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História de Portugal: Morte e Revolução: De Afonso III a João I PDF

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ÂNGELO SOUSA (AUTOR) JOSÉ SOUSA (EDITOR) HISTÓRIA DE PORTUGAL DA CONQUISTA DO ALGARVE À REGÊNCIA DE LEONOR TELES VOL. 2 História de Portugal Índice de Imagens Introdução Afonso III – Conquista do Algarve e Desenvolvimento Económico do País O Rei Lavrador – Prosperidade Económica e Fortalecimento do Espírito Nacional Afonso, o Bravo D. Pedro I D. Fernando, o Formoso Regência de Dona Leonor Teles Colecção História de Portugal ÍNDICE DE IMAGENS 1. Afonso III 2. Sancho II no leito de morte 3. São Luís curando o sofrimento de Scrofula. Pintura de Louis Licherie de Beury 4. Papa João XXI 5. D. Dinis 6. Trovadores 7. Universidade de Coimbra 8. D. Isabel de Aragão 9. Afonso IV 10. A Batalha do Salado 11. Inês de Castro 12. A Morte de Inês de Castro 13. Pedro I 14. Coroação de Inês de Castro 15. Fernando I 16. Leonor Teles e D. Fernando 17. D. João, Mestre da Ordem de Avis 18. Morte do Conde Andeiro Introdução O primeiro volume desta “História de Portugal”, da autoria de Ângelo Ribeiro, procurou apresentar os momentos cruciais da formação de Portugal. O resultado combina alianças estratégicas, guerras com objectivos bem definidos, por vezes uma intransigência fora do comum. Se o Conde D. Henrique tudo fez para gerir com independência de seu primo, Raimundo, o pequeno Condado Portucalense, o filho Afonso Henriques procurou levar ainda mais longe tais intensões de autonomia total. E nem mesmo com uma bula papal os seus desejos foram concretizados. Os reis que lhe sucederam tentaram, com sucesso assinalável, aumentar a extensão do pequeno condado, elevando-o à condição de Reino. As lutas com Castela, por um lado, e as batalhas contra a dominação muçulmana ainda maioritária na Península Ibérica, por outro, tomaram muito tempo, energias e recursos aos monarcas portugueses. Mas o Reino fez-se, afirmou-se de seu pleno direito, e chegou ao Algarve. A conquista da região a Sul da Península ditou os limites do País. O período da reconquista, no caso português, estava terminado. Chegara a altura da sua edificação plena como Nação, povoando regiões desertas, criando uma cultura e educação próprios, cunhando moeda e construindo uma economia baseada nos recursos naturais e humanos do Reino. De tudo isto daremos conta ao longo do segundo volume, novamente saído da pena sábia de Ângelo Ribeiro. Começamos no reinado de Afonso III, o Bolonhês, aproveitador na hora certa da queda em desgraça do primo Sancho II e a quem se deve a conquista do Algarve. Prosseguiremos com o rei trovador, D. Dinis, amante das artes e impulsionador da primeira grande Universidade portuguesa. Mas neste segundo volume cabe também um caso de amor terminado em tragédia. Da paixão eterna entre Pedro I e Inês de Castro e da vingança organizada pelo rei desesperado falaremos demoradamente. Tal como da tristeza de D. Fernando, por não conseguir criar filho varão que lhe sucedesse no trono. E chegaremos à governação de sua mulher Leonor Teles, a quem o povo alcunhou “Aleivosa” e que desencadeou a primeira grande revolução em Portugal, liderada pelo Mestre de Avis. A Revolução de 1383 fez subir ao poder uma nova classe social: a burguesia. Será graças ao espírito empreendedor e às capacidades de negociação que os Portugueses entrarão em contacto com novos povos, quando o projecto de Expansão Ultramarina iniciar o seu propósito. Desejos de uma boa viagem pela História deste país fascinante José Sousa (Editor) Afonso III – Conquista do Algarve e Desenvolvimento Económico do País O infante D. Afonso (depois Afonso III) chegou a Lisboa nos fins de 1245 ou princípios de 1246, munido da bula papal que lhe dava plenos poderes. A grande cidade do Tejo acolheu-o bem. A burguesia festejou-o, quando assumiu o poder com o título de procurador do reino, que alternaria com o de defensor e visitador do reino pelo Sumo Pontífice, não deixando de se dizer conde de Bolonha. Gonçalo Peres, comendador de Sant'Iago, vindo de Mértola, assegurou ao governante o apoio de uma ordem que ultimamente, com as conquistas ao longo do Guadiana, crescera em prestígio e importância política. Tudo mostra que a causa do usurpador era grata ao Sul do País. A resistência surgiu do Norte. A personagem mais representativa dessa resistência foi Martim Gil, filho do rico-homem Gil Vasques de Soverosa e de Maria Aires de Fornelos, que tinha sido amante de Sancho I. Valido do monarca, turbulento em extremo, atribuíam-se à sua influência muitas das desgraças do reino. Fora o protagonista de uma dessas guerras privadas, tão vulgares naquela época de anarquia, luta que se travara perto de Gaia, e em que o seu bando deixara mortos no campo Rodrigo Sanches, o bastardo de Sancho I, e Abril Peres, tenente de Riba-Tâmega. A lide do Porto, como lhe chamaram os historiadores, deu-se já em 1245, pouco antes da chegada de D. Afonso. Outra influência que se julgara altamente perniciosa fora a da própria rainha. Sancho II casara, quatro ou cinco anos antes, com Mécia, filha do senhor de Biscaia e viúva de Álvaro Peres de Castro. A beleza dessa mulher prendera-o de tal modo que ao enfeitiçamento atribuíam os inimigos a maneira como o rei descurava a administração. Para os chefes da revolução, e até para o conde de Bolonha, esse casamento representava uma séria ameaça. Se de resultasse o nascimento de um filho, o facto transformaria os seus planos. Ainda em França, Afonso obtivera uma bula ordenando o divórcio de D. Sancho, se fosse averiguado existir parentesco entre ele e D. Mécia. A revolução progrediu. O arcebispo e os bispos activaram a propaganda. As forças do Bolonhês atacavam os castelos cujos alcaides persistiam na fidelidade ao rei, e a zona em que se mantinham as forças régias ia-se restringindo em volta do seu centro, Coimbra. Afonso avançava com prudência e segurança. Os castelos do Norte submetiam-se-lhe. D. Teresa, a que fora rainha em Leão, viera do seu convento de Lorvão ao encontro do sobrinho, que a nação recebia como um salvador. Sancho pensava no socorro estrangeiro. Um grupo de cavaleiros rapta a rainha Mécia dos paços de Coimbra e vai encerrá-la no Castelo de Ourém. Sancho marcha para ali com os seus fiéis. A guarnição do castelo repele-o, e o monarca, batido, regressa a Coimbra. O rapto era o meio de assegurar a separação que a bula pontifícia não conseguira. Sancho recorre a Castela, não directamente a Fernando III, ocupado, no Sul da Espanha, com a guerra aos muçulmanos, mas a seu filho, o futuro Afonso X. Em princípios de 1247 as tropas castelhanas invadem Portugal pela fronteira do Côa. Os bispos portugueses fulminam a excomunhão contra o infante de Castela, que se fixa em Coimbra e sustenta combates, a sul do Mondego, com as forças do Bolonhês. Mas estas obtêm vantagem, e as tropas estrangeiras voltam a Castela. Com elas partiu o rei deposto. Toledo serviu-lhe de última guarida. Pouco tempo viveu na terra do exílio, rodeado apenas de alguns fiéis. Morreu em Janeiro de 1248. O episódio de Martim de Freitas, alcaide de Coimbra, que recusou entregar o castelo, enquanto não foi verificar pessoalmente, a Toledo, se o rei tinha realmente morrido, - é típico. Sintetiza a fidelidade daqueles portugueses que, na hora fatídica da queda, não abandonaram o monarca. Com a morte de Sancho, o usurpador torna-se o detentor legítimo do poder. Afonso III começa o seu reinado estribado em duas grandes forças – a do clero e a do povo dos concelhos. Um dos seus primeiros actos fora a confirmação de todos os foros e regalias dos burgueses de Lisboa. Das tropas concelhias se serve principalmente na luta contra o irmão e contra os ricos-homens do Norte. Em compensação será o primeiro rei português a permitir que a voz popular se faça ouvir nas Cortes gerais do reino. Feita a pacificação, o novo monarca inicia uma digressão pelo Norte. Assenta a Corte por algum tempo em Guimarães. Lisonjeia os vilãos dos concelhos, confirmando-lhes forais e assegurando-lhes protecção contra as violências de certos nobres. Em breve porém a Corte fixar-se-ia na cidade de Lisboa, destinada, pela sua situação, a ser uma capital condigna. Nos princípios de 1249, já o rei preparava a famosa expedição ao Algarve. Parece pois que esse pensamento vinha já com o conde de Bolonha antes de conquistar a coroa. O avanço das hostes portuguesas pelas serras do Algarve deu-se em Março desse ano de 1249. Secundavam Afonso III seu irmão D. Pedro – guerreiro infatigável que acompanhara Fernando, o Santo, no cerco de Sevilha e viera auxiliar o Bolonhês na escalada do poder – e Gonçalo Peres, o Magro, comendador dos Espatários em Portugal. A acção da hoste portuguesa foi fulgurante. Faro é a primeira povoação a ser tomada. Algum tempo depois, caíam, sucessivamente, Porches, Albufeira e outras terras. Finalmente, Silves. Depois da ocupação de Faro, a empresa ficara a cargo dos freires de Sant' Iago e Avis, não intervindo nela o rei, que só voltou ao Algarve no ano seguinte (1250). Repartiu então as terras conquistadas pelas ordens militares e pelos caudilhos. Afonso III levara, primeiro do que qualquer outro príncipe, os pendões cristãos às terras algarvias a oeste de Tavira. O seu direito de senhorio deveria ser incontestado. Mas não sucedeu assim. Nos últimos anos, Fernando III, o Santo, fizera uma longa e frutífera campanha contra os muçulmanos, e passara a viver em Sevilha. Daí enviou novas expedições contra outras zonas sarracenas. Num dado momento, Portugal viu o perigo de perder os territórios que lhe estavam destinados aquém do Guadiana, como prolongamento natural das terras meridionais. A expedição de Afonso III foi oportuna. A Ordem de Sant'Iago, fartamente compensada por D. Sancho II com a doação do importante território que abrangia o triângulo Mértola-Tavira-Foz do Odiel, tratou de obter bulas confirmatórias dessa doação, quando as lutas de D. Afonso e D. Sancho lhe suscitaram o receio de próximas mudanças políticas. No cerco de Sevilha, Paio Peres Correia, mestre da ordem em Ucles, pediu a Fernando III que revalidasse aquela doação, revalidação que se fez em Janeiro de 1248, mas condicionalmente, para o caso de vir a ser aquele território, com os respectivos castelos, considerado conquista leonesa. Paio Peres enfeudara-se ao rei de Castela; mas o comendador Gonçalo Peres, lugar-tenente do mestre em Portugal, tinha-se conservado ao lado do conde de Bolonha na guerra civil e fora seu auxiliar na conquista do Algarve. A questão agravou-se com o episódio seguinte: o váli de Niebla, que superintendia no Algarve, não tendo podido socorrer as terras disputadas pelos portugueses, cedeu ao infante Afonso de Castela (futuro Afonso X) os direitos sobre aquele território. Afonso III, sabendo que o infante castelhano pretendia fazer valer esses direitos, dirigiu a Fernando III enérgicas reclamações, que ele atendeu, proibindo o filho de se intrometer nos negócios do reino vizinho. No entanto, o infante, que em larga medida procedia como soberano autónomo, não hesitou em fazer guerra ao português. Mas, em fins de 1250, o rei de Portugal e o infante de Castela ajustaram uma trégua de quarenta anos, quebrada um ano depois, por morte de Fernando III (Maio de 1252). Afonso X continuava a luta contra os muçulmanos do Sul. D. Afonso, enquanto em terras francesas, prestou auxílio a Luís IX, seu primo. Pintura de Louis Licherie de Beury. E, então, pretendeu naturalmente discutir a questão da posse com o português. Não se conhecem os pormenores dessa nova guerra com Castela. Sabe-se apenas que, em Janeiro de 1253, o papa Inocêncio IV interveio, pedindo aos dois que depusessem as armas. Uma das condições do ajuste de paz foi o casamento do rei de Portugal com Beatriz, filha natural do rei castelhano. O de Portugal ficava com o senhorio das terras algarvias e o de Castela com o domínio útil, enquanto o filho primogénito que nascesse daquele matrimónio não atingisse os sete anos. O casamento realizou-se em 1253, sem que todavia houvesse sido anulado o matrimónio com a condessa de Bolonha. Em 1263 nasceu o infante primogénito, D. Dinis. Então Afonso X cede ao neto o domínio do Algarve, reservando contudo certas regalias. O reinado de Afonso III é, sob o ponto de vista da organização administrativa e económica do Estado, de uma fecundidade e importância extraordinárias. O terceiro Afonso surge-nos como um notável governante, no limiar de uma nova fase da política portuguesa, um precursor de D. Dinis e D. Fernando no formidável impulso dado à vida agrícola, mercantil e marítima do país. É nos trinta anos do reinado de Afonso, o Bolonhês (1248-1278). que tem o seu período de inteligente preparação o florescimento da economia nacional que assinala o século XIV. Beja é restaurada. Ergue-se dos escombros a antiga Contrasta, crismada em Valença do Minho. Funda-se em Viana, na foz do Lima. Numa assembleia de ricos-homens, fidalgos e juízes (1251) elaboram-se várias leis relativas à segurança das pessoas e das propriedades. Procura-se fazer cessar o velho costume da revindita, pela qual o ofendido confiava da própria espada, e não das justiças régias, o castigo do ofensor. Protegem-se os viajantes, sobretudo os mercadores. Protegem-se os trabalhadores das classes inferiores – e mesmo os escravos. Nenhum poderia receber dano ou ser morto, como revindita do malfeito pelo seu senhor. Estas medidas marcavam um progresso acentuado, tanto de ordem moral como de ordem jurídica. Passados três anos, o monarca fazia uma nova e importantíssima concessão à classe popular. Pela primeira vez eram admitidos nas grandes assembleias nacionais os procuradores da burguesia das cidades e vilas. Foi nas Cortes de 1254, reunidas em Leiria. A cúria solene ocupou-se principalmente de remediar certos males de que enfermavam os municípios e de solucionar o conflito suscitado entre o rei e o bispo do Porto. Motivo deste conflito: a velha luta de interesses entre o burgo episcopal e a vila realenga de Gaia. As classes trabalhadoras, agremiadas nos concelhos, protegidas pelos forais, desenvolviam uma actividade considerável, produtora e mercantil. Os vilãos, habitantes das cidades e vilas, eram artistas, mercadores, marinheiros, armadores, que contribuíam para o estabelecimento de um regime mais regular de impostos, para a organização de um sistema de finanças públicas. Da parte dos governadores há o desejo consciente de favorecer e dirigir esse incremento da vida económica. Lisboa e Porto progrediam e alargavam-se. Portos movimentados eram também os de Setúbal, Faro e Tavira. Nesses centros o rei mandava construir casas para alugar ou comprava casas já edificadas, que servissem de habitação e loja aos mercadores, de oficina aos mesteirais (artistas). Para prover às necessidades das terras sertanejas, instituiu feiras a realizarem-se em certas épocas e determinados locais, de modo que umas não prejudicassem as outras. A intensificação do comércio trouxera a necessidades do aumento de numerário. Era de uso, nas monarquias hispânicas, quebrar a moeda de sete em sete anos. A operação consistia em cunhar de novo a prata, juntando-lhe mais liga e conservando à moeda o mesmo valor nominal. Quando, pelos fins de 1253, constou que o rei ia quebrar a moeda, houve alarme e produziu-se uma alta de preços. Esta suscitou a publicação de uma lei em que eram taxados os preços das mercadorias e ofícios. A pedido do clero e dos homens dos concelhos, foi suspensa a ordem de alteração da moeda. Mas em 1261 o rei viu-se

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