FRANCIS ROBERTA DE JESUS INDISCIPLINA E TRANSGRESSÃO NA ESCOLA CAMPINAS 2015 i1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP FRANCIS ROBERTA DE JESUS INDISCIPLINA E TRANSGRESSÃO NA ESCOLA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – FE/UNICAMP –, pela Área de Concentração de Ensino e Práticas Culturais, para obtenção do título de Doutora em Educação. Orientador: Prof. Dr. Antonio Miguel CAMPINAS 2015 3 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP FACULDADE DE EDUCAÇÃO TESE DE DOUTORADO INDISCIPLINA E TRANSGRESSÃO NA ESCOLA Autora: Francis Roberta de Jesus Orientador: Prof. Dr. Antonio Miguel Este exemplar corresponde à redação final da Tese apresentada por Francis Roberta de Jesus para obtenção do título de Doutora em Educação, por meio do Grupo de Pesquisa PHALA – Educação, Linguagem e Práticas Culturais, no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Data: 23/02/2015 Assinaturas: ________________________________________ Orientador COMISSÃO JULGADORA: ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2015 5 v v Abstract By the title "Indiscipline and transgression in school", we seek to conduct a path through the indisciplinary transgressive practice of constitution of narrative scenes occurring in a school organization in the metropolitan region of Campinas, in Vinhedo city, in the countryside of the State of São Paulo by/with children in current fourth grade of elementary school during the 2010 school year. The path was primarily composed of problematizations as investigative path that was oriented both in a heteronomous – by teasing and questioning the regular teacher – and in an autonomous way, from the children as methods of learning, other ways of seeing and opportunities to significantly practice and play school education. The investigations were driven by the interest of most of the class into practice location, orientation and spatial movements, motivated by socio-cultural practices in which their families were included in, where we saw possible relations with the geometry of studies proposed for the year/grade and we practiced the spread of the start towards the course of human activities and various social organizations, as well as knowledge needed to effective engagement in them. So, inspired by poststructuralist and postmodern philosophical productions, like Ludwig Wittgenstein and Jacques Derrida, we defend and practice indisciplinary language games that gave teachings and practices of situated learning within the school, guided by problematizations of cultural practices elected to study, and the promotion of investments, displacements, therapeutic and deconstructions of terms commonly privileged in disciplinary practices of the school. At the end of the beaten path, children proved that they were able to insert and construct problematizations spaces, discussions promotion, arguments, understanding of different ways of life, engagement in various cultural practices – including state official school reviews, Town and Federation –, senses shifts, reading practices in different contexts activities and effectively to perform calculations, solve problems, research implementation, which expressed the dispensability of the disciplinary organization of school knowledge and replay possibilities of current school social function. Such path we call transgression. Keywords: Indiscipline – Transgression – Socio-cultural Practices – Early Years of Elementary School – Geometry – Mathematical education. v7ii Resumo Pelo título “Indisciplina e transgressão na escola” buscamos realizar um percurso de prática transgressiva indisciplinar de constituição de cenas narrativas ocorridas numa organização escolar da região metropolitana de Campinas, no Município de Vinhedo, interior do Estado de São Paulo, por/com crianças de uma turma de quarto ano/terceira série do Ensino Fundamental I, durante o ano letivo de 2010. O citado percurso foi constituído principalmente por rodas de problematizações como caminho investigativo orientado tanto heterônoma – pelas provocações e questionamentos da professora regular –, quanto autonomamente, por parte das crianças, enquanto modos de aprendizagens e formas outras de ver e de possibilidades de praticar e desempenhar educação escolar significativamente. As investigações foram impulsionadas pelo interesse de grande parte da turma em práticas de localização, orientação e deslocamentos espaciais, motivadas por práticas socioculturais em que suas famílias se encontravam inseridas, donde vimos possíveis relações com os estudos de geometria proposto para o ano/série e praticamos a disseminação dessa partida em direção ao decurso de atividades humanas e organizações sociais diversas, bem como conhecimentos necessários para engajamento efetivo nas mesmas. Assim, inspirados em produções filosóficas pós-estruturalistas e pós-modernas, a exemplo de Ludwig Wittgenstein e Jacques Derrida, defendemos e praticamos jogos de linguagem indisciplinares em que se deram práticas de ensinos e aprendizagens situados dentro da escola, orientados por problematizações das práticas socioculturais eleitas para estudo, bem como a promoção de inversões, deslocamentos, terapêuticas e desconstruções dos termos comumente privilegiados nas práticas escolares disciplinares. Ao findar do percurso trilhado, as crianças se mostraram capazes de inserções e construções de espaços de problematizações, promoção de discussões, argumentações, compreensões diferentes formas de vida, engajamento em práticas socioculturais diversas – inclusive de avaliações escolares oficiais do Estado, do Município e da Federação –, deslocamentos de sentidos, práticas de leituras em diferentes contextos de atividades, bem como realizar efetivamente cálculos, resolver problemas, execução de pesquisas, o que expressou a dispensabilidade de organização disciplinar do conhecimento escolar e possibilidades de releitura da função social atual da escola. Percurso esse que denominamos enquanto transgressão. Palavras-chave: Indisciplina – Transgressão - Práticas socioculturais - Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Geometria – Educação matemática. 9ix Sumário Resumo ......................................................................................................9 Pórtico ......................................................................................................25 A rainha ....................................................................................................59 Conflitos...................................................................................................157 Atos .........................................................................................................330 Verbo ..................................................................................................... 355 Cortinas em movimento: julgamento final................................................463 Referências .............................................................................................497 1x1i Que tudo quanto não possam expressar os brancos dos espaços, os espaços dos silêncios, os silêncios dos laços e os laços dos traços que conduziram ao tecido dessa trama, seja minha gratidão Àquele cuja presença é a condição para que tudo o que foi feito se fizesse. 1x3ii i Agradecimentos Um só gesto que une mais de um coração, gesto que acalenta a alma, gesto que cura a solidão. Pontes em lugar de paredes, passagens em lugar de labirintos, multiplicação da presença, união de forças que permitem caminhar no compasso e no descompasso da dissolução do medo e na solidificação da certeza de que não se caminhou sozinho e de que a autoria do caminho é multiversa...1 Palavras que fiquem gravadas nos corações de todos aqueles que caminharam parte ou todo o percurso dessa trilha ao nosso lado. Se alguma certeza permanece, é a de que a trilha não foi solitária. De apoio em apoio, auxílio em auxílio, o companheirismo foi o gesto autor de cada passo, cada caracter, cada página. Por isso, a gratidão a cada ser vivente que tomou lados destros e canhotos da disposição de caminhar em conjunto e deixar sua marca nessa trilha e em nós e, assim, criar ou fortalecer um vínculo que não tem por pretensão deixar de existir, mas fortalecer de mais em mais, de rastro em rastro. Meu agradecimento a Deus. Gratidão ao Professor Doutor Antonio Miguel por tantos anos de caminhada, encorajamento, confiança e amizade, que possibilitaram uma admiração sem fim por quem, num todo, se faz essa inigualável pessoa. Gratidão às Professoras Doutoras Anna Regina Lanner de Moura, Denise Silva Vilela, Eliana Ayoub, Sônia Clareto e Alexandrina Monteiro por tomarem parte nessa caminhada, constituindo-a, incentivando e acompanhando diversos dos passos, momentos e estágios vivenciados, além do voto na oportunidade de fazer desse trabalho uma tese. Nossa gratidão! 1 Grifo nosso. x1v5 Nossos agradecimentos aos professores Doutores Carlos Roberto Vianna, Maria Laura Magalhães Gomes e Guilherme do Val Toledo Prado pelo apoio e disponibilidade e leitura de nosso trabalho. A todos os colegas e componentes do grupo de pesquisa PHALA – Educação, Linguagem e Práticas Culturais – da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – FE/UNICAMP –, nosso agradecimento por cada oportunidade de discussões, diálogos, embates, conversas, apoios e trocas que também constituem o presente trabalho. A cada uma das crianças que compuseram lindamente o percurso dessa pesquisa, bem como a todas aquelas que permitiram a continuidade da semelhança do trabalho nos anos conseguintes, na Escola Municipal “Professora Magdalena Lébeis”, bem como a cada uma das famílias que se engajaram nessas jornadas. A cada membro de minha família, em especial à figura única de Rosimeire de Jesus, que se fez no espelho em que vi reflexos de força em cada segundo de minha existência, mesmo quando a alma insistia em desmaiar. Minha gratidão eterna e sem fim, que sempre será insuficiente. Aos membros da família Nazakids pelo incentivo de sempre. Minha família por escolha, a quem escolho agradecer pelo acompanhamento de cada domingo desse tempo de estudo em que estiveram ao meu lado. Aos amigos mais chegados que irmãos, aos quais agradeço nos nomes de Tiago Guilherme Ribeiro e Mariana Zagatto Polastro, que ofereceram mais que uma das mãos como engate, resgate, consolo, aconselhamento e encorajamento em cada momento celebrado ou desfalecido. Gratidão a Indira Olanda que, se presente fisicamente entre nós, também comemoraria, e muito! 1x6v i
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