HISTOR” IA DA ai LUIZ ROBERTO LOPEZ “DE V N IA k E A | / " A Li E | Ia AM tal f ' M/ AN Ê À l N PM LUIZ ROBERTO LOPEZ Licenciado e Bacharel em História pela UFRGS Historiógrafo do CODEC Pós-Graduado em História da América Latina HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA 2º EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA PERCADO (fo ABERTO Capa: Lay-out de Leonardo Menna Barreto Gomes a partir de mural de David Siqueiros Composição: Ricardo F. da Silva Revisão: Rosane Gava Supervisão: Sissa Jacoby Editor: Roque Jacoby Copyright de Luiz Roberto Lopez, 1986 Todos os direitos reservados a Editora Mercado Aberto Ltda. Rua da Conceição, 195 - 1º andar Fone (0512) 21 4022 - Cx. Postal 1432 90037 - Porto Alegre - RS L684h Lopez, Luiz Roberto História da América Latina. 2. ed. Revista e ampliada. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1989. 208p. (Revisão, 21) CDU 970/980 = 6 32(7/8 = 6) 970/980 = 6 América Latina; História 970/980 = 6 História: América Latina 32(7/8 = 6) América Latina: Política 32(7/8= 6), Política: América Latina a Bibliotecária responsável: Rejane Raffo Klaes CRB-10/586 SUMÁRIO ADVERTÊNCIA .....cccccciccccco 7 |. A CRISE DO FEUDALISMO EUROPEU ....... 9 ||. O SIGNIFICADO DAS NAVEGAÇÕES ....... 13 Crise do feudalismo e progresso urbano... ..... 13 As navegações ......ccccccccccrcccs 14 O caso da Espanha .....cccccccccccccc. 15 |||. A CONQUISTA ...ccccccclcc cc 19 Inícios da penetração espanhola ............ 19 As capitulações de Santa Fê ............... 20 Da sondagem à conquista .. ..ccccccescssssa 21 As brutalidades da conquista. . sex ssecevsses 22 CONCIUSÕOS sms INES 25 As duas Américas: o paralelo necessário ....... 26 A religião dos conquistadores .............. 28 IV. A ORGANIZAÇÃO DA CONQUISTA ....... $i] Os órgãos administrativos metropolitanos ...... 31 Os órgãos administrativos coloniais: vice-reis, capitães gerais e governadores ............ EE Os órgãos administrativos coloniais: as audiências . 34 Os órgãos administrativos coloniais: o sistema TazendáiO cssmenmamiscemesas si 35 Os órgãos administrativos coloniais: Cabildos . ... 38 V. ÍNDIOS, NEGROS E PADRES NO UNIVERSO COLONIAL .......ccc.cc.... 42 O trabalho dos índios ......cccccccccccc. 42 O trabalho dos Negros .wvscegmsncmamsasa a 44 O trabalho dos padres .csssusasnrmamisew as 47 VI. A SOCIEDADE DA AMÉRICA COLONIAL HISPÂNICA: CARACTERISTICAS E CONFLITOS 51 As áreas de ocupação... ......ccccccc 51 A sociedade colonial ......c.cccccccccccc. 52 Conflitos na América Colonial hispânica ....... 55 Conclusões sobre o mercantilismo e o MONODOSMO su cxsmcmiciciisnissdad 58 Vil. AS TRANSFORMAÇÕES DO SÉCULO XVIII... 60 Espanha e América na fase bourbônica ........ 60 Uma experiência na América: os intendentes .... 62 O passivo do colonialismo .......ccccccc. 63 VIII. AS NOVAS NECESSIDADES DO CAPITALISMO EUROPEU .....ccclllll, -— 65 IX. INDEPENDÊNCIA: POSSIBILIDADES E LIMITES CNES TED md E a 70 O processo emancipatório da América Colonial hispânica. ...cc.llea 70 As circunstâncias que levaram à luta... ........ 72 A primeira fase da luta emancipatória . . ....... [E A segunda fase da luta emancipatória ......... 75 A sustentação diplomática da emancipação ..... 77 A fragmentação da América Colonial hispânica... 78 X. DO CAUDILHISMO AOS ESTADOS NACIONAIS 81 O que foio caudilhismo ..........cccccc. 81 Estados: nacionais e liberais .........c.ccc... 83 XI. A AMÉRICA HISPÂNICA NA FASE |. OLIGÁRQUICA: INVENTÁRIO DE PAISES.... 89 MEXICO aussi sasEEiL EI COLE DEDE NARA 89 América Central .......ccccccccciccc 90 VeENCZUCA cms TSICENLTT EMENTAS SER 91 Peru, Bolíviae Equador .........ccccccc.. 91 CANO asas ue ps ms e 4 EE EA ga A ma 92 Argentina e Martin Fierro... .....cccccs.. 93 UTUgUO) eppessacenmains nnmamdira EeME A 95 Paraqual sasumimmsu SOMA MES EE Sd E E da 96 XI. A AMÉRICA ESPANHOLA NO SÉCULO XIX: IDEOLOGIA E AUTO-ESTIMA... .......... 98 XIIl. ESTADOS UNIDOS: EUFORIA IMPERIALISTA NA AMÉRICA LATINA ...... 103 O desenvolvimento do capitalismo americano .. .. 103 Imperialismo e destino manifesto. ........... 10b O Big Stick: arrogância e auto-suficiência ...... 107 A difícil independência de Cuba ............ 109 O Canal do Panamá... ....ccccccccccc 113 A Conferência de Washington .............. 114 Do imperialismo à boa vizinhança ........... 115 XIV. A CRISE DA ECONOMIA OLIGÁRQUICA E AS ALTERNATIVAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO 117 A crise do modelo primário exportador... ..... 117 As possibilidades de uma industrialização cubstitutiva crie ms erra ata ML EUR Sd q 118 XV. A CRISE DO ESTADO OLIGÁRQUICO ,.... 128 Cho znzamisicisrae sED Cieas E 123 DE psi rig nimi mi DO cu am 124 Venezuela e Colômbia .............llll. 124 Urugqual cusssssssLnadnaa sieáma a 125 ATOM asannamisttreimei ãsRA ENA 126 Nicarágua ...ccccccccicccrss cr. 127 O Paraguai e a Guerra do Chaco... .... cc... Bolívia XVI. A REVOiLUÇÃvO MeEXICAcNA...o ... m0Õõ.E 0.“ .e . e = Oligarquia e capitalismo na fase do Porfiriato .... MaAdCO cce siIETETEDÉD MDE Huerta Carranza as... Us... a... os Cárdenas. .....ccccccccrcrerearrea r O presidencialismo mexicano XVII. O PERONISMO ARGENTINO oii... Rr Argentina e Brasil: as lições de uma comparação . . Juan Perôn a... Do peronismo ao estado militar... ..... cc... XVIII. A REVOLUÇÃO CUBANA Economia e perfil de classes na sociedade cubana pré-revolucionária. . ............. Dos anos 30 à Revolução o O O O O O TO O TO O O DD Sierra Maestra O projeto revolucionário oiii. Cuba e o imperialismo o... ma XIX. AMÉRICA LATINA, TERCEIRO MUNDO, IMPERIALISMO, GUERRA FRIA O... Industrialização latino-americana e capital monopolista AS MUItINaACIONAIS ;nzazsimsnsmemEEmaE EEh Subdesenvolvimento e dependência: duas teorias do capitalismo latino-americano . . .... América Latina e Guerra Fria O... ÕõmÕ aa Fracassos da integração latino-americana . ...... XX. AMERICA LATINA: ANOS RECENTES O TO DO Bolívia di... õiõõc.õi.õõ.õiõ.iõ.i.õc.õiõc.Õis- Uruguai von... mw Chile on... ma =... ici iii ii Peru .cccccccccc rca re RÃS: grass ig DO PD DE DU GSI A UR Granada oi... ma El SalVAdOL. ss Ei DEI ES EIS E CONCLUSÃO oc... ii... mw América Latina: fatalidade ou opção? ......... BIBLIOGRAFIA CONSULTADA “a... . q. Advertência Um livro intitulado História da América Latina cobre, evidentemente, um espaco geográfico e histórico muito am- plo. Tratar-se-á, portanto, neste caso, de um enfoque onde os pormenores descritivos ficarão subordinados às necessi- dades interpretativas ajustadas à moderna metodologia da ciência histórica, o que vale dizer, uma metodologia que põe o passado a serviço da formação de uma consciência crítica sobre os tempos presentes. Assim, interessará a cons- trução de uma visão de conjunto do processo latino-ameri- cano e o estudo regionalizado só aparecerá na medida em que contribuir para a visão pretendida. Um dado importante é que a América Latina compre- ende, a rigor, uma subdivisão em América Espanhola, Amé- rica Portuguesa (Brasil) e América Francesa (Haiti e Anti- lhas Francesas). Nosso estudo privilegiará, conscientemente, a América Espanhola, incidentalmente mencionando o Brasil, quando for o caso de exemplificar algum aspecto estudado sobre o continente. Embora a nossa História seja parte integrante do sofrido drama latino-americano, optou- se por deixar o Brasil de lado enquanto capítulo específico, pela simples e prática razão de que já existem, na série Re- visão, três títulos que abordam a História brasileira, História do Brasil Colonial, História do Brasil Imperial e História do Brasi! Contemporâneo, aos quais remetemos o leitor interes- sado em complementar a visão do nosso continente forne- cida pelo presente livro. Na mesma série, existe ainda o livro de Voltaire Schilling, EUA X América Latina: as etapas da dominação, o qual desenvolve um dos aspectos mais polêmi- cos que abordamos neste texto. Concluindo a nossa adver- tência, gostaríamos, portanto, de deixar claro que priorizar a América Espanhola no livro História da América Latina é uma opção de trabalho e não uma exclusão conceitual. Aos professores do Curso de Especialização em História da América Latina/83/UF RGS: | Sílvia, Betinha,leda, Jane e Bárbara. Que, se lerem este livro, vão se encontrar nele. |. A crise do feudalismo europeu A integração da América Latina no contexto histórico europeu começou na fase das Grandes Navegações, ocorri- das no início da chamada Idade Moderna, época durante a qual, no Velho Mundo, coexistiram o feudalismo decadente e o capitalismo emergente. O feudalismo foi o modo de produção dominante na sociedade européia no longo período que vai da desintegra- ção do escravismo antigo ao triunfo da burguesia mercantil e industrial. O sistema feudal articulava-se através de laços de suserania e vassalagem, nos quais à natureza parcial da propriedade correspondia o caráter privado da soberania. À relação de proteção e dependência se repartia entre vários níveis senhoriais e também compreendia o vínculo estabele- cido entre os senhores e os camponeses. Coagidos ao traba- lho por mecanismos ideológicos, funcionando a religião como agente do conformismo, os camponeses estavam presos à terra, não podiam dispor livremente de sua força de trabalho no mercado e, obrigados a trabalhar um certo nú- mero de dias na reserva do senhor e a entregar a ele uma parte da produção, geravam um excedente nada desprezível. Semelhante ao capitalismo no aspecto da dominação e da exploração, o feudalismo, contudo, diferiu muito dele. No capitalismo, a coação ao trabalho viria a ser puramente econômica e não ideológica. Além disso, o excedente eco- nômico gerado, ou a mais-valia, estaria “embutido” no ho- rário global de trabalho, não sendo, como no feudalismo, algo claramente visível — as horas que o trabalhador produ- zia exclusivamente para o senhor. Por outro lado, no capita- lismo o trabalhador não teria nenhum controle sobre os meios de produção, sendo obrigado a vender sua força de trabalho para poder adquirir no mercado a ração para sua subsistência. No feudalismo, embora o senhor detivesse um direito formal de propriedade, era do camponês a posse di- reta do meio de produção — a terra. Os séculos XIl e XIII assinalaram o auge do feudalis- mo. O desenvolvimento das técnicas agrícolas favoreceu a produtividade camponesa e a ampliação dos arroteamentos. A reconquista da Península Ibérica, as Cruzadas e a coloni- zação da Finlândia, Prússia e Brandemburgo pelos Cavalei- ros Teutônicos se constituíram em marcos da expansão feu- dal. Ao contrário do que supõem alguns historiadores, a existência e o progresso de enclaves urbanos no universo feudal não representaram algo de estranho naquele contex- to, sendo, pelo contrário, parte integrante de suas necessi- dades comerciais. A autonomia das nascentes cidades foi possível porque o sistema, como já foi dito, segmentava e hierarquizava em diversas instâncias o conceito de autorida- de e soberania. No século XIV começou a manifestar-se, de forma profunda, a crise que, lentamente, destruiria o sistema feu- dal. Esta crise foi originalmente agrícola. As terras princi- piaram a se esgotar por causa do desmatamento, da falta de critérios de conservação do solo e da redução das áreas de pastagem em favor de culturas comerciais, o que diminuiu a atividade criatória e, por conseguinte, o fornecimento de a ASS!