Otto Maria Carpeaux (cid:2)Viena (Áustria), 1900 (cid:3) Rio de Janeiro (Brasil), 1978 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . História da literatura ocidental ...................... S ENADO F EDERAL ...................... Mesa Diretora Biênio 2007/2008 Senador Garibaldi Alves Filho Presidente Senador Tião Viana Senador Alvaro Dias 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente Senador Efraim Morais Senador Gerson Camata 1º Secretário 2º Secretário Senador César Borges Senador Magno Malta 3º Secretário 4º Secretário Suplentes de Secretário Senador Papaléo Paes Senador Antônio Carlos Valadares Senador João Vicente Claudino Senador Flexa Ribeiro Conselho Editorial Senador José Sarney Joaquim Campelo Marques Presidente Vice-Presidente Conselheiros Carlos Henrique Cardim Carlyle Coutinho Madruga Raimundo Pontes Cunha Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Edições do Senado Federal – Vol.107-D História da literatura ocidental VOLUME IV 3ª Edição Otto Maria Carpeaux ...................... S ENADO F EDERAL ...................... Brasília – 2008 EDIÇÕES DO SENADO FEDERAL Vol. 107-D O Conselho Editorial do Senado Federal, criado pela Mesa Diretora em 31 de janeiro de 1997, buscará editar, sempre, obras de valor histórico e cultural e de importância relevante para a compreensão da história política, econômica e social do Brasil e reflexão sobre os destinos do país. Projeto gráfico: Achilles Milan Neto © Senado Federal, 2008 Congresso Nacional Praça dos Três Poderes s/nº – CEP 70165-900 – DF [email protected] Http://www.senado.gov.br/web/conselho/conselho.htm Todos os direitos reservados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Carpeaux, Otto Maria. História da literatura ocidental / Otto Maria Carpeaux. – 3. ed. -- Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2008. 4 v. -- (Edições do Senado Federal ; v. 107-D) 1. Literatura, história e crítica. 2. Estilística. 3. Literatura e sociedade. I. Título. II. Série. CDD 809 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sumário PARTE IX “FIN DE SIÈCLE” E DEPOIS Capítulo I O simbolismo pág. 2097 Capítulo II A época do equilíbrio europeu pág. 2249 PARTE X LITERATURA E REALIDADE Capítulo I As revoltas modernistas pág. 2451 Capítulo II Tendências contemporâneas Um esboço pág. 2639 Epílogo pág. 2833 ÍNDICE ONOMÁSTICO pág. 2853 P ARTE IX “FIN DE SIÈCLE” E DEPOIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo I O SIMBOLISMO N O DIA 18 de setembro de 1886 publicou o poeta Jean Moréas no Fígaro um manifesto, definindo da maneira seguinte a poesia nova: “Ennemie de l’enseignement, de la déclamation, de la fausse sensibilité, de la déscription objective, la poésie symboliste...”, etc. O endereço era o do Parnasse, a carta dirigia-se ao naturalismo. Se o simbolismo fosse só uma reação à poesia parnasiana, seria uma revolução no copo d’água dos círculos literários parisienses. Como reação ao naturalismo, o simbolismo tornou-se movimento de importância universal. Assim como o naturalis- mo francês, o simbolismo francês conquistou dois mundos, a Europa e as Américas, conservando à literatura francesa a liderança que vinha exer- cendo desde os começos do realismo. Assim como o realismo-naturalismo produzira um romance novo, assim também o simbolismo produziu uma poesia nova; e a repercussão foi ainda maior: numa época que parecia só da prosa, o simbolismo criou um movimento poético duma força e extensão como poucos outros antes e nenhum outro depois. O movimento simbolista francês1 não começou com aquele ma- nifesto, que antes foi seu ponto culminante. Os simbolistas dispunham de 1 E. Raynaud: La mêlée symboliste. 3 vols. Paris, 1918/1922. A. Poizat. Le symbolisme, de Baudelaire à Claudel. 2ª. ed. Paris,1924. 2098 Otto Maria Carpeaux fortes razões para considerarem Baudelaire, Rimbaud e Laforgue como os seus precursores: de um movimento que incluía os nomes de Mallarmé, Verlaine, Moréas, Henri de Régnier, Samain, Dujardin, Stuart Merrill e Vielé-Griffin, além dos belgas Maeterlink e Georges Rodenbach, e cujo crítico “oficial” era Gourmont. Tinham motivos para se julgarem criadores de um novo mundo poético, caracterizado pela musicalidade do verso, pelo preciosismo da expressão, o sincretismo religioso, a evasão da realida- de comum. Mas essas características não são muito de um mundo novo, antes de um Fim do Mundo. A “musicalidade do verso”, as expressões vagas e preciosas pareciam atentados contra a suprema conquista do espí- rito francês, a clarté; com efeito, os simbolistas eram antiintelectualistas, inimigos da Razão discursiva, essa deusa do liberalismo e do radicalismo. O interesse dos simbolistas pela religião, ou, antes, por todas as formas, por mais esquisitas que fossem, da religiosidade e do misticismo, era outro atentado contra a indiferença do liberalismo em matéria religiosa e contra o ateísmo dos naturalistas. Não se tratava, com algumas exceções, de um sentimento comparável à angústia religiosa dos russos e escandinavos, mas de certo esnobismo, simpático aos aspectos pitorescos das cosmogonias e das liturgias; daí o sincretismo religioso do qual o Huysmans de là-bas e Strindberg, em sua última fase, forneceram outros exemplos. Em todo caso, isso era “reação”, assim como o evasionismo e a ênfase sobre os aspectos aristocráticos do “l’art pour l’art”. Enfim, a pretensão dos simbolistas de trazer ao mundo uma poesia nova não harmonizou bem com o sentimento de fadiga reinante entre eles, ao ponto de se proclamarem “poetas da Deca- dência”, falando de “Fin du siècle” como se fosse o Fim do Mundo. Esse decadentismo, que só é um aspecto parcial do movimento simbolista, foi, mais tarde, o motivo de muita aversão e hostilidade contra o simbolismo. Na França, os poetas “modernistas” de 1910 e 1920, desde Apollinaire, reconheceram no decadentismo a falta de vitalidade, a incapa- J. Charpentier: Le symbolisme. Paris, 1927. M. Raymond: De Baudelaire au Surréalisme. 2ª. ed. Paris, 1940. Sv. Johansen: Le symbolisme. Étude sur le style des symbolistes. Kjoebenhavn, 1945. G. Michaud: Le message poétique du symbolisme. 4 vols. Paris, 1947. K. Cornell: The Symbolist Movement. New Haven, 1952.
Description: