início da república fascista de angola?

48 Pages·2013·3.52 MB·Portuguese

EDIÇÃONACIONAL KZ250.00 ANO18 EDIÇÃO1168 SÁBADO 30DENOVEMBRODE2013 DIRECTOR WILLIAM TONET
EDIÇÃONACIONAL KZ250.00 ANO18 EDIÇÃO1168 SÁBADO 30 DE NOVEMBRO DE/2013 DIRECTOR WILLIAM TONET
+506 diasDiscriminação
+496diasDiscriminaçãoJu dicial
Folha Judicial
Folha 8 Procurador mentiu...
8 Procurador mentiu...
O Procurador Geral Adjunto da República,
O Procurador Geral Adjunto da República,
Adão Adriano, mentiu, no dia 06 de Novembro
Adão Adriano, mentiu, no dia 06 de Novembro
de 2012, ao País sobre o advogado William
de 2012, ao País sobre o advogado William
Tonet, caluniando, difamando e colocando - o
Tonet, caluniando, difamando e colocando - o
no desemprego sem provas. Até hoje nin-
no desemprego sem provas. Até hoje nin-
guém toma medidas. É a justiça ideológica,
guém toma medidas. É a justiça ideológica,
W W WWW.JWOR.JNOARLNFA8L.NFE8T.NET submisssau b em missilitaa r ieza mdail.it arizada.
VIOLÊNCIA POLICIAL E MILITAR
FIM DA DEMOCRACIA
INÍCIO DA REPÚBLICA FASCISTA
DE ANGOLA?
É uma vergonha. O MPLA/JES e o seu governo, demonstram ao país e ao mundo
não haver democracia real e a lógica da discriminação e dos assassinatos terem
estatuto institucional. Matar não deixou de ser uma excepção, para o governo é
uma regra. Assim apenas se plantam as sementes do ódio, prejudiciais a paz que
tanto auguramos.
Jurista Albano Pedro, sob caso William Tonet, afirma
Decisão de ministro do Ensino Superior
é ilegal e assenta na perseguição política
Orgãos partidários Regime usa a razão da O despertar do povo Bispo condena
Polícia Nacional do força Dom Filomeno condena
Direitos Humanos Uma derrota para Dos
MPLA cumpriu repressão do regime
exigem investigação Santos e pares
O Director do Canal de Moçam- Perante o que se passou du-
bique, Fernando Veloso, não tem A Human Rights Watch (HRW) e a rante a manifestação do dia 23,
dúvidas: “A polícia comporta-se Amnistia Internacional, apelam 1 - Os angolanos de Cabinda mesmo considerando as ordens
como o exército privado do par- a uma maior investigação às ao Cunene e do mar ao leste do regime e a indiferença da co-
tido FRELIMO”. Por alguma razão, mortes de Alves Kamulingue, munidade internacional, o Bispo
o partido de Armando Guebuza Isaías Cassule e Hilbert Ganga. disseram no dia 23 em unís- de Cabinda, Dom Filomeno Vieira
e o de José Eduardo dos Santos Sobre as mortes nada mais há a sono, alto e bom som que “não Dias, resolveu dar voz aos que a
ssãeog uirnmdoão ass s miaemsemsaess .r Fegunracsio, ncoamm iImnvpeosrttiag,a irs. sOos s jiamc,a éré jsu lngãaor (fea liassmo. querem a democracia do caos ncrãioti ctoêum deu, rsaemme nmtee iaa sr epparlaevsrsaãso,
a mesma mentalidade, se bem só seria possível numa democra- e da destruição” que Eduardo policial e militar contra os que,
que em matéria de democracia cia e num Estado de Direito) os dos Santos e o MPLA preten- por todo o país, cometeram o
às teses do MPLA são era de re- responsáveis materiais e morais “crime” de pensar de maneira
gresso ao partido único. dos assassinatos. É uma tarefa dem impingir ao país. diferente do poder.
2// AQUI ESCREVO EU! FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013

OBRIGADO SENHOR PRESIDENTE
PELA PERSEGUIÇÃO
WILLIAM TONET
[email protected]
HHoje tenho mais para trabalhar em Angola ou no mun- rupção de Estado, hesitam em investir na que foi antes anulado, o meu diploma era renovação do actual, BI por ser partidário,
certezas do que do. Exemplos, para quê? Pode crer, o nossa Angola, porque o país está eivado válido nessa altura! Vergonha, perfídia, contém as imagens de Agostinho Neto e
dúvidas e sinto- facto de o seu regime cancelar todos da perfídia que reina nas relações de ne- maquiavélica destilação de ódio! José Eduardo dos Santos, sem qualquer
-me envergo- os meus títulos e documentos é como gócios onde a lei muda quando mais con- E hoje, Senhor Presidente, pergunto-me tipo de referendo popular.
nhado por saber chover no molhado, pois numa nova vém e transforma o que é legal em ilegal. como é que um ministério do Ensino Senhor Presidente, vou confessar-lhe,
que o mais alto Angola que havemos de ter, talvez a Senhor Presidente, os esbirros do minis- Superior não tem juristas capazes de evi- não tenho ódio contra si, mas pena, por
magistrado do breve trecho, o quadro será diferen- tro do Ensino Superior, Adão do Nasci- tarem esta borrada jurídica? Felizmente estar tão mal rodeado e desguarnecido
país, o senhor Presidente da Repúbli- te, haverá maior justiça, democracia mento, ao invalidar o acordo assinado esta não é a visão do verdadeiro MPLA, em relação ao futuro. Mas ainda assim,
ca de Angola, montou uma máquina para todos, paz verdadeira na prática entre a AWU e a UAN, bem como todos pese o partido ser refém de JES. O MPLA tenha de mim a certeza que, não sendo
impiedosa que tudo faz para inventar, e o fim da discriminação contra quem os documentos académicos que atestam que conhecemos, no passado, tinha mais possível ao seu governo retirar o meu
prejudicar, prender e, pouco falta, para pense diferente. a conclusão da formação graduada e pós- lisura, cumpria acordos, envergonhava “disco duro mental”, os meus conheci-
assassinar por pensar diferente, como Senhor Presidente, a perseguição -graduada na American World Univer- menos os seus militantes. Goste-se ou mentos jurídicos, um dia, quem sabe,
tem acontecido com outros angola- contra mim não é mera coincidência sity, apenas demonstraram e puseram a não, a verdade é que a decisão actual numa nova Angola sem discriminação
nos. e como tal, deveria envergonhar os nu o desnorte governativo e a sua demo- desta anulação peca por defeito, pois eu ainda lhe possa defendê-lo, a si e, ou,
É quase uma obsessão mental, um seus actores, enquanto projecto de- níaca maneira de pensar política. Quem enquanto simples decisão, não pode aos seus, como advogado, por lhe fugi-
temor, um grande receio em relação moníaco, só possível em ditaduras age de forma cega, corre o risco de tanta sem fundamentação anular vínculos an- rem os que hoje tanto o bajulam e o aju-
à minha pessoa. “É William fez, é Wi- com dirigentes intolerantes e sem bestialidade, que facilmente se questiona teriores. Isso é de lei, mesmo se sabendo dam a errar.
lliam não fez, é William comunicado, verticalidade. a sua capacidade, para tão nobre emprei- ser este Governo avesso à lei e à própria Senhor Presidente, a missão de um go-
é muita oficialidade e propaganda Senhor Presidente, admito e aceito a tada. Constituição por si próprio lavrada. verno não pode reduzir-se a credibilizar a
sem necessidade, e isso porque não fidelidade dos algozes ao seu serviço, Senhor Presidente, acredite no que lhe Senhor Presidente, ao caucionar toda incompetência como norma de gestão e
faço parte do grupo de corruptos e USP/UGP, sem preguiça, os agentes vou dizer: precisa urgentemente de um esta perseguição, enquanto Presidente promotora da violência extrema, dos jul-
delapidadores do erário público”. do SINSE (Segurança do Estado), ministro de Ensino Superior com mais de Angola, está a permitir que se vá longe gamentos forjados e dos assassinatos de
Senhor Presidente, a perseguição feita cumpridores cegos ou a DNIC, de- competência e visão, mas se for para pre- demais na maldade e no desrespeito aos inocentes, é mais que tempo de provar,
pelo regime por si capitaneado, não tentores de esquadrões da morte miar a incompetência, peço perdão, este angolanos de boa-fé. O senhor converte- nesta altura, em que o país tanto precisa
pauta pela lisura nem pela honradez, segundo o Supremo Tribunal Militar, serve-lhe perfeitamente, tanto mais que, -me em seu principal inimigo, como se de quadros qualificados, nada justifica
recorre amiúde, sem a menor sombra cravarem o meu corpo de balas no tendo sido um dos governantes mais não tivesse mais nada com que se preo- prescindir dos angolanos competentes
de escrúpulos, a métodos que frisam Campo da Revolução (como fize- indisciplinados enquanto secretário de cupar, a nível do país e familiar, principal- através do estratagema de fuzilamentos
a ilegalidade e apenas são aceites por ram ao nacionalista do MPLA, Sotto Estado da Ciência e Tecnologia, ao ponto mente, enquanto pai e avó. selectivos, como aconteceu com o ma-
não haver equidade que valha em cer- Mayor, sem ter cometido crime al- de não respeitar a ministra (coincidente- Senhor Presidente, dedique o seu tem- temático, Mfulumpinga Landu Victor ou
tos meios jurídicos ligados ao partido gum) ou na Fortaleza São Miguel mente, esposa do director de gabinete po, não a perseguir um cidadão, mas ao com o jovem engenheiro de construção
no poder e à sua pessoa, enquanto (onde assassinaram Nito Alves, sem do presidente do MPLA), foi premiado… bem-estar dos angolanos, à consolidação civil, Hilbert Ganga.
presidente de Angola, que se posicio- julgamento). Experiência para isso Ora, na realidade, quem age com irres- da paz, mas na pratica diária e não no ver- Hoje matar um ser humano é tão fácil
na, apenas como sendo presidente não falta do lado executor, ela está à ponsabilidade, marginalizando a lei, não bo inócuo. Deixe, ao menos, um legado e normal, pelo ruído (in)justificativo da
dos angolanos do MPLA&CIA, o que mão de semear… pode garantir um ensino superior de ex- ao país, para não ser lembrado apenas corte de bajuladores do templo, que se
resulta numa persistente mostra de Senhor Presidente, acredite, até tinha celência, nem uma imagem séria do go- como anti-democrata, discriminador e divertem com a morte dos angolanos de
senilidade, sem sentido nem juízo. uma certa admiração por si, como verno, ao agir por emoções partidocratas. insensível para com os que pensavam “segunda categoria” (os que não são do
Desde calúnias de fuga ao fisco a pri- pessoa, e sentia-me confortado, tal- Senhor Presidente, nesta passada discri- diferente de si. MPLA), abrindo garrafas de champanhe,
sões arbitrárias, passando pelo roubo vez, ingenuamente, por o considerar minatória de, recorrentemente, serem Senhor Presidente, construa, nestes últi- debitando argumentos esfarrapados.
de computadores do F8, comunica- a suprema instituição da isenção, marginalizados homens competentes mos tempos, uma imagem de verdadei- Senhor Presidente, em nome de Deus,
dos despropositados e mentirosos do democracia, imparcialidade e justiça. pela simples razão de não pensarem ro patriota, não uma imagem próxima do pare com a sua perseguição inútil, pois
bureau político do MPLA/JES, mais a Enganei-me! como os bajuladores do templo, azo é imperador César, mas de Martin Luther não lhe devo nada, já o inverso não é ver-
retirada da carteira profissional e ago- Senhor Presidente, a minha pessoa dado aos augúrios de retaliações violen- King. Será demais? Talvez, mas ao me- dadeiro. Trabalhei honestamente para o
ra a tentativa de anulação do diploma, atemoriza-o tanto ao ponto de lhe tas, o que muito provavelmente mais nos tenha um sonho. Ouse, ao menos, so- seu gabinete em 1991/1992, mas o senhor
tudo é feito para me combater e desa- tirar o sono? Olhe que são muitas as cedo ou mais tarde acabará por aconte- nhar reconciliar os angolanos, todos sem não paga, nem restitui os bens perdidos,
creditar através de métodos “pides- situações de ilegalidade contra um ci- cer, se nada for feito. excepção, num dia em que os angolanos tudo para eu vegetar à fome e depois
cos” e lamacentos. dadão, demais os indícios de maldade, Senhor Presidente, a incoerência desta do MPLA, os angolanos da UNITA, os rastejar até si, para ser humilhado com
Senhor Presidente, quanto ao diplo- má-fé e discriminação. Ainda que diga quadrilha de teólogos políticos, levou-os, angolanos da CASA CE, os angolanos migalhas, inferiores às que são deitadas
ma, desde já uma prenda de Natal; o contrário é isso que acontece, a jus- pouco mais ou menos, a dar um arroto do PRS, os angolanos da FNLA, os an- aos vossos cães. Pergunte a José Leitão,
ofereço-lhe o papel, porquanto o ver- tiça está do avesso, e subvertida está a de ilegalidade que se transformou em golanos do BD e PP, todos os angolanos Helder Vieira Dias, Fernando Garcia
dadeiro, alojado no meu “disco duro sua natureza, pois não parte do crime borrada fedorenta que envergonha o possam manifestar-se livremente, sem os Miala, ao ex-ministro das Finanças, Pedro
mental,” é marca registada que tanto para o autor, mas sim do autor para o nosso país pois o resultado da sua estu- bastões e balas assassinas. de Morais e até mesmo ao actual minis-
atemoriza o seu regime e está livre de crime. pidez redundou na apresentação formal Senhor Presidente, sonhe afastar a políti- tro das Finanças, numa altura em que era
confisco. Senhor Presidente, com todas estas de uma prova límpida e indesmentível ca de perseguição, de humilhação de pri- director nacional do Tesouro.
Senhor Presidente, longe de qualquer e outras situações, a reputação de de que a anulação compulsiva da valida- sões injustas e de assassinatos, cometidos Finalmente, senhor Presidente, já que me
petulância, só pessoas mal formadas, Angola, como país soberano mas de- de do diploma de Mestrado de William por quem tem a sua bênção. retirou quase tudo, colocou a sua guarda
mesquinhas e incompetentes podem pendente do petróleo, está a arrastar- Tonet e suspensão da carteira de advo- Senhor Presidente, não preciso de lhe pretoriana, os seus juízes, o seu ministério
agir de forma tão saloia. Eu não me -se nas ruas da amargura. Com efeito, gado, sentença lavrada pelo procurador implorar nada, pela plena consciência de público, a sua ordem de advogados e a
formei a cabular, nem encomendei quem pode acreditar num país ou adjunto da República, no decorrer do o próximo passo dos seus homens ser sua imprensa a forjar e a inventar coisas
teses de mestrado e doutoramento, num governo que não respeita sequer julgamento do “Caso Quim Ribeiro”, de a retirada do Bilhete de Identidade, sob sobre mim, sem direito ao contraditório,
logo, confio na competência jurídico- os acordos académicos? Ninguém! quem eu era um dos advogados, não alegação de não ser angolano, pois não mais nada mais lhe resta, senão, como
-profissional, não precisando por isso Os diplomatas e empresários estrangei- era anulação nenhuma, e que, portanto, a se contentam em despojar-me vingativa- atrás verti, retirar-me a vida, Mas ao me-
de bajular nem de cartão de comité ros, mesmo sabendo como é fácil fazer minha expulsão da defesa era totalmente mente de tudo. Mas desde já lhe digo, fa- nos, diga-me o dia e a hora, para eu poder
de especialidade de partido político, dinheiro pelo recurso a uma certa cor- ilegal, pois não sendo possível anular o rei resistência, manifestar-me-ei contra a ver de pé os meus cobardes algozes.
FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013 DDEESSTTAAQQUUEE \\\\33

ficha técnica UMA DERROTA PARA
Propriedade
WT/Mundovídeo, Lda.
Reg. n.º 62/B/94 DOS SANTOS E PARES
Director
William Tonet
Director Adjunto
1 - Os angolanos de Ca-
António Setas
Félix Miranda binda ao Cunene e do
mar ao leste disseram
Editor-Chefe
no dia 23 em uníssono,
Fernando Baxi
alto e bom som que “não
Chefe de Redacção querem a democracia do
César Silveira
caos e da destruição” que
Editor Cultura Eduardo dos Santos e o MPLA pre-
Nvunda Tonet tendem impingir ao país.
Editor Economia A eloquência da rejeição à propos-
António Neto ta do líder do MPLA esteve paten-
te na indiferença mostrada pelos
Editor Política & On-Line
Orlando Castro cidadãos ao apelo ao desacato feito
por Eduardo dos Santos para se de-
Editor Nacional
sobedecer à proibição imposta pelo
Fernando Baxi
Ministério do Interior às duas prin-
Editor Sociedade cipais forças políticas angolanas de
César Silveira
organizarem qualquer tipo de mani-
Editor Desporto festação.
Fernando Baxi A UNITA e a CASA-CE, entre ou-
tros, acataram a decisão e com isso
Editor Regiões
William Tonet vincaram a sua posição de que são
partidos que sabem estar à altura
Redacção
das suas responsabilidades. Mostra-
William Tonet,
António Setas, ram que apesar de serem partidos
Félix Miranda, minoritários acatam as regras da de- “primavera árabe” produziu revo- do dos Santos, segundo as quais ti-
Fernando Baxi,
César Silveira, mocracia e sabem separar as águas. lucionários de pacotilha que hoje nham um objectivo pacífico.
Orlando Castro, Apesar do propósito da manifes- transformaram muitos deles e os O MPLA quer propor-nos um cor-
Tito Marcolino, tação convocada por Eduardo dos respectivos povos em autênticos pe- tejo de insultos e injúrias sob a más-
Nvunda Tonet,
António Neto, Santos e o MPLA ter sido o de para- dintes da comunidade internacional. cara da democracia. Mas foi a isso
Antunes Zongo, lisar Luanda, a verdade é que a vida De todo o país nos chegaram notí- que a esmagadora maioria dos ango-
Luísa Pedro,
na capital do país decorreu normal- cias do verdadeiro ambiente de cal- lanos disse um NÃO claro, porque
Sedrick de Carvalho
mente e sem sobressaltos. ma e de apego à paz que dominou o nenhum cidadão que se preze está
Colaboradores A adesão às manifestações, que de dia em várias províncias. As pessoas de acordo que se achincalhe o nome
Arlindo Santana
pacíficas estavam planeadas para não querem ouvir falar de outra coi- daquele que deu grande parte da sua
Sílvio Van-Dúnem
Gil Gonçalves serem violentas e acompanhadas sa que não seja o empenho em con- vida para hoje Angola ser reconheci-
Kassinda Henda de cenas de vandalismo, foi um au- tinuar a marcha pelo caminho certo da como um país em paz, que soube
Kuiba Afonso
têntico fiasco. O objectivo era dei- para o desenvolvimento. preservar a independência e integri-
Wango Tondela
Nelo de Carvalho xar Luanda num caos e espalhar a Fica o registo de que o líder do dade territorial e está empenhado na
Luís Filipe apreensão entre os cidadãos nacio- MPLA teve uma atitude de grande grande luta pelo desenvolvimento
Patrício Batsikama
nais e estrangeiros. Da imagem de irresponsabilidade política ao des- económico e social.
Marta de Sousa Costa
Fongani Bolongongo cidade apontada como o exemplo respeitar uma proibição do Minis- 2. Apesar de a FRELIMO ter optado
Domingos da Cruz de como um povo que saiu recen- tério do Interior que orientava a não pelo boicote e pelo regresso aos as-
Armando Chicoca
Israel Samalata temente de uma guerra civil atroz realização de qualquer tipo de mani- saltos armados a civis após ser de-
consegue dar a volta por cima e festação, tendo em conta o ambiente salojada do seu quartel-general em
Fotografia lançar-se, em tão pouco tempo, num de crispação existente e a falta de Maputo, o que obrigou o seu líder a
Theo Kassule
Garcia Mayomona ambicioso projecto de reconstrução condições de segurança para que refugiar-se em parte incerta, os mo-
económica nacional, pretendia-se decorressem dentro do clima de çambicanos foram às urnas para as
Edição Gráfica que dela se ouvisse falar como um normalidade que se aconselha para eleições autárquicas.
Francisco da Silva
(Editor Gráfico) espaço de tensão e de confrontação salvaguardar o interesse público. A decisão mostra bem que a vida
([email protected]) política sem quartel, com grupos de Não foram somente o MPLA e o seu não pode parar e que a democracia
Sedrick de Carvalho
jovens a vandalizar viaturas e esta- líder a entrarem em desacato. A JM- não depende de um único partido.
([email protected])
belecimentos comerciais e a espa- PLA também se juntou à “festa dos A resposta que os moçambicanos
Administração & Finanças lhar a desordem por todo o lado. Era insultos e injúrias”. Por isso mesmo deram nas urnas ao atribuir nova
Manuela Joaquim
essa a imagem que estava prepara- aquelas duas forças e os seus líderes vitória à RENAMO na esmagadora
Secretariado & Publicidade da para mostrar Luanda ao mundo. devem ser responsabilizados politi- maioria do país mostra que também
Paula Padrão Por isso podemos dizer com toda a camente pelas consequências resul- neste caso o povo está apostado na
certeza que Eduardo dos Santos e o tantes da sua atitude de desobediên- conservação da paz e na luta pelo
Redacção
Rua Cons. Júlio de Vilhena, n.º MPLA averbaram uma derrota es- cia e de provocação às autoridades. desenvolvimento económico e so-
24 - 5.º andar, Apart. 19; trondosa. As forças da ordem trataram de ga- cial. É o rumo certo.
Tels: 222 391 943;
222 394 077; 222 002 052; Ninguém quer a “democracia do rantir a segurança pública e do rela- Nota: Adaptação livre e para me-
Fax: [phone]; caos” para fazer recuar o país e des- to das situações e dos factos regis- mória futura do texto, candidato
Luanda, Angola truir os progressos alcançados a tados é notório que o propósito das ao Prémio Pulitzer, da autoria do
E-mails muito custo, como de resto temos manifestações desmente de modo sipaio número dois do Jornal de
[email protected] visto nos países onde a chamada inequívoco as declarações de Eduar- Angola.
4// DESTAQUE FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013

E AS SURPRESAS CONTINUAM
TEXTO DE MARCOLINO MOCO*
N o último es- entendimento de que para
crito per- contribuir socialmente,
guntava ao perante os problemas que
Presidente de forma absolutamente
José Eduardo artificial o Presidente e
dos Santos e muito pouca gente que o
ao MPLA, se apoia nisso com alguma
depois de tudo o que nos convicção, estão a criar,
têm dado a assistir, ainda não é necessário que todas
nos reservavam surpresas. as personalidades visíveis
Já foi um “escorreganço”. e interessadas em harmo-
As cabeças não param de nizar o país se enquadrem
aquecer. Desde que o Pre- na vida político-partidária.
sidente dos Santos decidiu Isto é um mito que tam-
alterar a nossa “constitui- bém ajuda os que querem
ção histórica” de modo a que se pense que quem
mantê-lo com tantos po- MARCOLINO MOCO não está enquadrado
deres e por tantos anos ` numa organização política
mais (estando já a preparar Outro jovem comentador hoje, depois da simulação não tem direito à palavra.
o filho) mesmo não sendo do Club-K lamentava o de 4 de Abril de 2002). Querem que todos nos
eleito por mérito pessoal, facto de eu não me apre- Mas penso que depois queimemos na foguei-
que digo que o MPLA tam- sentar na política activa. dos acontecimentos do 23 ra da exaltação político-
bém é uma presa do Presi- Também é difícil, em pou- de Novembro e de tudo -partidária. Vejam se eles
dente. Não tinha ainda ra- cas linhas explicar tudo. quanto aconteceu um respeitaram os líderes dos
zões para dizer diferente. Mas, teria entendido as pouco antes, os meus ami- dois maiores partidos da
Os que nunca viveram o minhas razões, se tomasse` gos se aproximem mais do oposição?
que eu vivi e ainda vivo so- contacto com mais algu-
Querem que to-
bre os ideários do MPLA, mas coisas que já escrevi
dos nos queime-
nunca me vão entender. E ou disse à imprensa falada,
nem há aqui espaço para que cada vez mais se fecha mos na fogueira
explicá-lo como mo pede para mim e para todos os
da exaltação polí-
um comentador jovem que têm ideias diferentes
tico-partidária
do Club-K, “instituição” do Presidente Dos Santos
que felicito por ser agora e do seu comportamento
um dos últimos estritos surpreendente, em pleno
redutos de debate contra- tempo duma paz que os
ditório, onde todos tem seus fãs não se cansam de
oportunidade de dialogar dizer que é o arquitecto (e
com pessoas de posições sê-lo-ia para mim também,
diferentes. se não fizesse o que faz
FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013 DESTAQUE \\5

NEM OS
DEPUTADOS
RESPEITAM
Se respeitaram deputados Vejam que a um comen-
nas suas imunidades? tador português são atri-
Se se detiveram a mobili- buídas palavras como es-
zar intelectuais e religiosos sas: “ a situação do dia 23,
“presos” de consciência, com mortes e feridos pelo
como o meu brilhante an- meio, demonstra que Dos
tigo aluno Luvualu a com- Santos é o único factor de
parar o incomparável? estabilidade”; como quem
Aproveito para felicitar o diz, se ele não estivesse em
António pelo seu brilhan- Barcelona, ninguém teria
tismo mas que ganhe cora- sido morto ou ferido. Este
gem para recusar missões senhor com certeza não
desta natureza. E dizer- estava ainda vivo quan-
-lhe que eu já estive a ser do Kassule e Kamulingui
recebido por Mandela no foram raptados e depois
Palácio Presidencial, em mortos ou quando pessoas
Pretória, e vinham cida- conhecidas como o Dr Fi-
dãos sul-africanos de todas lomeno Secretário Geral
as cores espreitar pelas do BD e jovens autodeno-
janelas porque aí morava minados revolucionários
a verdadeira Paz. Aquela foram torturados com o
comparação com a se- Presidente em Luanda, e
nhora dos Estados Unidos seus carrascos a gabarem-
não faz absolutamente -se na rádio e na televisão
nenhum sentido. Angola públicas. DEPUTADO MFUCA MUZEMBA A SER AGARRADO POR UM AGENTE DA POLÍCIA NACIONAL
tem que chegar ao dia em Quando regressar, dentro
que não nos apresentem de dias, tentarei contac- do Futuro que querem, festantes, que actuavam tado de sítio, para que as
os aparentemente maus tar todos os mais velhos legitimamente, ver dife- de acordo com a Cons- pessoas não continuem a
exemplos de fora como a conhecidos no país, para rente. Como perguntam tituição (o Ministério do ser atraídas para a morte
regra. reflectirmos se é possí- muitos angolanos a que a Interior e nossa polícia, e a tortura, quando even-
Mas o que quero dizer só, vel continuarmos assim propaganda destilada na não são a Constituição, tualmente não estejam
na minha revolta descon- a ver nossos mais novos nossa comunicação social devem guiar-se pela disponíveis para isso.
solada, perante a morte a serem mortos por um pública e não só, ainda Constituição), do que Atribui-se a D. Filomeno
de um pacífico militante entusiasmo que ontem não virou a cabeça, não virá-lo contra o povo que uma afirmação muito im-
de um partido, é que as também tivemos, e que seria mais interessante acredita ainda que somos portante e oportuna: “Re-
surpresas aconteceram a Razão e o Direito lhes que todo aquele aparato um país democrático? Ou forme-se este governo”.
mesmo. O senhor Presi- concede, para poderem policial fosse mobilizado pelo menos tenham a co- Entendo que este refor-
dente tem tropa preparada participar na construção para proteger os mani- ragem de decretar um es- mar coincide justamente
para atirar contra pessoas com as minhas propos-
desarmadas numa situa- tas de revisão do regime
ção de tanta visibilidade? material que vivemos, de
Depois de tantas lições no forma pacífica, porque os
mundo, em pleno século que detêm o poder ou es-
XXI! tão assustados com o seu
Mas desta vez um Bispo passado ou pensam que a
falou a partir de Cabinda: arrogância e o cinismo es-
“isso não se faz!”. Chama- tabelece um poder eterno.
-se D. Filomeno Vieira Se essa reforma não se re-
Dias, a quem rendemos sumir em mais um espec-
homenagem pela coragem táculo de remodelação
de vir transmitir esta men- governamental, estare-
sagem de Deus que deve mos muito perto de uma
estar horrorizado. saída em que ninguém
Aqui em Lisboa onde me poderá perder grande
encontro, pedem-me para coisa. Será a melhor ho-
me pronunciar em meios menagem à vida e aos
falados de comunicação. assassinados que até este
Recuso-me por enquanto. momento não têm direito
Quem sabe vão deturpar a ser reclamados.
as palavras com truques
técnicos? Aguardarei. *Marcolinomoco.com
6// DESTAQUE FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013

REQUIEM POR UM COLADOR DE CARTAZES
ASSASSINOS DE INOCENTES
CONTINUAM SOLTOS
PARA NOvAS CHACINAS
T udo começou lacrimogéneo, impedem a muito longe do perímetro
mais ou me- marcha do funeral. de segurança da Presidên-
nos bem, mas Quando se tenta questio- cia da República.
com o medo nar a razão eis que dois Portanto quem disse ter
de um desco- petardos são lançados, ins- ele, invadido o perímetro,
nhecido pro- talando-se a confusão, pois em português, significa
vir a medrar um funeral, contrariando a no interior, mente desal-
nas entranhas, as bombas tradição e cultura angola- madamente, por cobardia
do regime, voltaram a sair na era desrespeitado com e desrespeito a vida hu-
contra os indefesos. armas de fogo, por mero mana. Para o regime, cada
Silêncio… capricho dos senhores da vez mais, a vida humana
O cortejo fúnebre para guerra, que consideram parece valer menos do
o último adeus ao jovem Angola uma propriedade que a de um cão governa-
engenheiro Manuel de privada do MPLA/JES. mental, porquanto estes,
Carvalho Hilberto Ganga, Sem que os acompanhan- diferentemente, da maio-
assassinado no dia 23 de tes do funeral pudessem ria dos humanos, comem
Novembro pela guarda fazer fosse o que fosse, a bifes, da Huíla, como pa-
presidencial está prestes verdade é que tinha come- voneia um reputado diri-
a acontecer, depois do seu çado assim um Requiem gente do MPLA/JES.
corpo ter ficado em câma- pagão, belicista, sem mú- A forma como os milita-
ra ardente desde o 26.11.13, sica nem coro, organizado res da Guarda Presiden-
no salão dos Bombeiros, pelas forças a mando de cial, fizeram recurso as
ao lado do Hospital Mi- JES em honra de um herói armas, demonstra a cul-
litar Principal de Luanda involuntário, o compatrio- tura belicista e intolerante
com previsão de seguir às ta Hilbert Ganga, dirigen- instalada naquele órgão,
10h00 do 27.11 ao cemité- te da organização juvenil pois a versão dos sete (7)
rio de Santa Ana. da CASA-CE, assassinado testemunhas se divide.
No dia anterior, membros pela Guarda Presidencial. “Chegamos todos juntos,
da família e da CASA - CE Formado em engenharia na viatura, ao quartel da
reuniram-se com a Polícia civil, na flor da idade, foi UGP e, na abertura do
Nacional e estabeleceram abatido desarmado com portão, Ganga queria ser o
a forma do trajecto, que dois tiros quando saltou primeiro a descer ou, face
seria a pé, com a urna no do carro em que foi ile- as ameaças dos militares,
carro fúnebre e ocupando galmente preso, na se- durante o trajecto, quis
uma faixa de rodagem. quência de uma ordem empreender uma fuga”,
Tudo aceite e acordado. de detenção por ter sido explica ao F8, um dos
No dia aprazado, uma das surpreendido, com outros acompanhantes.
partes cumpria a precei- elementos do partido, a Mas, independentemen-
to, mas eis, que num de colar cartazes, no caso, o te de qualquer que tenha
repente, já ia o cortejo a último do grupo, na pare- sido a situação, nada jus-
atravessar a ponte do Su- de do Clube de Ténis de tifica este ignóbil e cruel
permercado Jumbo, à es- Luanda (junto ao Restau- fuzilamento, pelas costas
trada de Catete, quando o rante Tia Maria, o da boca de um jovem indefeso, na
inevitável aconteceu. Uma do leão), na Rua Francisco presença de sete (7) teste-
muralha fortemente arma- das Necessidades Castello munhas. A lógica é similar
da, com escudos, bastões, Branco, onde fica o Stand a dos bárbaros, que mata-
armas de fogo e de gás da Nissan, nos Coqueiros, vam entre os adversários,
FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013 DESTAQUE \\7

como forma de atemorizar pois no palácio do gover- tir o fuzilamento do meu altura de provas de mes-
e dissuadir os demais. nador, branco e colono pai, então comandante trado”.
“Não quis acreditar na for- português, os pretos po- da ODP, (Organização de Questionado a explicar
ma bárbara e canibal de deriam passar, tocar e até Defesa Popular) Virgilio como ocorreu a detenção
agir dos militares da Guar- tirar fotos, que não era es- Francisco Sotto Mayor, e se estavam, na realidade,
da Presidencial. Tenho pancado, preso ou assassi- no campo da Revolução, dentro do perímetro pre-
`
ouvido muitas histórias e nado e a PIDE ficava, bem no dia 27 de Agosto de sidencial, foi peremptório:
pensava serem invenções ao lado, onde está a DEFA, 1975, também, morto por “com a morte de um ser
ou ficções mas, afinal, é mas hoje no mesmo palá- guardas presidenciais, na humano não se deve brin-
realidade”, disse traumati- cio note tem um presiden- altura de Agostinho Neto”, car, nem mentir, nós está-
zado um dos companhei- te negro, o povo deve ter asseverou, acrescentando, vamos junto ao campo de
ros de jornada. “Eles são medo e ver o local como “tal como no passado, meu ténis de Luanda, portanto
frios, insensíveis e matam uma assombração”, disse pai era inocente e não teve ao nosso redor só há casas
Não quis acreditar
por sadismo, a coberto da ao F8, Sebas Nzenssala, direito a defesa, também e prédios de cidadãos nor-
na forma bárbara
impunidade presidencial um dos testemunhas do Ganga, não a teve, ante as mais e nem sequer divisá-
e, depois, atiraram o corpo golpe fatídico e canibal de agir balas assassinas”. vamos o Palácio presiden-
no chão como se fosse de “Vi colegas ficarem pe-`dos militares da Sotto Mayor é filho de um cial”, explica.
um cão”, explicou. trificados, ante a frieza histórico do MPLA, morto “Fomos abordados, por
Guarda Presiden-
Após ter sido alvejado os destes dois assassinos, por este partido, por uma um tenente da UGP, que
militares, fecharam o por- pertencentes aos efectivos cial. Tenho ouvido intriga, não provada, feita estava com um braçal,
tão da unidade, deixando da Unidade de Segurança muitas histórias por Manuel Pedro Paca- pareceu-nos afável, ao co-
do lado de fora o corpo de Presidencial -USP/UGP, vira, que Agostinho Neto, larmos aquele, que seria o
e pensava serem
Hilbert Ganga, postado no pois estávamos juntos do engravidando pelos ouvi- último panfleto, pergun-
invenções ou fic-
chão da rua, sem o míni- falecido a colar cartazes. dos, não curou de inves- tando-nos se éramos da
mo sentimento de solida- Até hoje não consigo acre- ções mas, afinal, tigar, ordenando o fuzila- UNITA e qual era o pro-
riedade humana… ditar na barbárie”. é realidade mento de um nacionalista pósito da nossa acção na
Muitos minutos depois, Os cartazes eram folhas convicto e inocente. rua. Disse-lhe que éramos
aparece um chefe, a orde- timbradas em papel de 80 Por aqui se pode ver quão da CASA CE e fazíamos
nar a tropa para remover gramas, logo inofensivas. difícil é o MPLA/JES se li- uma acção política com
Ganga defronte da unida- O jovem Moisés Francisco bertar dos seus fantasmas respaldo na lei. Acto con-
de, para o deixar no hospi- Fernandes Sotto Mayor, do passado tínuo mandou-nos sentar,
tal, mas chegados ao Ma- ficou petrificado quando Já Manuel Baião, na qua- enquanto se retirava, sob
ria Pia, veio a confirmação: sentiu os dois militares, lidade de coordenador a mira de cinco armas dos
estava morto, atestou a cada um por sua conta e do grupo diz continuar seus militares”, explicou
equipa médica, por dene- pontaria, premir o gatilho, atónito e não acreditar no Baião.
gação de assistência de contra o corpo do jovem sucedido. “Nós não come- “Passados cerca de 50 mi-
socorro e intencionalidade indefeso, que atemorizado, temos crime algum, para nutos depois, o mesmo
de matar. ante as ameaças de morte, merecermos tal barbari- tempo volta com duas
“Eles matam, eles são san- saltou do carro, para cla- dade”, lamenta revoltado. viaturas, colocando-nos
guinários, não têm pie- mar inocência. “Ainda não me consigo os oito (8), numa só, em
dade dos cidadãos. Nem “Recuei no tempo e foi concentrar, foge-me a me- direcção a um dos seus
o colono pensava assim, como se estivesse a assis- mória, pois ocorreu numa quartéis, contíguo ao Tri-
8// DESTAQUE FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013

bunal de Contas. Ora se dizendo-se voluntários entregue a Investigação telefones. Nem quiseram Polícia Nacional, alegan-
estivéssemos no tal perí- e patrióticos militantes Criminal, junto da IV saber o que estávamos a do ter sido Hilbert Ganga
metro militar, não preci- da Coligação Eleitoral de Esquadra, sita nas ime- fazer, nem as razões de lá morto ao pôr-se em fuga,
saríamos de viaturas de Abel Chivukuvuku. diações da Assembleia termos ido parar. O nos- incentivado pelos restan-
transporte”. Com a morte consumada Nacional. so cárcere demorou até tes sete detidos. “É tudo
Postos na unidade o gru- de Hilbert Ganga, o gru- “Quando chegamos a II cerca das 7h50 da manhã, mentira do regime! Ele
po foi sendo interrogado, po foi, por volta das 3h00 Esquadra, encontramos hora em que nos liberta- foi assassinado de for-
sendo a mais insidiosa se da madrugada, transfe- outros companheiros, ram, sem qualquer acusa- ma cobarde pelas costas,
eram militares da UNI- rido para a II Esquadra que nos acalentaram, ção formada”, pormenori- por militares, ensinados
TA e quanto haviam re- da Polícia Nacional, sita mas a Polícia aí, já não nos za António Baião. a disparar contra todos
cebido para fazerem tal ao Bairro Operário, en- bateu, tendo apenas, soli- Esta é a versão real, des- que pensem diferente ao
acção. Negaram sempre quanto o cadáver era citado os nossos nomes e mentindo desta forma a da regime”.
A TRAGéDIA ANGOLANA
Pormenores que em nada subindo a musculatura. mões: “EXIGIMOS JUSTI- creditável, mas foi a mais não funcionam, a não
amenizam a tragédia, ou Nisso uma certeza, as “or- ÇA”! “ELES MATARAM”? pura verdade! ser as de matar. Já aca-
melhor, as tragédias, a de dens superiores” vinham e o coro respondia: “NÃO! Mas por que razão tanto baram os argumentos, já
Ganga, hoje e as de Kamu- de cima, melhor dos heli- e a procissão avançava, aparato bélico foi enviado está provado que o povo
lingue e Cassule ontem e, cópteros, ou da Casa Mi- com o “EXIGIMOS JUS- para um funeral? Respos- está a começar a dominar
a de Angola, cujo futuro litar, a julgar pelos boatos TIÇA”, evitando referên- ta só há uma; perturbação uma situação em que eles
cada vez mais se apresen- de estar Kopelipa por de- cias ao partido do Go- mental reinante nas altas apenas têm o assassinato
ta como podendo ser uma trás de toda engenharia, verno e ao Presidente da esferas da polícia, dos Ser- como derradeira granada
carnificina, provocada por atentatória a nossa cultu- República. viços Secretos e da Presi- a lançar. Estão perdidos.
psicopatas atingidos por ra e tradições, bem como A demonstração de for- dência. Foi por isso que este re-
uma gravíssima paranóia o respeito aos mortos. ça com carros a jacto de A Polícia, por incrível gime impediu que se rea-
que os leva a ter medo da Ninguém no cortejo fúne- água e os helicópteros da que pareça, tem medo, o lizasse o cortejo fúnebre
sua própria sombra. bre gritou palavras aten- Polícia, voando a baixa regime tem medo, sen- a pé obrigando as pessoas
Até crianças são capazes tatórias a José Eduardo altitude, nas cabeças das tem que estão a acabar a apanharem autocarros
de torturar com medo de dos Santos ou ao MPLA, pessoas não tem qualifica- as munições numa guer- para chegarem até ao ce-
serem apeados compul- apenas, se gritava à pul- tivo. É ina- ra em que as suas armas mitério.
sivamente, pelos seus su-
periores hierárquicos ou
pelo Povo.
Recapitulando, a marcha
seguia pacífica e silen-
ciosa o seu percurso, em
direcção ao cemitério de
Santa Ana, mas, ao fim de
mil metros, num percur-
so que se previa ser de
quatro quilómetros, uma
barreira blindada da Polí-
cia, coloca a nú, o carácter
demoníaco e feiticeiro de
um regime, que nem os
mortos respeita.
Antes mesmo do coman-
dante policial iniciar o
diálogo com os familia-
res e dirigentes da CASA,
quatro disparos de gás
lacrimogéneo foram arre-
messados contra os cida-
dãos, que choravam o seu
morto e daí para diante foi
FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013 DESTAQUE \\9

REGIME MATOU O MORTO E qUERIA MATAR MAIS vIvOS
Eles matam tudo. Eles tarem a tomar diligências na pois a irracionalidade mais uma violência pro- povo não os quer mais e
querem governar mortos para apurar responsabili- dos últimos tempos pode vocadora, recorrente e com a repetição de ma-
O regime demonstrou, dades, quando o assassina- pressupor algo estar mal cada vez mais pungente, nifestações a sua violên-
mais uma vez, no 27.11.13, to faz parte da cartilha das no interior da cúpula di- Esta gente do poder está cia aumentará, para, das
estar a ser encenador ridí- forças armadas e policiais . rigente . manifestamente a dar duas uma, provocar um
culo de uma farsa, no que No funeral do 27.11, tudo Mas é o ódio que estes provas que precisa de levantamento popular, ou
toca à prisão dos rapto- ficou mais claro, quanto dirigentes têm ao povo uma guerra para salvar uma implosão interna no
res assassinos de Cassule a existência de uma es- que agora os ameaça de a sua posição dominante partido, numa derradeira
e Kamulingue. Para quê tratégia visando criar um renegação nas urnas e os enquanto força no poder, tentativa de o salvar da
dizer estar a inquirir, es- clima de implosão inter- leva a praticar cada vez pois já perceberam que o derrota definitiva.
10// DESTAQUE FOLHA8 30 DENOVEMBRO DE2013

REGIME TEM MEDO
DA PRóPRIA SOMBRA
Se dúvidas exis- paganda, entre outros de facto a indicação de
tissem, o regi- elementos, em posse do que Isaías Samakuva, por
me demons- Ministério do Interior, exemplo, tem na sua secre-
trou mais uma indicam a existência de tária 925 Kalashnikov, para
vez que mata orientações e outras ma- além de 423 mísseis Stin-
primeiro e nifestações expressas de guer. Também sabiam que
pergunta depois, que até incitamento à violência e Abel Chivukuvuku traz
prova em contrário todos alguma pré disposição ve- sempre na sua pasta aí uns
são culpados. Na demo- lada de alteração delibera- 14 órgãos Staline (ou serão
cracia de José Eduardo dos da da ordem pública, com katyushas?), para além de
Santos só cabem os escra- vista à criação de um esta- transportar, no porta baga-
vos que estão sempre de do de desobediência civil gens do carro, oito tanques
acordo com as suas teses. generalizado, susceptível Merkava de fabrico israeli-
Todos os outros, mesmo de abalar as estruturas e ta. Além disso, o Governo
que só pequem em pensa- instituições do poder po- também sabe que Alcides
mento, estão condenados lítico e subverter a ordem Sakala tem um tanque ale-
a levar um tiro ou a serem democrática e constitu- mão Leopard 2 na cozinha,
dados em oferenda aos ja- cional, bem como ofensas embora disfarçado de má-
carés. à honra e consideração quina de lavar louça.
A UNITA, que de demo- devidas às pessoas e aos Não admira, pois, que na
cracia tem uma visão ac- órgãos de soberania, vio- posse de tais informações
tual e consentânea com as lando o estabelecido no ar- o regime temesse o pior. lei ao não manifestar a sua do nº 2 do artigo 7º da Lei
mais elementares regras tigo 4º da Lei nº. 16/91, Lei Aliás, nem precisava de opinião, no prazo e forma nº 16/91.
de civismo e cidadania, sobre o Direito de Reunião citar a lei para – como faz previstos pela Lei nº 16/91, Mas o que é que isso vale
convocou uma manifes- e das Manifestações”, dis- habitualmente – matar pri- de 11 de Maio (direito de perante a perspectiva de
tação nacional, pacífica e se o Ministro do Interior, meiro e investigar depois reunião e de manifesta- um golpe de Estado? Que
em prol do direito à vida, à numa versão corrigida já ou, ainda, decretar a sen- ção). Sabe-se que a não no- valor tem essa e outras leis
dignidade, à paz. Em suma, que a inicial falava mesmo tença mesmo antes de o tificação do GPL à UNITA quando, de facto, nada se
em defesa de uma demo- da tentativa de golpe de julgamento começar. no prazo indicado no nº 1 sobrepõe à vontade divina
cracia e de um Estado de Estado. Sabe-se que o Gover- do artigo 7º da lei nº 16/91 do “escolhido de Deus” e
Direito. As fontes do Ministério no Provincial de Luanda é considerada como não do seu séquito de sipaios
Esqueceu-se, contudo, que do Interior, como sempre (GPL) não cumpriu os objecção à realização da domesticados e amestra-
por cá o direito de mani- bem informadas, tinham termos estabelecidos por manifestação, nos termos dos?
festação é uma prerrogati- “Ao decidir impedir a rea-
va exclusiva do MPLA. Só lização da manifestação, o
o regime pode, quando e Ministério do Interior não
sempre que entender, or- circunscreveu a sua deci-
ganizar marchas de apoio são restritiva aos limites
à sua governação. Não im- das suas competências,
porta o que a Constituição porquanto esta instituição
diz, de nada vale o que a não só baseou a sua análi-
Lei estabelece. Angola é o se em documentos falsos e
MPLA e o MPLA é Angola. probabilidades infundadas,
Quem pensar de forma di- mas também porque tal
versa está, como foi o caso, atitude pretendia limitar
a cometer um crime con- o exercício de direitos e
tra a segurança do Estado liberdades fundamentais
deles. dos cidadãos através de
Foi isso mesmo que o Mi- formas não previstas nem
nistro do Interior, utilizan- conformes com a Consti-
do a Polícia privada mas tuição”, explica o líder da
dita Nacional do MPLA, UNITA, quase parecendo
determinou ao proibir a estar a viver numa demo-
realização da manifestação cracia e num Estado de
convocada nos termos da Direito.
Lei e segundo a Lei. A tal Convenhamos que, ao con-
Lei que só existe para um trário do que afirma Isaías
dos lados, que só tem valor Samakuva, quando o Mi-
para apoio ao regime e, é nistro do Interior recebeu
claro, para a comunidade a informação sobre as 925
internacional ver. Kalashnikov, 423 mísseis
“Informações, documen- Stinguer, 14 órgãos Staline
tos e materiais de pro- e oito tanques Merkava,