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História Da Filosofia: Antiguidade E Idade Média PDF

712 Pages·1990·74.812 MB·Portuguese
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GIOVANNI REALE/DARIO ANTISERI HISTÓRIA DA FILOSOFIA Antiguidade e Idade Média VOLUME I 3a edição PAULUS Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Reale, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média / Giovanni Reale, Dario Antiseri; - Sâo Paulo: PAULUS, 1990. - (Coleção filosofia) Conteúdo: v. a. Antiguidade e Idade Média. - v. 2. Do Humanismo a Kant. - v. 3. Do Romantismo até nossos dias. ISBN 85-05-01076-0 (obra completa 1. Filosofia 2. Filosofia - História I. Antiseri, Dario. II. Título. III. Série. CDD-109 90-0515 -100 Índice para catálogo sistemático 1. Filosofia 100 2. Filosofia: História 109 Coleção FILOSOFIA * O homem. Quem é ele? Elementos de antropologia filosófica, B. Mondin * Introdução à filosofia. Problemas, sistemas, autores,obras, Id. * Curso de filosofia, 3 vols., Id. * História da Filosofia - Giovanni Reale e Dario Antiseri, 3 Vols. * Filosofia da religião, U. Zilles Título original II pensiero occWentale daHe originl ad oggi © Editrice La Scuola, 8a ed., 1986 Ilustrações Alinari, Arborio Mella, Barazzotto, Farabola, Ricciarini, Riva, Stradella Costa, Tltus, Tomsich Revisão H. Dalbosco - L. Costa ©PAULUS-1990 Rua Dr. Pinto Ferraz, 183 04117-040 São Paulo (BRASIL) FAX (011)575-7403 Tel. (011) 572-2362 ISBN 88-350-7271-9 (ed. original) ISBN 85-05-01076-0 (obra completa) ISBN 85-349-0114-7 (Vol. 1) PREFÁCIO “Uma vida sem busca não é digna de ser vivida”. Sócrates Como se justifica um tratado tão vasto de história do pen- samento filosófico e científico ? Como é possível—talvez se pergunte o professor, observando a espessura dos três volumes — abordar e desenvolver um programa tão rico nas poucas horas semanais à disposição e levar os estudantes a dominá-lo? Com certeza, se formos medir este livro pelo número de páginas, pode-se dizer que é um livro extenso. Mas aqui é o caso de recordar a bela sentença do abade Terrasson citada por Kant no Prefácio da Crítica da Razão Pura: “Se se mede a extensão do livro não pelo número de páginas, mas pelo tempo que é necessário para compreendê-lo, de tais livros poder-se-ia dizer que seriam muito mais breves se não fossem tão breves.” E, na verdade, em muitos casos os manuais de filosofia seriam menos cansativos se tivessem algumas páginas a mais sobre uma série de temas. Com efeito, na exposição da problemática filosófica, a brevidade não simplifica as coisas, mas as complica e, em conseqüência, as torna pouco compreensíveis, quando não inteiramente incompreensíveis. Em todo caso, num manual de filosofia, a brevidade leva fatalmente ao “conceitismo”, a simples relacionamento de opiniões, à mera panorâmica do que disseram um por um os vários filósofos; isto é instrutivo, concede-se, mas pouco formativo. Pois bem, esta história do pensamento filosófico e científico pretende atingir pelo menos três níveis além do simples “o que” disseram os filósofos, ou seja, o nível que os antigos chamavam de doxográfico (nível de coleta de opiniões), buscando explicar “por que” os filósofos disseram o que disseram e, ademais, dar um adequado entendimento de “como” o disseram e, finalmente, inda- gando alguns dos “efeitos” provocados pelas teorias filosóficas e científicas. O “por que” das afirmações dos filósofos não é absolutamente algo simples, porquanto motivos sociais, econômicos e culturais Prefácio freqüentemente se entrecruzam e de vários modos se entretecem com motivos teóricos e especulativos. Procuramos dar um esboço do pano de fundo do qual emergem as teorias dos filósofos, evitando, contudo, os perigos das reduções sociológicas, psicológicas e historicistas (que, nos últimos anos, caíram em excessos hiperbólicos, a ponto de quase tornar vã a identidade específica do discurso filosófico) e evidenciando as concatenações dos problemas teóricos e os nexos conceituais, como também as motivações lógicas, racionais e críticas que, em ultima analise, constituem a substancia das idéias filosóficas e científicas. Buscou-se pois dar o sentido do “como” os pensadores e os cientistas propuseram suas doutrinas, fazendo uso de suas pró- prias palavras. Assim, quando se tratava de textos fáceis, a palavra viva dos vários pensadores foi utilizada no próprio nexo expositivo; outras vezes, ao contrário, se fez referência a extratos dos vários autores (os mais complexos e mais difíceis), à guisa de reforço da exposição, mas que (segundo o nível de conhecimento do autor que se quer alcançar) podem ser cortados sem prejuízo da compreensão do conjunto. Esse recurso aos textos dos autores foi dosado de modo a respeitar as necessidades didáticas de quem, de início, aprende um discurso'completamente novo e por isso necessita da máxima simplicidade e pouco a pouco adquire as categorias do pensar filosófico, amplia a própria capacidade e, por essa razão pode se confrontar com um tipo de exposição mais complexa e, portanto, compreender os diversos teores da linguagem na qual os filósofos falavam. De resto, como não é possível ter idéia do modo de sentir e de imaginar de um poeta sem ler algum fragmento de sua obra, assim, analogamente, não é possível ter idéia do modo de pensar de um filósofo ignorando totalmente o modo pelo qual exprimia seus pensamentos. Finalmente, os filósofos são importantes não só pelo que dizem, mas também pelas tradições que geram e põem em movi- mento: algumas de suas posições favorecem o nascimento de algumas idéias, mas, juntas, impedem o nascimento de outras. Portanto, os filósofos são importantes quer pelo que dizem, quer pelo que evitam que se diga. E esse é um dos aspectos sobre os quais freqüente- mente calam as histórias da filosofia e que quisemos pôr em evidência, sobretudo na explicação das complexas relações entre as idéias filosóficas e as científicas, religiosas, estéticas e socio- políticas. O ponto de partida do ensino da filosofia reside nos problemas que ela levantou e levanta; por isso, buscou-se, particularmente, Prefácio 7 expor em bloco os problemas e freqüentemente privilegiou-se o método sincrônico diante do diacrônico, embora respeitando este último nos limites do possível. O ponto de chegada do ensino da filosofia consiste na forma- ção de mentes ricas de teorias, hábeis no uso do método, capazes de propor e desenvolver de modo metódico os problemas e de ler, de modo crítico, a complexa realidade que as circunda. Eprecisamente este objetivo é visado pelos quatro níveis segundo os quais este trabalho foi inteiramente concebido e conduzido: criar nos estu- dantes uma razão aberta, capaz de defender-se em face às múltiplas solicitações contemporâneas de fuga para o irracional ou de fecha- mento em estreitas posições pragmáticas e cientificistas. E a razão aberta é uma razão que sabe ter em si o corretivo de todos os erros que (enquanto razão humana) comete, passo a passo, forçando-a a recomeçar itinerários sempre novos. Este primeiro volume divide-se em dez partes. A divisão foi feita tendo em conta a sucessão lógica e cronológica da problemá- tica tratada, mas com a intenção de oferecer aos docentes verda- deiras e exatas “unidades didáticas”, no âmbito das quais, segundo os interesses e o nível dos alunos, possam fazer as escolhas mais oportunas. A amplitude da abordagem não implica que se deva fazer tudo; deseja-se apenas oferecer a mais ampla e rica possibili- dade de escolha e aprofundamento. Entre elas, além das partes que tratam de Platão e Aristóteles, que são verdadeiras minimonografias, pela riqueza dos temas e dos problemas que contêm, destacamos principalmente as partes sobre a filosofia da época helenística e da época imperial, invariavel- mente pouco cuidadas, mas que devem ser consideradas com particular atenção, ademais porque, em relação ao século passado e à primeira metade do nosso século, o conhecimento desses perío- dos da história do pensamento progrediu enormemente e seus resultados foram claramente reavaliados. Uma parte foi dedicada ao pensamento conexo à mensagem bíblica, porque esta constituiu a maior revolução espiritual, que mudou radicalmente a proposição do pensamento antigo e constitui uma premissa indispensável para a compreensão do posterior pensamento medieval, senão do pensa- mento ocidental em geral. Até mesmo à Patrística se dedicou a atenção que o renovado interesse e os mais recentes estudos sobre este período, ademais, impõem. Todo o pensamento medieval, contido na décima parte, foi visto na ótica da problemática das relações entre fé e razão e no complexo e móvel jogo desses seus componentes. Não foram postas em relevo somente as grandes 8 Prefácio construções metafísicas, como as de Anselmo, Tomás e Boaventura (aos quais são dedicados tratamentos aprofundados, com desen- volvimentos originais), mas foram tratadas com particular atenção também as problemáticas lógicas, tendo presentes as mais recentes aquisições historiográficas. São vistos, assim, sob nova luz pensadores como Boécio e Abelardo, bem como a clássica problemática dos universais. Fi- nalmente, especial relevo é dado ao fermento da última escolástica. Conclui o volume um apêndice abrangendo, como comple- mento indispensável, as tábuas cronológicas sinóticas e o índice dos nomes. Foi preparado pelo professor Cláudio Mazzarelli que, unindo a dupla competência de professor, de longa data, e de pesquisador científico, procurou fornecer o instrumento mais rico e, a um tempo, mais funcional. Os autores expressam uma grata recordação em memória do professor Francisco Brunelli, que idealizou epromoveu a iniciativa desta obra. Estava encarregado de providenciar a execução tipo- gráfica do projeto, pouco antes do seu imprevisto desaparecimento. Um vivo agradecimento ao doutor Remo Bernacchia, que conduziu a iniciativa a seu termo, favorecendo e tornando reali- záveis as numerosas inovações constantes da presente obra. Um vivo agradecimento à Editora Vita e Pensiero, por ter concedido a utilização de muitos resultados da História da Filo- sofia Antiga (em cinco volumes), de G. Reale. Ademais, nossa particular gratidão à doutora Clara Fortina que, na qualidade de redatora, empenhou-se pelo melhor resultado da obra, bem além dos seus deveres de ofício, com dedicação e paixão. Os autores desejam assumir em comum a responsabilidade da obra inteira por terem trabalhado juntos (cada um segundo sua própria competência, sua própria sensibilidade e seus próprios interesses) pelo melhor resultado de cada um dos três volumes, com plena unidade de espírito e de objetivos. Finalmente, os autores agradecem à autora Maria Luisa Gatti, que revisou cuidadosamente as provas da segunda edição italiana. Os Autores Primeira parte AS ORIGENS GREGAS DO PENSAMENTO OCIDENTAL ‘É a inteligência que vê, é a inteligência que escuta — todo o resto é surdo e cego.” Epicarmo Rosto atribuído a Homero (séc. VIIIa.C.), que a tradição considera o autor da Ilíada e da Odisséia, obras consideradas como a base do pensamento ocidental.

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