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Inquisição sem fogueiras: vinte anos de história da Igreja Presbiteriana do Brasil, 1954-1974 PDF

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Edição digital baseada no livro de João Dias de Araújo, Inquisição Sem Fogueiras, 2ª Edição, Instituto Superior de Estudos da Religião, Rio de Janeiro, 1982. A presente versão não é final, pois podem haver possíveis erros de digitação no texto. Por isso, solicitamos que sejam enviadas as observações, sugestões e outras opiniões para endereço eletrônico: [email protected]. Capa: Júlio César de Oliveira. ÍNDICE O Autor 4 Siglas 5 Apresentação da 1ª Edição 6 Apresentação da 2ª Edição 8 Apresentação da Edição Digital 9 Introdução 13 Retrospecto Histórico 17 Inquisição Sem Fogueiras 22 Início da Radicalização Conservadora 31 A Extinção da Confederação Nacional da Mocidade Presbiteriana 35 Pressões sobre Pastores e Leigos Preocupados com Problemas Sociais 43 Impacto do Concílio Vaticano II 49 Ecumenismo 54 A Revolução de 1964 61 Expurgos nos Seminários 69 Crise em São Paulo 79 Templo com Correntes e Cadeados 85 Dissoluções e Despojamentos na Bahia 91 Dissolução do Sínodo Espírito-Santense 99 Voz Profética dos Presbitérios de Vitória e de Colatina 104 Expurgos e Isolacionismo 114 Considerações Sociológicas 121 Considerações Teológicas 130 Perspectivas Para o Futuro 134 Bibliografia 138 O AUTOR João Dias de Araújo nasceu num seminário da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), em Campinas, SP, onde seu pai estudava para o ministério da Palavra. Retornou àquele seminário na década de quarenta para cumprir sua própria vocação. Após sua ordenação, pastoreou por sete anos a Igreja Presbiteriana de Itacira, no Presbitério de Campo Formoso, da IPB. Lá, no centro geográfico do Estado da Bahia, desenvolveu ministério fecundo, aconselhou obreiros e pacientes do Grace Memorial Hospital, professores e alunos na Escola de Auxiliares de Enfermagem e no Instituto Ponte Nova, e ajudou a organizar o Instituto Bíblico Waddell. Escreve para vários periódicos, e seu artigo sobre os Manuscritos do Mar Morto foi o primeiro sobre este assunto a ser publicado em português. Foi chamado pelo Supremo Concílio da IPB para ser professor de Teologia Sistemática e Ética Cristã no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), em Recife, PE. Fez pós-graduação no Seminário Teológico de Princeton, nos EE.UU. da A., e bacharelou-se em Direito, em Recife. Como representante do Fundo de Educação Teológica, viajou ao Exterior repetidas vezes, visitando seminários em países do Terceiro Mundo. Após doze anos de cátedra no SPN, saiu de Recife para ser diretor do Colégio 2 de Julho, em Salvador, BA, talvez o educandário evangélico mais conhecido no nordeste do País. Muito conhecido como conferencista e professor de Bíblia, João Dias de Araújo é ministro da Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas (FENIP), atualmente responsável por um novo projeto de educação teológica para leigos no Estado da Bahia. Publicou quatro livros: Escondendo-se na Luz, São Paulo, 1952; Portas Cor de Rosa, São Paulo, 1959; O Jovem Cristão e o Jovem Comunista, Recife, 1964; Sê Cristão Hoje, Recife, 1970. J. N. W. 19.11.82 SIGLAS AIPRAL Associação de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina AIRB Aliança de Igrejas Reformadas do Brasil ASTE Associação de Seminários Teológicos Evangélicos do Brasil BP Brasil Presbiteriano CD Código de Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil CPJ Colégio Dois de Julho CEB Confederação Evangélica do Brasil CES Comissão Especial de Seminários CE/SC Comissão Executiva do Supremo Concílio CESE Coordenadoria Ecumênica de Serviço CE/SSP Comissão Executiva do Sínodo de São Paulo CGT Comando Geral dos Trabalhadores CI Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil CIIC Conselho Internacional de Igrejas Cristãs CIP Conselho Inter-Presbiteriano CMI Conselho Mundial de Igrejas CMP Confederação Nacional da Mocidade Presbiteriana CNBB Confederação Nacional dos Bispos do Brasil COEMAR Comissão de Missão e Relações Ecumênicas da Igreja Presbiteriana Unida nos Estados Unidos da América FECICS Fundação Educacional Cícero e Cecília Siqueira FENIP Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas ICCR Igreja Cristã de Confissão Reformada ICR Igreja Cristã Reformada IPB Igreja Presbiteriana do Brasil IPC Igreja Presbiteriana Conservadora IPF Igreja Presbiteriana Fundamentalista IPI Igreja Presbiteriana Independente do Brasil IPR Igreja Presbiteriana Renovada IPRJ Igreja Presbiteriana na Cidade do Rio de Janeiro IPS Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos IPU Igreja Presbiteriana Unida nos Estados Unidos da América ISER Instituto Superior de estudos da Religião JMN Junta de Missões Nacionais MPBC Missão Presbiteriana do Brasil Central PBH Presbitério de Belo Horizonte POMN Presbitério Oeste de Minas PSP Presbitério de São Paulo PSVD Presbitério de Salvador PVSF Presbitério do Vale do São Francisco SAF Sociedade Auxiliadora Feminina SBH Sínodo Belo Horizonte SBS Sínodo Bahia-Sergipe SC Supremo Concílio SES Sínodo Espírito-Santense SES-RJ Sínodo Espírito Santo - Rio de Janeiro SFC Seminário Presbiteriano do Centenário SPN Seminário Presbiteriano do Norte SPS Seminário Presbiteriano de Campinas UCEB União Cristã de Estudantes do Brasil UPH União Presbiteriana de Homens APRESENTAÇÃO DA 1ª EDIÇÃO Era necessária documentar os fatos que se desenrolaram dentro de uma instituição religiosa brasileira, para servir de advertência e se constituir num brado de alerta à comunidade ecumênica do século XX. O que está acontecendo na Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) pode acontecer em qualquer outro lugar deste planeta. Os aspectos patológicos da vida religiosa que se manifestaram nestas últimas décadas dentro de uma Igreja de pouco mais de um século de existência, atraíram a atenção dos estudiosos do fenômeno religioso no Brasil e causaram espanto aos observadores religiosos protestantes da Europa e dos Estados Unidos da América. Entre os grupos que estudam a religião no Brasil está o Instituto Superior de Estudos da Religião (ISER) que reúne professores, clérigos, ex-clérigos, leigos, sociólogos e teólogos, formando uma equipe ecumênica voltada à pesquisa e ao estudo da situação religiosa brasileira. A crise na IPB, que sempre era mencionada nos seminários do ISER, merecia um tratamento mais detalhado. Estimulado e encorajado pelos companheiros do ISER, o autor desta pesquisa resolveu fazer m estudo histórico descritivo e interpretativo, numa tentativa de documentar e de compreender o que está acontecendo mim dos mais significativos e expressivos grupos protestantes que floresceram no Brasil, na segunda metade do século XIX - o presbiterianismo. O ISER possibilitou a realização desta pesquisa, fornecendo os meios para que ela fosse discutida e publicada. O autor apresenta aqui seu agradecimento aos colegas que cooperaram, com esta pesquisa e que ainda poderão oferecer criticas para a melhor compreensão dessa síndrome religiosa - o inquisitorialismo. O trabalho é imperfeito e incompleto. O autor diria, imitando a última frase de Euclides da Cunha em Os Sertões: “É que ainda não existe um Alexandre Herculano para historiar a origem e o estabelecimento da Inquisição Protestante.” J. D. A. Recife, dezembro de 1975. APRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO Após sete anos tenho a oportunidade de ver esta pesquisa novamente publicada. Neste ano também tive a alegria de ver este trabalho publicado em inglês, com a título: Inquisition Without Burnings. Agradeço as sugestões e críticas que recebi de vários leitores, amigos colegas, no sentido de corrigir e melhorar a lª edição, que está agora corrigida e parcialmente atualizada. Infelizmente, a situação da IPB continua a mesma. Fatos semelhantes aos descritos neste estudo continuam acontecendo. Alguns otimistas chegaram a profetizar que, com a proposta de “abertura democrática” feita pelo governo militar brasileiro, a IPB passaria para uma posição mais cordial e democrática. Puro engano. O regime militar decretou a anistia, reintegrando punidos e banidos ao convívio da sociedade brasileira. O regime eclesiástico, no entanto, nem cogita de compaixão e magnanimidade para com seus perseguidos e cassados. A cúpula da IPB não só foi a precursora de golpes neste País mas também a mantenedora de regimes golpistas. Todas as propostas de abertura feitas por vários setores da IPB foram solene e drasticamente rechaçadas por aqueles que ainda detêm o poder na Igreja. E ainda oportuna a publicação desta 2ª edição porque a memória do nosso povo é muito fraca, especialmente a do povo presbiteriano. Presbiterianos já estão esquecendo os fatos destas duas décadas que marcaram profundamente a Igreja que um dia foi implantada em nossa Pátria pelo ardente coração do jovem Ashbel Green Simonton. Volta e meia amigos e colegas de denominações presbiterianas irmãs indagam sobre os acontecimentos inquisitoriais na IPB, preocupados em que tais barbaridades não venham a se repetir em suas respectivas greis. Nutro a esperança de que este estudo venha a contribuir positivamente para evitar repetições que tais. Tenho agradecimentos especiais nesta 2ª edição. Ao tradutor para o inglês, Jaime Wright, à sua esposa Alma pelo rastreamento das referências bibliográficas e siglas, e à filha de ambos, Anita, pela sugestiva ilustração de capa. E ao Comitê de Defesa de Direitos Humanos no Cone Sul (CLAMOR) por ter cedido sua máquina para este serviço. J. D. A. Wagner (ex-Ponte Nova, ex-Itacira), BA, novembro de 1982. APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO DIGITAL Algumas palavras devem ser ditas, hoje, sobre o que significou a obra de João Dias de Araújo para o protestantismo e presbiterianismo brasileiros. Quando Jaime Wright verteu-o para o inglês, acrescentando uma preciosa bibliografia, subtitulou-a: Vinte anos de história da Igreja Presbiteriana no Brasil: 1954-1974. O campeão dos direitos humanos, conhecido como o mais importante entre os gigantes do presbiterianismo brasileiro, rendeu-lhe um tributo merecido. O teólogo presbiteriano- unido, escorraçado pela IPB, registrou um momento dos mais importantes do protestantismo e da opção calvinista e ecumênica, realçando o papel do grande mestre da Reforma Protestante, matriz do ecumenismo que conhecemos e aplaudimos, hoje (Zwínglio M. Dias). Significativamente, é influenciado pelo movimento Igreja e Sociedade na América Latina, impactado por uma teologia nova, social e politicamente realista, seu livro rebela-se contra a religiosidade “eqüidistante,” sem engajamento e definitivamente decidida a ficar em cima do muro vendo o trem da história passar, enquanto a América Latina se transformava, e o Brasil com ela. Um protestantismo presbiteriano infiel à Reforma se estabelecia como irremovível, inclinado ao pietismo e ao fundamentalismo, sem comprometer-se com as lutas contra a miséria, a fome, a doença, o trabalho negado; contra o distanciamento referente à cobrança de dívidas sociais, políticas; contra a afirmação dos direitos humanos e do exercício democrático de cidadania; contra as lutas do reconhecimento do ecumenismo histórico, do impedimento à comunhão com as tradições cristãs diversas, e até contra a discriminação de expressões do pluralismo religioso, evangelical ou afro-brasileiro, a ponto de ser classificada, a ala libertária dentro da IPB, de “modernista e comunista”. Pejorativamente, sem dúvida. A ala da qual João Dias de Araújo fazia parte arriscou-se na experiência da solidariedade diante da necessidade de fazer o presbiterianismo histórico original, reformado, calvinista de fonte, essencialmente confessional, mais que um presbiterianismo denominacional. Esforçou-se por fazer vigorar características latino- americanas em suas lutas libertárias do colonialismo religioso, político, econômico e cultural dentro do presbiterianismo e do protestantismo de fontes terciárias, ideológico, culturalmente tendencioso e arrogante; defensor de uma falsa originalidade reformada, como foi chamado no protestantismo das missões norte- americanas. Como comunidade de testemunho, propôs a resistência ao autoritarismo religioso, enquanto se debatia contra o autoritarismo político da ditadura militar. Sofreu, esse movimento presbiteriano libertário, a humilhação de ser declarado pelos próprios presbiterianos de serem falsos teólogos, hereges, indignos da Igreja Presbiteriana, sob as conseqüências da retirada de direitos pastorais de muitos ministros; retirada de validade da ordenação de ministros, presbíteros, diáconos, inclusive. O presente relato não corresponde a interesses internos das igrejas presbiterianas no Brasil, certamente refere-se à grande crise do protestantismo conservador, que reage simultaneamente nas duas frentes: ecumenismo irrestrito e missão da Igreja nas profundas transformações que ocorriam na América Latina. Responsabilidade social é a chave de tudo. Mas não se exclui a luta pelo resgate do presbiterianismo original, passando por João Calvino e João Knox, na Reforma Suíça e na Reforma Escocesa, respectivamente.Numa conferência proferida recentemente, João Dias dizia estas palavras: Havia já algum tempo que alguns teólogos presbiterianos estavam fazendo observações sobre o tipo de calvinismo que era valorizado no Brasil, especialmente pela IPB, mostrando que houve um afastamento histórico da fonte eclesial de Genebra e da eclesiologia de Calvino. Emil G. Leonard em sua obra clássica “O Protestantismo Brasileiro” preocupou-se com essa característica do Presbiterianismo de segunda mão. Escrevendo sobre o calvinismo dos primeiros missionários americanos que plantaram o presbiterianismo no Brasil, diria: “Do ponto de vista doutrinal, o calvinismo que (os missionários) acreditavam difundir já era uma diluição de diluições anteriores; o presbiterianismo americano já era ele mesmo uma adaptação do presbiterianismo britânico que por sua vez, através de um século de lutas contra o catolicismo e o anglicanismo, se havia distanciado longamente do pensamento de Calvino. E, quase sempre acontece com as Igrejas distantes de sua fonte de inspiração – e, por isso mesmo mais ortodoxas em vontade que em espírito,o que era importante para estes missionários era a adesão aos textos denominacionais sob a forma da tardia e duvidosa Confissão de Fé de Westminster (1647).” Este trabalho reflete alguma coisa a mais, no entanto. A teologia presbiteriana brasileira teve sua origem na teologia presbiteriana do século XIX, nos Estados Unidos. A teologia do presbiterianismo norte americano provinha, não só do puritanismo inglês, mas também do calvinismo escocês, onde se define o presbiterianismo sistemático, eclesiológico, organizacional, que ganhou o mundo. Infelizmente, diz o próprio João Dias, os teólogos americanos que formaram os missionários que atuariam no Brasil estavam mais preocupados com a polêmica anti-liberal do que com o aprofundamento e a criatividade na teologia. Observemos que Princeton, o grande reduto do presbiterianismo norte-americano, foi dominado pelo fundamentalismo até os anos 40, no século passado. John Mackay revolucionou esse grande centro teológico restaurando a tradição reformada representada pela presença de Karl Barth, Emil Brunner, Joseph Horomadka, e dando grande força à teologia norte-americana representada por Richard e Reinhold Niebuhr, Paul Lehman e outros. Esta fase, porém, só vai refletir-se na década de 60, especialmente com a presença no Brasil do teólogo precursor da Teologia da Libertação Richard Shaull. “A história da teologia presbiteriana nos Estados Unidos, no século passado, foi marcada pelo conservantismo, pelo anti-liberalismo e pela volta ao Escolasticismo Protestante do século XVII. Essas ênfases foram iniciadas pelo teólogo norte americano Jonatham Dickinson, que na primeira metade do século XVIII, escreveu um livro para defender o calvinismo radical. O historiador missionário Paul E. Pierson enumera três características da teologia das Igrejas que enviaram missionários para o Brasil: Denominacionalismo; falta de interesse por uma teologia científica; preocupação com a disciplina e a retidão de caráter,” acrescenta o teólogo João Dias na citada conferência. O fundamentalismo formou correntes teológicas reacionárias à teologia libertária que brotava, e João Dias, extremamente próximo de Richard Shaull, desde a famosa Conferência do Nordeste, onde o protestantismo brasileiro foi sacudido pela atuação da ISAL (Igreja e Sociedade na América Latina). Resultou num documento importantíssimo também conhecido como Compromisso Social, “assumido” pela IPB

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