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Introdução à Análise Real PDF

246 Pages·2011·1.67 MB·Portuguese
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Introdução à Análise Real Francisco Júlio Sobreira de Araújo Corrêa 2 Prólogo As ideias básicas contidas nos cursos de Cálculo, tais como Derivada e Integral, têm suas gêneses em conceitos e problemas geométricos que a Matemática Grega colocava entre as suas principais preocupações. Dentre esses destacam-se o traçado de retas tangentes e a quadratura de figuras. Muito embora essas construções geométricas estejam relacionadas com ideias aparentemente simples, o seu entendimento perfeito somente se tornou possível com o advento do Cálculo Diferencial e Integral cuja criação remonta ao século XVII associada às pessoas de Fermat, Newton, Leibniz, entre outros, que começaram a associar tais noções geométricas às de derivada e integral que, por sua vez, estão associadas ao conceito de limite. A ausência desse último foi exatamente o que impediu que os matemáticosgregosseantecipassemaosdoséculosXVIIesubsequentesna criação do Cálculo. A Quadratura da Parábola, efetuada por Arquimedes, é um exemplo típico de quanto os matemáticos da Grécia Antiga se aproximaram da criação do Cálculo. Muito embora os criadores do Cálculo tenham preenchido certas lacunas deixadas pelos gregos, havia ainda muitas deficiências no que se refere ao formalismo e o rigor. Os conceitos estavam repletos de motivações geométricas e físicas, o que não é uma coisa ruim, mas o rigor que se impunha na Matemática, principalmente a partir do século XVIII, exigia que os conceitos do Cálculo, baseados em interpretações geométricas, fossem devidamente aritmetizados. Isso foi feito por vários matemáticos entre os quais se destacam Cauchy, Riemann, Bolzano, Weierstrass, entre outros, que colocaram em bases firmes e rigorosas os conceitos de limite, continuidade etc. Até mesmo o corpo dos números reais teve que ser construído de maneira formal para justificar passagens cruciais de certas demonstrações que, no Cálculo, eram consideradas intuitivamente óbvias. Na verdade, mantidas as devidas proporções, o início do Cálculo, com suas motivações e interpretações geométricas, assemelhava-se aquilo que desenvolvemos no Cálculo Diferencial e Integral, ao passo que a Análise Matemática, que ora iniciamos, está próxima daquilo que os matemáticos dos séculos XVIII e XIX fizeram com o Cálculo (veja Ávila1). 1Geraldo Ávila, O Ensino do Cálculo e da Análise, Matemática Universitária, N. 33, Dezembro (2002), 83-95. 1 2 Análise-prólogo UFPA Deve-seressaltarqueadivisãoCálculo /Análiseseimpõeporquestões históricas como também por motivações pedagógicas e psicológicas. Faz- se necessário considerar o amadurecimento progressivo do(a) estudante que apreende os conceitos do Cálculo de maneira intuitiva para, em um estágioposterior,retornaraosmesmosconceitos,dessavezvestidosarigor. Será esse o objetivo desse curso. Começaremos introduzindo o Corpo dos Reais, via Postulado de Dedekind, para, a seguir, elaborar formalmente os conceitos de limite, continuidade, diferenciabilidade e integração. Dito isso, comecemos a apreciar o Cálculo Diferencial e Integral em traje de gala. Agradecimento. Gostariadeexternaromeuprofundoagradecimentoao Prof. Daniel Cordeiro de Morais Filho, do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Federal de Campina Grande, e à Profa Joelma Morbach, da Faculdade de Matemática da Universidade Federal do Pará, por suas valiosas sugestões que contribuíram para a melhoria deste livro. Além disso, e como não poderia deixar de ser, agradeço à Graça, ao Junior e Hilda Maria por tudo de bom que me deram. Finalmente, agradeço, antecipadamente, a todos aqueles que venham a contribuir com sugestões para a melhoria deste texto. Sugestões podem ser enviadas aos endereços eletrônicos [email protected] ou [email protected] Sumário 1 Corpos Ordenados e o Postulado de Dedekind 7 1 Corpos Ordenados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Supremo e Ínfimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2 Postulado de Dedekind . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3 Princípio da Indução Finita . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 5 Apêndice I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 A Análise e a Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 6 Apêndice II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Conjuntos Enumeráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2 Sequências de Números Reais 33 1 Noções Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2 Limites de Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Sequências Convergentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Propriedades Algébricas de Limites de Sequências . . . . . 39 3 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4 Apêndice I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Continuidade e Números Irracionais . . . . . . . . . . . . . 49 5 Apêndice II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 O Número e Revisitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 3 Teorema de Bolzano-Weierstrass e Sequências de Cauchy 53 1 Algumas Sequências Especiais . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2 Teorema de Bolzano-Weierstrass . . . . . . . . . . . . . . . 57 3 4 Análise-prólogo UFPA 3 Sequências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5 Apêndice I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Limite Inferior e Limite Superior de Sequências . . . . . . 63 4 Noções Iniciais Sobre Séries Numéricas 67 1 Definição e Exemplos de Séries . . . . . . . . . . . . . . . . 67 2 Alguns Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 3 Testes de Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 5 Critérios de Convergência para Séries 79 1 Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Convergência Absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 2 Teste da Razão ou de D’Alembert . . . . . . . . . . . . . . 81 3 Teste da Raiz ou de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4 Teste da Condensação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 5 Teste da Integral Imprópria . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 6 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 7 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 6 Limites de Funções 93 1 Ponto de Acumulação de um Conjunto . . . . . . . . . . . 93 2 Limites de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Limites Infinitos e Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . 102 3 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 7 Funções Contínuas 105 1 Exemplos e Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 2 Condição Necessária e Suficiente para a Continuidade . . . 111 3 Conjuntos Abertos e Funções Contínuas . . . . . . . . . . 115 4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 UFPA Análise-Prólogo 5 8 Máximos e Mínimos e o Teorema do Valor Intermediário 121 1 Máximos e Mínimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 2 Teorema do Valor Intermediário . . . . . . . . . . . . . . . 125 3 O Método da Bissecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 9 A Derivada 135 1 Noções Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 2 Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 3 Derivadas de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . 145 4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 6 Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Funções Contínuas sem Derivadas . . . . . . . . . . . . . . 151 10 O Teorema do Valor Médio e Aplicações 153 1 Teorema do Valor Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 2 Estudo do Comportamento de Funções . . . . . . . . . . . 158 3 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 11 Regras de L’Hospital 169 1 Primeira Regra de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . 169 2 Segunda Regra de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . 173 3 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 12 Aproximação Polinomial 179 1 Aproximações de Funções por Polinômios . . . . . . . . . . 179 2 A Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 3 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 6 Análise-prólogo UFPA 13 Séries de Potências: Noções Elementares 191 1 Definição e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 2 Funções Analíticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 3 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 14 A Integral de Riemann: Noções Iniciais 205 1 Somas de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 2 Funções Integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 3 Propriedades da Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 5 Apêndice I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222 Conjuntos de Medida Nula. Condição de Integrabilidade . 222 15 O Teorema Fundamental do Cálculo 223 1 Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 2 Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . 226 3 Duas Fórmulas para o Cálculo de Integrais . . . . . . . . . 228 4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 16 As Funções Logarítmica e Exponencial 233 1 Função Logarítmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 2 Função Exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 3 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240 4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241 Bibliografia 242 Capítulo 1 Corpos Ordenados e o Postulado de Dedekind Neste capítulo, introduziremos de maneira formal, mas evitando certos detalhes técnicos, o corpo dos números reais. Você já trabalhou, desde o ensino fundamental, com vários tipos de números tais como os naturais, inteiros, racionais e reais. Entretanto, muitas das propriedades desses números foram omitidas, ou usadas sem justificativas rigorosas, o que é perfeitamente natural em estágios iniciais e até mesmo em cursos de Cálculo. Aqui, introduziremos formalmente o conjunto dos números reais, sempre comparando-os com o dos racionais, ressaltando suas semelhanças e suas diferenças fundamentais. 1 Corpos Ordenados Começaremos com algumas considerações sobre certas propriedades que os conjuntos dos racionais e dos reais têm em comum. Definição 1. Um corpo é um conjunto não-vazio F no qual se acham definidas duas operações + : F ×F → F, que a cada (x,y) ∈ F ×F associa um elemento x+y ∈ F e · : F ×F → F, que a cada (x,y) ∈ F × F associa um elemento x · y ∈ F chamadas, respectivamente, adição e multiplicação que satisfazem as seguintes propriedades: (A ) A adição é comutativa, x+y = y +x, para quaisquer x,y ∈ F. 1 7 8 Análise-Capítulo1 UFPA (A ) A adição é associativa, x + (y + z) = (x + y) + z, para quaisquer 2 x,y,z ∈ F. (A ) Existe um único elemento 0 ∈ F (chamado zero ou elemento neutro 3 da adição) tal que x+0 = x, qualquer que seja x ∈ F. (A ) A cada x ∈ F corresponde um único −x ∈ F (chamado inverso 4 aditivo do número x), tal que x+(−x) = 0. (M ) A multiplicação é comutativa, x·y = y·x, para quaisquer x,y ∈ F. 1 (M ) A multiplicação é associativa, x·(y ·z) = (x·y)·z, para quaisquer 2 x,y,z ∈ F. (M ) Existe um único elemento 1 ∈ F (chamado “um” ou elemento neutro 3 da multiplicação), tal que x·1 = x, para todo x ∈ F. (M ) A cada x ∈ F, x ̸= 0, corresponde um único elemento x−1 ∈ F, 3 também designado por 1, tal que x·x−1 = 1. x (MD) A multiplicação é distributiva com relação à adição, x · (y + z) = x·y +x·z, para quaisquer x,y,z ∈ F. Doravante, quando tivermos um corpo (F,+,·) a multiplicação de dois elementos x,y ∈ F será designada simplesmente por xy. Exemplo 1. O exemplo típico de corpo é o conjunto dos números racionais { } p Q = ; p,q ∈ Z,q ̸= 0 q munido com as operações usuais de adição e multiplicação de frações. O(A) leitor(a) pode verificar isso facilmente como exercício. O conjunto dos números reais, com suas conhecidas operações usuais, é também um corpo, porém isso é mais delicado de ser estabelecido e o faremos mais adiante. Quando você efetua as divisões expressas em uma fração, uma outra formaderepresentarosnúmerosracionais,chamadarepresentação decimal de números racionais, éobtida. Dessamaneira, osistemaderepresentação decimal posicional nos permite expressar os números naturais usando somente dez inteiros 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9 os quais são chamados dígitos. Relembremos alguns fatos básicos sobre a representação decimal de números racionais. Definição 2. Uma decimal é uma expressão da forma ±a ,a a a ..., 0 1 2 3 onde a um número inteiro não-negativo e a ,a ,a ,... são dígitos 0 1 2 3

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Cálculo Diferencial e Integral, ao passo que a Análise Matemática, que ora 1Geraldo Ávila, O Ensino do Cálculo e da Análise, Matemática por suas valiosas sugestões que contribuíram para a melhoria deste livro. conjunto satisfaz as propriedades (i) e (ii) na definição de corpo ordenado.
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