MARCELO CÂNDIDO DA SILVO editoracontexto HISTORIA MEDIEVAL Os historiadores nunca entraram em consenso sobre os marcos preci- sos de início e fim da Idade Média: para uns, seria a queda de Romã, em 476, e a queda de Constantinopla, em 1453; para outros, o Edito de Milho, em 313, e a chegada dos es- panhóis à América, em 1492. Mas, apesar desse ponto de divergência, hoje já é comum a visão de que o pe- ríodo medieval não é marcado ape- nas por decadência e corrupção do legado antigo, depressão económica, violência sem limites, perseguições contra aqueles que ousavam desafiar a Igreja, guerras incessantes,c ome e também.peste. Se essesa spectos, sem dúvida, precisam estar presentes na caracterização do período, também devem ser contemplados: a urbaniza- ção (embora a maior parte da popu- lação vivesse no campo, foi durante a Idade Média que o fenómeno urba- no tornou-se relevante), o desenvol- vimento do conhecimento,i ncluin- do o advento das universidades (a repressão e a censura -- promovidas tanto pela Igreja quanto pelasm o- narquias em vias de centralização -- não impediram o florescimento da HISTORIA MEDIEVAL HISTÓRIANAUNIVERSIDADE GRECIA E ROMÃ P?dra /)azl/o Fn arí HISTÓRIA ANTIGA Abrófrfa L /z G adxzf/Zo HISTÓRIA DA ÁFRICA JaséR /u#/rJ 4ace2o' HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA J4arla ZÜfa Pnu2a e Gaó irai P?//ePíma HISTÓRIA DO BRASIL COLÓNIA Z /ma ]k/esgnauü HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO Car/aJE lm HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO ]Ulrl zmlD aZB/zíéc#' HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA Adarraf JUuPa#f zzza HISTÓRIA MEDIEVAL Mzrreb CZnddaü SÍ/pa HISTÓRIA MODERNA /b%Za 6ce/í Canselbod ci Cokção Paulo Miceli Unicamp Tanta Regina de Lula Unesp Raquel Glezer usp Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer média sem a autorização escrita da editora. Os infratores estão sujeitos às penas da lei. A Editora não é responsável pelo conteúdo deste livro O Autor conhece os fatos narrados, pelos quais é responsável assim como se responsabiliza pelos juízos emitidos. Consulte nosso catálogo completo e últimos lançamentos em wvpw.editoracontexto.com.br Marcelo Cândido da Silvo HÜ '". '. -';t '-l \.l Coleção HISTÓRIA NAUNIVERSIDADE editoracontexto C2:PWrlkÓ©f 2019 do Autor Todos os direitos desta edição reservados à Editora Contexto(Editora Pinskyl -tda) Fofa de capa Êpoque du Calbarisme. La vie quotidiênne dons I'insoitciancc ü !a gwrre qwep repare Simon de Mont$n. ljwiStl'lma. s. à) Montagewt de capa e áiaTawiação GustavoS .V ilasB oas PTQaração (ie tactos Ana Paula Luccisano Rwisão Bruno Rodrigues Dados Internacionais de Catalogação na Publicação(cip) Silvo, Marmelo Cândida da História medieval / Marcelo Cândido da Silvo. São Paulo Contexto, 2019. 160 P. : il. (Coleção História na universidade) Bibliograâa ISBN 978-85-520-0i38-6 1. Idade Média H.istória1 .T ítulo 11S. érie CDD940.1 19-0502 Angélica llacqua CRB-8/7057 Índice para catálogo sistemático 1. História medieval EDITORA CONTEXTO Diretor editorial: /mime Pfz2JÁy Rua Dr. JoséE llas, 520 Alto da Lapa 05083-030--São Paulo--sP PABX(:1 1 ) 38325 838 [email protected] www.editoracontexto.com.br ® i:;::.Ú"I. '.'« .:4:..''l.f). Sumário Introdução. 7 O mundo romano e os rfinos bárbaros. 15 .43 A dominação senhorial. 81 Igreja e sociedade. 115 Crises e renovações. 137 A Fabricação da Idade Média. T nP+..+nnn A nlA 157 li l lí f \f''l , { . Introdução ,{;;l??,'::;'''!Õ:'.l A Idade Média abrangeu m período de cer- ca de dez séculos,c ompreendido entre o final da Antiguidade e o início da época moderna. Essaé uma convenção cronológica, uma forma de ordenar e de classificaro tempo históri- co, ao lado da Idade Antiga (ou Antiguidade), da Idade Moderna e da Idade Contemporânea. Os historiadores nunca entraram em consenso sobre os marcosp recisosd o início e do fim da Idade Média: para uns, seria a queda de Romã, em 476, e a queda de Constantinopla, em 1453; para ou- tros, o Edito de Melão, em 313, e a chegadad os espanhóis à América, em 1492. No entanto, esse período é mais do que uma convenção cronoló- gica. Desde o surgimento do termo, no final do século xiv, não apenas eruditos e historiadores, como também historiadoresd a arte, filósofos e 8 HISTÓRIAMEDIEVAL sociólogos, buscaram identificar as características que diferenciariam "os tempos médios" da Idade Antiga e da Idade Moderna. As divergências nessep onto são ainda maiores do que na escolhad as datas que marcariam o início e o fim do período. Até os anos 1980, muitos historiadoresc onsideravama Idade Média o resultado da decadênciae da corrupção do legado antigo (instituições, cultura, costumes etc.), da depressão económica, sendo uma época marcada pela violência sem limites, por perseguiçõesc ontra aqueles que ousavam desafiar o poder da Igreja, por guerras incessantes, pela penúria, pela fome e também pela peste. Um quadro desolador, que teria como responsáveisp,r incipalmente, os bárbarose a Igreja. Os primeiros teriam destruído o Império Romano e sua civilização, sem conseguir colocar em seu lugar nada de comparável, seja em ter- mos de organizaçãop olítica e de manutençãod a paz, seja em termos de produção artística e literária ou de uma economia capazd e prover condições mínimas de subsistência.O Estado romano e a ordem pú- blica teriam desaparecidod, ando lugar a um regime no qual imperava a lei do mais forte (a aristocracia)A. cultura literária teria regredido, da mesmaf orma que a vida material. Por falta de insumos, de inova- çõest écnicas e de mão de obra, a agricultura medieval não conseguiu alimentar a população, gerando fomes constantes. O comércio e a vida urbana teriam praticamente cessado,f azendod a Europa medieval um mundo fechado às grandes rotas comerciais, situação que só teria se alterado, e mesmo assim de forma limitada, entre os séculos xl e xni, antes de entrar em colapso devido às guerras,à fome e, sobretudo, à peste. A Igreja, a instituição dominante durante toda a Idade Média, exerceu grande controle sobre todos os campos da vida social, a ponto de sufocar a brilhante cultura clássica- além do próprio comércio, por meio da condenaçãod a usura - e censurara s artes e todas as formas de expressãoe de pensamento dissidentes. [)e acordo com essep onto de vista, a época moderna teria libertado os homens da depressãoe co- nómica, por meio da expansãom arítima e comercial, e da tirania da Igreja, da superstição e da barbárie, por intermédio do avanço da razão e do restabelecimento dos laços com a cultura antiga.