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Inventário preliminar dos invertebrados marinhos observados na praia da Pinheira, Palhoça – SC, Brasil PDF

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V.S. Torres, F.S.S. Torres Inventário preliminar dos invertebrados marinhos observados na praia da Pinheira, Palhoça – SC, Brasil Vladimir Stolzenberg Torres¹, Felipe Silveira Stolzenberg Torres² ¹Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade Prefeitura Municipal de Porto Alegre ² Centro de Ensino Médio Pastor Dohms Resumo O presente trabalho consiste de um inventariamento da fauna de invertebrados marinhos coletados na praia da Pinheira, município de Palhoça, SC. São referidas 143 espécies em oito filos, com destaque quantitativo para Mollusca, com 51 espécies, seguida de Echinodermata com 25 e Arthropoda com 23 espécies. Palavras-chave: Invertebrata; Pinheira; Palhoça; Inventário faunístico; Fauna marinha. Preliminary listing of aquatic invertebrates in in Pinheira Beach, Palhoça – SC, Brazil Abstract The present work consists of an inventory of the fauna of marine invertebrates collected in Pinheira Beach, Palhoça – SC, Brazil. There are 143 species in eight phyla, with quantitative emphasis for Mollusca, with 53 species, followed by Echinodermata with 25 and Arthropoda with 23 species. Keywords: Invertebrata; Pinheira; Palhoça; Fauna inventory; Marine fauna. Introdução termos genéticos, a maior parte de sua Os oceanos abrigam ecossistemas biodiversidade (O’DOR, 2004). Integrando singulares e ricos em biodiversidade este contexto, tem-se que a costa do Brasil, (COUTINHO, 2002; MORA et al., 2011). banhada pelo Oceano Atlântico em uma Com profundidade média de 3,9 extensão de aproximadamente 8.000 quilômetros constituem um ambiente quilômetros (GUERRA; GUERRA, 1991). tridimensional contínuo, com cerca de É diversificado, abrangendo vastos campos 1.370 milhões de quilômetros cúbicos, que de dunas, recifes, ilhas, baías, costões abriga 95% da biosfera da Terra e, em rochosos e estuários. UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 408 V.S. Torres, F.S.S. Torres Ao se considerar os diversos fatores que OLIVEIRA; MOREIRA; SAALFELD, contribuem para a degradação ambiental, a 1987; TORRES, 2019). conservação dos recursos naturais se revela Assim o estudo e conhecimento da uma preocupação precípua; fatores como a diversidade de invertebrados existentes nas poluição da água, do ar e dos solos e a águas marinhas costeiras do estado de introdução de espécies exóticas Santa Catarina, como em outras regiões, (RICKLEFS, 2003) e a fragmentação de expressa-se como urgente em decorrência hábitats (MURCIA, 1995; PRIMACK; das modificações que atualmente sofre seu RODRIGUES, 2001), acabam ocasionando ambiente natural, em decorrência das perda de diversidade biológica em todas as diversas atividades antrópicas ali escalas (METZGER; CASSATI, 2006). realizadas, ocasionando situações de Decorrente desta situação, “a aquisição de ameaça pouco compreendidas em nível informações sobre a ocorrência da biota regional (AGUDO-PADRÓN, 2015). Tal numa ampla área geográfica (SANTOS et condição se agrava quando se percebe que al., 2010), para os mais diversos taxa, nas a carência de conhecimentos taxonômicos mais diversas escalas e níveis de e, mesmo geral, de várias espécies, bem organização biológica, e a compilação como, por outro lado, em consequência do desta informação num banco de dados rápido processo de invasão experimentado georreferenciado, acessível para toda a por formas exóticas introduzidas, seja por comunidade científica, é sem dúvida um acidente ou acidentalmente. passo considerável para se definirem Conforme Silveira et al. (2010), detectar e prioridades de conservação” (METZGER; descrever a fauna de uma determinada CASATTI, 2006; SANTOS et al., 2010), região, e interpretar os dados obtidos em de forma que os inventários têm sido a campo, não se constitui em tarefa fácil, cada dia mais valorizados pela comunidade mesmo em grupos pouco diversificados. A científica (LEWINSOHN; PRADO, 2005) elaboração de uma lista de qualquer táxon É neste sentido (SANTOS et al., 2010) que de vertebrados ou invertebrados não é uma se insere a região de Palhoça, com tarefa trivial e envolve, além da utilização destaque neste estudo para a Pinheira, de técnicas específicas e eficientes para apresentando como em quase toda a costa amostrar um determinado grupo, um do estado de Santa Catarina, rica conhecimento razoável sobre sua composição faunística de invertebrados sistemática, taxonomia, ecologia e história (KAMMERS; SAAFELD, 1987; natural em geral (SILVEIRA et al., 2010). Desta forma, torna-se fundamental, UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 409 V.S. Torres, F.S.S. Torres conforme Hamer et al. (2012) e Torres (2019), a realização de listas de espécies. Material e métodos Com tal motivação, o presente trabalho As coletas foram realizadas no período objetivou aumentar o conhecimento sazonal de verão dos anos de 2016 a 2019 existente a respeito da fauna de na área de enseada que compõe a praia da invertebrados da costa catarinense, em Pinheira (fig. 1) especial da região da Pinheira, município de Palhoça. Fonte: imagem modificada do Google Earth 2019. Figura 1. Praia da Pinheira: 1) Praia de Baixo; 2) Praia de Cima; 3) Costão da Ponta das Andorinhas; 4) Ilha dos Papagaios; 5) Praia do Meio; 6) Ponta do Papagaio; 7) Extremo Sul da Ilha de Florianópolis. Os círculos vermelhos indicam os locais de amostragens. UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 410 V.S. Torres, F.S.S. Torres Adotou-se, para coleta, os procedimentos Padrón (2015), Amaral e Nonato (1996), preconizados por Torres (2019), com Amaral et al. (2006), Amaral et al. (2013), catação, mergulho livre em águas rasas (a Boos et al. (2012), Carraro (2012), Hajdu e menos de 5m de profundidade), visitas a Lopes (2007), Karam (2008), Lavrado e regiões entremarés e vistorias de redes de Viana (2007), Lindner (2014), Melo pesca. Para invertebrados de "maior porte" (1999), Thomé et al. (2010), Silva (2011), como artrópodes e equinodermata, a Slivak (2013), Teso e Pastorino (2011), vistoria em redes de pesca revela-se uma Torres (2019), Xavier (2010). Para a ótima opção, esta referendada por correção e a atualização dos nomes dos Nakamura e Loyola-e-Silva (1992). Foram taxa (gêneros e espécies) foram utilizados considerados substratos arenosos, lodosos os seguintes bancos de dados: World e rochosos. Register of Marine Species (WoRMS), Os exemplares coletados foram Integrated Taxonomic Information System inicialmente acondicionados em sacos (ITIS), MALACOLOG 4.1.1 (A Database plásticos e baldes. Posteriormente of Western Atlantic Marine Mollusca), passaram por uma triagem, alguns com World Database Ophiuroidea, World auxílio de estereomicroscópio – sendo uma Database Asteroidea e World Database pequena amostragem anestesiada, fixada e Echinoidea. conservada conforme descrito por Torres Resultados e Discussão (2019); os demais animais foram postos A listagem de organismos invertebrados em liberdade. marinhos, observados na enseada da A taxonomia foi, inicialmente estabelecida Pinheira, encontram-se listados na Tabela com base em Absher et al. (2015), Agudo- 1. Tabela 1 – Listagem preliminar dos invertebrados marinhos observados na enseada da Pinheira, SC – Filos Poriphera, Cnidaria, Ctenophora, Mollusca, Annelida, Arthropoda, Echinodermata e Tunicata. Poriphera Mollusca (cont.) Arthropoda (cont.) Chalinula zeae de Weerdt, Crepidula aculeata Gmelin, Callinectes exasperatus 2000 1791 (Gerstaecker, 1856) Clathrina ascandroides Cymatium parthenopeum Callinectes ornatus Ordway, Borojevic, 1971 (von Salis, 1793) 1863 Hymeniacidon heliophila Dentalium americanum Callinectes spidus (Rathbun, Parker, 1910 Chenu, 1843 1896) Myriastra purpurea (Ridley, Divaricella quadrisulcata Chthamalus bisinuatus 1884) (d´Orbigny, 1842) (Pilsbry, 1916) Donax hanleyanus Philippi, Cloridopsis dubia (H. Milne- Myxilla sp 1842 Edwards, 1837) 1 Doryteuthis (= Loligo) plei Emerita brasiliensis Schmitt, Polymastia sp Blainville, 1823 1935 UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 411 V.S. Torres, F.S.S. Torres Doryteuthis (= Loligo) Scopalina ruetzleri Ericthonius brasiliensis sanpaulensis Brakoniecki, (Wiedenmayer, 1977) (Dana, 1853) 1984 Suberites caminatus (Ridley Dosinia concentrica (Born, Goniopsis cruentata and Dendy, 1886) 1778) Latreille, 1803 Sycon vigilans Sarà & Gaino, Fissurella rosea (Gmelin, Hepatus pudibundus (Herbst 1971 1791) 1785) Tedania vanhoeffeni Ischnochiton pectinatus Lepas anatifera Linnaeus, Hentschel, 1914 (Sowerby II, 1840) 1758 Ischnochiton striolatus Lepas anserifera Linnaeus, Cnidaria (Gray, 1828) 1767 Aglaophenia latecarinata Littorina flava (King & Lepas hilli (Leach, 1818) Allman 1877 Broderip, 1832) Bunodosoma caissarum Littorina scabra (Linnaeus, Ligia exotica Roux, 1828 Corrêa in Belém, 1987 1758) Ceriantheomorphe brasiliensis (Melo-Leitão, Littorina ziczac (Gmelin, Megabalanus coccopoma 1919) (= Cerianthus 1791) (Darwin, 1854) americanos Hertwig, 1882) Chiropsalmus quadrumanus Lucina pectinata (Gmelin, Ocypoda quadrata (Müller, 1859) 1791) (Fabricius, 1787) Clytia hemisphaerica Natica canrena (Linnaeus, Pagurus aff. criniticornis (Linnaeus, 1767) 1758) (Dana, 1852) Dynamena disticha (Bosc Natica limbata d'Orbigny, Pagurus brevidactylus 1802) 1837 (Stimpson, 1858) Eudendrium carneum Clarke, Neritina virginea (Linnaeus, Stenorhynchus aff. seticornis 1882 1758) (Herbst, 1877) Hebella scandens (Bale Olivancillaria auricularia Echinodermata 1888) (Lamarck, 1811) Olivancillaria aff. carcellesi Amphiodia atra (Stimpson, Leptogorgia sp Klappenbach, 1965 1852) Obelia dichotoma (Linnaeus Olivancillaria urceus Amphipholis squamata 1758) (Röding, 1798) (Delle Chiaje, 1828) Obelia geniculata (Linnaeus Olivancillaria vesica Arbacia lixula (Linnaeus, 1758) (Gmelin, 1791) 1758) Asteriscus stellifer Möbius, Orthopyxis integra Perna perna (Linnaeus, 1859 (= Enoplopatiria (Macgillivray, 1842) 1758) stellifera (Möbius, 1859))3 Orthopyxis sargassicola Pinctata imbricada Röding, Astrocyclus caecilia (Lütken, (Nutting, 1915) 1798 1856) Physalia physalis (Linnaeus, Pitar fulminatus (Menke, Astropecten brasiliensis 1758) 1828) Müller & Troschel, 18423 Porpita porpita (Linnaeus, Polinices hepaticus (Röding, Astropecten marginatus 1758) 1798) Gray, 18403 Rhacostoma atlantica Pteria hirundo (Linnaeus, Clypeaster subdepressus Agassiz, 1851 1758) (Gray, 1825) Echinaster (Othilia) Sanguinolaria sanguinolenta Renilla sp brasiliensis Müller & (Gmelin, 1791) Troschel, 1842 Semicassis granulata (Born, Encope emarginata (Leske, Sertularia sp 1778) 1778) Velella velella (Linnaeus, Sinum (Sinum) maculatum Eucidaris aff. tribuloides 1758) (Say, 1831) (Lamarck, 1816)2,3 UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 412 V.S. Torres, F.S.S. Torres Siratus beauii (Fischer & Hemipholis elongata (Say, Ctenophora Bernardi, 1857) 1825) Beroe ovata Chamisso & Strombus pugilis Linnaeus, Holothuria (Halodeima) Eysenhardt, 1821 1758 grisea (Selenka, 1867) Mnemiopsis maccradyi Tagelus plebeius (Lightfoot, Luidia alternata (Say, 1825)3 Mayer, 1900 1786) Tegula viridula (Gmelin, Mollusca Luidia clathrata (Say, 1825)3 1791) Anomalocardia brasiliana Thais haemastoma Luidia senegalensis (Gmelin, 1791) (Linnaeus, 1767) (Lamarck, 1816)3 Aplysia brasiliana Rang, Trachycardium muricatum Lytechinus variegatus 1828 (Linnaeus, 1758) (Lamarck, 1816)3 Astraea tecta (Lightfoot, Mellita quinquiesperforata Annelida 1786) (Leske, 1778) Clark, 1911 Brachidontes exustus Aglaophamus uruguayi Ophiactis lymani Ljungman, (Linnaeus, 1758) Hartman, 1953 1872 Amphinome rostrata Pallas, Ophiocoma wendti Müller & Bulla striata Bruguière, 1792 1766 Troschel, 1842 Callista eucymata (Dall, Cossura candida Hartman, Ophionereis reticulata (Say, 1890) 1955 1825) Callista maculata (Linnaeus, Mediomastus californiensis Ophioplocus januarii 1758) Hartman, 1944 (Lütken, 1856) Calyptraea centralis Neanthes succinea (Frey & Ophiothrix angulata (Say, (Conrad, 1841) Leuckart, 1847) 1825) Cerithium atratum (Born, Nonatus longilineus Amaral, Oreaster reticulatus 1778) 1980 (Linnaeus, 1758) Chaetopleura angulata Ophelina brasiliensis Plagiobrissus grandis (Splengler, 1797) Hansen, 1882 (Gmelin, 1788)3 Chione cancellata (Linnaeus, Arthropoda Tunicata 1767) Chione paphia (Linnaeus, Aranaeus cribarius Botrylloides nigrum 1767) (Lamarck, 1818) Herdman, 1886 Chione pubera (Saint- Balanus aff. amphitrite Didemnum rodriguesi Rocha Vincent, 1827) (Darwin, 1854) & Monniot, 1993 Collisella subrugosa Callichirus cf. major (Say, Euherdmania vitrea Millar, (Orbigny, 1846) 1818) 1961 Conus carcellesi Martins, Callinectes bocourti (A. Polysyncraton amethysteum 1945 Milne Edwards, 1879) (Van Name, 1902) Crassostrea rhizophorae Callinectes danea Smith, Styela canopus Savigny, (Guilding, 1828) 1869 1816 1 Prevalecem dúvidas, ao final deste estudo, sobre a correta identificação dos exemplares coletados, embora se possa afirmar que pertençam, todos, a uma mesma espécie. 2 Se confirmada a identificação desta espécie (Eucidaris aff. tribuloides (Lamarck, 1816)), então ter- se-á a ampliação de sua área de ocorrência na costa brasileira, assim como, o evidente registro de nova ocorrência, ampliando o registro realizado por Torres (2019). 3 Espécies relatadas como ameaçadas de extinção para o estado de Santa Catarina, segundo o estudo de Slivak (2013) e/ou o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, disponível on line em: <h t t p s : / / w w w . m m a . g o v . b r / e s t r u t u r a s / 1 7 9 / _ a r q u i v o s / v o l _ i _ i n v e r t e b r a d o s _ a q u t i c o s . p d f>. De acordo com Bell (2008) as esponjas ambientes marinhos; se apresentando em estão entre os principais componentes de todas as cores, tamanhos e feitios e, apesar comunidades bentônicas em vários de já serem representadas por um famoso UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 413 V.S. Torres, F.S.S. Torres personagem de desenhos animados, ainda (2019) registra 12 espécies para as regiões passam despercebidas à maioria das de Porto Belo e Bombinhas e o presente pessoas. Distribuem-se desde os trópicos estudo nos traz um registro de dez aos polos e das zonas entre marés até espécies. Enquanto o estudo de Carraro fossas abissais – em torno de 8000m de (2012) eleva esta riqueza para 75 espécies profundidade (CARRARO, 2012). na região. A acomodação de espécies Os Poriphera se constituem em uma tropicais nessa faixa da costa brasileira componente importante e dominante das deve-se provavelmente ao fato de que, comunidades bentônicas onde neste local, ocorre o último trecho rochoso desempenham diversos papéis funcionais e recortado, formado por baías, enseadas e e, apesar disto, ainda são insipientes os inúmeras ilhas litorâneas banhadas por estudos sobre sua biogeografia. Van-Soest águas quentes, favorecendo o abrigo dessas (1994) preconiza que a distribuição espécies no infralitoral (LERNER; individual dos taxa pode ser explicada com MOTHES; CARRARO, 2005). base em áreas de endemismo reconhecidas No que se refere aos Cnidaria, os dados de para outros organismos bentônicos; esta é Miranda et al. (2011) relataram 25 espécies geralmente determinada por fatores na região de Bombinhas, enquanto Torres históricos e geográficos de larga escala, (2009) registrou 22 espécies sendo que dez tais como eventos tectônicos, barreiras de registradas no estudo de Miranda et al. profundidade, de variação brusca de (2011), ficando o presente estudo restrito a temperatura e de separação dos 19 espécies, o que permite conjecturar que continentes. Diferentemente de outros a latitude sul, apresentando águas mais grupos de organismos bênticos e frias, atue como um balizador da filtradores, por exemplo, moluscos, distribuição das espécies. ascídias e certos poliquetos, que quase não Oliveira et al. (2007) reportaram 13 retêm as partículas inferiores a 1 ou 2 µm, espécies de Ctenophora para as águas as esponjas utilizam matéria orgânica brasileiras, no que divergem dos dados de particulada de 0,1 a 50 µm e sua Amaral e Nallin (2011) que reportam, associação com algas cianofíceas e apenas para o litoral paulista, um total de bactérias lhes permitem utilizar matéria vinte e quatro espécies. Embora seja um orgânica dissolvida (VACELET, 1979). grupo com relativamente poucas espécies O estudo de Lerner et al. (2005) cita a (em torno de 120 na escala mundial, ocorrência de 24 espécies de poríferos para segundo OLIVEIRA et al., 2007), estas são a costa catarinense, sendo que Torres geralmente conspícuas, abundantes e de UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 414 V.S. Torres, F.S.S. Torres ampla distribuição. Como vorazes necessidade de estudos mais específicos e predadores, esses animais ingerem grandes mais amplos aí. quantidades de pequenos organismos O presente estudo registra a ocorrência de zooplanctônicos, incluindo larvas de peixes sete espécies de Annelida Polychaeta, com de grande importância econômica espécies diferentes daquelas registradas (OLIVEIRA et al., 2007). O estudo de por Torres (2019), quantitativa e Torres (2019) cita a presença de Beroe aff. qualitativamente. Semelhantemente ao se gilva Eschscholtz 1829 e Mnemiopsis considerou a respeito de Mollusca, torna-se leidyi Agassiz, 1865, enquanto o presente fundamental ampliar os estudos para este estudo, coincidentemente, identificou grupo na região, haja vista que Pagliosa et apenas duas espécies, porém, não aquelas al. (2012), registraram 228 espécies, na relatadas por este autor em estudo anterior costa litorânea de Santa Catarina. (TORRES, 2019), salientando que 23 espécies representam o número Mianzan (1999) cita a ocorrência de M. registrado pelo presente estudo para maccradyi Mayer, 1900 e B. ovata Mayer, Arthropoda Crustacea na região da 1912 para o Uruguai. Pinheira, um valor ínfimo se comparado ao Considerando as 671 espécies e estudo de Boos et al. (2012) que relatam subespécies de moluscos marinhos um total 518 espécies para o estado de cadastrados até o presente momento para o Santa Catarina. Por outro lado, o estudo Estado, conforme Agudo-Padrón (2015), a referido (BOOS et al. 2012) não declina denominada “Baixada do Maciambú”, no quantas destas espécies são continentais Município Palhoça da Grande e/ou de água doce, mas pode-se conjecturar Florianópolis, apresenta-se como a região que uns 10% o sejam, o que conduziria o costeira com o maior registro de moluscos registro para algo em torno de 465 marinhos, com 222 espécies equivalentes a espécies, então, marinhas, o que, ainda se 33% do total, em comparação a resultados apresentaria como um índice a ser buscado gerais obtidos por outros grandes com veemência, mediante a ampliação de levantamentos previamente realizados no estudos na região. Estado (AGUDO-PADRÓN; BLEICKER, Em costões rochosos um dos mais 2009). Fica evidente que o presente estudo, importantes e frequentes grupos ao registrar apenas 52 espécies, sequer se encontrados, são os equinodermos. No aproximou (23%) do número de espécies já Brasil existem cerca de 340 espécies de catalogadas na região como um todo, equinodermos, pelo menos 19 delas estão demonstrando, por conseguinte, a no livro vermelho da fauna ameaçada UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 415 V.S. Torres, F.S.S. Torres (SLIVAK, 2013). Ainda segundo Slivak Rocha et al. (2005) registraram a (2013), há registro de 40 espécies de ocorrência de vinte e seis espécies de equinodermos distribuídos ao longo do Ascidias (Tunicata) para a Reserva litoral e ilhas costeiras de Santa Catarina, Biológica Marinha do Arvoredo (SC), das por conseguinte, conforme os resultados quais, duas se constituem em novo registro aqui obtidos, mais de 50% destas espécies para o Brasil e 19 como registro novo para possuem ocorrência na região da Pinheira, Santa Catarina, com isto elevando-se o podendo-se, inclusive, conjecturar que toda número de espécies efetivamente a região da “Baixada do Maciambú” seja catalogadas para o litoral daquele estado, alcançada, minimamente, por este conjunto em número de 34. Os recursos limitados, de espécies. Convém destacar que das 19 neste estudo, não possibilitaram pesquisas espécies citadas por Slivak (2013), como com maior nível de investigação e ameaçadas de extinção, oito foram detalhamento, com isto, limitando-se a encontradas nesta região, no presente apresentar apenas cinco espécies como estudo, com isto evidenciando-se a ocorrentes na Pinheira, embora se possa necessidade, urgente, de mais estudos conjecturar que pesquisas específicas sobre estes organismos e sua relação com possam acabar registrando um número esta região. mais elevado. UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 416 V.S. Torres, F.S.S. Torres Fonte: banco de imagens do autor sênior (2016/2019) Figura 2. A) Aplysia brasiliana Rang, 1828; B) Semicassis granulata (Born, 1778); C) Bulla striata Bruguière, 1792; D-E) Olivancillaria aff. carcellesi Klappenbach, 1965; F) Olivancillaria vesica (Gmelin, 1791); G-H) Olivancillaria urceus (Röding, 1798); I) Littorina flava (King & Broderip, 1832); J) Perna perna (Linnaeus, 1758); K) Crepidula aculeata Gmelin, 1791; L) Collisella subrugosa (Orbigny, 1846); M) Dosinia concentrica (Born, 1778); N) Perna perna (Linnaeus, 1758). UNISANTA Bioscience Vol. 8 nº 4 (2019) p. 408-422 Página 417

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