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História da Análise Sociológica PDF

468 Pages·1980·16.38 MB·Portuguese
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Tom Bottomore e Robert Nisbet L Pi ORGANIZADORES r HISTORIA DA .. aNIUSE SOCIOlOGICA ~ Traduc;ao de WaJiensir Dutra I!IleL rOT£CII !IITITUTo Di F/lOSOFIA f CIfNC"S HUIlAbt 1!IQ~au nD ZAHAR EDITORES D Rio de Janeiro \ ~ ;30}·og '/ bibc2Q Titulo original A History of Sociological Analysis '!C. f)J . Traduc§.o autorizada da primeira edicao norteRamericana, puhlicada ~\ em 1978 por Basic Books Inc., Nova York, EUA ;'!i iudice rFCi+- Copyright @ 1978 by Basic Books, Inc. lNrnoom;';A'O - Tom' iJottomore e Robert Nisbet ........... . 7 A II rights reserved 1 0 PENSAMENTO SoCIOLOOlCO NO SEClJLO XVIII - Robert Bier~ . ................................................ .. Direitos reservados. stedt , ,. 19 Proibida a reproducao (Lei n.o. 5.988) 2 'I'EoRJAS DO PRoGRESSO, DESENVOLVIMENTO E EVOLU<;AO - Ken~ neth Bock ........................ ........................ . 65 ___ - Capa: 3 CoNSERVANTISMO - Robert Nisbet ...- ....................... 118 ERICO ~ '.r.t-t4 ! ~. 4 MARXISMO E SoCIOLOGJA - Tom Bot/omore ............•.... 166 -,. A Forma!;ao do Pensamento de Marx, 166; 0 Desenvolvimento 1 '5'& do Marxismo. 175; A Hegemonia Bolehevique, 181; 0 Renasci~ 1"') mento do Pensarnento. -187 ;5 '-l <6 3 A SoClOLOGIA ALEMX A BroCA DE MAx WEBER - Julien Freund 205 - (;- pJ OCbco~ ~ " Ferdinand Tonnies. 209; Georg SirnmeI. 215; Max Weber, 223; o Periodo dos Epfgonos, 246 ot) 6 EMlLE DURKHEIM: - Edward A.- Tiryakian ..................•, 252 - \ 0J 0 POsrrrVISMO E SEllS CRincps - Anthony_ Giddens ..•....... 317 - $'" Comte, 319; A Influeneia' de Comte. 324; 0 Positivismo L6- gieo e 0 Empirismo Moderno. 332; A Fiiosofia Positivista e a 1980 '. SOciologia Moderna. 338; A Fnosofj~:' da Ciencia P6s-Positivista, \:' Direitos para. a lingua portuguesa adquiridos por 344; A Critiea do Positivismo na Filosofia de Frankfurt, 351; ZAHAR EDITORES S.A. Y Comentarios sobre a Filosofia da Ci~ncia Natural. 358; As Ciencias Naturais e Sociais., 366 . CP 207 (ZC.OO) Rio de Janeiro que se reservam a propriedade desta versao I I) ~8 TENDENClAS AMERICANAS - Lewis A. Coser ................ . 379 Composto e impresso por Tavares & Tristao - Gnifica e Editora de Fervor Moral e Reforma Social. 379; 0 Ambiente da Refor~ Livros Ltda" it Rua 20 de Abril, 28, sala 1,108, Rio de Janeiro, R.J., rna, 381; A Sociologia Torna~se uma DiscipIina Aeademica. 384; para Zahar Editores Sumner e Ward. 386; Ross e Veblen, 395; Cooley e Mead. 402; Impresso no Brasil Thomas e Park, 409 I. 6 IDSTORIA DA ANALISE SOCIOLOGICA ir- 9 o FUNCIQNALlSMO - Wilbert E. Moore ........•........... 421 o Problema das Origens, 424; A Perspectiva dos Sistemas, 429; Funcionalismo Estrutural, 439; A Perspectiva Neo-Revolucio fl naria, 450 10 TEoRIAS DE A<;AO SOCrAL - Alan Dawe <-< '.' •••••••••••••••• 475 11 A ThORIA DA ThOCA - Harry C. Bredemeier •..••.••.••.••.• 547 ( A Natureza da Teoria. '548; Acao Individual. 552; Aspectos da Troca, 563; Modos de Coordenacao, 571; Complexidade e Meios Introdu~ao Intervenientes, 577; Os Sentimentos Morais, 577; Os Colapsos, 583 "\f.)12 INTERACIONISMO - Berenice M. Fisher e Anselm L. Strauss .. 596 TOM BoTrOMORE eROBERT NISBET Uma Breve Cronologia. 598; Fundamentos Hist6ricos. 600; Pressuposi~6es: Mudanca. Racionalidade, Criatividadt: Associa ~iio. Liberdade e Coa9ao. 602; Thomas e Park, 604; Sucessores Sociol6gicos, 619; 0 Aspecto Meadiano do Interacionismo, 629; A ideia deste Iivro surgiu principaimente do interesse que hi Criticas e Rea!;oes, 632; Outras Tendencias, 635; Cinco Areas muito os dois organizadores tinham pelas diversas formas tornadas Problematicas, 636 pela Sociologia como disciplina intelectual, embora se tenha ins {@, pirado mais imediatamente nas reflexoes sobre a eontribui<;ao feita 13 FENOMENOLOGlA E SoCIOLOGfA - Kurt' H. Wolff .....•.....•. it hist6ria da Economia por J. ASchumpeter, em History of 'J Fenomenologia. 651; Criticas da Fenomenologia~ 659; Fenome Economic Analysis. Examinando as hist6rias existentes da Socio nologia e Marxismo, 662; Schutz, 670; Fenomenologia e Socio-. logia, compreendemos que, apesar de muitos. estudos esc1arecedo logia, 677; Etnometodologia, 692 res sobre pensadores au epis6dios isolados. faltava um trabalho geral que mostrasse, com a mesma riqueza de detalhes do livro _14 ESTRUTURALISM:O Tom Bottomore e Robert Nisbet ....... . 727 de Sehurnpeter, como a amilise sociologica se desenvolveu, como Estruturalismo Frances, 729; Estruturalismo Alemao, 764; Es os varios esquemas te6ricos foram elaborados e rnodificados, qual truturalismo Recente. 769 a relac;ao que tern entre 'si, como os debates teoricos surgiram, es tenderam-se e foram finalmente resolvidos ou postos de lado. 15 EsrRATIFICA{,:AO SocIAL - Frank Parkin .••.•......••...•.... 780 'Quando passamos a examinar co"mo essa historia poderia ser Classe e status, 783; Propriedade, 791; 0 Estado, 802; Etnici eserita, pareceu-nos' evidente que' 0 "ambito excepcionalmente amplo dade. 807; Genero, 815 da amilise sociologica - preteridendo, como pretende, abarear a \ vida social Heorno urn todd' - e a enorrne diversidade das 16 PODER E AUTORIDADE - Steven Lukes .................... . 823 ,no orientac;6es teoricas, que aumentou nos ultirnos anos, tornava aconselMvel uma ohra coletiva, na qual as diferentes teorias 17 ANALISE SOClOL6GICA E PoLinCA SOCIAL - James Coleman .. , 881 seriam exarninadas de maneira exaustiva por estudiosos com in Teorias do Papel Social da Sociologia, 882; Modema pesquisa teresse e cornpetencia especiais' em' cada area. Mas julgamos tam de Politica Social, 903; Pesquisa de Polftica Social nas Decadas bem ser essendal complementar esse exame do que se poderia de 1960 a 1970, 906 chamar de uescolas te6ricas" com '.'duas outras form,as' principais de estndos: urna, relacionada Com as varias orientac;oes rnetodo16- iNnICE ONOMASl1CO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 917 gicas de urn carater muito geral, que coexistiram durante toda a historia de nossa disciplina, encontraram expressao em diversos iNDICE ANALmco ................•..............•......•....... 927 esquernas teoricos e derarn origem, ocasionalmente, a debates me- 8 HlST6RIA DA ANALISE SOCIOL6GICA INTRODUgAO 9 "!:odo16gicos importantes; a Dutra, relacionada com certas quest6es importantes foi sem duvida '0 conceito 'novo e mais preciso da teorkas amplas - a significa<;ao do poder e estratifica<;ao, a rela '-'sociedade" como objeto de '"estudo, bem distinto do Estado e do <;ao entre a amilise socio16gica e a vida social pratica - com as setor, 'politico em geral,2 bern: COmo de uma vaga hist6ria universal fl quais tadas as principais escolas de teoria socio16gica se tiveram da humanidade e das historias' individuais de "povos", "Estados" de haver. Finalmente, consideramos utH incluir, como tipo de ou Hciviliza<;-oes". :A ideia" de Hsodedade" foi desenvolvida em exemplo especifico, uma exposi~ao sabre certos aspectos da anaH· amilises da estrutura social; sistemas sociais e institui<;-6es sociais se socio16gica nos Estados Unidos, cude a Sociologia se desen· que formaram 0 nucleo central' da' teoria . socio16gica pel0 menos volveu mais rapida e amplamente do que em qualquer autro Iugar a partir de Marx; e todas as diferentes escolas de pensamento que e, em conseqiiencia, teve grande influencia hist6rica. r exam-inamos neste volume sao outras- tantas tentativas de definir A concep<;ao inicial deste livro baseou-se tambem numa dis· os elementos fundamentais 'da estrutura' social - tanto Os que sao tin<;ao bastante rigorosa entre a analise socio16gica e 0 pensamen· universais como os que tern urn car<lter historico particular - e to social num sentido mais amplo. Nossa inten<;ao nao foi apre. . I' oferecer algumas explica-<;oes au interpreta<;-oes da unidade e per~ sentar, nem mesmo rapidamente, urn panorama hist6rico do de .. sistencia das sociedades, bern COmo ,de suas tensoes internas e de senvolvimento do peIlsa111e.1}~o sobre .a._ ;s9ciedade e situar a Socia. . seu potencial de transforma<;-ao. logia nesse contexto, e sim delinear 0 aparecimento e desenvolvi. . Constituida como disciplina cientifica por essa defini<;ao de mento de uma Hciencia nova", que tern sido urn irnportante elernen~ seu objeto, a Sociologia, embora vasta, canhestra e passivel de con~ to na hist6ria das Ciencias Sociais modernas desde 0 secul0 ceituru;oes extremamente variadas, desenvolveu-se de uma maneira XVIII. N ossos colaboradores nao ignoraram totalmente os pre I. que pode ser considerada: como razoavelmente normal, apesar do ctirsores, mas, como nos, con¢entraram' sua atem;ao, firmemente, ( desenvolvimento continuado de paradigmas alternativos e da .¥ n~ ·Sociologia como dericia, te6ric;a e empirica, _q ue_ s6 assumiu uma controversia teorica entre seus defensores, atraves da acumula<;-ao fqrma definida nos dois ulti~os seGUlos, e mais especialmente no de urn corpo ordenado de conhecimento resultante da pesquisa em~ atual seculo. Essa distin.,ao, eutrea pensamento social - cuja pirica, dirigida por um ou outro ,paradigma, e atraves da espe~ ,histor.ia e equivalente a hist6ria' da fltimani9.ade - e a anaJise so .. cializa,ao da pesquisa. Nesse progresso, compreendendo 0 que pre~ e d916gica, examinada de va1;ias marieiras: nos primeiros capitulos tende ser uma descri<;-ao e avalia<;ao imparcial e critica das teorias peste livro, mas exige pelomenO,suma e'qiosi<;ao preliminar, aqui. e uma cole<;ao e disposi<;ao objetiva de dados empiricos, bit, na e ~~~o Schumpeter em sua; disql$_$~O .da Economia, temos de in- verdade, varios aspectos insatisfatorios. Um deles a coexiste:n~ e ,dagar ,se a Sociologia ~ll1Gt c~_~nd~,;_ 'e, htmbem como ele, temos cia, em longos periodos de tempo, de 'uma multiplicidade de para. . de reconhecer que a propria: ideia'de .analise, sociol6gica, de uma digmas, sem que nenhum de1es predomine claramente; dai poder~ ~i~n~ia socio16gica, e, sob .certos, ~spedos, obscura, parcialmente se dizer, de urn lado, que- nenhuma teoria socio16gica chega pro~ ocuftapelo po e a fuma<;ade"muitasbatalhas, algumas das quais priamente a morrer, mas -entra -em '~coma", sendo sempre capaz ha contim,lam sem esmorecimento ate hoje', .Nao e este 0 lugar para de urn despertar subseqiiente; e, -por Dutro lado, que nao ure~ entrarmos em detalhe sabre as cotitrov.ersias da filasofia da den- volw;6es cientificas" reais nas_ quais um paradigma reinante seja cia relacionadas com a natur~za' _d a_' '~i~nchi em geral; sua separa. . inequiwcamente deposto e outro se torne soberano. Uma segunda e <;ao da nao-ciencia, 1 e 0 carater particular e os problemas das , caracteristica a proximidade entre 0 conhecimento cientfficO pro~ Ciencias Sociais, alguns dos qu,ais sao -examinados sob varios as" .p. duzido pela Seo ciologia- e '0, conhecimento ordinario do senso co- pectos nos ultimos capitulos, c~nn referencia a determinadas mum, 0 que por vezes proc1amado de maneira extrema p""las re~ a opinioes teoricas, e 'tratados. . n~ais diretamente no capitulo sobre ferencias "obviedade" das teorias e- investiga<;oes socio16gicas, o positivismo. Podemos, agon~,t aborda~ a_ qu'esHio observando al- quando despidas de sua tamida protetora de 5arga03 gumas das caracteristicas que ~onstituern a analise socio16gica como Essas duas caracteristicas expHcam grande parte do descon "r uma forma sistematica de indaga<;ao, _d ispondo de uma serie ca .. tentamento que, os proprios'\soci610gos -experimentam par vezes ,em ~ rp.cteristica, embora variada, de conceitos e metodos de pesquisa. rela<;ao ao estado, e ao progresso, de sua discipJina, Nao obstante, A abertura do pensamento social q.ue produziu a Sociologia elas nao devem ·ser exageradas. -As c6nstatac;oes -da pesql1isa so. pode ser interpretada de varias 'rrianeiras e foi, certamente, produto ciol6gica nem sempre sao truismos: na verdade podem opor-se as de muitas influencias diferentes; mas urn de seus aspectos m·ais convic<;:oes do .senso comum -ordinario, sobre urn determinado as-- 10 INTRODU<;AO 11 H1ST6R1A DA ANALISE SOCIOL6GlCA! sunto, ou podem confinnar uma concIusao "6bvia" contra Dutra, e provocaram uma grande expansao das investiga~5es SOCIalS em contradit6ria mas igualmente "6bvia'Y e generalizada, Oll podem piricas. Nao pode haver duvida de que ·essas realiza~5es represen tarn um avallC;0 considenivel -aIem das formulac;oes mats especula proprocionar conhecimentos de fenamenos que nao foram devida ~-., mente observados pele senso: .comum. 0 mais importante para 0 " tivas de Saint-Simon e Comte, ou dos, pensadores conservadores e de principios do seculo XIX, por mais importantes que tenham tema deste livro 0 fata de que a analise sociologica, mesma que tenha sua fonte original numa visao de -sensa comum da intera<;:a.o sido como precursores. Edward Tiryakian observa que 0 projeto da vida de Durkheim era estabelecer .a Sociologia como uma cien humana, naD s6 contribui para urn entendimento sistematico, am a cia rigorosa, e que ele "proporcionou disciplina seu primeiro pIa e rigoroso, mas -tambem transforma nosso conhecimento do paradigma cientifico abrangente",4 mas isso se poderia dizer tam munde social pelas snas novas conceituac;6es. A analise de Marx I bern, com pequenas modifica<;6es de termos, da obra de Marx, que sobre a produ<;ao de mercadorias, 0 estudo de Max Weber sobre ha muito demonstrou - nao obstante os periodos ocasionais de as relac;6es entre a etica protestante e 0 capitalismo, a concepc;ao "modorra dogmaticaH entre os pr6prios' marxistas - aquela ca de Durkheim sobre as bases da solidariedade social e a analise es pacidade de criar novos problemas: de pesquisa e provocar con trutural do parentesco, tudo isso proporciona urn novo conheci e troversias cientificas, que uma das indicac;6es do vigor de um mento que nao era antes parte da visiio do mundo oferecida pelo va paradigma cientifico. sensa comum, e que em parte fai rnais tarde incorporado, de Mas pode parecer que a pergunta mais irnportante a ser feita, rias maneiras, ao conhecimento cotidiano. e em relac;ao ao progresso da analise sociologica, se houve, desde Os problemas criados pela multiplicidade dos paradigmas na a epoca brilhante na qual as bases da disciplina foram estabeleci Sociologia - amplamente revelados no presentc volume - podem das, qualquer progresso definitivo seja na formulac;:ao de uma ser exarninados de varias aspectos. Evidentemente, as varios pa radigmas concorrentes surgem dentro de uma arena -intelectual de :~ teoria geral ou de teorias mais lirnitadas sobre fenamenos sociais particulares, e na critica e rejei<;ao de teorias rnais antigas. Em finida, e pelo menos sob esse aspecto pressup6em urn acordo am e nossa opinHio, essa questao de grande complexidade, e nao pode plo, embora mais implicito do que explicito, sobre 0 que eonstitui e ser respondida de maneira simples. De urn lado, perfeitamente o dominio especifico e os problemas da Sociologia. N a medida em ha evidente que os tipos de analise sociol6gica representados pelas que issa 000 ocorre - e controversias de grande a1cance evi obras de Marx, Weber e Durkheim ainda possuem autoridade e dente sobre a natureza e a validade da Sociologia em si, ou de influencia e esHio longe de terem sido postos de lado. Urn dos qualquer ciencia social geral - entao nao podemos pretender que e aspectos cia situa<;ao que ainda nao surgiu no seculo XX nenhum exista uma concep~ao universalmente aceita do ohjeto da analise paradigma que avance clararnente alem daqueles que foram pro sociol6gica, que proporcione 0 eontexto de toda disputa te6rica. duzidos na chamada "idade de ouro" da Sociologia. A abordagem Essa incerteza, a preseu«;a latente de imagens radicalmente opos tas, ou incomensur<:lveis, do homem e da sociedade, como pano de mais pr6xima desse paradigma provavelmente sera 0 funcionalis mo estrutural das decadas de 1940 e 1950, mas isso nao repre fundo de diversos esquemas te6ricos, oferece dificuldades serias sentou uma reforrnulac;ao geral da teoria sociol6gica, pois ernbo em rela<;ao it solu<;ao de desacordos, it passagem de urn paradig a ra incorporasse (especialmente na obra de Talcott Parsons) al rna para outro, au avalia~ao do progresso cientifico na Socio guns irnportantes conceitos te6ricos de Weber e Durkheim e logia. Sera realmente passivel falar de progresso? Gostariamos. sem procurasse ir ah~m deles na forrnula<;ao de urn novo esquema con {\ ceptual, nao confrontou diretarnente seja a teoria marxista, ou duvida, de afirrnar que 0 desenvolvirnento inicial da Sociologia rc outros tipos menos destacados do pensamento sociol6gico, nem presentou urn progresso claro no estudo da sociedade humana pela tentou inc1ui-Ios em sua sintese. Esse exempl0 indica, porern, uma sua defini<;iio mais clara do objeto do estudo e sua formula~ao de novos temas e problemas de analise. E a partir de meados do j das maneiras pelas quais as teorias $ocio16gicas sao formuladas e I reforrnuladas, pois a ascensao e subsequente dec1inio do funciona seculo XIX ate principios do seculo XX - nas obras de Marx, ~. lismo estrlltural podem ser considerados como uma oscilac;ao entre Weber e Durkheim - surgiram constru~oes te6ricas ousadas, I duas enfases contrastantes no estudo da sociedade hllmana - da exposic;5es incisivas de metodo socio16gico e importantes estudos I continuidade estrutural, interliga<;ao, unidade cultural; ou da des de elementos fundamentais na estrutura social que, em conjunto, a continuidade, propensao rnudan<;a e interesses e valores confli- fizeram da Sociologia urn modo rigoroso de indaga~ao cientifica 12 HlSTORIA DA ANALISE SOCIOLOGlCA lNTRODut;AO 13 tantes - no curso das quais, porem, Uffia maior c1areza e siste tambem a outros campos de indagac;ao considerados em outros matiza<;ao conceptuais podem- ser conseguidas.5 No toda, porem, a capitulos deste volume -..:.. a contribuic;ao de pensadores posteriores ., a processo pade parecer--mais dc1ico do que linear; e no caso espe se parece ter Iimitado modifica<;ao, de varias maneiras, das prin a cHico do funcionalismo as dificuldades e criticas que levaram ao ,-' cipais teorias formuladas numa epoca anterior e introdu<;ao de seu dec1inio - mas nao desaparecim-ento - estavam intimamen novos elementos que devem ser levados em conta, como por exem te associadas ao renascimento do' marxismo como teoria socio16gi plo a significac;ao da etnicidade e genero na estratificac;ao social. o ca de importancia, e nao com 0 aparecimento de uma teo ria nova progresso que ocorreu relacionou-se principalmente com 0 aper on de urn paradigma mais geral qile daria uma orienta~ao total fei~oamento e as modificac;6es de teorias existentes, sem inovac;6es a mente nova amilise socio16gica. te6ricas notaveis ou a absor<;ao de teorias rivais numa concep<;ao Mesma que, como nossa ar:gumenta~ao sugere, seja impassi mais ampla. Ao mesmo tempo, pode-se dizer, sem exagero, que vel demonstrar 0 apafecimento, pelo menos em epocas recentes, de certas anaJises mostraram-se pouco uteis e foram em grande parte quaisquer mudan<;as importantes de paradigmas que ten ham trans postas de lado, de modo que, como observa Parkin: e dificH H ••• farmada todo 0 campo de indaga~ao, continua havendo a possi imaginar 0 aparecimento de urn novo equivalente da escola de bilidade de que urn progresso significativo tenha ocorrido no de estratifica<;ao, de Warner". 7 senvolvimento de algumas teorias particulares. Sem duvida, como Mas se, como a discussao anterior sugere, nao houve revolu muitos dos capitulos seguintes mostrarao, houve progresso no es c;:5es cientificas de exito na Sociologia no ultimo meio seeuIo, houve c1arecimento e reformula~ao de conceitos fundamentais. na elimi sem ·duvida varia<;6es bastante acentuadas nas maneiras de abor. .. na<;ao de outros que nao suportaram 0 exame critico (por exem dar a materia enos tipos de problemas examinados, como se nota, pIo, algumas analogias organicas) e na revisao de proposi<;6es de por exemplo, pela ascensao e queda do funcionaIismo e pela cres rivadas de teorias especificas. Mas houve tambem uma tendencia cente influencia, nos ultimos anos, do marxismo e da fenomenolo .. de que 0 trabalho em qualquer estrutura teorica se desenvolvesse gia. Devemos indagar, portanto, como ocorrem essas variac;6es e, mais ou menos da mesma maneira pela qual se desenvolve 0 tra em particular, examinar se esses movimentos de pensamento nao tern balho relacionado com as paradigmas "mais gerais, ou seja, produ sua fonte tanto nas mudanc;as que estao ocorrendo no ambi .. zindo concep<;6es aiternativas que passam a coexistir sem qualquer ente· social e cultural como nos debates e descobertas te6ricos na solw;iio efetiva das diferenc;as entre elas. Sociologia como discipIina cientffica. e e Um born exemplo proporcionado pelo desenvolvimento do Uma das maneiras de colocar essa questao perguntar se a pensamento marxista nas ultimas decadas; caracterizados certa hist6ria da analise socio16gica nao e, afinal de contas, simplesmen mente por debates te6ricos muito intertsos, por algumas nobiveis te uma· hist6ria de ideologias, retratando as varias e mutaveis reinterpreta<;6es do metoda de Marx, e por muitas amilises con tentativas· de expressar num corpo de pensamento social, ou mima a ceptuais esc1arecedoras, esses estudos levaram forma<;ao de va visao do mundo, os interesses economicos, politicos e culturais dos a rias Hescolas" marxistas nitidamente demarcadas, e nao consoIi diferentes grupos sociais enga jados em lutas sociais praticas. Tal da<;ao de uma unica teoria marxista, cientificamente mais avan<;ada. COllCep<;ao parece ser mantida implicita ou expIicitam~nte por Dificuldades semelhantes no estabelecimento de urna linha de varios estudiosos dedicados ao exame da hist6ria da Sodo1ogia ou avan<;o dara surgirao se passarmos do exame de esquemas teori da filosofia .d as Ciencias Sociais, mas urn exame adequado dessa cos especificos, como 0 marxismo ou 0 fUl1cionalismo, para 0 estudo questao exige, em primeiro lugar, a discussao do conceito de das diversas e sucessivas marieiras de analisar determinados '" ideologia, em si mesrno suscetivel de interpreta<;oes diversas. Na a fenomenos sociais. Como Frank Parkin observa com respeito teoria de Marx, a ideologia refere-se aos simbolos e formas de estratifica<;ao social, a teoria do assunfo - nao tern hist6ria, no pensamento necessariamente presentes nas sociedades divididas em H ••• sentido de urn corpo cumulativo de conhecimento com urn padrao de classes, 0 que deforma e oculta as relac;6es sociais reais e dessa desenvolvimento, de uma situ~a<? rnais primitiva para outra mais maneira contribui para manter e reproduzir a ascendencia da e I sofisticada", e H ••• a maior parte daquilo que considerado hoje J( classe dominante. Nao obstante, ha tambem fon:;as contrabaIan~a­ como teoria de c1asse ou estratifica~ao tern suas origens quase que doras, mais particularmente nas modernas sociedades capitalistas, e exclusivarnente nos escritos de Marx e Engels, Max Weber e da e uma delas a capacidade de resistencia das classes dominadas, I esc-ola de Pareto-:iYIosca".13 Nesse caso, portanto - e isso se ap1ica pelo menos ate certo ponto, e atraves de urn entendimento de sua 14 HISTORIA DA ANALISE SOCIOLOGICA 15 INTRODU~AO propria expenencia cotidiana, it influencia da ideologia predomi e Como esta amilise indicou rapidameute, a ideia de que a ami nante; Qutra, 0 progresso da ciencia, inclusive a ciencia socjal, lise sociol6gica e essencialmente ideol6gica foi apreseutada de ma que torna possivel a revela<;ao do verdadeiro estado de coisas, que neiras muito diversas, indo de uma Sociologia do Conhecimento a ideologia disfan;a. 0 contraste entre ideologia e uma razao ou ~f f.-' ate uma Filosofia da Rist6ria hegeliano-marxista. Mas essas con entendimento humane universal, especiatmente 0 contraste entre a cepc;6es sao, em si mesmas, problem,aticas assim, uma Sociologia ideologia e a ciencia (como a forma mais desenvolvida da razao), do Conhecimento pressup5e uma Sociologia nao-ideoI6gica, en e urn elemento essencial da teoria de Marx. IS50 se dernonstra quanto uma teoria filos6fica da hist6ria suscita todos os problemas melhor em sua amilise da produ<;ao de mercadorias que tern como da teleologia - e nenhuma delas mostrou de maneira convincente objetivo mostrar, pela investiga~ao cientifica, as verdadeiras re que nao se pode estabelecer uma distinc;ao valida entre 0 pensa la<;5es sociais na sociedade capitalista, que estao por tfas das mento ideo16gico e uma ciencia da sociedade. 0 que elas sem aparencias expressas na ideologia. Desse ponto de vista, uma duvida conseguiram foi dar-nos uma consciencia mais clara das descri<;ao da Sociologia - uma presuntiva ciencia da sociedade varias maneiras pelas quais a ideologia, qualquer que seja a forma - apenas como ideologia, nao tem senti do. Todas as ciencias, e em que e concebida, pode fazer parte de paradigmas sociol6gicos, ~ todas as outras manifesta<;5es da vida intelectual e cultural, podem e da! a necessidade de examinar teorias e paradigmas nao so do ser influenciadas pela ideologia, mas nao obstante hi urn cresci ponto de vista de sua coerencia interna e de seu desenvolvimento, menta relativamente autonomo e autentico do conhecimento cien mas tambem em sua rela<;ao com seu contexto social mais amplo. tifko. Acima de tudo, e 0 desenvolvimento da ciencia sodal que Essa visao, aplicada a hist6ria da ciencia em geral, tornou-se e nos permite distinguir 0 que ideologico, e critica-Io. mais conhecida desde a obra de Kuhn, e tern,. obviamente, uma Ra, porem, outra concepc;ao da ideologia, elaborada de ma {I relevancia' especial para as Ciencias Sociais, devido ao carater mar neira mais completa por Karl Mannheim, segundo a qual as cante de sua liga<;ao com os interesses e valores que surgem na Ciencias Sociais sao inevitavelmente ideo16gicas. 0 que produzem vida social prittica. A hist6ria de. qualquer ciencia e importante nao sao teorias cientificas que possam ser testadas e avaliadas para proporcionar urn rnelhor entendirnento de seu desenvolvi racionalmente, embora encerrern elementos como dados empiricos mento te6rico, e da! as atuais teorias, estimulando novas id:€ias e e sistematizac;ao racional, mas doutrinas, que formulam os inte transrnitindo 0 sentimento de uma atividade continuada de inda resses e aspira<;6es de varios grupos sociais, entre os quais na<;-6es, ga<;ao, atraves da qual ocorre urn crescimento do conhecimento grupos etnicos e grupos culturais, bern como classes sociais. Desse gradativo, ou ocasionalmente subito e dramatico. Com freqiiencia, ;;: ponto de vista, os movimentos do pensamento na Sodologia de e atraves do reexame de tentativas anteriores de resolver urn de pendem do que acontece na sociedade e na cultura, e 0 cresci terminadci problema que se fazem novos progressos. Essas consi mento e 0 minguamento das teorias sociol6gicas devem ser expli derac;6es aplicam-se evidentemente a hist6ria da amiHse sociologica, cados pela oscilante fortuna dos diferentes grupos sociais em sua mas alem disso ba outros beneficios a serem obtidds. Primeiro, incessante competic;ao e confUto. Essa ideias nao sao alheias a urn estudo historico que leve em conta 0 contexto social e hist6- certas formas do pensamento marxista: Gramsci e Lukacs con rico em· que urn corpo de ideias teoricas se desenvolveu deve per- ki ceberam 0 marxismo como uma visao do' mundo, como a cons mitir-nos discriminar mais precisamente entre a evolu<;-ao dos con- ~ ciencia da classe opera.ria que se desenvolve historicamente, e nao ceitos teoricos e as proposi<;-oes em si, e a influencia que sobre elas como um·a ciencia da sociedade; e os pensadores da escola de exercem os varios interesses sociais e culturais - ou, em outras Frankfurt, de uma maneira muito diferente, criticarn a pr6pria j"'" palavras, distinguir entre 0 conteudo cientifico e 0 ideologico de Sociologia - na forma assumida como urn elemento no cresci urn sistema de pensamento sociol6gico. Segundo, porque os objetos mento da ciencia moderna - como uma ideologia Hpositivista" que da analise sodn!6gica inc1uem nao s6 as caracteristicas uni tern sua fonte nas relac;6es sociais espedficas estabelecidas numa versais das sociedades humanas, mas tambem os fenomenos his sociedade capitalista, ao mesmo tempo que assumem uma posi<;-ao t6ricos e em mutac;ao, uma historia das varias abordagens e teorias \ pr6pria sobre uma "teoria critica" que envolve nao so uma critica 'I reve~a as propor<;6es nas quais muitas delas, pelo menos em alguns geral das ideologias, mas tambem a afirma<;ao de umaconcep<;ao I aspectos, tern urn ambito restrito e especifico no trato dos fatos filos6fica distinta, que relaciona toda indaga<;ao social com 0 obje I e problemas de periodos hist6ricos particulares. Sob esse aspecto, tivo da emancipac;ao humana. S porem, pode haver diferenc;as substanciais entre teorias nas dife- j 16 HlST6RIA DA ANALISE SOCIOL6GICA INTRODUqAO 17 rentes areas da Sociologia. Por exemplo, pode-se sugerir que a predominios Hregionais" de Sociologia europeia. e norte-america. .. continuada importancia das teorias de classe e estratifica~iio do na na disciplina como um todo. Mas quem pode preyer, com aI seculo XIX se deve ao fato de ter havido relativamente pouca -,-,): guma confian<;a, que novas transforma<;oes da analise socio16gica mudam;a, num longo periodo, nOS fenomenos de que se -ocuparam~ ocorrerao em consequencia da evolu<;ao no contexto das diferen ao passo que as teorias de desenvolvimento sofreram varias trans tes tradi<;oes culturais e de outras civiliza<;5es? Da mesma forma, forma<;6es no espa<;o de umas poucas decadas, nao s6 em conse grande parte da analise sociologica ainda tern sua principal fonte e, qiiencia das controversias entre a teoria marxista e outras, mas na obra dos fundadores, isto em determinadas criac;5es intelec~ tambem porque as concep<;-6es de urn crescimento economico inin tuais, individuais. 11as nao ha hoje uma Sociologia weberiana ou terrupto predominantes nas decadas de 1940 e 1950, e que influen durkheimiana, e mesmo no caso de Marx ha uma distancia consi· ciaram as teoricos socio16gicos, fcram violentamente criticadas e deravel entre sua teo ria da sociedade e as formas variadas da ate certo ponto substituidas por uma preocupa,iio (bern ou mal Sociologia marxista da atualidade, compreendendo 0 desenvolvi fundada) com as "limites do cTescimento"; dessa maneira, as mento desta ultima, ao que ousamos sugerir, progressos mais do fatos e problemas de que se tem de orupar uma teoria sociol6gica pensamento "sociologico" do que Hmarxista". do desenvolvimento tambem mudaram. o que afirmamos, portanto, e que a analise socio16gica atin· Nos capitulos que se '.seguem as nOSSGS colaboradores exami giu uma certa medida de amadurecimento cientifico, que seu de nam determinadas teorias e paradigmas, falando de modo geral a senvolvimento exemplifka de uma maneira mais geral as caracte maneira aqui delineada, focalizando a aten<;-ao tanto no desenvol risticas mencionadas pOl' Leszek Kolakowski, em sua amilise do vimento interno das teorias como resultado da critica e da ino va<;ao quanta no impacto das mudan<;as das circunstancias sociais " Iugar do marxismo nas Ciencias Sociais: aH ••• 0 conceito de mar. ... xismo como uma escola de pensamento parte tornar-se-a, com e culturais. TamMm discutem, em alguns capitulos, os problemas o tempo, menos preciso e acabad. desaparecendo totalmente, tal que surgem da tentativa de avaliar e decidir entre esquemas te6ri como nao ha 'newtonismo' na Fisica, ou 'lineulsmo' na Botanica, cos rivais; essa discussao vern tendo importancia central para a . Sociologia desde Comte. Mas hi duas tendencias na evolu~iio re 'eh arveyismo' na Fisiologia e 'gaussismo' na Matematica. 0 que eente da amilise sociol6gica que merecem aten<,;ao pretiminar, a permanente na obra de Marx sera assimilado ao curso natural esta altura. Primeiro, temos 0 crescimento e a consolida<,;ao, nas do desenvolvimento cientifico".10 Mas fazemos essa sugestao de duas ou tres ultimas decadas, de uma comunidade cientifica in maneira apenas experimental, bem conscientes de que alguns de ternacional, dentro da qual, apesar da diversidade de pontos de nossos colaboradores, e talvez uma propor<;ao ainda maior de vista em que insistimos, 0 intercambio e a critica ativos das ideias, nossos leitores, nao se inc1inariam a aceita-la, pelo menos sem nu e as constata<;oes da pesquisa, definiram mais claramente os timi merosas ressalvas; e conscientes tambem de que ainda ha questoes tes da disciplina e a serie de problemas que constitui a sua materia. importantes e dificeis sobre a rela<;ao da Sociologia, considerada Sob esse aspecto, pode-se pelo menos afirmar que hoje existe uma como uma ciencia, com as formas mais fiIos6ficas de reflexao sobre unica disciplina, urn dominio de discurso. cientifico fora do qual a sociedade. Com efeito, hit duas tendencias de discussao diferen a analise socio16gica nao pode ser realizada adequadamente; e essa tes mas interligadas neste volume, e tambem em nossa introdut;ao:' disciplina - ao mesmo tempo 0 produto e 0 elemento de liga~iio uma se volta para 0 desenvolvimento das diferentes teorias e pa de uma comunidade de cientistas que se propoem rnetas distintas A, radigrnas numa disciplina cuja localiza<;ao no conjunto do conhe- e espedficas - constitui uma esfera relativamente autonoma, do cimento humane e em grande parte aceito sem discussao; e a outra tada talvez de uma resistencia crescente _a influencias puramente que trata da natureza mesma e das bases da discip1ina, seu direito ideol6gicas. a uma existencia independente. Procuramos apresentar uma des· Uma segunda tendencia esta associada com esse aspecto, ou eri<;ao 0 mais geral possivel desses debates, talvez com uma en seja, 0 rnovimento de afastamento das escolas "nacionaisn de So fase maior no primeiro aspecto; e embora reconhecendo a exis ciologia e da crim;ao de sistemas socio16gicos altamente individuais, 'It, tencia de certas lacunas nessa descri<;ao - em particular, nao caracteristicos de urn periodo anterior. E claro que certos elemen pudemos tratar com a minucia desejada as teorias sociologicas da tos das condi<;oes anteriores permanecem. Embora ja nao exis cultura e do conhecimento - ainda assim acreditamos que este tam escolas de Sociologia caracteristicamente Hnacionais", ainda ha livro proporciona os meios necessarios para avaliar e comparar r 7" A 18 H1ST6RIA DA ANALISE SOClOL6G1CA diferentes orienta<;oes te6ricas, para examinar ate onde e de que maneira a amilise socio16gica progrediu, e para entender 0 desen- volvimento hist6rico das principais controversias sobre os concei- ,,~, Jos basicos da Sociologia. NOTAS 1. Algumas das questoes gerais e das discordancias estao bern assina ! ladas no volume organizado por 1. Lakatos eA. Musgrave, Criticism and 1 Jhe Growth of Knowledge (Cambridge: Cambridge University Press, 1970). 2. Ver a discussao dessa distincao entre 0 politico e 0 social em 'W. G. Runciman, Social Science and Political Theory (Cambridge: Cam o Pensamento Sociol6gico ,bridge University Press, 1963), cap. 2. 3. Ver, por exemplo, A. R. Louch, Explanation and Human Action no SeculoXVIll (Oxford: Basil Blackwell, 1966). p. 12, discutindo certos aspectos da "Uteoria geral" de Talcott Parsons, comenta: "... 0 que e novo? A com plicada estrutura de Parsons e na realidade uma maneira de classificar as varias interacoes entre individuos e grupos e qualquer surpresa surge ape ROBERT BIERSTEDT nas do fato de que aquilo que conhecemos das atividades humanas pode !ser reformulado em sua terminologia e seu sistema c1assificatorio." Em termos mais gerais, Isaiah Berlin, num ensaio sobre a ideia do conheci mento social de Vico, refere-se ao conhecimento "que os participantes de uma atividade pretendem possuir, em contraposicao aos meros observado res ... 0 conhecimento existente quando uma obra da imaginacao ou de A historia das ideias, exceto em suas origens ocultas, comec;a sem- .diagnostico social, ou urn trabalho de critica ou erudicao ou historia, e pre in medias res. Todas as ideias tern antecedentes, e ninguem ,descrito nao como correto, ou incorreto, habil ou inepto, bem-sucedido pode escrever sobre 0 aparecimento das ideias sociologicas no ou fracassado, mas como profundo ou superficial, realista ou irrealista, seculo XVIII sem dobrar uma tapec;aria inconsutil e ocultar a ·sensivel ou insensfvel, vivo ou morto". Isaiah Berlin. "A Note on Vico's £oncept of Knowledge", New York Review of Books, XII: 7 (1969). ".p maior parte do panorama que de outro modo se revelaria. Nan 4. Ver p. 253, infra. havia Sociologia como tal no seculo XVIII porque nao existia a 5. Ver capitulo 9 deste livro. palavra. que s6 foi criada no seculo XIX - e Auguste Comte, 6. Ver p. 780, infra. que a inventou, acreditava estar promovendo uma ruptura acen 7. Ver p. 785, infra. B. Para uma melhor discussao dessas ideias, ver 0 capitulo 4 deste tuada com 0 passado. Adotou, por isso, sua curiosa doutrina da Uvro. "higiene cerebral", lendo apenas poesias durante a composiC;ao da 9. Ver Thomas Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, 2.a Filosofia Positiva, e numa tentativa para impedir que as ideias .ed. (Chicago: University of Chicago Press, 1970). to. Leszek Kolakowski, Marxism and Beyond (Londres: Pall Mall de seus predecessores contarninassem 0 seu pensamento. Foi urn. J.>ress, 1969), p. 204. esforc;o inutil. A hist6ria da Sociologia pode ser curta, mas tem )~ um passado muito longo. Podemos ter certeza de que desde 0 alvo recer da razao_ a inquieta e indagadora mente do homem nao so projetou-se aos ceus e observou as entranhas da Terra (a expres sao e de George Berkeley), mas tambem fez perguntas sobre 0 proprio hornem e suas sociedades. E da natureza do homem, como i}, observou Aristoteles, viver em grupos, e so urn animal, ou um deus,. .' pode viver sozinho. A natureza desses grupos, sejam pares con jugais ou amigos, governantes ou escravos, torna-se assirn uma preocupac;ao dos fi16sofos do Ocidente. 20 mST6RIA DA ANALISE SOCIOL6GICA o PENSAMENTO SOCIOL6GICO NO SECULO xvm 21 Na verdade, nenhum periodo cla hist6ria esteve livre da es .. na<;ao. Na verdade, 0 Iluminismo tornou-se 0 nome de sua epoca.9 pecula~ao sociologica, e POllCOS periodos foram tao especulativDs, As virtudes que respeitavam eram 0 cepticismo, 0 racionalismo. 0 nesse senti do, quanta 0 seculo XVIII. Crane Brinton pode exa naturalismo, 0 humar.:smo, a tolerancia e a liberdade de pensa gerar urn poueo, como ele pr6prio admite, ao escrever: "Pareee mento. Os vicios que detestavam era a ignora,ncia, a supersti~ao, haver boas razoes para acreditar que em fins do seculo XVIII a intolerfn:.cia e a tirania e, e claro, todos buscavam denunciar as gastou-se mais energia intelectual nos problemas do homem em loucuras de seus antecessores. 10 Condorcet disse. dessa epoca, que sociedade, em propon;ao a todos os Qutros possiveis interesses da "0 espirito humane agitou-se em suas cadeias, afrouxou-as todas e mente hurnana, do que em qualquer Qutro periodo cia hist6ria," 1 r01l1peu algumas; todas as velhas opinioes foram examinadas Na verdade, Brinton chega ao ponto de dizer que a palavra e todos os velhos erros atacados; todos os velhos costumes foram philosophe, intraduzive1 em frances moderno, podera ser melhor objeto de discussao; e toclos os espiritos fizeram urn vao inespe transposta como sociologue. Sem duvida, eIa nao pode ser tradu· rado para a Iiberdade". E Holbach usou linguagem forte para zida como "fi16sofo", no sentido contempora,neo dessa palavra. 0 dizer: "Agora e 0 momento da razao, ~iada pela experiencia, primeiro Dicionario da Acade'11Pia Francesa, publicado em fins do atacar em sua {onte os preconceitos de que a humanidade vern ha seculo XVII, dava-Ihe tres defini<;oes: "1) estudioso das eien sendo vitima, tanto tempo... Pois ao erro e devida a escra das; 2) homem sabia que vive llma existencia tranqiiila; 3) h04 vidao em que a maior parte das pessoas caiu... Ao erro sao de ... mem que pelo livre pensarnento (libertinage d' esprit) colaca-se vielos os terrores religiosos que envolvem 0 homem com medo ou acima dos deveres e obriga~oes comuns da vida civil",2 Como a faz com que massacre outros homens por ilusoes. Ao erro sao de .. maioria dos Fil6sofos era host.i1 it religiao, especialmente it reli~ vidos os 6dios inveterados, as persegui~6es barbaras, a continua giao oficia1, a palavra philosophe passou a encerrar a conotac;ao da mortanelade e as tragedias revoltantes." 11 0 lema dos Fi16s04 e de um homem de Ietras que livre-pensador, A maior parte deles fos esc1arecidos era Sapere {1IU.I],e - ousar conhecer. .dedicava-se, se nao ao ateismo, pelo menos ao deismo. 3 0 atcismo, E impossive1 fazer justi<;a as ideias do Iluminismo, e ne ·como explicou Robespierre, era aristocnitico e alguma coisa que nhurn sumario delas pode ser sufieiente. Mas hi talvez quatro pro nao se discutia na frente dos criados. 4 HVoce sabe", escreveu posi<;oes capazes de captar melhor do que outras 0 espirito da Horace Walpole, de Paris em 1765, "quem sao os phi!osophes, ou epoca. Houve, em primeiro lugar, a substituic;ao do supranatural ·0 que significa essa palavra aqui? Em primeiro lugar, ela abran pelo natural, da religiao pela ciencia, do decreto divino pela lei .ge quase toda gente, e, em seguida, significa os homens que estao natural, e dos padres pelos fi1osofos. Segundo, houve a exalta<;ao a ,.:, travando guerra contra 0 papado e que visam, muitos d'2'les, da raza.o, guiada pela experiencia, como 0 instrumento que resol .subversao da religiao". () De seu prisma no seculo XX, Robert veria todos os problemas, soci~tis, politicos ou mesmo religiosos. 12 Nisbet escreve que a seculo XVIII foi marcado por urn ataque Terceiro, houve a cren<;a na perfectibilidade do homem e da soeie incansavel ao Cristianismo, e que, de fato, 0 Iluminismo frances dade, e, portanto, a fe no progresso da ra<;a humana.'3 E, final nao passou disso. {l mente, houve 11ma preocupa~ao humana e humanitaria com os Nao se espera que 0 secu10 XVIII conhec;a uma distinc;ao das direitos do homem, especialmente 0 direito de estar livre da Ciencias Sociais em disciplinas a parte .c omo Antropoloe;h, So opressao e da corrupc;ao dos Governos - urn direito reivinclicado dologia, Psicologia Social, Economia, Cieneia Politica e Jn rispru com sangue na Revolu~ao Francesa. Nao se cleve sup~r, Ii claro, dencia. 'l Ainda e muito cedo, de fato, para a existen:::ia de alga i que os Fi16sofos fossem unanimes em suas opinioes. Pierre Bayle <:omo a ciencia social. Nao ha artigo com esse titulo na Enciclo .. (1647-1706), por exemplo, um dos primeiras, inimigo sutil da pedia de Diderot e d'A lembert. Alem disso, os pensadores sociais Igreja,14 e bravo defensor da tolerancia contra os jesuitas, alimen ·do seculo eram, em grande parte, f116sofos morais e nao cientistas tava um pessimismo serio quanto a ideia do progresso e achava ,sociais, interessados nao no estudo da sociedade em si mesma, mas que a razao podia ser tao facilmente enganada quanta os sentidos. na sua reforma em beneficio cla humanidade. 8 Eram tambem Nao obstante, essas quatro proposic;oes em geral encerram os prin~ -cientistas politicos e nao sod610gos, interessados na ongem e ,~~ cipais temas do Iluminismo. 15 usos do Governo, e nao na estrutura da sociedade. :E: de duvidar A mais importante delas, quase inquestionavelmente, e a pri .que essa ultima expressao tivesse muito sentido par~ e1es. De meira. Seria impossivel exagerar 0 papel da revolUl;ao cientifica .qualquer modo, esses Fil6sofos eram hom ens da razao e da i1umi- na historia acidental. A fagulha que a acendeu foi provocada em

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