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jaime bunda, agente secreto e jaime bunda e a morte do americano PDF

145 Pages·2010·0.67 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LITERATURAS ROMÂNICAS JAIME BUNDA, AGENTE SECRETO E JAIME BUNDA E A MORTE DO AMERICANO: A CRÍTICA POLÍTICO- SOCIAL ATRAVÉS DA DESCONSTRUÇÃO PARÓDICA DA NARRATIVA FÍLMICA BONDIANA Estefânia Isabel Lemos Alves MESTRADO EM ESTUDOS ROMÂNICOS 2009 UNIVERSIDADE DE LISBOA 1 FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LITERATURAS ROMÂNICAS JAIME BUNDA, AGENTE SECRETO E JAIME BUNDA E A MORTE DO AMERICANO: A CRÍTICA POLÍTICO- SOCIAL ATRAVÉS DA DESCONSTRUÇÃO PARÓDICA DA NARRATIVA FÍLMICA BONDIANA Estefânia Isabel Lemos Alves Dissertação orientada pela Professora Doutora Inocência Mata MESTRADO EM ESTUDOS ROMÂNICOS (Área de Especialização em Literaturas Brasileira e Africanas de Língua Portuguesa) 2009 2 Agradecimentos Em primeiro lugar, um agradecimento muito especial aos meus pais, Luís e Carminda, por todo o apoio, paciência e carinho prestados durante estes dois anos de mestrado. Sem eles, este trabalho não teria sido possível. À Professora Doutora Inocência Mata, minha orientadora de mestrado, que me apresentou ao mundo maravilhoso das literaturas africanas e cuja sapiência e alento me motivaram, desde o primeiro dia, a percorrer as narrativas sobre África. À Professora Doutora Vania Chaves pelo incentivo e ânimo. Agradeço à Faculdade de Letras por me ter permitido fazer as escolhas necessárias, especialmente à cordialidade de D. Arlete. Aos Professores Doutores, Benjamin Abdala Júnior, Eduardo Martins, Rita Chaves e Tania Macêdo da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, pela simpatia com que me receberam e pelos conhecimentos e estímulos que me transmitiram. À minha família que vive em São Paulo por me ter recebido generosamente nas suas casas, especialmente os primos Ana, Aparecida, Elvira, Valdir e a tia Adelaide. Aos meus avós, tias, tios e um sem fim de primos. Aos amigos e amigas de Trás-os-Montes, do Porto, de Lisboa, da Margem Sul e do Algarve que partilharam comigo os momentos de alegria e de tristeza. Merci François, por todo o amor, dedicação e generosidade. 3 Dedico este trabalho à minha pequena irmã, Isabela 4 Eu rio do homem cheio de loucura e vazio de toda a acção direita (…). Vivendo em excessos, eles não têm nenhuma preocupação com a indigência de seus amigos e de sua pátria. Eles perseguem coisas indignas (…). Além disso, têm apetite por coisas penosas, porque aquele que mora em terra firme quer estar no mar, e aquele que está quereria estar em terra firme. (…) Se os homens fizessem as coisas prudentemente, (…) me poupariam o riso. (…) Eis o que me dá matéria de riso. Ó homens insensatos, vocês são bem punidos de sua loucura, avarice, insaciabilidade, (…) e [de] faze[rem] do vício virtude (…). Demócrito2 2 Demócrito. Apud Verena Alberti, O Riso e o Risível, Rio de Janeiro, Editora Fundação Getulio Vargas, 1999, pp. 75-76. 5 Resumo: Jaime Bunda, Agente Secreto e Jaime Bunda e a Morte do Americano são considerados os primeiros romances policiais angolanos. Marcados pela queda das utopias libertárias e o crescente neoliberalismo económico mundial, estes dois romances fazem uma reinterpretação do género policial. A construção paródica, a ironia, o humor e o riso “melancólico-trágico” constituem os principais traços “desconstrutores” e subversivos do género. Os romances veiculam uma forte crítica corrosiva ao actual estado político e social de Angola, ao mesmo tempo que funcionam como libertadores de tensões através do humor, cumprindo a máxima “Ridendo castigat mores”. Résumé: Jaime Bunda, Agent Secret et Jaime Bunda et la Mort de l’Américain sont considérés comme les premiers romans policiers angolais. Marqués par la chute des utopies libertaires e par le néolibéralisme économique mondial en croissance, ces deux romans font une réinterprétation du genre policier. La construction parodique, l’ironie, l’humour e le rire “mélancolico-tragique”, constituent les principaux traits “déconstructeurs” et subversifs du genre. Les romans transmettent une forte critique corrosive à l’actuel état politique et social de l’Angola, tout en fonctionnant comme libérateur de tensions à travers l’humour, illustrant la maxime “Ridendo castigat mores”. Palavras-Chave: Literatura Angolana – Pepetela – romance policial – paródia – humor Mots-Clés: Littérature Angolaise – Pepetela – roman policier – parodie – humour 6 Índice Abreviaturas……………………………………………………………………………...8 Introdução………………………………………………………………………………..9 1. Enquadramento teórico………………………………………………………………16 1.1 Paródia – a transgressão autorizada…………………..…………………………..16 1.2 Processos de parodização:………………………………………………………....26 1.2.1 A ironia...………………………………………………………………….....27 1.2.2 A sátira……………………………………………………………………....31 1.2.3 O sarcasmo…...……………………………………………………………...34 1.2.4 O burlesco…………………………………………………………………...34 1.2.5 A caricatura...……………………………………………………….……….36 1.2.6 O grotesco…………………………………………………………………...39 1.2.7 A carnavalização...…………………………………………………………..41 1.3 O romance policial………………………………………………………………...43 2. A desconstrução paródica na narrativa bondiana em Pepetela……………………...53 2.1 A subversão ao género policial……………………………………………………..53 2.2 A “voz autoral” – a autoridade máxima….….……………………………………..65 2.3 A multiplicidade de vozes narrativas……………………………………………….75 3. Jaime Bunda, Agente Secreto e Jaime Bunda e a Morte do Americano – de James Bond a Jaime Bunda………………………………………...……………………….84 3.1 James Bond: da origem do espião de Ian Fleming ao mito de herói agente secreto na narrativa fílmica………………………………………………………………...84 3.2 James Bond e Jaime Bunda: de agente secreto a detective paródia………………..99 4. Jaime Bunda, Agente Secreto e Jaime Bunda e a Morte do Americano – romances políticos ou de crítica sócio-política?………………………………………………114 4.1 A função pedagógica do riso……………………………………………………...114 4.2 A função catártica do humor……………………………………………………...120 5. Conclusão…………………………………………………………………………..130 6. Bibliografia……………..…………………………………………………………. 137 7 Abreviaturas JBAS – Jaime Bunda, Agente Secreto JBMA – Jaime Bunda e a Morte do Americano 8 Introdução O objectivo deste trabalho é fazer uma análise das obras Jaime Bunda, Agente Secreto e Jaime Bunda e a Morte do Americano, do escritor angolano Pepetela, na perspectiva da paródia ao género policial, ao herói James Bond e da sátira político- social feita através do riso e do humor. Pepetela, pseudónimo literário de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, é uma palavra que significa “pestana” na língua Kimbundu. Com este nome, que remonta aos tempos de guerrilheiro, o autor quis homenagear a luta de guerrilha. Nascido em 29 de Outubro de 1941 em Benguela, Angola, realizou os estudos primários e secundários em Benguela e no Lubango. Em 1958 viajou para Lisboa, Portugal, ingressando no curso superior de engenharia do Instituto Superior Técnico até 1960. Paralelamente participou nas actividades literárias e defendeu os ideais políticos de independência da Casa dos Estudantes do Império, ainda que na clandestinidade, e em 1961 mudou-se para o curso de Letras, ainda em Lisboa. A 4 de Fevereiro de 1961 deu-se uma revolta em Luanda, ou seja, os militantes do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), inspirados pelos ventos do nacionalismo, assaltaram e atacaram o estabelecimento prisional a Casa de Reclusão, o quartel da PSP e a Emissora Oficial de Angola. Esta acção foi considerada como o início da luta armada em Angola o que fez com que Portugal retaliasse, originando-se, desta forma, a Guerra Colonial que se estendeu até 1975. A revolta em Luanda levou Pepetela a deixar Portugal, visto que defendia os ideais nacionalistas angolanos. Assim, mudou-se para a Argélia, onde se licenciou em Sociologia e onde ajudou a criar o Centro de Estudos Angolanos. Membro do MPLA desde 1963, Pepetela, participou na luta armada como guerrilheiro na região de Cabinda ao mesmo tempo que exerceu funções no sector da Educação. Foi ainda responsável pela Educação na Frente Leste de 1972 a 1974, sendo 9 que o seu livro As Aventuras de Ngunga foi escrito em 1973 com o objectivo de ser utilizado no ensino. É dos tempos de guerrilheiro que vem o seu nome de guerra “Pepetela”, que posteriormente foi adoptado como nome literário. Entretanto, em Portugal sentia-se o descontentamento advindo das políticas opressivas do Estado Novo, o regime político autoritário e corporativista implantado em 1933 por António de Oliveira Salazar, e vivia-se o desgaste provocado pela Guerra Colonial nas colónias portuguesas, entre as quais, Angola. Aconteceu então a Revolução dos Cravos, um golpe de estado militar que vinha sendo preparado para derrubar o regime ditatorial e que saiu para a rua no dia 25 de Abril de 1974. Nesse dia, o regime herdado de Salazar foi derrubado sem resistência, sem derramamento de sangue e os militares portugueses colocaram cravos nos canos das armas. O fim da ditadura significou o fim da Guerra Colonial, o fim do colonialismo português em África. Neste contexto, em Novembro de 1974, Pepetela integrou a primeira delegação do MPLA a Luanda e no dia 11 de Novembro de 1975 Angola tornou-se num país independente. A independência não trouxe de imediato um início pacífico à consolidação de Angola enquanto nação, pelo contrário iniciou-se outra guerra, a Guerra Civil protagonizada pelo partido político no poder, o MPLA, e o partido político alternativo, a UNITA3. Pepetela atravessou o longo e desgastante período da Guerra Civil, que se iniciou logo após a independência e que se prolongou até 2002, continuando a dar o seu contributo ao país. Foi professor na Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, tendo sido depois chamado para exercer o cargo de vice- ministro da Educação no governo de Agostinho Neto, cargo que desempenhou até 1982. Leccionou ainda a disciplina de Sociologia na Universidade Agostinho Neto em Luanda até 2009, ano em que se aposentou. Começou a escrever ainda nos tempos de guerrilheiro, mas a maioria da sua obra só foi publicada depois da independência de 3 Acrónimo de União Nacional para a Independência Total de Angola, partido político angolano liderado por Jonas Savimbi. 10

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Mas, mesmo descrito como uma personagem a ser temida, a linguagem usada http://www.geocities.com/ail_br/pepetelaeasnovasmargens.htm.
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