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LEMBRANÇAS DO RIO Nuno Portas ENTREVISTA com Fernando de Mello Franco CIDADE ... PDF

144 Pages·2015·17.84 MB·Portuguese
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#1 Revista do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio / Rio de Janeiro: em obras LEMBRANÇAS DO RIO ENTREVISTA CIDADE COMO PROBLEMA PÚBLICO Nuno Portas com Fernando de Mello Franco Marcelo Baumann Burgos e Maria Alice Rezende de Carvalho PRUMO N º 1 Revista semestral do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Puc-Rio Editoria deste Número Estagiária Editor Responsável Patricia Rodrigues Ana Paula Polizzo Editor Adjunto Edição / Revisão Silvio Dias Tema Editoração Conselho Editorial Fotografias Alder Catunda Timbó Felipe Caetano Ana Luiza Nobre Ana Altberg Ana Paula Polizzo Clara Sampaio Fernando Betim Projeto Gráfico e Diagramação João Masao Kamita Estúdio Insólito Maria Fernanda Lemos Silvio Dias –– Vera Hazan E-mail: [email protected] Colaboradores deste Número Ernani Freire Pontifícia Universidade Católica – Fernando Espósito Curso de Arquitetura e Urbanismo Francesco Perrotta Bosh Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Leila Beatriz Silveira Rio de Janeiro, Brasil – CEP 22451-900 Mariana Vieira Pedro Lobão –– Verônica Gomes Natividade As opiniões e informações expressas nos Autoria dos Artigos artigos aqui publicados são da exclusiva Leonardo Name responsabilidade de seus autores. Pedro Cláudio Cunca Bocayuva Marcelo Baumann Burgos Maria Alice Rezende de Carvalho João Masao Kamita Nuno Portas Ricardo Esteves O Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU) da PUC-Rio lança agora a revista PRUMO cujo primeiro número tem como tema a cidade do Rio de Janeiro. O objetivo desta revista é reunir as reflexões críticas de profissionais de dife- rentes áreas do conhecimento sobre os desafios e as soluções para a construção de ambientes socialmente justos, economicamente viáveis, ecologicamente res- ponsáveis e com grande qualidade arquitetônica, refletindo, assim, os princípios que estruturam o nosso Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. A revista está estruturada em cinco seções: entrevistas, artigos, traduções, projetos e a estante de ideias. Ao longo delas busca-se estimular a reflexão sobre os desafios contemporâneos do projeto de arquitetura e urbanismo e discutir te- mas muitas vezes polêmicos e sempre de grande impacto sobre a vida cotidiana e o futuro das cidades, tais como a insustentabilidade do modelo de mobilidade urbana e da governança em escala municipal, a inserção global da produção da cidade e a sua comercialização ou a memória acumulada em espaços urbanos e nos edifícios que os constituem. Além disso, a revista promove o debate sobre pro- jetos atuais e oferece para o leitor textos emblemáticos de teoria da arquitetura e urbanismo que, até então, não possuíam tradução para o português. Este número é resultado da dedicação de um grupo de professores do CAU/PUC-Rio, assim como de autores e colaboradores da revista, com destaque especial à dedicação dos professores Ana Paula Polizzo e Silvio Dias que coorde- naram a elaboração desta publicação. Desejo a todos uma ótima leitura. Maria Fernanda Campos Lemos Índice ENTREVISTA 68 Fernando de Mello Franco EDITORIAL 05 ARTIGO 74 A mobilidade urbana em tempos de acessibilidade olímpica por Ricardo Esteves ENTREVISTA 06 ARTIGO 86 Jorge Jáuregui Cidade como problema público por Marcelo Baumann Burgos e Maria Alice Rezende de Carvalho ARTIGO 10 ARTIGO 98 Rio de Janeiro: modernidade global e intensidade no O Maraca é de quem? por Leonardo Name espetáculo urbano do século XXI por Pedro Cláudio Cunca Bocayuva ARTIGO 22 CONCURSO 104 Por uma arquitetura filosófica por João Masao Kamita Reperimetral ARTIGO 30 TRADUÇÃO 118 Lembranças do Rio – Primeiro as ruas, depois as casas… Terra Fluxus de James Corner e não o contrário por Nuno Portas PROJETO 36 TRADUÇÃO 130 Casa Daros O que aconteceu com o urbanismo? de Rem Koolhaas PROJETO 44 OLHARES 134 Repensando His PROJETO 56 PRUMO RECOMENDA 138 Estação Antártica Editorial Não há dúvidas de que o Rio de Janeiro está em amplo pro- da arquitetura carioca” acrescenta dentro desta lógica, um cesso de transformação. A cidade tem sido foco das atenções fundamental olhar crítico à produção arquitetônica que das iniciativas públicas e também privadas, principalmente vêm se desenvolvendo no Rio de Janeiro. O arquiteto portu- por sediar grandes eventos de porte internacional nos pró- guês Nuno Portas traz uma releitura, vinte anos depois, de ximos anos. Mas, afinal, que tipo de transformação está em suas experiências na década de 80 na cidade do Rio de Ja- curso na cidade? Quais são as condições para que ela efetiva- neiro com o artigo “Lembranças do Rio – Primeiro as ruas, mente ocorra? Em busca não necessariamente por respostas depois as casas… e não o contrário”, ajudando-nos a refletir concretas, mas pela possibilidade de reflexão através da aná- sobre a maneira como olhamos para nossas cidades e tam- lise crítica e do debate, o primeiro número da Revista Prumo bém para a questão da habitação. Em todo este processo de terá como foco temático estas profundas modificações pelas transformações urbanas, torna-se essencial um olhar para quais está passando a cidade do Rio de Janeiro, bem como a questão das políticas de mobilidade e a acessibilidade na os fatores que têm desencadeado novas articulações sociais cidade, trazido por Ricardo Esteves através de “A mobilida- e que vêm se concretizando nos projetos em curso na cidade. de urbana em tempos de acessibilidade olímpica”. Já em Neste sentido, entendemos este como sendo um momento “Cidade como problema público. Reflexão sobre o futuro do chave para nos colocarmos questões relevantes não só para a Rio de Janeiro” Marcelo Baumann Burgos e Maria Alice Re- arquitetura que vem sendo produzida como também para a zende de Carvalho trazem à tona a dualidade presente entre cidade e para a paisagem que vem sendo remodeladas. os grandes investimentos e a completa falta de participação Iniciamos as discussões com o artigo de Pedro Cláudio popular. E por fim, praticamente exemplificando todo este Cunca Bocayuva “Rio de Janeiro: modernidade global e in- processo, fechamos com o artigo de Leonardo Name “O Ma- tensidade no espetáculo urbano do século XXI” acerca de raca é de quem? Sobre novas tecnologias de informação e um possível processo de privatização da cidade juntamente comunicação. E sobre resistência.” com a criação de grandes imagens no cenário urbano, ge- Apesar deste longo percurso, certamente muitos temas rando, por conseguinte a completa fragmentação e desar- igualmente urgentes ficaram de fora. Nossa intenção é poder ticulação da cidade. João Masao Kamita, em “Por uma ar- abrir as possibilidades de discussão sobre a construção da ci- quitetura filosófica – Considerações sobre um estado atual dade de forma multidisciplinar. Ainda há muito que refletir. EDITORIAL _ PRUMO 01 _ 5 Entrevista J O R G E J Á U R E G U I o n a olit p o etr M er eli At e p ui q e o v er c A O Município do Rio de Janeiro possui 54% do total da população da região metropolitana (6,1 milhões de habi- tantes aproximadamente), sendo a se- gunda maior concentração urbana do Brasil. Em torno de 1,3 milhão mora Nesta entrevista, o arquiteto e ur- em favelas. Neste sentido, o problema banista Jorge Mario Jáuregui detalha da mobilidade, associado ao problema alguns aspectos relacionados ao tele- do crescimento sem planejamento e à férico do Complexo do Alemão, pro- concentração da pobreza em áreas pe- jeto inaugurado no ano de 2011 como riféricas da cidade, tem gerado a procu- resposta à periferização deste con- ra de soluções alternativas em relação junto de favelas, caracterizado, entre ao movimento de pessoas e a integra- outros pontos, pela deficiente infraes- ção urbana, o que pode responder, em trutura urbana e conectividade. Hoje, parte, alguns destes problemas. com outros projetos similares inaugu- rados ou em estudo no Rio de Janei- ro e em outras cidades latino-ameri- canas, o teleférico do Complexo do Alemão aparece como uma referência que permite manter aberta a discus- Jorge Mario Jáuregui, arquiteto são com as tais variáveis que entram formado na Faculdade de Arquitetura em jogo no momento de desenvolver da Universidade Nacional de Rosario, intervenções destas características. Argentina, destaca-se pela dedicada trajetória a serviço de projetos no espa- ço público e em favelas, em diferentes locais da cidade do Rio de Janeiro Vista do aeroporto internacional do Rio de Janeiro incluindo o Complexo do Alemão na paisagem. Jorge Jáuregui ENTREVISTA _ PRUMO 01 _ 7 Percebe-se no traçado do teleférico que as estações se locali- no mapa” o Complexo do Alemão. Hoje as estações são vistas zam nos pontos altos dos morros e com certa equidistância por quem trafega pela Linha Amarela e pela Linha Vermelha e entre elas, o que demonstra que a dimensão geográfica foi são visíveis desde o Aeroporto Internacional Tom Jobim. considerada importante no projeto. Como foram abordadas Cada uma delas possui equipamentos diferentes: na es- estas e outras variáveis que determinaram o desenho e o tra- tação do Adeus existe uma agência bancária e uma sala para çado? Além disso, é possível observar que as estações tam- uso comunitário; na Baiana, um Pouso (Posto de Orientação bém são lugares que oferecem uma infraestrutura de cará- Urbanística e Social); na do Alemão, um Centro de Referência ter público, tanto no seu interior quanto no seu entorno por da Juventude (CRJ) e um estúdio de música; na estação Itara- meio de serviços, equipamentos esportivos, praças, mirantes ré, uma sala de dança e um centro de serviços; na Fazendinha, etc. Como surge esta característica do projeto e como se deci- uma biblioteca pública. Esta estação tem se constituído no de que tipo de infraestrutura oferecer à comunidade? lugar de visitação mais frequentado e conta com um mirante JJ: O projeto do teleférico faz parte do projeto de articulação sobre o complexo. Pelo fato de estarem no topo dos morros, socioespacial para o Complexo do Alemão. Em particular, da cada estação desfruta de visuais de 360 graus. Paralelamente, proposta de reconfiguração da mobilidade dentro do Com- a implantação do sistema do teleférico tem provocado uma plexo e sua articulação com o transporte metropolitano, es- adaptação espontânea das residências em torno das estações pecificamente com as linhas de trens da Supervia. e no trajeto das linhas deste, transformando estas áreas, em O projeto envolveu a reorganização dos espaços existen- vários casos, em locais comerciais e de serviço. tes e a introdução de novas e potentes centralidades como A decisão sobre que tipo de equipamento público deve- o Centro Cívico, projetado para atuar como conexão entre ria ser instalado em cada estação obedeceu aos resultados o Complexo e os bairros do entorno. No Centro Cívico so- do trabalho social desenvolvido com os moradores e as di- mente foi construída a Escola Profissionalizante, ficando de ferentes secretarias de Estado. fora as edificações projetadas correspondentes ao Hospital O trabalho social foi realizado mediante o emprego de en- Público, o Centro de Atendimento Psiquiátrico, o Centro de quetes e workshops com a população local e, a partir daí, foram Apoio Jurídico, o Centro de Serviços, o Centro de Geração de definidos os programas a serem implantados em cada estação. Trabalho e Renda e a grande Marquise para conectar todos estes equipamentos, previstos para serem localizados no terreno da ex-fábrica da Poesi. O projeto do teleférico surgiu como solicitação do go- vernador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, após uma visita a Medellín. A proposição deste tipo de transpor- te de massa para o Complexo do Alemão se inscreveu na busca da facilitação dos acessos aos pontos mais inacessí- veis dos diferentes morros existentes e, especialmente, aos topos destes, locais caracterizados por serem redutos de traficantes antes da obra. O objetivo de instalar as estações sociais, incluindo além da própria estação serviços públicos e uma agência bancária no alto dos morros, tinha um duplo objetivo: funcional (tor- ui g nar acessíveis os pontos com maior dificuldade de contar com ure á J ruas carroçáveis) e, ao mesmo tempo, simbólico (“desbun- el bri querizar” esses morros colocando “a vista” o novo sistema de Ga mobilidade). As estações ficaram tão visíveis que “localizaram Vista do teleférico do Complexo do Alemão. 8 _ PRUMO 01 _ ENTREVISTA Considerando que a implantação de um sistema de te- leférico no Brasil é inédita, acredito que os objetivos foram alcançados plenamente e que isto abre espaço para a utili- zação desse sistema, quando pertinente, em outros pontos da cidade e do país. No que se refere à utilização do sistema pelos moradores, entendo que é um processo de absorção que tem demons- trado a paulatina aceitação e adaptação dos residentes, pas- sando, inclusive, a se transformar em fonte de geração de trabalho e de renda, além de promover a valorização das pro- priedades, como demonstrado no artigo da Revista O Globo, de 5 de fevereiro de 2012, intitulado “A laje está em alta”, no qual se descrevem as diferentes formas de utilização das lajes das construções para usos comerciais e de lazer. O sistema do teleférico vai permitindo cada vez mais a conexão entre os moradores da cidade (os bairros e a “ci- dade formal”) com os das favelas (a “cidade informal”). Conforme o tempo passa, novos usos e novas influências vão surgindo. Assim, além da geração de trabalho e renda, houve a contribuição para a autoestima da população do Complexo e o intercâmbio com outras pessoas vindas de Quais foram os principais desafios e dificuldades abor- diferentes partes da cidade e mesmo do exterior. Esta in- dados durante o estudo e o projeto? Você já os considera teração possui um caráter bastante positivo tendo em vis- atingidos ou requer um tempo maior para observar os re- ta que ajuda a “desencravar” o lugar, considerado antes da sultados definitivos? intervenção como “irrecuperável”. A mudança provocada JJ: O primeiro desafio foi contar com uma topografia confi- no imaginário dos cidadãos, dos cariocas, é muito impor- ável para poder tomar decisões de implantação das estações tante para a transformação do Complexo em bairro popular e de cada pilar de sustentação dos cabos. Para tal, foi contra- normal. Esse processo está em curso e o teleférico tem dado tado um helicóptero e utilizado um equipamento específico uma contribuição importante neste sentido. Por outro lado, para essa tarefa. A partir da definição dos locais de implan- o processo de absorção do sistema já se adapta aos meios de tação foi realizado um trabalho minucioso de identificação mobilidade tradicionais na comunidade, como moto-táxis e das residências a serem relocadas e das ruas que precisariam kombis, gerando uma simbiose. ser abertas para dar acesso aos caminhões que levariam os Claramente, as estações do teleférico já funcionam como equipamentos a cada estação e a cada pilar. Como se sabe, o marcos (“mojones”, nas palavras de Kevin Lynch) no entorno processo de negociação para as remoções é lento e complexo macro da cidade. A “pontuação” desses morros por estações e a busca de equilíbrio entre interesse público e direito indi- contribuiu tanto de dia quanto de noite, sem sombra de dú- vidual demanda um trabalho social cuidadoso e respeitoso vida, como uma presença do poder público no privado e um em relação aos direitos dos moradores. elemento de “valorização” do lugar. O segundo desafio foi estudar os requerimentos técnicos Conforme minha experiência e observação, todas as ve- específicos desse tipo de transporte (público). Além das visi- zes que tenho ido ao lugar e utilizado o teleférico, só tenho tas ao teleférico de Medellín, foram contratados serviços de encontrado aprovação e orgulho de o Complexo do Alemão assessoria técnico-econômica do Metrocable de Medellín. ter sido o primeiro local do país a contar com esse serviço. ENTREVISTA _ PRUMO 01 _ 9 Rio de Janeiro: modernidade global e intensidade no espetáculo urbano do século XXI PEDRO CLÁUDIO CUNCA BOCAYUVA Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contato: [email protected] O objetivo deste artigo é argumentar de produção do espaço, pela apropria- em favor da necessidade da formula- ção das condições de reprodução social ção de uma nova metodologia para a sob a hegemonia do capital que busca leitura crítica da conjuntura interna- sua conexão ao ciclo global. Nossa pro- cional com foco nas dinâmicas espa- posta é indicar elementos para a análi- ciais, tendo em vista o momento atual se situacional do fenômeno urbano na de conformação de uma reestrutura- atualidade a partir de pensar a cidade ção urbana na cidade do Rio de Janei- do Rio de Janeiro como fronteira da ro. Nele procuramos identificar as ten- acumulação global enquanto uma con- dências características das ações de sequência lógica do percurso desen- grande impacto urbano, apoiadas em volvido pelas políticas governamentais políticas governamentais orientadas locais desde meados dos anos 1990. A por padrões hegemônicos no plano agenda dos grandes eventos acabou se transnacional. A partir da sua projeção impondo como parte de um conjunto na dimensão da definição dos modos de diretrizes de governo para a cidade. 10 _ PRUMO 01 _ ARTIGO

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bre os contextos adversos, Alexis de Tocqueville escreveu, em O antigo regime e a revolução, que onde grassam a deterioração social, a miséria e o
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