PORTUGAL DE PERTO Biblioteca de Etnografia e Antropologia dirigida por Joaquim Pais de Brito do ISCTE Dois critérios presidem à escolha dos títulos desta colecção, critérios esses já sugeridos no próprio nome que a encabeça — Portugal de Perto. Em primeiro lugar, todos eles se reportam ao espaço português, estudando os mais diversos aspectos da sua cultura (pode- ríamos dizer: das suas culturas). Em segundo lugar, esse estudo é feito mais ou menos de perto, com base num trabalho de recolha directa, e propõe-se, algumas das vezes, trazer para mais perto fatias do real descuradas ou desconhecidas. Tudo isso nos limites de uma área disciplinar que, grosso modo, vai da Etnografia à Antropologia, e dirigindo-se não só aos estudiosos e especialistas, como também à curiosidade do grande público. AS FESTAS DO ESPÍRITO SANTO NOS AÇORES O AUTOR: João Leal nasceu em 1954, em Lisboa. É licenciado em Antropologia pelo I.S.C.S.P. e, em 1992, doutorou-se em Antropologia Social pelo I.S.C.T.E., com uma tese intitulada «Cerimonial, Relações Sociais e Tempo. As Festas do Espírito Santo nos Açores». E professor de Antropologia Social no I.S.C.T.E. e investigador e membro da direcção do Centro de Estudos de Antropologia Social (C.E.A.S.) do mesmo Instituto. Autor de diferentes artigos que, além das Festas do Espírito Santo nos Açores, cobrem também a história da Antropologia em Portugal. Organizou e prefaciou, para esta mesma colecção, os seguintes volumes: Contribuições para Uma Mitologia Popular Portuguesa e Outros Escritos Etnográficos, Consiglieri Pedroso; Contos Tradicionais do Povo Português, Teófilo Braga; Obra Etnográfica (1° Vol.) Festas, Costumes e Outros Materiais para Uma Etnologia de Portugal, Adolfo Coelho; Obra Etnográfica (2.° Vol.); Cultura Popular e Educação, Adolfo Coelho. JOÃO LEAL AS FESTAS DO ESPÍRITO SANTO NOS AÇORES Um Estudo de Antropologia Social PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE LISBOA 1994 Biblioteca Nacional - Catalogação na Publicação Leal, João, 1954- As festas do Espírito Santo nos Açores: Um estudo de antropologia social (Portugal de perto; 29) ISBN 972-20-1166-9 CDU 394.2 (469.9) Publicações Dom Quixote, Lda. Rua Luciano Cordeiro, 116-2.° 1098 Lisboa Codex - Portugal Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor © João F. Leal, 1994 Foto da Capa de: João F. Leal a l. edição: Maio de 1994 Depósito legal n.° 76 690/94 Fotocomposição: Textype - Artes Gráficas, Lda. Impressão e acabamento: Tilgráfica, S.A. ISBN: 972-20-1166-9 ÍNDICE AGRADECIMENTOS 1 APRESENTAÇÃO 13 PARTE I. OS IMPÉRIOS NA FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA (SANTA MARIA) 21 1. A Freguesia: Aspectos Gerais 23 2. Os Impérios * 37 3. A Parte dos Deuses 65 4. A Parte dos Homens 1 7 5. A Parte dos Homens I 105 6. O Tempo dos Impérios 129 7. Os Dois Imperadores 149 PARTE II. DIVERSIDADE E UNIDADE DAS FESTAS DO ESPÍRITO SANTO 163 8. Outras Ilhas, Outras Festas 165 9. Jantares, Gastos e Festas: Santo Antão (São Jorge) 191 10. Coroações e Impérios: Piedade (Pico) 21 PARTE III. SÃO MIGUEL: ROMARIAS QUARESMAIS E FESTAS DO ESPÍRITO SANTO 239 CONCLUSÕES 257 APÊNDICE A. Festas do Espírito Santo, Povo e Clero 269 APÊNDICE B. As Festas do Espírito Santo no Continente e na Madeira. 283 AS FESTAS DO ESPÍRITO SANTOS NOS AÇORES BIBLIOGRAFIA 297 índice dos Quadros 313 índice dos Mapas 315 índice das Figuras 317 índice dos Diagramas 319 10 AGRADECIMENTOS O presente volume — inicialmente apresentado, numa forma algo dife- rente da actual, como Tese de Doutoramento em Antropologia Social no I.S.C.T.E. — resulta de uma pesquisa cujo início remonta a 1982, ano em que realizei a minha primeira deslocação aos Açores. Desde essa altura até à actua- lidade contraí um enorme «rol» de dívidas — em relação tanto a instituições como a pessoas — que espero que este livro contribua para «saldar». Entre as instituições merecem relevo particular a Fundação Calouste Gulbenkian — que me concedeu um subsídio quando da minha segunda des- locação, em 1983, a Santa Bárbara — e, sobretudo, o I.N.I.C., que me atri- buiu, entre 1987 e 1991, uma bolsa de estudo para doutoramento. O I.S.C.T.E. forneceu-me também, em várias ocasiões, financiamentos para viagens que foram de grande utilidade. Finalmente, a John Rylands Library da Universidade de Manchester proporcionou-me, por diversas vezes, condições de trabalho que facilitaram muito o meu trabalho de pesquisa bibliográfica. Mas a minha dívida de gratidão é sobretudo para com as muitas pessoas cuja amizade e auxílio foram determinantes para a realização deste estudo. Entre essas pessoas estão, em primeiro lugar, os meus pais. A configura- ção inicial desta pesquisa deve muito à sua «experiência açoriana» e aos seus contactos no arquipélago. Em Santa Bárbara, a minha dívida estende-se, para além dos vários impe- as radores a cujos Impérios assisti, às Sr. Angelina Benta, Ana de Fontes, Inês da Maia, Angelina da Cruz e aos Srs. Manuel Bento, prof. Jaime de Figueiredo, Mestre Resendes, José de Sousa Bairos, José dos Santos, António de Sousa, António Fontes e António Catarina. O Dr. Jacinto Monteiro, o Sr. José de e Sousa e o P. José Maria Amaral foram também de um inestimável auxílio em vários passos do meu trabalho. Agradeço ainda à Câmara Municipal e à Repartição de Finanças de Vila do Porto as facilidades concedidas para a consulta dos seus arquivos. Em Santo Antão, gostava de agradecer em particular aos vários mordomos das Festas do Espírito Santo e ainda ao Sr. Manuel Inácio 11 AS FESTAS DO ESPÍRITO SANTOS NOS AÇORES a e à Sr. Carmina, ao Dr. Alberto Bettencourt e ao Sr. Luís Marques. Na Piedade, além mais uma vez dos mordomos das Festas, agradeço também o auxílio e e amizade do Sr. António José de Freitas e família e do P. Manuel António das Matas. Em São Miguel, estou particularmente grato ao mestre João Manuel de Sousa, do rancho de Ponta Garça. O Sr. João Vieira, nas Flores, e a Helena Ormonde, na Terceira, prestaram-me também uma ajuda importante nos «raids» etnográficos que efectuei nessas duas ilhas. O Rui Sousa Martins, da Universidade dos Açores, além de um apoio logístico imprescindível, foi sem- pre um interlocutor atento e estimulante nas muitas conversas que tivémos. Finalmente, os Serviços Geográficos e Cadastrais dos Açores, os Serviços Regionais de Estatística dos Açores — na pessoa do Eng. André de Oliveira — a e o Museu de Ponta Delgada — por intermédio da Dr. Clarinda Moutinho — facultaram-me o acesso a elementos de grande utilidade para o meu trabalho. No decurso do processo de elaboração deste livro recebi de vários colegas e amigos manifestações de interesse e apoio que foram de grande importância. Entre essas pessoas, gostaria em particular de expressar a minha gratidão ao Prof. Dr. José Carlos Gomes da Silva, que assegurou a orientação da minha pesquisa e com quem mantive um diálogo produtivo — feito de inúmeras sugestões e críticas — que enriqueceu substancialmente a minha reflexão. A Rosa Maria Perez, o Benjamim Pereira, o Joaquim Pais de Brito, director desta Colecção, o Paulo Valverde, o Francisco Vaz da Silva e a Maria Morais tiveram pelo seu lado a paciência de ler e comentar versões prévias de parte ou da totalidade dos capítulos que integram este livro, tendo fornecido importantes sugestões e estímulo para o meu trabalho. É entretanto inútil sublinhar que a responsabilidade final do texto — em particular das suas insuficiências — me cabe exclusivamente a mim. O Joaquim Pais de Brito facultou-me ainda alguns elementos importantes para a elaboração do Apêndice sobre as Festas do Espírito Santo no Continente e na Madeira. Agradeço também a a as observações formuladas pela Prof. Dr. Alice Geraldes, na sua qualidade de arguente das minhas provas de doutoramento. Mas é sobretudo com a Rosa Maria Perez que a minha dívida é maior. Do Gujarat aos Açores vai certamente uma grande distância, mas a nossa já longa amizade, combinada com o facto de ter- mos elaborado as nossas Teses ao mesmo tempo, estabeleceu entre nós uma pro- ximidade — feita de cumplicidade e solidariedade — que, no que me respeita, foi decisiva em certos momentos mais difíceis da minha reflexão. * Dedico este estudo à Margarida, à Sofia e à Teresa. Em primeiro lugar porque, sem elas, não só este livro, como muitas outras coisas teriam muito menos sentido. Em segundo lugar, porque, a par de uma paciência grande em relação às minhas ausências açorianas, suportaram sempre com grande estoi- cismo as variações de humor, a ansiedade e tudo o mais que tende a apare- cer associado ao processo de pensar e redigir um texto com estas característi- cas. Por estas e outras razões, este estudo — agora que «o urso saiu da jaula» — pertence-lhes também. 12