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Légua tirana: sociedade e economia no alto sertão da Bahia. Caetité, 1890-1930 PDF

334 Pages·2014·2.75 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL Légua tirana: sociedade e economia no alto sertão da Bahia. Caetité, 1890-1930. Paulo Henrique Duque Santos Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em História. Orientadora: Profa. Dra. Maria Odila Leite da Silva Dias Co-orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Novaes Pires SÃO PAULO 2014 2 FOLHA DE APROVAÇÃO Paulo Henrique Duque Santos Légua tirana: sociedade e economia no alto sertão da Bahia. Caetité, 1890-1930. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em História. Aprovada em: ______/______/__________ Banca Examinadora Profa. Dra. Maria Odila Leite da Silva Dias – Universidade de São Paulo Profa. Dra. Maria de Fátima Novaes Pires – Universidade Federal da Bahia Profa. Dra. Estefania Knotz Canguçú Fraga – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Prof. Dr. Paulo César Garcez Marins – Universidade de São Paulo Prof. Dr. Walter da Silva Fraga Filho – Universidade Federal do Recôncavo Baiano 3 Légua tirana Oh, que estrada mais comprida Oh, que légua tão tirana Ai, se eu tivesse asa Inda hoje eu via Ana Quando o sol tostou as foia E bebeu o riachão Fui inté o juazeiro Pra fazer a minha oração Tô voltando estropiado Mas alegre o coração Padim Ciço ouviu a minha prece Fez chover no meu sertão Varei mais de vinte serras De alpercata e pé no chão Mesmo assim, como inda farta Pra chegar no meu rincão Trago um terço pra das dores Pra Reimundo um violão E pra ela, e pra ela Trago eu e o coração (GONZAGA; TEIXEIRA, 1949) 4 AGRADECIMENTOS Este estudo tem viva história. Contou com a colaboração de professores, funcionários de arquivos e universidades, amigos e familiares. Espero que as histórias de vidas que são contadas nessas folhas atendam expectativas partilhadas nos últimos quatro anos. Nesse momento de finalização do trabalho, necessariamente solitário, muitos dividem felicidades. A professora Maria Odila Leite da Silva Dias, minha orientadora, mostrou, desde sempre, interesse pelos estudos do sertão baiano. Historiadora do pormenor, sensível às vivências de sujeitos sociais, instiga-nos, com sua viva inteligência e sabedoria, a percorrer trajetórias de homens e mulheres e suas sociabilidades cotidianas. Serei sempre grato à sua amizade e dedicação. A professora Maria de Fátima Novaes Pires, minha co-orientadora, tem, com a pesquisa que realiza do alto sertão baiano, semelhante sentimento que Diadorim tinha com os gerais de Guimarães Rosa: “Mas eu gostava de Diadorim para poder saber que estes gerais são formosos”. Muitas pesquisas no sertão baiano inspiram-se no sentimento que ela esculpe nos seus textos. Orientadora atenta, que acompanhou toda a trajetória da pesquisa. Indicação de leitura, sugestão de escrita, análise da fonte geraram longas e instigantes conversas. Amiga de muitos anos, desde a graduação, agradeço por aceitar o convite para co-orientação, bem assim por sua sagacidade com a fonte histórica, viva inteligência, paciência e inspiração. Os professores Estefania Knotz Canguçú Fraga e Paulo César Garcez Marins contribuíram de diversos modos com as observações apontadas no exame de qualificação, que foram essenciais à definição do tema. Estefania Canguçú partilha do mesmo interesse por estudos do alto sertão. Durante a pesquisa, contei com o apoio da CAPES, através de concessão de bolsa de estudo, que permitiu percorrer arquivos e bibliotecas. A UNEB, através do Departamento de Ciências Humanas (DCH), campus de Caetité, concedeu-me a licença para realização do curso, sem a qual seria quase impossível fazer a pesquisa. Os professores Marcos Profeta Ribeiro e Lielva Azevedo Aguiar cederam generosamente correspondências do acervo da família Teixeira, que foram essenciais para o confronto de fontes documentais. Ao professor Ruy Hermann de Araújo Medeiros, 5 estudioso do sertão e amigo de longas datas, sou sempre grato por fornecer materiais e informações valiosas para a pesquisa, desde o meu mestrado. Agradeço à professora Maria Belma Gumes Fernandes a leitura atenta de parte significativa do texto, que ainda proporcionou ricos momentos de conversas do alto sertão da Bahia. Funcionários e monitores do Arquivo Público Municipal de Caetité (APMC) sou grato pelo atendimento a demandas de pesquisas nos acervos, em especial, Rosália Junqueira Aguiar e Maria Neri Públio. Funcionários do campus de Caetité (DCH VI/UNEB) agradeço a amizade e atendimento a demandas. Coordenação e funcionários da Secretaria de Pós-Graduação em História Social/FFLCH sou grato pela solução de dúvidas e atendimento a demandas administrativas. Funcionários do Arquivo Público da Bahia (APB), Arquivo Histórico de Salvador, Biblioteca da FFLCH/USP e Biblioteca da Associação Comercial da Bahia agradeço pelas orientações nas consultas a acervos. Flávio e Victor Novaes são amigos de muitos anos. Solícitos sempre, foram generosos na tradução do resumo. Cremilda (in memorian) e Firmino, meus amados pais, formaram minha vida. Este trabalho é carinhosamente dedicado a eles. Meus queridos irmãos, sobrinhos e cunhados partilharam angústias e felicidades, agora comemoram comigo. 6 RESUMO Este estudo analisa as atividades econômicas de exportação e de abastecimento de mercados internos que se desenvolveram no alto sertão da Bahia, e a sua estreita articulação com demais regiões do Brasil e o comércio internacional. Situa-se entre o período de 1890 e 1930, momento em que a política econômica do novo regime republicano acelerou a penetração do capitalismo financeiro no país e estimulou o processo de industrialização em curso, em especial o da indústria têxtil nacional. Nesse sentido, reconstitui a vida social e econômica de fazendeiros, negociantes e comissários de companhias mercantis que enriqueceram com a produção e o comércio de gêneros para a exportação, para o consumo interno e em atividades integradas às novas oportunidades de investimentos financeiros. Reconstitui, ainda, trajetórias de médios e pequenos lavradores, pequenos comerciantes e trabalhadores urbanos, integrados à economia da região, que produzia para exportação e alimentos. Dessa maneira, esta pesquisa contesta estudos voltados para o conjunto da realidade brasileira e suas perspectivas generalizantes que ocultaram, por décadas, possibilidades de interpretação de outras temporalidades sociais, econômicas e culturais que se desenvolveram em regiões do interior do vasto território brasileiro. Para os propósitos deste estudo, a recorrência aos inventários post mortem foi essencial à compreensão da vida social e material de grupos sociais. No entanto, o confronto dos inventários com outras fontes (livros de razão de fazendeiros, jornais, correspondências familiares, posturas municipais, dentre outras) possibilitaram ampliar a interpretação das experiências sociais de moradores da região. As fontes deste estudo indicaram a constituição na região de propriedades fundiárias de dimensões distintas, que não se limitaram a comercializar o excedente da lavoura, mas produziram para a exportação e para o abastecimento de mercados internos. A sua localização geograficamente periférica, quando comparada aos centros de exportação do país, não impediu que a sua economia mantivesse prósperas atividades ligadas ao mercado mundial. As lavouras para exportação, incluindo a pecuária e a agricultura de alimentos, desenvolveram-se em propriedades de dimensões distintas e mantiveram entre si uma relação dinâmica e estreita. Palavras-chaves: alto sertão da Bahia, sociedade, economia, Brasil República 7 ABSTRACT This study analyzes the economic activities of export and internal market supply that developed in the high backlands of Bahia, its close links with other regions of Brazil and international trade. It lies between the period 1890 to 1930, at which time the economic policy of the new republican regime accelerated the penetration of financial capitalism in the country and encouraged the industrialization process in progress, especially the domestic textile industry. In this sense, reconstructs the social and economic life of farmers, traders and commission merchant companies that enriched with the production and trade of genres for export to domestic consumption and integrated into new opportunities for financial investment activities. Reconstitutes also trajectories of medium and small farmers, small traders and urban workers, integrated into the region's economy, caracterived by production for exportation and food. Thus, this research studies challenges faces the whole of Brazilian reality and generalizing their perspectives concealed for decades, possibilities of interpretation of other social, economic and cultural temporalities that developed in the interior regions of the vast Brazilian territory. For the purposes of this study, the recurrence for post mortem inventories was essential to the understanding of social and material life of social groups. However, a comparison of inventories with other sources (books reason for farmers, newspapers, family correspondence, local ordinances, and others) made it possible to expand the interpretation of the social experiences of residents. The sources of this study indicated the formation of estates in the region of distinct dimensions, which did not merely sell the surplus crop, but produced for export and to supply domestic markets. Its geographically peripheral location compared to the centers of the country's export, did not prevent its economy to keep it’s prosperous activities linked to the world market. Crops for export, including livestock and food agriculture developed in different dimensions and properties held each other close and dynamic relationship. Keywords: high backlands of Bahia , society , economy , Brazil Republic 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Movimento no Cais do Pedroso e no Cais das Amarras, com a Alfândega no fundo 47 Figura 2: Anúncio do armazém, casa de comissão e consignação Ferreira, Guimaraes & C. 50 Figura 3: Caixa d’água na estação de Queimadas/Machado Portela – Maracás (BA), em 1944 51 Figura 4: Anúncio da Loja Caprichosa, em Caetité 56 Figura 5: Anúncio da Loja Lautimio Guimarães & C. 69 Mapa 1: Mapa contendo divisão territorial administrativa, rios principais e direção geral das rotas, por volta de 1830 107 Figura 6: Envelope de carta guardado entre as folhas do Livro dos Termos de Promessa dos Officiaes do 46o Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Caetité, 27 out. 1899 117 Figura 7: Notação em conta corrente do Agente Geral em Caetité de Casas na Bahia, 10 jun. 1911 121 Figura 8: Lavoura mechanica de arroz da fazenda Nova Estancia, Pirapora (MG) 140 Figura 9: Documento de crédito em dinheiro disponível a Rogociano Pires Teixeira 146 Figura 10: Fatura de venda de medicamentos da Pharmacia Lima, 16 ago. 1910 155 Figura 11: Factura de venda de 10.005 kls de Soda Caustica à Empreza Sertaneja 177 9 Mapa 2: Bacia do Rio São Francisco 179 Figura 12: Anúncio de officina mechanica para installações agricolas e industriaes 189 Figura 13: Anúncio do armazém e casa comissária de Manoel Nascimento Correia, em Machado Portella 193 Figura 14: Jornal do Agricultor, Rio de Janeiro 204 Figura 15: Diploma da “Sociedade Evolutiva e Protectora da Lavoura” 206 Figura 16: Comitiva para viagem em montaria de muares 212 Figura 17: Bezerros apartados em curral 220 Figura 18: Vaqueiros em Gorutuba (Grão Mogol – MG) 234 Figura 19: Conta de junta de bois 255 Figura 20: Anúncio de vagas para trabalhadores rurais, Rio de Constas (BA) 271 Mapa 3: Município de Caetité 285 Figura 21: Loja Popular Antônio Vieira 297 Figura 22: Anúncio de compra de peles e couros de animais 300 Mapa 4: Cidade de Caetité 309 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição do monte-mor por faixa e período, 1890-1930 66 Tabela 2: Distribuição dos bens inventariados por faixa e período, 1890-1930: Grupo 2: de Rs. 1:001$ a 5:000$ 72 Tabela 3: Distribuição dos bens inventariados por faixa e período, 1890-1930: Grupo 3: de Rs. 5:001$ a 10:000$ 75 Tabela 4: Distribuição dos bens inventariados por faixa e período, 1890-1930: Grupo 4: de Rs. 10:001$ a 20:000$ 77 Tabela 5: Distribuição dos bens inventariados por faixa e período, 1890-1930: Grupo 1: até Rs. 1:000$ 97 Tabela 6: Distribuição dos bens inventariados por faixa e período, 1890-1930: Grupo 5: acima de Rs. 20:000$ 127 Tabela 7: Composição da riqueza dos investidores em valores mobiliários, 1890-1930 149 Tabela 8: Distribuição dos bens inventariados por período, 1890-1930 161 Tabela 9: Distribuição dos bens inventariados por período, 1920-1930 161 Tabela 10: Exportação de algodão em Caetité, nos anos de 1925, 1931 e 1932 170 Tabela 11: Exportação de algodão no porto de Salvador (BA) e países de destino (1888- 1911) 182 Tabela 12: Produção de algodão nos estabelecimentos rurais recenseados em 1 de setembro de 1920 (Ano agrícola de 1919-1920) 186

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