KIERKEGAARD Os Pensadores http://groups.google.com/group/digitalsource Os Pensadores 1979 EDITOR: VICTOR CIVITA CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Câmara Brasileira do Livro, SP Kierkegaard, Søren Aabye, 1813-1855. K59d Diário de um sedutor ; Temor e tremor ; O desespero humano / Søren Aabye Kierkegaard ; traduções de Carlos Grifo, Maria José Marinho, Adolfo Casais Monteiro. — São Paulo : Abril Cultural, 1979. (Os pensadores) Inclui vida e obra de Kierkegaard. Bibliografia. 1. Existencialismo 2. Filosofia dinamarquesa 3. Kierkegaard, Søren Aabye, 1813-1855 4. Pecado 5. Psicologia religiosa 6. Religião - Filosofia I. Título: Diário de um sedutor. II. Título: Temor e tremor. III. Título: O desespero humano. IV. Série. CDD-198.9 -142.7 -200.1 -200.19 78-0925 -233.2 Índices para catálogo sistemático: 1. Existencialismo : Filosofia 142.7 2. Filosofia dinamarquesa 198.9 3. Filósofos dinamarqueses : Biografia e obra 198.9 4. Pecado : Teologia dogmática cristã 233.2 5. Psicologia religiosa 200.19 6. Religião : Filosofia 200.1 Contra Capa: ESTE VOLUME CONTÉM AS SEGUINTES OBRAS: O DIÁRIO DE UM SEDUTOR (1843) A obra retrata aquilo que Kierkegaard entende por modo de vida estético, caracterizado pelo hedonismo romântico e sofisticado. O sedutor é um indivíduo que escolhe o mergulho na paixão, as contradições da existência amorosa. Escolhe como finalidade da vida o prazer, gozando pessoalmente a estética e gozando esteticamente sua própria personalidade. TEMOR E TREMOR (1843) O episódio bíblico de Abraão, que se dispõe a matar o filho Isaac em obediência à ordem divina, serve de tema à reflexão de Kierkegaard sobre a natureza da fé. E é fundamentalmente como paradoxo que a fé se revela: “paradoxo capaz de fazer de um crime um ato santo e agradável a Deus, paradoxo que devolve a Abraão o seu filho, paradoxo que não pode reduzir-se a nenhum raciocínio, porque a fé começa precisamente onde acaba a razão”. O DESESPERO HUMANO (DOENÇA ATÉ À MORTE) A dialética do desespero — doença que marcaria o fundo da consciência do cristão até à morte — é analisada por Kierkegaard, em suas múltiplas facetas: o desespero inconsciente de ter um eu; o desespero que não quer, e o desespero que quer ser ele próprio; a relação entre desespero e pecado. Tradução de: Carlos Grifo, Maria José Marinho, Adolfo Casais Monteiro. Consultor da Introdução: Marilena de Souza Chauí Orelhas: Os Pensadores - KIERKEGAARD “O paradoxo da fé consiste em que o Indivíduo é superior ao geral, de maneira que, para recordar uma distinção dogmática hoje já raramente usada, o Indivíduo determina sua relação com o geral tomando como referência o absoluto, e não a relação ao absoluto em referência ao geral. Pode ainda formular-se o paradoxo dizendo que há um dever absoluto para com Deus; porque nesse dever, o Indivíduo se refere como tal absolutamente ao absoluto. Nestas condições, quando se diz que é um dever amar Deus, exprime-se algo que difere do anteriormente dito; porque se esse dever é absoluto, a moral encontra-se rebaixada ao relativo. De qualquer modo não se segue daí que a moral deva ser abolida, mas recebe uma expressão muito diferente, a do paradoxo, de forma que, por exemplo, o amor para com Deus pode levar o cavaleiro da fé a dar ao seu amor para com o próximo a expressão contrária do que, do ponto de vista moral, é o dever. Se assim não é, a fé não tem lugar na vida, é uma crise, e Abraão está perdido, visto que cedeu.” KIERKEGAARD: Temor e Tremor “Assim como talvez não haja, dizem os médicos, ninguém completamente são, também se poderia dizer, conhecendo bem o homem, que nem um só existe que esteja isento de desespero, que não tenha lá no fundo uma inquietação, uma perturbação, uma desarmonia, um receio de não se sabe o quê de desconhecido ou que ele nem ousa conhecer, receio duma eventualidade exterior ou receio de si próprio; tal como os médicos dizem de uma doença, o homem traz em estado latente uma enfermidade, da qual, num relâmpago, raramente um medo inexplicável lhe revela a presença interna.” KIERKEGAARD: O Desespero Humano FAZEM PARTE DESTA SÉRIE: VOLTAIRE MARX FREUD ARISTÓTELES SARTRE ROUSSEAU NIETZSCHE KEYNES ADORNO SAUSSURE PRÉ-SOCRÁTICOS GALILEU PIAGET KANT BACHELARD DURKHEIM LOCKE PLATÃO DESCARTES MERLEAU-PONTY WITTGENSTEIN HEIDEGGER BERGSON STO. TOMÁS DE AQUINO HOBBES ESPINOSA ADAM SMITH SCHOPENHAUER VICO KIERKEGAARD PASCAL MAQUIAVEL HEGEL E OUTROS SØREN AABYE KIERKEGAARD DIÁRIO DE UM SEDUTOR * TEMOR E TREMOR * O DESESPERO HUMANO Traduções de Carlos Grifo, Maria José Marinho, Adolfo Casais Monteiro Títulos originais: Forförerens Daghog Frygt og Baeven Sygdommen til Doeden © Copyright Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo, 1979. Traduções publicadas sob licença de Editorial Presença Ltda., Lisboa (Diário de um sedutor ou A arte de amar); Guimarães Editores, Lisboa (Temor e Tremor); Livraria Tavares Martins, Porto (O desespero humano). KIERKEGAARD (1813 - 1855) VIDA e OBRA Consultoria de Marilena de Souza Chauí “Minha vida não será, apesar de tudo, mais do que uma existência poética.” Essa afirmação do filósofo dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard revela, segundo György Lukács (1885-1970), seu heroísmo, sua honestidade e sua tragédia. Para Lukács, o heroísmo de Kierkegaard residiu em ter desejado criar formas a partir da vida; sua probidade, em ter seguido até o fim o caminho escolhido; e sua tragédia, em ter desejado viver aquilo que jamais poderia ser vivido. Régis Jolivet afirma que o pensamento de Kierkegaard formou- se, “não tanto por assimilação de elementos estranhos, mas sobretudo através de uma luta de consciência, cada vez mais intensa e cada vez mais exigente, perante as condições, não já da existência em geral, mas do seu próprio existir”. Ainda segundo Jolivet, a filosofia de Kierkegaard é precisamente ele mesmo, e ele mesmo, não fortuitamente e, de certo modo contrariado, mas ele mesmo voluntária e sistematicamente, a tal ponto que o “existir como indivíduo” e a consciência desse existir chegaram, a ser, para ele, condição absoluta da filosofia e até sua única razão de ser. A existência e a razão Considerado por muitos historiadores como o primeiro representante da filosofia existencialista. Søren Aabye Kierkegaard nasceu a 5 de maio de 1813, em Copenhague, filho de Michael Pedersen Kierkegaard, então com 56 anos de idade, e de Anne Srensdatter, de 44 anos. Seu pai era um agricultor da Jutlândia ocidental que se mudou para Copenhague, onde enriqueceu como comerciante de lã. A primeira infância, Kierkegaard passou-a toda na companhia do pai, que insistia no aprendizado rigoroso do latim e do grego e inculcou no filho uma devoção pietista atormentada pela ansiedade. Desperto, desde muito cedo, para um tipo de vida imaginativa, pois seu pai exigia que representasse estórias e cenas teatrais,
Description: