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leitura crítica das etnografias missionárias de henri-alexandre junod e carlos es PDF

162 Pages·2012·3.56 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO “ C o n h e c e r p a r a c o n v e r t e “CONHECER PARA CONVERTER” OU ALGO r ” o u MAIS?: LEITURA CRÍTICA DAS ETNOGRAFIAS a l g MISSIONÁRIAS DE HENRI-ALEXANDRE JUNOD E o m a CARLOS ESTERMANN i s ? — S I L A S SILAS ANDRÉ FIOROTTI A N D R É F I O R O T T I UMESP 2012 São Bernardo do Campo — março de 2012 1 SILAS ANDRÉ FIOROTTI “CONHECER PARA CONVERTER” OU ALGO MAIS?: LEITURA CRÍTICA DAS ETNOGRAFIAS MISSIONÁ- RIAS DE HENRI-ALEXANDRE JUNOD E CARLOS ES- TERMANN Dissertação apresentada em cumprimento às exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, da Faculdade de Huma- nidades e Direito – Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção do grau de Mestre. Sob a orientação do Prof. Dr. Lauri Emilio Wirth. São Bernardo do Campo — março de 2012 2 Aos amigos e às amigas de Angola e Moçambique 3 AGRADECIMENTOS Aos amigos e amigas angolanas, moçambicanas e guineenses. Aos amigos e ami- gas brasileiras e africanas que vivem na diáspora, de lá e de cá. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio financeiro que possibilitou a execução desta pesquisa. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Meto- dista de São Paulo (UMESP) e aos professores e professoras, aos funcionários e funcio- nárias, e aos amigos e amigas, especialmente meu orientador Lauri, Jung, Analzira, Paulo Barrera, Cláudio, Rui, Lieve, Milton (in memoriam), Leonildo, Sandra, Geoval, Paulo Nogueira, Regiane, Valkiria, Lauana, Noêmia, Flávio, Emerson, Lídia, Francisco, Sueli, Sue’Hellen, Carlos, Maryuri, Marcia, Marcos Martins, Marco Davi, Paulo Sarai- va, Cláudia, Alex, Rodrigo, Kelly, Patrícia, Paulo Capeletti, Daniel, Sheila, Aline, Wil- liam e Ruy. Aos amigos e amigas do Centro de Estudos Africanos (CEA/USP), especialmente o professor Carlos Serrano e o Daniel. Aos amigos e amigas do Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU/USP), espe- cialmente a querida professora Zeila Demartini, Mário Eufrásio, Maria Helena, Marga- rida, Lilian, Gustavo, Ana e Gabriela. Aos amigos e amigas da Faculdade de Teologia (FaTeo) da UMESP, especialmen- te José Carlos, Douglas, Magali, Blanches, Letícia e Angélica. Aos amigos e amigas da 4 Faculdade Teológica Batista de São Paulo, especialmente José Furtado, Madalena, Ita- mir, Jorge, Lourenço e Paula. Aos amigos e amigas da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Aos amigos e amigas do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, especialmente Vagner, Milton, Michel, Débora, Miri- am, Patrícia e Jacqueline. Aos amigos e amigas do Grupo de Estudos sobre Jacques El- lul, especialmente Jorge e Marcus Vinicius. Aos diversos amigos e amigas, especialmente Diego, Ricardo, Marcello, Heder, Alex Carvalho, Abel, Elvis, Bia, Sergio, Kelly, Amauri, Emiliano, Alex Zerbinatti, Flá- vio, Thiago, Fernanda, Alex Santana, Maria, Júnior, Jade, Raílton e Janete, Eduardo, Vanessa, Alysson, Moisés, Ana, Cob, Denis, Jussara, Jean, Bianca, Hernani, Isabel, Kiko, Kim, Katiúcia, Leonara, Mary, Diogo, Elaine, Diogo Santana, Filipe, Dulce, Gui- lherme, Tabita, Leandro e Marcos Paulo. Aos amigos e amigas do Coletivo por uma Espiritualidade Libertária e da revista Espiritualidade Libertária. Aos amigos e amigas do Ativismo ABC. Aos amigos e amigas do Projeto Toque, especialmente Mariana e Matheus. Aos amigos e amigas do Projeto 242. Aos amigos e amigas da Missão CENA, especialmente João, Francisco, Sueli, Ricardo, Aurelina, Solange, Leonardo, travestis, prostitutas do Parque da Luz, moradores da ocupação da Rua Mauá, moradores de rua e dependentes químicos da Cracolândia. Às amigas da Penitenciária Feminina de Sant’Ana. Aos amigos e amigas da finada Comunidade Zadoque e da Crash Church. Aos amigos e amigas do Movimento Contra a Miséria (MCM), especialmente Escobar, Paola, Diego e Grizante. Aos amigos e amigas do Projeto Os Amigos da Maloca, espe- cialmente Moisés. Aos amigos e amigas da Associação A Casa do Povo e da comunida- de boliviana de São Paulo. Aos amigos e amigas da Rede FALE, especialmente Pedro. Aos amigos e amigas da Rede Ecumênica da Juventude (REJU), especialmente Daniel e Raquel. Aos amigos e amigas da revista Novos Diálogos, especialmente Flávio. Aos amigos e amigas da E.E. Aracy Leme, da E.E. Luiza Mendes e da E.E. Clemente Quá- glio. Aos meus familiares, minha mãe, meu pai, Serginho, Talita, Ricardo, Bibi, meu avô Alcides, minha avó Dulce, Paulinho, Paolla, Sônia, John, Marcos, Kevin, Silvio, Irene, André, Mari, Saulo, Nedy, Kevin, Saulo, Filipe, Lívia, Júlio, Alice, tios, tias, primos e primas. 5 FIOROTTI, S. “Conhecer para converter” ou algo mais?: leitura crítica das etnogra- fias missionárias de Henri-Alexandre Junod e Carlos Estermann. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). São Bernardo do Campo: Universidade Me- todista de São Paulo (UMESP), 2012. RESUMO Resumo: O colonialismo produziu diversos discursos sobre as culturas locais, sendo que o discurso dos missionários é uma de suas variantes e, por sua vez, neste discurso estão inclusas as et- nografias missionárias. Apresentamos uma leitura crítica de duas etnografias missionárias produzidas nas até então colônias por- tuguesas, os territórios de Angola e Moçambique. A primeira, in- titulada Usos e costumes dos bantos: a vida duma tribo sul- africana, cujo autor é o missionário Henri-Alexandre Junod (1863-1934); a segunda, intitulada Etnografia do sudoeste de Angola, cujo autor é o missionário Carlos Estermann (1896- 1976). Problematizamos a relação entre a ação missionária, o co- lonialismo português e as culturas locais dos territórios de Ango- la e Moçambique, através da análise destas etnografias missioná- rias. Destacamos que estas etnografias, além de apresentarem a riqueza das formas de vida das sociedades nativas, sinalizam como se efetivaram as negociações entre estes missionários em suas práticas de missionação e seus interlocutores nativos. Palavras-chave: África – Angola e Moçambique; missões cris- tãs; colonialismo português na África; etnografias missionárias; Henri-Alexandre Junod; Carlos Estermann. 6 FIOROTTI, S. “Conhecer para converter” ou algo mais?: leitura crítica das etnogra- fias missionárias de Henri-Alexandre Junod e Carlos Estermann. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). São Bernardo do Campo: Universidade Me- todista de São Paulo (UMESP), 2012. ABSTRACT Abstract: Colonialism produced several speeches about local cultures, and the discourse of the missionaries is one of its va- riants and, in turn, are included in this speech the missionary ethnographies. We present a critical reading of two missionary ethnographies produced in Portuguese colonies, the territories of Angola and Mozambique. The first, entitled Usos e costumes dos bantos: a vida duma tribo sul-africana [The Life of South Afri- can Tribe], by Henri-Alexandre Junod (1863-1934); the second entitled Etnografia do sudoeste de Angola [The Ethnography of Southwestern Angola], by Carlos Estermann (1896-1976). We problematize the relationship between the missionary action, the Portuguese colonialism and local cultures of these territories of Angola and Mozambique, through the analysis of these missio- nary ethnographies. These ethnographies, besides presenting the richness of life forms of native societies, signal as they con- ducted the negotiations between the missionaries in their practic- es and the natives. Keywords: Africa – Angola and Mozambique; Christian mis- sions; Portuguese colonialism in Africa; missionary ethnogra- phies, Henri-Alexandre Junod, Carlos Estermann. 7 SUMÁRIO Introdução _______________________________________________________________ 9 Capítulo 1 Colonialismo, missões cristãs e etnografias missionárias em Angola e Moçambique ____________________________________________________________ 13 1 Alguns aspectos da situação colonial na África ______________________________ 16 2 Alguns aspectos das missões cristãs a partir do século XIX ____________________ 24 3 Alguns aspectos da relação entre as missões cristãs e o colonialismo português na África ________________________________________________________________ 28 4 As etnografias missionárias como objetos de pesquisa ________________________ 31 Capítulo 2 A etnografia missionária de Henri-Alexandre Junod ____________________ 34 1 Breve reconstituição biográfica de Junod __________________________________ 34 2 Breve descrição do conteúdo da etnografia _________________________________ 44 2.1 Vida do indivíduo _________________________________________________ 45 2.2 Vida da família e da povoação _______________________________________ 57 2.3 Vida nacional _____________________________________________________ 62 2.4 Vida agrícola e industrial ___________________________________________ 65 2.5 Vida literária e artística _____________________________________________ 67 2.6 Vida religiosa e “superstições” _______________________________________ 69 2.7 Apêndices _______________________________________________________ 71 2.8 Conclusões práticas ________________________________________________ 73 3 As relações de Junod com os nativos na etnografia ___________________________ 75 8 4 A problemática religiosa na etnografia de Junod _____________________________ 84 5 As relações de Junod com o poder colonial, os colonos e os missionários na etnografia _____________________________________________________________________ 91 Capítulo 3 A etnografia missionária de Carlos Estermann ________________________ 93 1 Breve reconstituição biográfica de Estermann _______________________________ 93 2 Breve descrição do conteúdo da etnografia _________________________________ 97 2.1 Esboços geográficos e históricos______________________________________ 98 2.2 Vida individual __________________________________________________ 101 2.3 Vida familiar e social _____________________________________________ 103 2.4 Vida econômica __________________________________________________ 107 2.5 Manifestações artísticas e literárias ___________________________________ 108 2.6 Crenças e práticas religiosas ________________________________________ 110 2.7 Corolários ______________________________________________________ 112 3 As relações de Estermann com os nativos na etnografia ______________________ 113 4 A problemática religiosa na etnografia de Estermann ________________________ 120 5 As relações de Estermann com o poder colonial, os colonos e os missionários na etnografia ____________________________________________________________ 132 Considerações finais _____________________________________________________ 133 Bibliografia ____________________________________________________________ 147 Lista de figuras e quadros _________________________________________________ 160 Folha de aprovação ______________________________________________________ 161 9 INTRODUÇÃO O interesse por estas culturas da África, presentes nas ex-colônias portuguesas em questão, deu-se com a nossa participação na pesquisa Imigração, educação e religião: im- plicações dos movimentos políticos em Portugal e África (Demartini, 2007-10). Realiza- mos, juntamente com a Profa. Dra. Zeila Demartini do Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU/USP), diversas entrevistas com imigrantes portugueses e seus descendentes prove- nientes de Angola e Moçambique, e também com religiosos brasileiros, angolanos e mo- çambicanos. Tivemos acesso à vasta bibliografia, tomamos conhecimento destas etnografi- as missionárias e julgamos que o estudo das mesmas constitui um caminho promissor para a compreensão de alguns fenômenos ocorridos no período colonial nos respectivos territó- rios. Fomos também incentivados e auxiliados nesta caminhada pelo Prof. Dr. Carlos Ser- rano do Centro de Estudos Africanos (CEA/USP) que coordena a pesquisa A trajetória das elites nacionais de Angola e seus projetos de nação: visões brasileiras na qual participa- mos atualmente. Esperamos que esta pesquisa seja proveitosa e contribua para estes e ou- tros projetos. A escolha das duas obras deu-se pela riqueza de informações, talvez sejam as maio- res etnografias produzidas nas ex-colônias portuguesas. Foram escritas por dois missioná- rios que atuaram por um longo período nos respectivos territórios. Henri-Alexandre Junod (1863-1934) foi um missionário protestante, da Missão Suíça, proveniente da Suíça; e Car- los Estermann (1896-1976) um católico, da Congregação do Espírito Santo, proveniente da

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Livingstone sintetiza, em si mesmo, a chamada “doutrina dos três C's”: comércio catequese e a Bíblia para as línguas nativas. E, antes de realizar innocent victims in need of protection from foreign greed. (Harries, 2007a, p.
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