Jung O Mapa da Alma Uma Introdução JUNG O Mapa da Alma Uma Introdução MURRAY STEIN Tradução ÁLVARO CABRAL Revisão técnica MARCIA TABONE Editora Cultrix SÃO PAULO Título original: Jung’s Map of the Soul — An Introduction. Copyright © Carus Publishing Company. Copyright da edição brasileira © 2000 Editora Pensamento - Cultrix Ltda. 5ª edição 2006 (catalogação na fonte). 8ª reimpressão 2017. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas. A Editora Cultrix não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços convencionais ou eletrônicos citados neste livro. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Stein, Murray Jung: o mapa da alma: uma introdução/Murray Stein; tradução Álvaro Cabral; revisão técnica Mareia Tabone. — 5ª ed. — São Paulo: Cultrix, 2006. Título original: Jung’s map of the soul. ISBN 978-85-316-0646-5 1. Jung, Carl Gustav, 1875-1961 2. Psicanálise 3. Psicologia junguiana I. Título. 06-4677 CDD-150-1954 Índices para catálogo sistemático: 1. Psicologia analítica junguiana 150.1954 Direitos de tradução para a língua portuguesa adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA., que se reserva a propriedade literária desta tradução. Rua Dr. Mário Vicente, 368-04270-000-São Paulo, SP Fone: (11) 2066-9000 - Fax: (11) 2066-9008 http://www.editoracultrix.com.br E-mail: [email protected] Foi feito o depósito legal. Para Sarah e Christophe Sumário Agradecimentos Introdução 1. Superfície (Consciência do Ego) 2. O interior povoado (Os Complexos) 3. Energia psíquica (Teoria da Libido) 4. As fronteiras da psique (Instintos, Arquétipos e o Inconsciente Coletivo) 5. O revelado e o oculto nas relações com outros (Persona e Sombra) 6. O caminho para o interior profundo (Animus e Anima) 7. O centro transcendente e a integridade da psique (O Si-Mesmo) 8. O surgimento do si-mesmo (Individuação) 9. Do tempo e eternidade (Sincronicidade) Notas Glossário Referências Agradecimentos Este livro não teria sido possível sem a paciente datilografia e assistência editorial de Lynne Walter. Quero agradecer-lhe por sua dedicação e inabalável otimismo. Também gostaria de agradecer a Jan Marlan por seu estímulo e entusiástico apoio. Aqueles que assistiram a minhas conferências ao longo dos anos reconhecerão suas contribuições nos muitos pontos de detalhe que não estariam neste texto se não fossem suas indagações e observações. O meu muito obrigado a todos. Introdução Era possível explorar timidamente as costas da África para o sul, mas se rumassem para oeste nada encontrariam exceto o medo, o desconhecido, não o Mare Nostrum mas o Mar do Mistério, o Mare Ignotum. Carlos Fuentes O Espelho Enterrado No verão em que Jung faleceu, eu estava me preparando para ingressar na universidade. Era 1961. Os seres humanos tinham começado a explorar o espaço exterior, e a corrida estava em pleno curso para ver quem seriam os primeiros a chegar à Lua, os americanos ou os russos. Todos os olhares estavam concentrados na grande aventura da exploração espacial. Pela primeira vez na história humana, pessoas tinham logrado zarpar de terra firma e viajado rumo às estrelas. Não me dei conta na época de que o nosso século tinha sido marcado de uma forma igualmente decisiva pelas jornadas para o interior, as grandes explorações do mundo íntimo pelos pares de Cari Jung nas décadas que antecederam o Sputnik e a Apollo. O que John Glenn e Neil Armstrong significaram para nós como exploradores do espaço exterior, Jung significa em relação ao espaço interior, um corajoso e intrépido viajante penetrando no desconhecido. Jung faleceu em paz na sua casa dos arredores de Zurique, num quarto de frente para o lago tranquilo a oeste. Para o sul, podia-se divisar os Alpes. No dia anterior ao de seu passamento, pediu ao filho que o ajudasse a ir até a janela para uma derradeira visão de suas amadas montanhas. Passara uma vida inteira explorando o espaço interior e descrevendo em seus escritos o que aí descobriu. Por coincidência, aconteceu que no ano em que Neil Armstrong caminhou na superfície da Lua embarquei numa viagem a Zurique, a fim de estudar no Instituto Jung. O que estou compartilhando com os leitores neste volume é a essência de quase trinta anos de estudo do mapa da alma traçado por Jung. A finalidade deste livro é descrever as conclusões a que Jung chegou, tal como as apresentou em seus escritos publicados. Descobrir Jung pode ser, antes de mais nada, algo como mergulhar naquele “Mar de Mistério” a cujo respeito Fuentes escreveu em seu relato sobre os primeiros exploradores que se aventuraram a cruzar o Atlântico desde a Espanha. É com uma sensação de excitação, mas também de medo, que um homem penetra nessas remotas paragens. Recordo as minhas primeiras tentativas. Senti-me dominado por tamanha excitação que procurei ansiosamente o conselho de muitos dos meus professores universitários. Perguntava-me se isso era “seguro”. Jung era tão atraente que me parecia ser bom demais para ser verdadeiro! Ver-me-ia perdido, confuso, desorientado? Felizmente para mim, esses mentores deram-me a luz verde, e estou viajando e descobrindo tesouros desde então. A jornada original do próprio Jung foi ainda mais assustadora. Ele não tinha, literalmente, nenhuma ideia sobre se iria encontrar um tesouro ou despencar da borda do mundo no espaço exterior. O inconsciente era, na verdade, um Mare Ignotum quando Jung pela primeira vez penetrou nele. Mas era jovem e corajoso, e estava determinado a realizar algumas novas descobertas. Assim, não hesitou em seguir adiante. Jung referiu-se, com frequência, a si mesmo como um pioneiro e explorador do mistério inexplorado que é a alma humana. Parece ter tido um espírito arrojado. Para ele — como para nós ainda — a psique humana era um vasto território e, no seu tempo, não tinha sido ainda muito estudada. Era um mistério que desafiava os aventureiros com a perspectiva de ricas descobertas e assustava os tímidos com a ameaça de insanidade. Para Jung, o estudo da alma tornou-se também uma questão de grande importância histórica, visto que, como ele certa vez disse, o mundo inteiro está pendente de um fio, e esse fio é a psique humana. É vital que nos familiarizemos todos com isso. A grande interrogação, claro, é esta: Pode a alma humana ser alguma vez conhecida, suas profundezas sondadas, seu vasto território explorado e mapeado? Foi talvez algum resíduo da grandiosidade científica do século XIX o que levou pioneiros da psicologia da profundidade, como Jung, Freud e Adler, a empreender esse esforço e a pensar que poderiam definir a inefável e supremamente inescrutável psique humana. Mas estavam dispostos a penetrar nesse Mare Ignotum e Jung tornou-se um Cristóvão Colombo do mundo interior. O século XX tem sido uma era de grandes avanços científicos e maravilhas tecnológicas de toda a espécie; também tem sido uma idade de profunda introspecção e investigação de nossa comum subjetividade humana, o que resultou no campo hoje amplamente conhecido como psicologia da profundidade. Um modo de nos familiarizarmos com a psique consiste em estudar os mapas que esses grandes pioneiros traçaram dela e colocaram à nossa disposição. Em suas obras, podemos encontrar muitos pontos de orientação para nós próprios, e talvez sejamos também estimulados a realizar investigações adicionais e a fazer
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