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Jacques, o Sofista: Lacan, logos e psicanálise PDF

105 Pages·2017·1.919 MB·Portuguese
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Feyerabend O homem sem conteúdo Postscriptum 1953 Em busca do real perdido Giorgio Agamben Georges Bataille Alain Badiou Ideia da prosa A literatura e o mal Do espírito geométrico e Da arte de persuadir E Giorgio Agamben Georges Bataille outros escritos de ciência, política e fé Introdução a Giorgio Agamben A parte maldita Precedida de A noção Blaise Pascal Uma arqueologia da potência de dispêndio A ideologia e a utopia Edgardo Castro Georges Bataille Paul Ricœur Meios sem fim Teoria da religião Seguida de O primado da percepção e suas consequências Notas sobre a política Esquema de uma história das religiões filosóficas Giorgio Agamben Georges Bataille Maurice Merleau-Ponty Nudez Sobre Nietzsche: vontade de chance Relatar a si mesmo Giorgio Agamben Georges Bataille Crítica da violência ética A potência do pensamento Judith Butler Ensaios e conferências A teoria dos incorporais no estoicismo antigo Giorgio Agamben Émile Bréhier O tempo que resta A sabedoria trágica Um comentário à Carta aos Romanos Sobre o bom uso de Nietzsche Giorgio Agamben Michel Onfray Se Parmênides O tratado anônimo De Melisso Xenophane Gorgia Barbara Cassin A união da alma e do corpo em Malebranche, Biran e Bergson Maurice Merleau-Ponty A vida psíquica do poder Teorias da sujeição Judith Butler FILŌBENJAMIN FILŌESTÉTICA ANTIFILŌ O anjo da história O belo autônomo Textos clássicos de estética A Razão Walter Benjamin Rodrigo Duarte (Org.) Pascal Quignard Baudelaire e a modernidade O descredenciamento filosófico da arte Walter Benjamin Arthur C. Danto Imagens de pensamento Do sublime ao trágico Sobre o haxixe e outras drogas Friedrich Schiller Walter Benjamin Íon Origem do drama trágico alemão Platão Walter Benjamin Pensar a imagem Rua de mão única Emmanuel Alloa (Org.) Infância berlinense: 1900 Walter Benjamin FILŌMARGENS Walter Benjamin O amor impiedoso Uma biografia (ou: Sobre a crença) Bernd Witte Slavoj Žižek Estética e sociologia da arte Estilo e verdade em Jacques Lacan Walter Benjamin Gilson Iannini Interrogando o real FILŌESPINOSA Slavoj Žižek Breve tratado de Deus, do homem e do seu Introdução a Foucault bem-estar Edgardo Castro Espinosa Introdução a Jacques Lacan Espinosa subversivo e outros escritos Vladimir Safatle Antonio Negri Kafka Princípios da filosofia cartesiana e Por uma literatura menor Pensamentos metafísicos Gilles Deleuze Félix Guattari Espinosa Lacan, o escrito, a imagem A unidade do corpo e da mente Afetos, ações e Jacques Aubert, François Cheng, Jean-Claude paixões em Espinosa Milner, François Regnault, Gérard Wajcman Chantal Jaquet O sofrimento de Deus Inversões do Apocalipse Boris Gunjevic Slavoj Žižek Psicanálise sem Édipo? Uma antropologia clínica da histeria em Freud e Lacan Philippe Van Haute Tomas Geyskens Copyright © 2012 Editions EPEL Copyright © 2017 Autêntica Editora Título original: Jacques Le Sophiste: Lacan, logos et psychanalyse Publicado por meio de acordo com Agence litteraire Pierre Astier & Associés. Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora. COORDENADOR DA COLEÇÃO FILÔ Gilson Iannini CONSELHO EDITORIAL Gilson Iannini (UFMG); Barbara Cassin (Paris); Carla Rodrigues (UFRJ); Cláudio Oliveira (UFF); Danilo Marcondes (PUC-Rio); Ernani Chaves (UFPA); Guilherme Castelo Branco (UFRJ); João Carlos Salles (UFBA); Monique David-Ménard (Paris); Olímpio Pimenta (UFOP); Pedro Süssekind (UFF); Rogério Lopes (UFMG); Rodrigo Duarte (UFMG); Romero Alves Freitas (UFOP); Slavoj Žižek (Liubliana); Vladimir Safatle (USP) EDITORA RESPONSÁVEL Rejane Dias EDITORA ASSISTENTE Cecília Martins REVISÃO Aline Sobreira PROJETO GRÁFICO Diogo Droschi CAPA Alberto Bittencourt (sobre foto de Giancarlo BOTTI/Gamma-Rapho/Getty Images) DIAGRAMAÇÃO Waldênia Alvarenga Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cassin, Barbara Jacques, o sofista : Lacan, logos e psicanálise / Barbara Cassin ; tradução Yolanda Vilela ; revisão da tradução Cláudio Oliveira. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2017. -- (Filô) Título original: Jacques le Sophiste : Lacan, logos et psychanalyse. ISBN 978-85-513-0280-4 1. Lacan, Jacques, 1901-1981 - Crítica e interpretação 2. Psicanálise 3. Sofismos I. Título. II. Série. 17-07043 CDD-150.195 Índices para catálogo sistemático: 1. Lacan, Jacques : Psicanálise 150.195 Belo Horizonte Rua Carlos Turner, 420 Silveira . 31140-520 Belo Horizonte . MG Tel.: (55 31) 3465 4500 www.grupoautentica.com.br São Paulo Av. Paulista, 2.073, Conjunto Nacional, Horsa I 23º andar . Conj. 2310-2312. Cerqueira César . 01311-940 São Paulo . SP Tel.: (55 11) 3034 4468 Rio de Janeiro Rua Debret, 23, sala 401 Centro . 20030-080 Rio de Janeiro . RJ Tel.: (55 21) 3179 1975 Não sei como proceder, por que não dizê-lo, com a verdade – assim como com a mulher. Eu disse que tanto uma quanto a outra, ao menos para o homem, era a mesma coisa. JACQUES LACAN. Mais, ainda Trente-six fesses font dix-huit culs [Trinta e seis nádegas fazem dezoito bundas] JEANNE BRÉCHON, dita “Tomère” Nota da tradutora Em Jacques, o Sofista, a maioria das citações foi traduzida livremente a partir das versões francesas utilizadas pela autora. Sempre que possível, foram indicadas as correspondências com versões brasileiras disponíveis das obras referidas. Quanto às citações de textos de J. Lacan, foram utilizadas as edições da Jorge Zahar e da revista Opção lacaniana. Sempre que necessário, foram realizadas ligeiras modificações nas traduções referidas. No caso de citações de S. Freud, foram indicadas, apenas para fins de cotejo, as edições brasileiras traduzidas diretamente do original alemão disponíveis, mesmo quando a tradução foi realizada a partir da versão francesa utilizada pela autora. Especialmente no livro sobre os chistes, acentuadas diferenças entre as versões brasileiras e a versão francesa justificam a estratégia. As citações de textos e termos gregos foram revisadas e cotejadas com os originais por Cláudio Oliveira. Yolanda Vilela Prólogo “Que gentileza me reconhecer” – Alô, Lacan? – Certamente não. Vocês se lembram do que dizia Lacan, sobre agalma, na “Proposição de 9 de outubro de 1967”? “Como todos os casos particulares que compõem o milagre grego, esse só nos apresenta fechada a caixa de Pandora. Aberta, ela é a psicanálise, da qual Alcibíades não precisava.”1 À guisa de prólogo, eu gostaria de apresentar uma caixa de Pandora fechada, a Grécia de longe, tal como ela chega aos filólogos-filósofos, esses centauros mancos à la Nietzsche. Ela, ou melhor, seus textos, sobretudo os seus textos pré-socráticos, entre os quais se encontram os textos dos sofistas, chegam-nos por fragmentos, através do que chamamos “doxografia”, e caberá a vocês abri-la, mesmo que as fechaduras faltem ainda mais que as chaves. Essa questão da relação entre transmissão da Antiguidade, via escolas e textos, e transmissão da psicanálise foi-me colocada outrora por Ezequiel de Olaso, um amigo argentino, hoje falecido, muito próximo de Borges. Respondi-lhe inicialmente com uma anedota – toda a doxografia, como iremos ver, é repleta de anedotas. Contei-lhe em que circunstâncias Lacan me pedira para lhe falar da doxografia; isso deve ter sido por volta de 1975. Gloria telefonou-me num domingo de manhã, eu estava em minha casa de campo. Desci do cavalo completamente ofegante, correndo em direção ao telefone (nós tínhamos naquela época mais de 20 cavalos em nossa casa de guarda florestal, para treiná-los para serem profissionais). Gloria, a secretária em geral do grande médico em geral – um tipo de universal análogo àquele das maçãs que Chirac comia, exergo dos Universais de Alain de Libera: “Eu gosto das maçãs em geral”. Acontece que meu tio também era um grande médico, residente, aliás, ao mesmo tempo que Lacan e com Lacan (toda a sala de plantão, exasperada, havia, teria, dizem – phêsin –, feito Lacan comer uma placenta ao molho, bem preparada). “Não desligue, o doutor vai falar com a senhora.” “Alô”, diz o doutor, e eu: “Olá! Como vai você?” “Que gentileza me reconhecer. Jacques Lacan.” Jacques Lacan, que eu jamais encontrara, e não Jacques Caroli. Essa história é para assinalar sob qual signo misfit começou minha relação com Lacan e como se tocaram suavemente, de início, doxografia e psicanálise. Supus, certamente, que algum analisando tivesse falado de mim sobre um divã coisas piores do que aquelas que se diz na cama, e do efeito produzido quando eu cobrava aulas particulares desses analistas supostos saber e que queriam aprender, verdadeiramente loucos de desejo de saber, tanto filó-sofos como sofó-filos, amantes do saber e sábios no amor. Líamos, então, no texto, não somente o Fedro, de Platão, mas toda a fonte que mesmo Lacan, assim como Freud, não tinha em estoque, começando pela Teogonia, de Hesíodo, texto a partir do qual, do incesto à emasculação do filho pelo pai, com Gaia, a Terra, protegendo seus filhos em suas entranhas para que Urano, o Céu, não os devorasse, e Cronos, o filho deles, castrando o pai, cujo esperma, ao tocar a água, criou Afrodite, até que seu filho Zeus o castrasse por sua vez, qualquer Édipo ganhava uma força muito mais crua. Era o momento em que Lacan agitava nós borromeanos em seu consultório, um momento muito particular, um momento tardio em que ele procurava não tanto fazer escola, o que ele já tinha feito havia muito tempo, mas o que fazer com a sua escola, o que ele não cessou de buscar até a sua dissolução e para além dela. Fui regular e pontualmente à Rue de Lille, digamos, uma manhã a cada 15 dias durante longos meses (se me esqueci das datas e das horas, lembro-me das roupas que eu tinha comprado para ir encontrá-lo). Uma manhã, sentado de costas em sua mesa de trabalho, manipulando seus nós, ele me disse: a senhora vá falar com Gloria. De olhos abertos em direção às suas costas respondi: “Enfim, o senhor vai me pagar?”. Ele se voltou, ilegível e com os olhos opacos ou turvos atrás das lentes dos óculos, e proferiu: “A senhora é mesmo Stéphanie Gilot?”. Fui falar com Gloria, ninguém pagou ninguém. Eu disse ou apenas pensei alto o bastante para que isso não pudesse não ser ouvido: é o retorno ao ponto de partida, acabou-se porque isso acaba como começou, por um erro quanto à pessoa. Que gentileza me reconhecer, Jacques Lacan/A senhora é mesmo Stéphanie Gilot, um duplo mal-entendido cheio de ardor, que me coloca em meu lugar, para começar, e que me deixa, para terminar, a oportunidade e o cuidado de concluir. Ele deixa tudo mais leve. O erro- de-ida havia liberado a possibilidade imprevisível de me encontrar com ele e me ter encontrado catapultada a uma posição-mestre destituída logo de entrada; após um ano de angústia crescente em que um canto da minha cabeça não cessava de afiar e voltar para ele o que eu podia ter a dizer a partir da minha filologia-filosofia de menos de 30 anos, tanto mais duramente rigorosa quanto frágil, o erro-de-volta operava o “tibum” de um final com toda a plumagem do kairos. Era, então, verdade: que ele não escutava, que ele esperava entender, que ele não entendia nada dos meus textos escolhidos nem de minhas demonstrações e hipóteses. Ou pior. Mas que estranha maníaca era eu, portanto, em grego no texto. É ao escrever isso hoje que penso, com efeito: 1. Que isso não deixou de determinar minha relação com a psicanálise. Não vale a pena procurar um psicanalista, os adoráveis mal-entendidos ordinários são cheios de eficácia.2 2. Que isso não deixou de determinar minha relação com a ciência dos helenistas. A exposição de doutrinas e achados, o conhecimento é – tanto pior para os peers, os que desprezam –, antes de tudo, um discurso. Lacan tinha, portanto, curiosidade em aprender com as primeiras grandes transmissões como fazer passar, através de sua escola, a si mesmo e a psicanálise. Inútil assinalar que, em francês, “fazer passar” quer dizer também abortar – fazer passar uma criança. Como se a série de dispositivos teóricos e práticos que ele havia criado, todas as suas mêkhanai (maquinações, máquinas e mecanismos), os Escritos, os seminários, os matemas, a escola, o passe, os cartéis, o cardo não bastassem. Ele buscava uma caixa de Pandora como a doxografia. Lembro a conclusão do Congrès sur la Transmission, de junho de 1979: [...] minha proposição, aquela que instaura o que se chama o passe, no qual confio em alguma coisa que se chamaria transmissão, caso houvesse uma transmissão da psicanálise. Tal como a concebo agora, a psicanálise é intransmissível. Isso é muito desagradável. É bem desagradável que cada psicanalista seja forçado – pois é preciso que ele seja forçado a isso – a reinventar a psicanálise. Eis, portanto, o momento em que Lacan precisava que lhe falassem da doxografia. O que se segue é grosso modo o que eu lhe contei e que, sem dúvida, com toda razão, o adormeceu. É por isso que vocês podem, se preferirem, passar diretamente para a segunda parte.

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