FORENSE UNIVERSITÁRIA yC /a la rg a / aceitação que vem ten do este livro é a melhor indicação que se poderia desejar. A sua utilização pela grande maioria das Faculdades de Economia do país é inteiramente justificada. Desenvolvendo sua análise com grande rigor, nem por isso Fer- dinando Figueiredo perde em clareza na exposição dos vários assuntos abordados. Ao ler este livro o estu INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE dante vai tomando contato gradati NACIONAL vamente com os conceitos que serão necessários à análise subseqüente. Sente desde o início a importância do estudo da Contabilidade Nacional, pois como bem define o autor ela é um "instrumento de interpretação da atividade econômica, ferramenta elaborada com a finalidade de pos sibilitar uma análise de ordem quanti tativa dos fenômenos econômicos". Ferdinando Figueiredo nos dá inicialmente uma idéia de evolução histórica dos métodos de Contabili dade Nacional, uma classificação das entidades, das transações e dos ob jetos econômicos. Feita essa primeira abordagem, analisa' no Capítulo II os diversos agregados macroeconô micos e sua interligação, utilizando- se de vários exemplos numéricos. Passa depois, no Capítulo III, à cons trução de um esquema contábil sim plificado utilizando-se das entidades empresas e famílias, consoliçlando-o em seguida. No Capítulo IV, Ferdinando Figueiredo analisa detalhadamente Ferdinando de Oliveira Figueiredo INTRODUÇÃO A CONTABILIDADE NACIONAL 16a ediçào revista FORENSE UNIVERSITÁRIA © Copyright Ferdinando de Oliveira Figueiredo Capa: Am/iersand Com unicação Gráfica Editoração eletrônica: Textos & Formas Ltda. CIP-Brasil. Catalogação-na-limte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ F49i Figueiredo, Ferdinando de Oliveira, 1929- 1 6,ed. Introdução à contabilidade nacional/Ferdinando de Oliveira Figueiredo. - 16. cd. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. Inclui bibliografia ISBN 85-218-0183-1 I. Contas nacionais. 2. Contabilidade pública. 1. Título. 96-112(1. CDD 339.3 _________________________________________________________________________________________________________CDU 35.073.52 Proibida a reprodução total ou parcial, bem como a reprodução de apostilas a partir deste livro, de qualquer forma ou porqualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive alravés de processos xerográficos, de fotocópia e de gravação, sem permissão expressa do Editor (Lei n9 9.61(1 de 19.02.98). Reservados os direitos de propriedade desta edição pela A meus pais, EDITORA FORENSE UNIVERSITÁRIA À minha mulher, Rio de Janeiro: Rua do Rosário, 100 - 20041 -002 - Tels: 509-3148/509-7395 São Paulo: Largo de São Francisco, 20 - 01005-010-Tels: 3104-2005/3104-0396 A meus filhos e-mail: [email protected] Impresso no Brasil Prinlei! in fíruztl PREFÁCIO A 16- EDIÇÃO Compromisso cumprido. Estou entregando aos leitores, ba sicamente aos estudantes de Economia, esta nova versão do texto por mim preparado, originalmente sob a forma de apos tila, na ocasião em que lecionava nos Cursos CEPAL/BNDE. Mestre Aníbal Pinto, meu inesquecível pai profissional, confiou a mim a incumbência, seguiu o meu trabalho e sempre me esti mulou. A lembrança do convívio com o meu mestre será sempre a mais grata. Este livro deu certo, mas a informação concernente aos nú meros brasileiros ficou superada. Consegui, no entanto, achar tempo para, de certo modo, atualizar toda a parte referente à Contabilidade Nacional praticada no Brasil. Assim é que o Capí tulo V (Sistema de Contas Nacionais do Brasil) foi totalmente reescrito. O objetivo, aqui, era transmitir para o leitor, sobretudo para os estudantes, um resumo (o mais resumido possível, nas minhas circunstâncias) de um procedimento concreto, levado a cabo pela Fundação IBGE, na área das Contas Nacionais do Brasil, e que incluía uma série de inovações. O Sistema de Contas Nacionais Consolidadas e o Novo Sistema de Contas Nacionais apresentados pela Fundação IBGE até 1997 são aqui apresenta dos então, em resumo conceituai e metodológico. Espero que não me tenham faltado concisão e clareza. Se obtive algum sucesso, o crédito deve ser outorgado a Cláudio Monteiro Considera, que muito me estimulou (e provocou) num momento pessoal parti cularmente difícil. Como “desgraça pouca é bobagem”, e aproveitando o impul so, atualizei também a parte final do Capítulo VII (Contabilidade a Preços Constantes), no que concerne à “mensuração do Produto Real no Brasil”. E, parodiando quem sabe o “Chacrinha”, como “as coisas acabam onde terminam”, obtive um pouco mais de alento para atualizar a parte derradeira do último Capítulo (sobre “Balanço de Pagamentos”). Assim é que os registros das contas externas brasileiras, para os quatro últimos anos, são apresen tados e — mesmo precariamente — submetidos a uma breve EXPLICAÇÃO comparação com os registros do início da década de 60. Terminei, então, o meu trabalho. Vou repetir aqui o que escrevi em outro prefácio, inadvertida e inconscientemente, usando, de certa forma, imagem de Schumpeter: Os livros devem ser como os filhos, depois de adultos devem seguir seus próprios caminhos, por suas próprias forças. Este livro já foi suficiente mente testado, e agora está atualizado. Por assim dizer, “está de roupa nova”. Se ficou mais elegante ou não, pouco importa. É Este livro é um prolongamento do trabalho de que resultou maior de idade. Que siga bem, daqui em diante, seu próprio a apostila sobre Contabilidade Nacional, preparada por mim, e caminho. Procurei ajudá-lo, neste novo figurino, e devo agradecer inimeografada pelo ex-Centro de Desenvolvimento Econômico às pessoas responsáveis pela Editora Forense Universitária, pela CEPAL/BNDE em 1965. paciência e pela suave pressão sobre mim exercida, para que esta Naquela ocasião, fui incumbido pelo meu ex-chefe e diretor atualização finalmente ocorresse. Regina e Beatriz trazem em si do Centro, Professor Aníbal Pinto, da preparação de um texto a gentileza extrema. Fidalguia, aliás, vem do berço. Paulo Abran- condensado e operacional sobre a matéria, com o objetivo de tes adiciona, ainda, a alegria. satisfazer as exigências didáticas acerca do assunto nos Cur Agradeço por derradeiro, que é para ficar mais evidente, a sos Intensivos mantidos pelo citado organismo no Brasil. Em ajuda desinteressada de Natermes Guimarães Teixeira e de se tratando de cursos intensivos, a dimensão do texto não Cláudia Di Donato Salvador. Esta última, com a sua dedicação deveria exceder ao que correspondería à “máxima capacidade e habilidade, conseguiu decifrar meus garranchos e apresentá- de leitura diária” de um aluno médio, ao longo das aulas de los em letra de forma. Obrigado. Contabilidade Nacional. Por outro lado, a concisào deveria ser subordinada à clareza de exposição dos conceitos e à neces FERDINANDO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO sidade de servir de suporte às aulas práticas com exercícios numéricos. Os textos utilizados até aquela ocasião eram as apostilas de Manuel Balboa (Contabilidad Social) e Pedro Vuskovic (Contabi- lidad Nacional), mimeografadas pelo ILPES e escritas em idioma espanhol. O primeiro deles, em três volumes, no meu entender é um texto completo sobre o assunto e que, apesar do rigor expositivo que o caracteriza, oferecería dificuldades de manuseio para um curso do tipo ministrado no Brasil. O segundo texto evidencia a capacidade de concisão e síntese do autor sendo, insistiram junto a mim e promoveram encontros com editores. portanto, um documento de mais fácil consulta em cursos como Os dois últimos, por vezes e aos meus olhos se assemelharam aquele. A meu juízo, no entanto, passava muito rapidamente por mesmo a “autores à procura de um autor”. alguns pontos que — da perspectiva dos alunos dos cursos do Agradeço a colaboração dos meus atuais colegas do DEPES. Brasil — deveriam ser mais esmiuçados. da Universidade Estadual de Campinas, discutindo comigo as Daí a idéia de montar uma apostila, adaptada às exigências suntos incluídos nesse texto. Como também às Srtas. Yvone de um curso que deveria ocupar cerca de 60 horas de aulas Domingues Rocha e Candida Maria Teixeira, que transformaram intensivas — distribuídas entre preleções e exercícios numéricos os manuscritos em material datilografado, em duas oportuni — que aproveitasse em síntese as abordagens dos textos citados. dades sucessivas. Foi o que realizei naquela ocasião, incluindo um capítulo refe Campinas, novembro de 1970 rente à metodologia empregada no Brasil para o levantamento das Contas Nacionais e um capítulo final sobre Balanço de FERDINANDO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO Pagamentos. Daí a nota de advertência incluída na primeira página impressa daquela apostila que se destinou, exclusiva mente, à utilização como material didático nos cursos CE- PAL/ILPES do Brasil. Acontece que, afortunadamente, o objetivo foi atingido. So bretudo no que diz respeito à ordenação dos capítulos e à avaliação correta do peso relativo de cada um deles no total do texto. Enfim, a apostila funcionou. E, daí em dianté, passei a ser pressionado para retocar o material e imprimi-lo como livro. É que a procura estava demonstrando sinais de extravasamento em relação ao campo mais restrito dos Cursos CEPAL/ILPES. Reescrevi, então, a quase totalidade do texto anterior, apro veitando a oportunidade para ampliar o capítulo introdutório e para retocar alguns pontos — modificando sobretudo parte dos capítulos sobre “Definição e Interligação dos Agregados Macroe conômicos” e “Esquemas de Insumo-Produto”. Devo alertar para o fato de que o capítulo sobre as Contas Nacionais do Brasil era o que mais exigia alteração, devido à adoção de uma nova metodologia por parte da Fundação Getúlio Vargas. Não me sendo possível obter a descrição minuciosa da mesma, preferi deixar o capítulo tal como estava redigido, ou seja, como síntese da informação que está contida na Revista Brasileira de Econo mia, março de 1962, ano 16, nQ 1. Registro meu agradecimento aos colegas que me encoraja ram em várias oportunidades, a empreender esse trabalho. Para não citar todos (o que demonstraria a grande necessidade de estímulo por página efecrita), enfatizo meu agradecimento a Luís Cláudio Marinho, Antônio Castro e Carlos Lessa, que muito SUMÁRIO Intro dução......................................................................................................... 1 Capítulo I — Aspectos Metodológicos Preliminares .... 17 Capítulo II — Conceituação e Interligação dos Agregados Macroeconômicos ...................................... 25 Capítulo III — Esquemas Contábeis ............................... 47 Capítulo IV — Esquemas de Contas Nacionais................ 66 Capítulo V — Sistema de Contas Nacionais do Brasil . . 81 Capítulo VI — Esquemas de Insumo-Produto.................. 121 Capítulo VII — Contabilidade a Preços Constantes ......... 142 Capítulo VIII — Noções sobre Esquemas Integrais de Contabilidade Nacional............................. 160 Capítulo IX — Noções sobre Balanço de Pagamentos ... 193 INTRODUÇÃO Sumário: 1. O conceito de produção econômica. 2. Produ ção, Produto e Renda. 3. Quantificação da produ ção e Contabilidade Nacional. 4. Análise qualita tiva e análise quantitativa. O alcance da Conta bilidade Nacional. 5. A evolução dos usos e dos métodos de Contabilidade Nacional. 1. O Conceito de Produção Econômica — A vida em sociedade exige dos seres humanos uma atividade cotidiana, repetida, mediante a qual surjam os meios necessários à satisfação daque las necessidades ditadas pelas suas próprias existências. Se, por um lado, a sobrevivência da espécie exige a satisfação de certas necessidades biológicas, individuais na sua maior parte, por outro lado o caráter social, gregário, do ser humano, impõe determinadas necessidades de ordem coletiva, geral, portanto. A satisfação de certas necessidades do tipo biológico — respiração, por exemplo — independe de qualquer associação entre seres humanos. É um ato estritamente individual que liga determinado ser humano e a natureza que o cerca. Em outros tipos de necessidades biológicas — a alimentação, por exemplo, o contato individual entre o homem e a natureza (a coleta de frutos, a caça e a pesca individuais), pode coexistir com outras formas de satisfação que impliquem em associação entre seres humanos (a cultura agrícola, a fabricação de gêneros alimentí cios, o transporte de alimentos etc.). De outra parte, as necessidades coletivas — as de garantir proteção e segurança aos membros da sociedade, por exemplo — são decorrentes da vida em comum dos seres humanos e impli cam, necessariamente, ação conjunta, associação. A evolução histórica das sociedades humanas, mantendo a Se o desenvolvimento das sociedades modifica a natureza da exigência da satisfação de necessidades biológicas e coletivas, maior parte dos requerimentos de bens (e serviços) destinados à modifica, no entanto, o caráter da maior parte desses requeri satisfação das necessidades humanas, se concomitantemente se mentos — na própria medida em que se aprimora o conhecimento modifica o caráter da atividade social de que resultam aqueles das leis da natureza e se modifica, na aprendizagem, a maneira bens e serviços — ou seja, da produção econômica — é que, ne de agir sobre ela. Em outras palavras, a evolução das sociedades cessariamente, se altera o tipo de relacionamento estabelecido altera o tipo de exigência dos seus membros — uma vez que o entre aqueles que engendram a produção. Vale dizer, a evolução desenvolvimento cultural propõe e requer formas distintas de das sociedades humanas corresponde à evolução nos modos de satisfação de necessidades. produção. Cabe observar então que, não obstante todas as necessidades Nos primórdios da espécie humana, a produção se assentava humanas decorram originalmente daquelas de cunho biológico, em num tipo de ação comum sobre a natureza, mediante a qual os seu conjunto elas se modificam e se adaptam ao desenvolvimento objetos materiais rusticamente preparados eram repartidos co- das próprias sociedades. Ainda, à proporção em que se desenvolve mumente pelos componentes da sociedade. Ou seja, o trabalho historicamente a vida social, verifica-se que um maior número de social — ou ação econômica sobre a natureza — era empreendido necessidades biológicas passa a exigir cada vez mais um esforço coletivamente, de forma rudimentar, dado o grau insuficiente de conjunto, um esforço social para a sua satisfação. E, por extensão, cultura social, e seus frutos eram repartidos coletivamente, se o desenvolvimento das sociedades amplia e refina as necessidades gundo critério estabelecido conscientemente pelos que participa coletivas — segurança, divertimento, educação etc. — deste modo vam do grupo social. Ou, ainda, a divisão social do trabalho era passando cada vez mais o ser humano, tomado indivualmente, a tosca, o conjunto de objetos dele resultante (o produto do traba depender do esforço coletivo e social. lho) era entregue diretamente aos integrantes do grupo social, A satisfação das necessidades humanas depende da obtenção mediante um sistema de repartição pelos mesmos aceito. de certos objetos materiais — pão, água, roupas, casa, livros, O que caracteriza o moderno modo de produção — capitalista calçados etc. — e de determinadas espécies de serviços — de ou socialista — é a complexa divisão social do trabalho, associada transporte, de saúde, de educação etc. Na medida em que os bens à troca dos produtos desta atividade entre os componentes dos (ou objetos materiais) e os serviços resultam da atividade social grupos sociais. Ou seja, nos sistemas econômicos-sociais moder humana, conscientemente dirigida para essa finalidade, afirma-se nos o fenômeno da produção está cada vez mais dissociado da que são provenientes da produção econômica. Segundo Lange, “a utilização daquilo que é produzido. A par disso, a diversidade ca atividade humana, que consiste em adaptar os recursos e as forças da vez maior de bens (ou serviços) produzidos, o número sempre de natureza com o fim de criar bens, é designada pelo termo maior de etapas necessárias à produção de um bem (ou serviço) produção".1 A produção econômica é, portanto, um ato social, apto à utilização final e, em conseqüência, a especialização do tra levado a cabo pelos seres humanos constituídos em sociedades.2 balho social de um número enorme de produtores também consu midores (ou utilizadores dos produtos do trabalho) impôs a 1. Lange, Oskar, Moderna Economia Política — Problemas Gerais, Rio de Janeiro, própria criação de um elemento comum de troca, um instrumento Fundo de Cultura, 1963. p. 14. que permitisse o intercâmbio na medida em que funcionasse 2. Na interpretação marxista, o conceito de produção econômica diz respeito apenas aos objetos materiais provenientes da atividade humana. Trata-se da como denominador comum de valores da produção — a moeda. produção de bens materiais. A interpretação mais geral, aceita pelos não- Portanto, a produção atual é realizada para a troca por marxistas, inclui também os serviços decorrentes da atividade social huma na. Conseqüentemente, a prestação de serviços de comércio, educação, moeda, ou venda em mercado. E a extrema divisão e especializa saúde, diversão etc. não é considerada produção do ponto de vista marxista, ção do trabalho necessário à produção impõe a circunstância de sendo-o, no entanto, para aqueles que não aceitam esta linha filosófica. Para maiores esclarecimentos a respeito do conceito marxista de produção, o leitor que a maior parte dos produtores perca a consciência do papel deve consultar o Capítulo I da obra citada de Oskar Lange. que desempenha no encadeamento da produção. Se esta é