A originalidade da proposta do livro reside – mesmo que em tom ensaístico – em tencionar um tratamento sistemático da isenção consubstanciando-a como um conceito ético que faz fronteira entre a imparcialidade e a benevolência. A isenção é pensada como uma virtude primeira e fundamental no sentido de uma independência de caráter necessária para o estabelecimento de relações justas e saudáveis.
A isenção é apresentada como sendo um ato da consciência, porém não prescinde da ponderação dos contextos e das cosmovisões; ela tem diante de si o potencial racional humano e, de modo concomitante, a complexidade dos afetos que imprescindivelmente compõem a nossa ontologia enquanto seres dotados de razão, volição, corporeidade, paixões, emoções e espiritualidade.
A tese do autor é que com a prática da isenção é no mínimo garantida a efetivação daquilo que ele propõe como sendo a lei universal da não-maleficência. Por fim, enfatizo que não se trata aqui de uma tese com rigor filosófico, mas de um ensaio que tenciona lançar luz sobre um conceito esquecido – e aqui reside um de seus méritos.
(Jozivan Guedes)