARES DA lEITURA E DA ESC RITA blemas arduos; e 2. os prop6silOS que se perseguem na escola ao ler e escrever sao dife Como a fun<;ao (explfcita) da institui<;ao escolar comunicar saberes e rentes dos que oriemam a leitura e a escrila fora dela; comportamentos culturais as novas gera<;Oes, a leitura e a escrita existem nela 3. a inevitavel distribui~ao dos conteudos no tempo pode levar a par para ser ensinadas e aprendidas. Na escola, nao sao "naturais" os prop6sitos celar 0 objeto de ensino; que n6s, leitores e escrirores, perseguimos habitual mente fora dela: como es 4. a necessidade institucional de controlar a aprendizagem leva a pOr tao em primeiro plano os prop6sitos didaticos, que sao medialOs do pooro de a em primeiro plano somente os aspectos mais acessfveis avalia<;.1io; vista dos alunos, porque eSlaO vinculados aos conhecimenros que eles neces S. a maneira como se distribuem os direiros e obrigac;Oes entre 0 pro sitam aprender para uliliut·los em sua vida futura, os proposilOS comunicati· fessor e os alunos determina quais sao os conhecimentos e estrate· vos - rais como escrever para estabelecer ou manter contato com alguem dis· gias que as crianltas t~m ou nao t~m oponunidade de exercer e, tante, ou ler para conhecer outro mundo possivel e pensar sobre 0 proprio portanto, quais poderao au nao poderao aprender. desde uma nova perspectiva - COSfumam ser relegados ou, inclusive, exclui. dos de seu ambito. Essa divergencia corre 0 risco de levar a uma situac;ao Analisemos agora cada uma das questQes mencionadas. paradoxal: se a escola ensina a Jer e escrever COlT, 0 unico prop6sito de que os

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