CA LO 6 Introdução ao Risco Político - Conceitos, análises e problemas CA LO 6 Introdução ao Risco Político - Conceitos, análises e problemas Moisés Marques e Flávio Rocha © 2014, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque: Wilton Fernandes Palha Revisão Gráfica: Gabriel Pereira Editoração Eletrônica: Thonsom Digital Capa: Usina Digital Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8o andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 [email protected] ISBN 978-85-352-7325-0 ISBN (versão eletrônica) 978-85-352-7326-7 Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M319i Marques, Moisés Introdução ao Risco Político : conceitos, análises e problemas / Moisés Marques, Flávio Rocha. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014. 23 cm. ISBN 978-85-352-7325-0 1. Relações internacionais. 2. Política internacional. I. Rocha, Flávio. II. Título. 14-11175 CDD: 662.6 CDU: 662.7 CA LO 6 Os Autores ALDO FORNAZIERI é graduado em Física, com pós-graduação em Filosofia e mestrado e doutorado em Ciência Política pela USP. Atualmente é diretor acadêmico e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). ANDRÉ ACCORSI é engenheiro pela Politécnica/USP e mestre e doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Adminis- tração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). É professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e na Es- cola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP), na área de Finanças, com experiência em instituições financeiras e também no Banco Central do Brasil. FLÁVIO ROCHA DE OLIVEIRA é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Ciência Política também pela USP. Atualmente é professor no bacharelado em Relações Internacionais na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). GEORGE ABDUL-HAK é especialista em Negociações Econô- micas Internacionais, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) e possui experiência profissional na análise INTRODUÇÃO AO RISCO POLÍTICO de cenários político-institucional e econômico, gerenciamento de riscos e delineamento de estratégias, em multinacionais de diversos setores. Graduado em Relações Internacionais pela Pontifícia Univer- sidade de São Paulo (PUC/SP) e com MBA em Gestão de Negócios pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), se dedica ao estudo do Risco Político e das possíveis soluções que as empresas podem adotar para lidar com ele. MOISÉS DA SILVA MARQUES é tecnólogo, engenheiro civil e cientista social. Possui MBA Controller e mestrado e doutorado em Política Internacional pela USP. É professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e na Faculdade Santa Marcelina (FASM/SP), e pesquisador, palestrante e consultor, na área de Relações Internacionais, Políticas Públicas e Risco Político. Durante 25 anos foi profissional do mercado financeiro e é autor e coautor de livros e artigos nessas áreas. RICARDO K. YWATA é graduado em Ciências Sociais pela Univer- sidade de São Paulo (USP), especialista em Política Internacional pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), possui MBA em Administração de Empresas pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper/SP), mestre e doutor em Ciências Sociais/Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), com estágio-sanduíche em Sciences Po na Universidade de Bordeaux, França, com bolsa Capes. Atualmente é professor de Relações Internacionais no Centro Universitário SENAC-SP. Em 2012, publicou o livro Ordem mundial e agências de rating – o Brasil e as agências na era global (1996-2010). VI INTRODUÇÃO Um desafio conjunto para entender um velho conhecido á pelo menos 15 anos, começamos a nos interessar pelos cha- H mados riscos políticos, suas causas, incidências, potenciais e consequências. Esse período, em linhas gerais, coincide com o esforço que algumas empresas no Brasil, principalmente as da área financeira, começaram a fazer no sentido de tentar implementar áreas integradas de gerenciamento de risco. O final da década de 1990 conheceu um emaranhado de crises econômicas, que tornavam a América Latina ou a Ásia grandes áreas indistintas em que grassava o efeito contágio. Nosso objetivo sempre foi amalgamar o conhecimento científico, necessário em nossas trajetórias de pesquisadores, professores, pales- trantes, gestores e consultores, com a aplicabilidade prática de alguns conceitos e modelos. Sempre acreditamos que o conhecimento que se limita ao mundo acadêmico carece de um encontro com a realidade prática para se fazer valer. Surgiu disso nosso interesse em tentar entender o risco político e, ao mesmo tempo, buscar alternativas para mapeá-lo e, se possível, antecipá-lo. Nisso, não nos distanciamos de um clássico de 500 anos, denominado O Príncipe, de Maquiavel, que INTRODUÇÃO AO RISCO POLÍTICO pregava aos governantes não se fiarem em estados imaginários, mas sim no mundo real. O risco político sempre se constituiu em um grande desafio para todos os que tentam compreendê-lo. Acima de tudo, por lidar com questões que envolvem o ser humano e todas as suas veleidades, a previsibilidade e a capacidade de construir modelos que desenhem um futuro são bastante limitadas. Quando lidamos com riscos de mercado, de crédito e mesmo operacionais temos, em geral, alguma base de dados, que, em conjunto com técnicas e metodologias adequadas, podem nos proporcionar certa predição, pois podem se repetir em determinadas conjunturas. No entanto, quando tratamos do risco político, temos maiores dificuldades, pois o ser humano envolvido nas questões políticas, como nos relembra Norberto Bobbio, é um animal ideológico, teleológico e simbólico. Ou seja, já havíamos sido alertados por Maquiavel que, em política, às vezes a aparência pode valer mais do que a essência. Além disso, a esfera da política permite uma moralidade mais específica, que foge daquilo que computamos como condenável ou louvável pelos critérios básicos da razão humana. Um comportamento inesperado é perfeitamente aceitável na política, o que gera alianças inusitadas, conluios palacianos ou, parafraseando Samuel Huntington, que o amigo de hoje se torne o inimigo de amanhã. Este livro nasce de incursões que fizemos pelo mundo do risco político, desde livros e teses que tratam sobre o assunto, até tentativas de modelagem estatística, passando também pela verificação in loco de episódios ruidosos, como foi o caso do capítulo referente à naciona- lização da Repsol-YPF, na Argentina. Ademais, alguns dos autores envolvidos, estiveram, nos anos recentes, lecionando ou debatendo aspectos referentes a riscos em geral, ou ao risco político em parti- cular. O que se viu, durante esse tempo, foi uma intensa procura por modelos que pudessem definitivamente “enquadrar” o risco político e viii UM DESAFIO CONJUNTO PARA ENTENDER UM VELHO CONHECIDO o certo desapontamento dos analistas, quando percebem a dificuldade em mensurá-lo e, principalmente, prevê-lo. Aliás, enquanto os demais riscos parecem fadados a serem gerenciados a partir de modelos es- tatísticos que analisam o passado e as séries temporais, o risco político parece um rebelde não emoldurável que hesita em aceitar peias e aparece nas situações mais inusitadas. Por isso, resolvemos organizar o presente livro, arregimentando para essa tarefa alguns de nossos companheiros de jornada, que têm tentado lidar com a aridez do tema e, por conseguinte, ajustar suas jornadas profissionais, com o estudo sério e dedicado de conjunturas, cenários e riscos. Cada um deles, de forma concisa, tentou contribuir para que procedêssemos a um primeiro arranjo do estado da arte. Ao agrupar esses trabalhos, percebemos que ganhava forma de fato um dos primeiros trabalhos organizados em língua portuguesa que se propunha a tentar um esforço no sentido de compreender, sem exaurir, o denominado risco político. No primeiro capítulo, Aldo Fornazieri já deixa patente a dificul- dade da empreitada. Como ele mesmo disse, o trabalho de discutir análise de conjuntura política levou-o a caminhos imprevisíveis, em que, revisitando meticulosamente textos clássicos e contemporâneos, procurou proceder a uma leitura da realidade em movimento. Lem- brando sempre que o imprevisto é um dos elementos mais cons- tantes na análise política, Fornazieri nos apresenta a necessidade de retomar conceitos como os de Estado, governo, parlamento, Judiciário, partidos, sociedade civil e sistema cultural, para começarmos a com- preender a política. Dada a inexistência de um método assentado para a análise de conjuntura na política, o autor tenta nos mostrar quais seriam as variáveis que mais poderiam impactar tal estudo. A seguir, André Accorsi, especialista em questões financeiras, nos apresenta de forma sintética e pedagógica uma primeira aproximação com os conceitos de risco e, principalmente, as suas diversas formas de ix INTRODUÇÃO AO RISCO POLÍTICO aparição. Accorsi demonstra que desde que o risco passou a ser ma- téria passível de mensuração e gestão, todos buscaram domá-lo, mas que a antiga relação risco/retorno ainda conta. Isto é, corremos riscos, às vezes muito altos, porque os retornos podem ser compensadores, e isto parece inerente à ambição humana. Portanto, passou-se, nos últimos anos, a tomar por pressuposto que riscos são inerentes à ação e à condição humana e que se deve buscar uma forma de mitigá-los. No terceiro capítulo, finalmente, Flávio Rocha nos apresenta o risco político propriamente dito. Ao conceituá-lo e problematizá-lo, o autor mostra como o fenômeno que ficou conhecido popularmente como globalização iluminou ainda mais a existência desses riscos e como estes estão interligados às transformações sociais mais recentes. Além disso, o texto demonstra de que maneira, desde os primórdios da tentativa de transformar a política em ciência, houve a preocupação de entender e classificar os atos políticos. Ricardo Ywata nos brinda no capítulo seguinte com uma análise dos agentes privados que tentaram e ainda tentam mensurar parte desses riscos, os chamados risco país e risco soberano. Especialista que é no assunto de agências de classificação de risco, Ywata demonstra como as agências surgiram e quais seus limites e possibilidades, além do poder incrível que chegaram a conhecer, a ponto de o jornalista Thomas Friedman ter dito jocosamente que existem duas formas de destruir um país, sendo uma pelos armamentos nucleares e outra pelo rebaixamento de suas notas de classificação de risco. Ao final, o autor sintetiza as críticas que têm surgido a esses “controladores incontrolados”. Se o capítulo anterior inaugura a discussão de modelos de men- suração, George Abdul-Hak aglutina sua formação acadêmica com o trabalho em consultorias na área de risco para mapear os modelos de avaliação e gerenciamento, particularmente do risco político. Ao mapear os modelos existentes e principais variáveis para a definição x
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