~ (cid:18) (cid:19) INTRODUC(cid:24)AO A TEORIA COMBINATORIA DE SEMIGRUPOS INVERSOS (cid:3) Pedro V. Silva Departamento de Matem(cid:19)ati a Pura, Fa uldade de Ci^en ias, Universidade do Porto, 4000 Porto, Portugal A teoria ombinat(cid:19)oria de semigrupos inversos tem omo obje tivo o estudo dos semigrupos (monoides) inversos livres e respe tivas apresenta (cid:24)~oes. A generalidade dos resultados relativos a semigrupos inversos livres pode ser fa ilmente deduzida a partir de resultados an(cid:19)alogos para monoides inversos livres, pelo que adoptaremos invariavelmente a \vers~ao monoide". O on eito de semigrupo inverso livre remonta a 1961, quando foi introduzido por Vagner [28℄. Contudo, para al(cid:19)em de alguns resultados espora(cid:19)di os, a teoria n~ao produziria grandes desenvolvimentos at(cid:19)e 1973, quando o problema da palavra para o semigrupo inverso livre foi resolvido (independentemente) por S heibli h [19℄ e Munn [16℄. A solu(cid:24) ~ao de S heibli h, de natureza essen ialmente alg(cid:19)ebri a, tinha omo base o grupo livre, enquanto a solu(cid:24) ~ao de Munn era de natureza ombinat(cid:19)oria e pode ser vista hoje (cid:18)a luz da teoria de linguagens e auto(cid:19)matos. O estudo onsistente e sistema(cid:19)ti o de apresenta (cid:24)~oes de monoides inversos teve omo ponto de partida o desenvolvimento de uma teoria ombinat(cid:19)oria por parte de Stephen em 1987 [26℄, que onstituiu uma generaliza(cid:24) ~ao do trabalho efe tuado por Munn para os monoides inversos livres. Usando as onstru(cid:24) ~oes de Stephen, foram obtidos nos u(cid:19)ltimosanos va(cid:19)rios resultados que p~oem em relevo liga(cid:24) ~oes importantes (cid:18)a teoria ombinat(cid:19)oria de semigrupos, teoria de semigrupos (cid:12)nitos, teoria ombinat(cid:19)oria de grupos e teoria de linguagens, o que mostra a vitalidade da teoria. Entre outros autores, podemos itar Margolis, Meakin, Sapir e Silva [10℄ [11℄ [13℄ [14℄ [24℄. No que se refere a resultados de de idibilidade propriamente ditos, t^em-se registado alguns su essos mas permane em em aberto va(cid:19)rios problemas fundamentais, em parti ular o problema da palavra para apresenta (cid:24)~oes om uma u(cid:19)ni a rela(cid:24) ~ao. Entre outros, podemos itar Birget, Margolis, Meakin, Silva, Stephen [4℄ [12℄ [21℄ [22℄ [23℄ [25℄ [27℄. Foi nossa op(cid:24) ~ao neste urso privilegiar os fundamentos da teoria e a resolu (cid:24)~ao de problemas de de idibilidade, de modo a manter os pr(cid:19)e-requisitos de teoria de gru- pos e teoria de linguagens a n(cid:19)(cid:16)veis a eita(cid:19)veis. Apesar disso, a grande import^an ia de que se revestem alguns on eitos oriundos destas (cid:19)areas obriga-nos a dedi ar-lhes (cid:3) Este trabalho foi realizado om o apoio da JNICT - Proje to SAL (PBIC/C/CEN/1021/92)e do ESPRIT-BRA Working Group 6317"ASMICS". 1 algumas se (cid:24) ~oes espe (cid:19)(cid:16)(cid:12) as. Resulta assim que nada menos do que in o se (cid:24) ~oes num total de doze s~ao dedi adas (cid:18)a introdu(cid:24) ~ao de on eitos fundamentais em (cid:19)areas ex- teriores (cid:18)a teoria ombinat(cid:19)oria de semigrupos inversos. As se (cid:24) ~oes 4 e 7 s~ao dedi- adas ao monoide inverso livre, as se (cid:24) ~oes 8 e 9 abordam as onstru(cid:24) ~oes de Stephen para apresenta (cid:24)~oes de monoides inversos, e as se (cid:24) ~oes 10 e 11 mostram algumas apli a (cid:24)~oes desta teoria a problemas de de idibilidade para apresenta (cid:24)~oes on retas. Na u(cid:19)ltima se (cid:24) ~ao, (cid:19)e eviden iada a import^an ia da resolu(cid:24) ~ao do problema da palavra para apresenta (cid:24)~oes de monoides inversos om uma u(cid:19)ni a rela(cid:24) ~ao, e s~ao apresentados (sem demonstra(cid:24) ~ao) alguns outros resultados de de idibilidade. Finalmente, gostaria agrade er ao Centro Interna ional de Matema(cid:19)ti a a oportu- nidade que me on edeu de elaborar um urso om estas ara ter(cid:19)(cid:16)sti as. 1 Semigrupos e monoides Nesta se (cid:24) ~ao vamos apresentar de forma resumida alguns on eitos e resultados b(cid:19)asi os relativos a semigrupos e monoides em geral. Os on eitos s~ao todos de(cid:12)nidos em termos de monoides, sendo as vers~oes para semigrupos inteiramente an(cid:19)alogas. A onselhamos ao leitor interessado em mais detalhes a onsulta de [6℄. Um semigrupo (cid:19)e uma estrutura alg(cid:19)ebri a da forma (S;(cid:3)), onde S (cid:19)e um onjunto n~ao vazio e (cid:3) designa uma opera (cid:24)~ao bina(cid:19)ria asso iativa em S. Se a opera (cid:24)~ao estiver subentendida, (cid:19)e habitual designar um tal semigrupo por S e es rever ab em vez de a(cid:3)b para todos a;b 2 S. Dizemos que e (cid:19)e elemento neutro de S se 8a 2 S; ae = ea = a: Um semigrupo om elemento neutro diz-se um monoide. E(cid:19) imediato que o elemento neutro de um monoide (cid:19)e u(cid:19)ni o, e (cid:19)e habitualmente designado pelo s(cid:19)(cid:16)mbolo 1. Um 2 elemento e 2 M diz-se idempotente se e = e. Todo o monoide tem pelo menos um elemento idempotente, o elemento 1. O onjunto dos elementos idempotentes de M (cid:19)e designado por E(M). Seja M um monoide. Dizemos que N (cid:18) M (cid:19)e um submonoide de M se 1 2 N e ab 2 N para todos a;b 2 N. Dado um sub onjunto A (cid:18) M qualquer, existe um (cid:3) submonoide A de M que ont(cid:19)em A e (cid:19)e o menor submonoide de M ontendo A, a saber, (cid:3) A = f1g[fa1:::an; n (cid:21) 1; ai 2 Ag: (cid:3) (cid:3) Dizemos que A (cid:19)e o submonoide de M gerado por A. Se A = M, dizemos que A (cid:19)e um onjunto de geradores de M. Uma rela(cid:24) ~ao em M (cid:19)e um sub onjunto R (cid:18) M (cid:2)M. Dada uma rela(cid:24) ~ao (cid:12)nita R = f(a1;b1);:::;(an;bn)g; (cid:19)e habitual enun iar os elementos de R na forma a1 = b1;:::;an = bn: 2 Por abuso de linguagem, os elementos de R s~ao tamb(cid:19)em designados por rela(cid:24) ~oes. Se (cid:0)1 R (cid:19)e uma rela(cid:24) ~ao em M, designamos por R a rela(cid:24) ~ao f(a;b); (b;a) 2Rg. A rela(cid:24) ~ao R diz-se uma ongru^en ia se for uma rela(cid:24) ~ao de equival^en ia e satis(cid:12)zer (a;b) 2 R ) (a ;b );( a; b) 2 R para todos a;b; 2 M. Dada uma rela(cid:24) ~ao R qualquer em M, existe uma ongru^en ia em M que (cid:19)e a menor ongru^en ia em M ontendo R, e que se diz a ongru^en ia em ℄ M gerada por R. Esta ongru^en ia(cid:19)e designada por R e pode ser des rita do seguinte ℄ modo. Dados a;b 2 M, temos (a;b) 2 R se existirem w0;:::;wn 2 M (n (cid:21) 0), tais que: a = w0, b = wn, (cid:0)1 para todo i 2 f1;:::;ng, existem xi;yi 2 M e (ri;si) 2 R[R tais que wi(cid:0)1 = xiriyi; wi = xisiyi: Seja (cid:28) uma ongru^en ia no monoide M e seja a 2 M. Designamos a lasse de ongru^en ia de a por a(cid:28) e es revemos M=(cid:28) = fa(cid:28); a 2 Mg: De(cid:12)nimos uma estrutura natural de monoide em M=(cid:28) por (a(cid:28))(b(cid:28)) = (ab)(cid:28) (a;b 2 M) sendo 1(cid:28) o elemento neutro. O fa to de (cid:28) ser uma ongru^en ia garante que esta opera(cid:24) ~ao est(cid:19)a bem de(cid:12)nida e M=(cid:28) diz-se o monoide quo iente de M por (cid:28). Sejam M;N monoides. Uma fun(cid:24) ~ao ': M ! N diz-se um homomor(cid:12)smo (de monoides) se 1' = 1 e (ab)' = (a')(b') para todos a;b 2 M. Um homomor(cid:12)smo bije tivo diz-se um isomor(cid:12)smo, e (cid:19)e imediatoque a fun(cid:24) ~ao inversa de um isomor(cid:12)smo (cid:19)e tamb(cid:19)em um isomor(cid:12)smo. Se existir um isomor(cid:12)smo entre dois monoides M e N, dizemos que estes s~ao isomorfos e es revemos M ' N. O resultado seguinte mostra- nos que os on eitos de ongru^en ia e homomor(cid:12)smo est~ao intimamente ligados. Teorema 1.1 Seja ': M ! N um homomor(cid:12)smo de monoides e seja (cid:28) uma on- gru^en ia em M. (i) A proje (cid:24) ~ao (cid:25): M !M=(cid:28) a7!a(cid:28) (cid:19)e um homomor(cid:12)smo sobreje tivo de monoides. 3 (ii) Se (cid:28) (cid:18) Ker', ent~ao (cid:8): M=(cid:28) !N a(cid:28) 7!a' (cid:19)e um homomor(cid:12)smo de monoides, e o diagrama ' // (cid:25)M(cid:15)(cid:15) zzzzz(cid:8)zzz==N M=(cid:28) omuta. (iii) A rela(cid:24) ~ao Ker' = f(a;b) 2 M (cid:2)M : a' = b'g (cid:19)e uma ongru^en ia em M, M' (cid:19)e um submonoide de N e M' ' M=Ker'. Dem. Exer (cid:19)(cid:16) io. (cid:3) Teorema 1.2 Sejam (cid:28) e (cid:27) ongru^en ias num monoide M tais que (cid:28) (cid:18) (cid:27). (i) A rela(cid:24) ~ao (cid:27)=(cid:28) = f(a(cid:28);b(cid:28)) : (a;b) 2 (cid:27)g (cid:19)e uma ongru^en ia em M=(cid:28). (ii) (M=(cid:28))=((cid:27)=(cid:28)) ' M=(cid:27). Dem. Exer (cid:19)(cid:16) io. (cid:3) Exemplo 1.3 Consideremos o monoide (N0;+). Para todo p 2 N0, temos (cid:3) p = fkp; k 2 N0g; (cid:3) fp;p+1g = fkp+j; k 2 N0; 0 (cid:20) j (cid:20) kg: (cid:3) Se p > 1, o maior inteiro n~ao perten ente a fp;p+1g (cid:19)e 2 (p(cid:0)2)p+(p(cid:0)1) = p (cid:0)p(cid:0)1: Dados m 2 N0 e p 2 N, seja (cid:28)m;p a ongru^en ia em N0 gerada pela rela(cid:24) ~ao m = m+p. E(cid:19) f(cid:19)a il de ver que u(cid:28)m;p = v(cid:28)m;p se e s(cid:19)o se u = v ou u;v (cid:21) m e p j u(cid:0)v: E(cid:19) imediato que N0=(cid:28)m;p = f0(cid:28)m;p;:::;(m+p(cid:0)1)(cid:28)m;pg; e todos estes elementos s~ao distintos. Vamos determinar quantos idempotentes exis- tem. Seja u 2 f0;:::;m + p (cid:0) 1g. Ent~ao u(cid:28)m;p = (u + u)(cid:28)m;p se e s(cid:19)o se u = 0 ou u (cid:21) m om p j u. Como existe exa tamente um inteiro u 2 fm;:::;m + p (cid:0) 1g tal que p j u, resulta que, se m > 0, N0=(cid:28)m;p tem dois idempotentes; se m = 0, 0(cid:28)m;p (cid:19)e o u(cid:19)ni o idempotente de N0=(cid:28)m;p. (cid:3) 4 Seja agora X um onjunto (na~o vazio). Uma transforma (cid:24)~ao par ial de X (cid:19)e uma fun(cid:24) ~ao da forma f : Y ! X, om Y (cid:18) X. Dizemos que Y (cid:19)e o dom(cid:19)(cid:16)nio de f, om nota(cid:24) ~ao domf, e que Yf (cid:19)e a imagem de f, om nota (cid:24)~ao imf. Seja PT(X) o onjunto detodasastransforma(cid:24) ~oes par iaisde X. De(cid:12)nimosumaopera (cid:24)~ao de omposi (cid:24)~ao em PT(X) do seguinte modo: se f;g 2 PT(X), fg (cid:19)e de(cid:12)nida por dom(fg) = (imf \ (cid:0)1 domg)f e x(fg) = (xf)g para todo x 2 dom(fg). Exer (cid:19)(cid:16) io 1.4 Mostre que PT(X), munido desta opera(cid:24) ~ao de omposi(cid:24) ~ao, onstitui um monoide. (cid:3) Seja T(X) o submonoide de PT(X) onstitu(cid:19)(cid:16)do pelas transforma (cid:24)~oes de dom(cid:19)(cid:16)nio X. Vejamos que todo o monoide pode ser visto omo um submonoide de T(X) para algum X. Teorema 1.5 Seja M um monoide. Ent~ao M (cid:19)e isomorfo a um submonoide de T(X) para algum onjunto X. Dem. Seja X = M enquanto onjunto, e onsideremos a fun(cid:24) ~ao ': M !T(X) a7!'a onde 'a: X ! X (cid:19)e de(cid:12)nida por x'a = xa. Dados a;b;x 2 M, temos x'ab = x(ab) = (xa)b = x'a'b e logo 'ab = 'a'b. Por outro lado, '1 = 1, logo ' (cid:19)e um homomor(cid:12)smo. Se 'a = 'b, ent~ao a = 1'a = 1'b = b, pelo que ' (cid:19)e inje tivo e M (cid:19)e isomorfo ao submonoide f'a;a 2 Mg de T(X). (cid:3) Dado um onjunto X, uma palavra em X (cid:19)e uma sequ^en ia (cid:12)nita de elementos de X, que representamos na forma x1:::xn (n (cid:21) 1; xi 2 X) se for n~ao vazia, ou pelo s(cid:19)(cid:16)mbolo 1 se for vazia. De(cid:12)nimos o omprimento da palavra (cid:3) u = x1:::xn omo sendo juj= n, de(cid:12)nindo tamb(cid:19)em j1j= 0. Designamos por X o onjuntode todasaspalavrasemX, e identi(cid:12) amososelementos de X (apelidadosde letras) omaspalavrasde omprimento1 orrespondentes. Neste ontexto,(cid:19)e habitual referirmo-nos a X omo um alfabeto. Se X (cid:19)e um alfabeto, assumimos sempre que 1 n~ao designa nenhum elemento de X. (cid:3) De(cid:12)nimos em X uma opera (cid:24)~ao bina(cid:19)ria dita de on atena (cid:24)~ao, de(cid:12)nida por 0 0 0 0 (x1:::xn)(cid:1)(x1:::xm) = x1:::xnx1:::xm u(cid:1)1 = 1(cid:1)u = u para todos xi;x0j 2 X e u 2 X(cid:3). E(cid:19) imediato que X(cid:3), munido da opera (cid:24)~ao de on atena (cid:24)~ao , onstitui um monoide em que a palavra vazia 1 (cid:19)e o elemento neutro. (cid:3) (cid:3) Dizemos que X (cid:19)e o monoide livre sobre o onjunto X, pois X satisfaz a seguinte propriedade (propriedade universal): 5 Teorema 1.6 Seja X um onjunto, seja M um monoide e seja ' : X ! M uma (cid:3) fun (cid:24)~ao qualquer. Ent~ao existe um e um s(cid:19)o homomor(cid:12)smo (cid:8) : X ! M tal que o diagrama ' // X(cid:127)_ {==M { { { { { { (cid:15)(cid:15) (cid:8) (cid:3) X omuta. Dem. De(cid:12)nimos o homomor(cid:12)smo (cid:8) por (x1:::xn)(cid:8) = (x1)':::(xn)' (cid:19) para toda a palavra n~ao vazia x1:::xn (xi 2 X), e 1(cid:8) = 1. E imediato que (cid:8) satisfaz as ondi(cid:24) ~oes do enun iado, e a uni idade resulta do fa to de X ser um onjunto de (cid:3) geradores de X . (cid:3) Exer (cid:19)(cid:16) io 1.7 Mostre que, dado um onjunto X, a propriedade universal ara teriza o monoide livre sobre X a menos de isomor(cid:12)smo. (cid:3) A propriedade universal permite-nos mostrar fa ilmente que todo o monoide M (cid:19)e isomorfo a um quo iente de algum monoide livre. Com efeito, seja X um onjunto de (cid:3) geradores de M (por exemplo, o pro(cid:19)prio M), e seja ' a in lus~ao. Ent~ao (cid:8): X ! M (cid:3) (cid:19)e um homomor(cid:12)smo sobreje tivo e logo M ' X =Ker(cid:8) pelo Teorema 1.1(iii). Uma express~ao formal do tipo Mon < X;R >, em que X (cid:19)e um onjunto e R (cid:19)e (cid:3) uma rela(cid:24) ~ao em X , diz-se uma apresenta (cid:24)~ao de monoides. O monoide de(cid:12)nido por (cid:3) ℄ esta apresenta (cid:24)~ao (cid:19)e o quo iente X =R . Se jRj= 1, dizemos que a apresenta (cid:24)~ao tem uma u(cid:19)ni a rela(cid:24) ~ao. Resulta do oment(cid:19)ario anterior que todo o monoide pode ser de(cid:12)nido, a menos de isomor(cid:12)smo, por uma apresenta (cid:24)~ao. A teoria ombinat(cid:19)oria de semigrupos tem omo prin ipais obje tivos o estudo dos monoides (semigrupos) livres e apresenta (cid:24)~oes orrespondentes, om espe ial destaque para os problemas algor(cid:19)(cid:16)tmi os que estas u(cid:19)ltimas sus itam. Para que uma apre- senta (cid:24)~ao represente e(cid:12) azmente um monoide, (cid:19)e ne ess(cid:19)ario que disponhamos de meios para extrair da apresenta (cid:24)~ao toda a informa(cid:24) ~ao b(cid:19)asi a julgada essen ial para a om- preens~ao do monoide onsiderado. Em parti ular, o problema da palavra para uma apresenta (cid:24)~ao Mon < X;R > assume import^an ia fundamental: (cid:3) ℄ ℄ (cid:15) Dados u;v 2 X , (cid:19)e de id(cid:19)(cid:16)vel se uR = vR ? Mesmo que nos limitemos a apresenta (cid:24)~oes (cid:12)nitas (X e R (cid:12)nitos), a generalidade dos problemasda palavra revela-se inde id(cid:19)(cid:16)vel. Os primeirosexemplos de inde idibilidade para apresenta (cid:24)~oes (cid:12)nitas foram produzidos por Markov [15℄ e Post [18℄ em 1947. 6 2 Monoides inversos Vamos agora introduzir on eitos e resultados b(cid:19)asi os envolvendo monoides inversos. Para mais detalhes, a onselha-se a onsulta de [17℄. Seja M um monoide. Dizemos que M (cid:19)e regular se 8a 2 M 9b 2 M : aba = a: Um elemento x 2 M diz-se um inverso de a 2 M se axa = a e xax = x. Se M (cid:19)e regular, todo a 2 M tem um inverso: se aba = a, ent~ao bab (cid:19)e um inverso de a. Dizemosque M (cid:19)e inversose adaa 2 M tem exa tamente uminverso, que denotamos por a(cid:0)1. E(cid:19) imediato que se M (cid:19)e inverso e a 2 M, ent~ao (a(cid:0)1)(cid:0)1 = a. Teorema 2.1 Um monoide M (cid:19)e inverso se e s(cid:19)o se (cid:19)e regular e os seus idempotentes omutam. Dem. Suponhamos que M (cid:19)e inverso. Ent~ao M (cid:19)e trivialmente regular. Sejam e;f 2 (cid:0)1 E(M). Tomando x = (ef) , temos efxef = ef e xefx = x: Daqui resulta que ef(fxe)ef = ef e (fxe)ef(fxe) = fxe; logo fxe = x por uni idade do inverso de ef. Mas ent~ao 2 x = fxefxe = fxe = x; logo x (cid:19)e inverso de x e x = ef por uni idade do inverso de x. A ab(cid:19)amos assim de demonstrar que o produto de idempotentes de M (cid:19)e ainda um idempotente. Logo ef = efef = ef(fe)ef e fe = fefe = fe(ef)fe; donde resulta que ef = fe por uni idade do inverso de ef. Re ipro amente, suponhamos que M (cid:19)e regular e que os idempotentes de M o- mutam. Seja a 2 M e sejam x;y 2 M inversos de a. Como ax;xa;ay;ya 2 E(M), resulta que x = xax = xayax = yaxax = yayax = yaxay = yay = y; logo M (cid:19)e um monoide inverso. (cid:3) Resulta do teorema que se M (cid:19)e inverso e a;b 2 M, ent~ao (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 ab(b a )ab = aa abb b = ab; 7 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 b a (ab)b a = b bb a aa = b a ; (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 logo (ab) = b a . Casos parti ulares importantes de monoides inversos s~ao os grupos e os semi- -reti ulados, que passamos a de(cid:12)nir. Dizemos que um monoide G (cid:19)e um grupo se 8a 2 G9b 2 G : ab = ba = 1: Obviamente, G (cid:19)e regular, e (cid:19)e f(cid:19)a il de ver que 1 (cid:19)e o u(cid:19)ni o idempotente de G; logo G (cid:19)e um monoide inverso. Podemos de(cid:12)nir um semi-reti ulado omo sendo um monoide omutativo em que todos os elementos s~ao idempotentes. Pelo teorema anterior, (cid:19)e imediato que todo o semi-reti ulado E (cid:19)e um monoide inverso. O uso do termo semi-reti ulado deve-se ao seguinte fa to: se de(cid:12)nirmos uma rela(cid:24) ~ao de ordem par ial em E por e (cid:20) f se ef = e; ent~ao quaisquer dois elementos e;f 2 E t^em(cid:19)(cid:16)n(cid:12)mo em (E;(cid:20)), a saber, e^f = ef. Re ipro amente, se (E;(cid:20)) (cid:19)e um onjunto par ialmente ordenado em que quaisquer dois elementos e;f t^em(cid:19)(cid:16)n(cid:12)mo e^f, ent~ao (E;^) onstitui um semigrupo omutativo em que todos os elementos s~ao idempotentes (para que (E;^) onstitua um monoide, (cid:19)e ne ess(cid:19)ario que (E;(cid:20)) tenha um ma(cid:19)ximo). Em parti ular, dado um monoide inverso M qualquer, E(M) (cid:19)e um submonoide de M que onstitui um semi-reti ulado. E(cid:19) habitual designar E(M) omo o semi- -reti ulado dos idempotentes de M. A rela(cid:24) ~ao de ordem par ial do semi-reti ulado E(M) podeser estendida a umarela(cid:24) ~ao deordempar ialemM, designada porordem par ial natural: dados a;b 2 M, es revemos a (cid:20) b se a = eb para algum e 2 E(M): (cid:0)1 Obviamente, (cid:20) (cid:19)e re(cid:13)exiva, pois a = (aa )a para todo a 2 M. Se a = eb e b = f om e;f 2 E(M), ent~ao a = (ef) , logo (cid:20) (cid:19)e transitiva. Finalmente, se a = eb e 2 b = fa, om e;f 2 E(M), ent~ao a = eb = e b = ea e logo b = fa = fea = efa = eb = a; pelo que (cid:20) (cid:19)e de fa to uma rela(cid:24) ~ao de ordem par ial em M. Note-se ainda que (i) a (cid:20) b ) (a (cid:20) b ^ a (cid:20) b); (cid:0)1 (cid:0)1 (ii) a (cid:20) b ) a (cid:20) b . (cid:0)1 Com efeito, se a = eb om e 2 E(M), ent~ao a = e(b ), a = eb = ( e )( b), e (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 a = b e = (b eb)b . Outra rela(cid:24) ~ao de grande import^an ia para um monoide inverso M (cid:19)e a rela(cid:24) ~ao R de(cid:12)nida por (cid:0)1 (cid:0)1 (a;b) 2 R se aa = bb : 8 E(cid:19) imediato que R (cid:19)e uma rela(cid:24) ~ao de equival^en ia em M, e (cid:19)e usual representar a R- lasse de equival^en ia de a por Ra. Analogamente, de(cid:12)nimos a rela(cid:24) ~ao dual L por (cid:0)1 (cid:0)1 (a;b) 2 L se a a = b b: A omposi(cid:24) ~ao D = RÆL (cid:19)e de(cid:12)nida por (a;b) 2 D se existe 2 M tal que (a; ) 2 R e ( ;b) 2 L: Dizemos que as rela(cid:24) ~oes R, L e D s~ao rela(cid:24) ~oes de Green. Exer (cid:19)(cid:16) io 2.2 Seja M um monoide inverso e sejam a;b 2 M. Mostre que: (i) aRb se e s(cid:19)o se aM = bM; (ii) aLb se e s(cid:19)o se Ma = Mb; (iii) D = LÆR; (iv) D (cid:19)e uma rela(cid:24) ~ao de equival^en ia em M. (cid:3) Seja M um monoide inverso. Dado A (cid:18) M, es revemos (cid:0)1 (cid:0)1 A = fa ; a 2 Mg: Um submonoide inverso de M (cid:19)e um submonoide N de M tal que N(cid:0)1 = N. E(cid:19) imediatoque N oma opera (cid:24)~ao bina(cid:19)riainduzidadeM onstituitamb(cid:19)emummonoide inverso. Dado um sub onjunto A (cid:18) M qualquer, o submonoide inverso de M gerado (cid:0)1 (cid:3) por A (cid:19)e (A[A ) . Relativamente a ongru^en ias, temos que: Teorema 2.3 Seja M um monoide inverso e seja (cid:28) uma ongru^en ia em M. Ent~ao M=(cid:28) (cid:19)e um monoide inverso. Dem. E(cid:19) imediato que M=(cid:28) (cid:19)e regular. Sejam a(cid:28);b(cid:28) 2 E(M=(cid:28)). E(cid:19) f(cid:19)a il de ver que 2 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 a(cid:28) =(a(cid:28)) = [a(a a)(aa )a℄(cid:28) = [(aa)a a (aa)℄(cid:28) (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 =[(aa )(a a)℄(cid:28) = [(aa )(a a)(aa )℄(cid:28) = (aaa )(cid:28) (cid:0)1 =(aa )(cid:28): (cid:0)1 Analogamente, b(cid:28) = (bb )(cid:28), logo (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (a(cid:28))(b(cid:28)) = (aa bb )(cid:28) = (bb aa )(cid:28) = (b(cid:28))(a(cid:28)) e M=(cid:28) (cid:19)e inverso pelo Teorema 2.1. (cid:3) 9 Resulta fa ilmente dos Teoremas 1.1(iii) e 2.3 que toda a imagem homomorfa de um monoide inverso (cid:19)e ainda um monoide inverso. Vamos agora ver que os monoides inversos podem ser representados por monoides de transforma(cid:24) ~oes par iais inje tivas. Dado um onjunto X, designamos por PI(X) o submonoide de PT(X) onstitu(cid:19)(cid:16)do pelas transforma(cid:24) ~oes par iais inje tivas de X. E(cid:19) imediato que se f : Y ! Z (cid:19)e uma bije (cid:24) ~ao om Y;Z (cid:18) X, ent~ao a fun(cid:24) ~ao inversa (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 f : Z ! Y satisfaz ff f = f e f ff = f . Al(cid:19)em disso. os idempotentes de PI(X) s~ao pre isamente as restri(cid:24) ~oes 1Y (Y (cid:18) X) da fun(cid:24) ~ao identidade 1: X ! X; omo 1Y1Z = 1Y\Z = 1Z1Y para todos Y;Z (cid:18) X, resulta que os idempotentes de PI(X) omutam e PI(X) (cid:19)e um monoide inverso. Teorema 2.4 Um monoide M (cid:19)e inverso se e s(cid:19)o se, para algum onjunto X, M (cid:19)e isomorfo a algum submonoide de PI(X) fe hado para fun (cid:24)~oes inversas. Dem. A impli a (cid:24)~aore (cid:19)(cid:16)pro a resulta fa ilmente dos oment(cid:19)arios anteriores. Suponhamos agora que M (cid:19)e inverso e seja X = M enquanto onjunto. Para ada a 2 M, de(cid:12)nimos a fun(cid:24) ~ao (cid:0)1 (cid:18)a: Ma !M x7!xa: (cid:0)1 Dados x;y 2 Ma , temos (cid:0)1 (cid:0)1 x(cid:18)a = y(cid:18)a ) xa = ya ) xaa = yaa ) x = y; logo (cid:18)a 2 PI(X). Seja N = f(cid:18)a;a 2 Mg. Dados a;b 2 M, temos (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 dom((cid:18)a(cid:18)b) = (im(cid:18)a \dom(cid:18)b)(cid:18)a = (Ma a\Mb )(cid:18)a : (cid:0)1 (cid:0)1 Vejamos que dom((cid:18)a(cid:18)b) = Mb a = dom(cid:18)ab. (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 Se x 2 dom((cid:18)a(cid:18)b), ent~ao x 2 Ma , logo x = xaa e xa = x(cid:18)a 2 Mb impli a (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 x = xaa 2 Mb a . Re ipro amente, suponhamos que x = yb a , om y 2 M. (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 Ent~ao xa = yb a a = yb a abb , logo x(cid:18)a = xa 2 Ma a \ Mb . Logo x 2 dom((cid:18)a(cid:18)b) e dom((cid:18)a(cid:18)b) = dom(cid:18)ab, donde resulta imediatamente que (cid:18)a(cid:18)b = (cid:18)ab. Como (cid:18)1 = 1, on lui-se que N (cid:19)e um submonoide de PI(X). Por outro lado, temos (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 dom(cid:18)a = Ma = Maa = M(a ) a = im(cid:18)a(cid:0)1; (cid:0)1 (cid:0)1 (cid:0)1 im(cid:18)a = Ma a = Ma = M(a ) = dom(cid:18)a(cid:0)1; (cid:0)1 (cid:0)1 al(cid:19)em disso, para todo y 2 Ma, temos y(cid:18)a(cid:0)1(cid:18)a = ya a = y, logo (cid:18)a = (cid:18)a(cid:0)1 e N (cid:19)e fe hado para fun(cid:24) ~oes inversas. Consideremos agora (cid:18): M !N a7!(cid:18)a: 10