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Herança - Como os genes transformam nossas vidas e como a vida transforma nossos genes PDF

281 Pages·2016·0.99 MB·Portuguese
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Sharon Moalem, MD, PhD com Matthew D. Laplante HERANÇA Como nossos genes transformam nossas vidas e como nossas vidas transformam nossos genes Tradução de André Carvalho Para Shira SUMÁRIO Para pular o Sumário, clique aqui. Introdução: Tudo está prestes a mudar 1. Como raciocinam os geneticistas 2. Quando os genes se comportam mal O que a Apple, a Costco e um doador de esperma dinamarquês nos ensinam sobre expressão gênica 3. Modificando nossos genes Como os traumas, o bullying e a geleia real alteram nosso destino genético 4. Pegar ou largar Como a vida e os genes conspiram para constituir e quebrar nossos ossos 5. Alimente seus genes O que nossos ancestrais, os veganos e nossos microbiomas nos ensinam sobre nutrição 6. Dosagem genética Como analgésicos mortais, o Paradoxo da Prevenção e Ötzi, o Homem do Gelo, estão modificando a medicina 7. Escolhendo um lado Como os genes nos ajudam a decidir entre esquerda e direita 8. Somos todos X-Men O que xerpas, engolidores de espadas e atletas geneticamente dopados nos ensinam a respeito de nós mesmos 9. Hackeando seu genoma Por que as grandes empresas de tabaco e de seguro, seu médico e até mesmo a pessoa amada desejam decodificar o seu DNA 10. Filhos por encomenda As consequências não imaginadas dos submarinos, do sonar e dos genes duplicados 11. Juntando os pedaços O que as doenças raras nos ensinam sobre herança genética Epílogo: Uma última coisa Notas Agradecimentos Créditos O Autor INTRODUÇÃO Tudo está prestes a mudar V ocê se lembra do fim do ensino fundamental? Consegue se lembrar da fisionomia dos seus colegas? Seria capaz de listar os nomes dos professores, da secretária, do diretor da escola? Consegue se lembrar de como era o som do sinal que tocava? E dos aromas da cantina? E da dor de sua primeira paixonite? E do pânico ao perceber que entrou no banheiro na mesma hora que o valentão da escola que vivia te perseguindo? Talvez todas essas lembranças sejam perfeitamente nítidas. Ou talvez, com o tempo, esses anos escolares tenham se desvanecido em meio a tantas outras memórias da infância. Seja como for, você está carregando tudo isso consigo. Hoje já sabemos muito bem que essas experiências fazem parte da bagagem de nossa psique. Até mesmo aquilo de que você não é capaz de lembrar conscientemente está aí, em algum lugar, nadando em sua mente subliminar, prestes a emergir inesperadamente, para o bem ou para o mal. Entretanto, tudo é muito mais profundo que isso, pois seu corpo se encontra em um estado constante de transformação e regeneração, e suas experiências – por mais irrelevantes que possam parecer, sejam com valentões, paixonites ou sanduíches – deixaram uma marca indelével. E, o mais importante, no seu genoma. Obviamente não foi assim que a maioria de nós aprendeu que funcionava a equação de três bilhões de letras que constituem nossa herança genética. Desde que as investigações feitas por Gregor Mendel em meados do século XIX[*] a respeito dos traços hereditários de ervilhas foram usadas para estabelecer os fundamentos de nossa compreensão da genética, temos aprendido que quem somos é algo bastante previsível, resultado apenas dos genes que herdamos de gerações anteriores. Um pouco da mamãe. Um pouco do papai. Bata tudo, e eis você. É essa visão engessada da herança genética que os estudantes do ensino médio aprendem até hoje na escola, quando mapeiam gráficos genealógicos na tentativa de entender as características de seus colegas, como a cor dos olhos, o cabelo encaracolado, a capacidade de enrolar ou não a língua ou os pelos nos dedos. E a lição a ser aprendida, entregue como se tivesse sido escrita em pedra pelo próprio Mendel, é que não temos lá muita escolha no que diz respeito ao que recebemos ou ao que passamos, pois nosso legado genético já estava completamente fixado quando nossos pais nos conceberam. Só que tudo isso está errado. Pois nesse exato momento, esteja você na mesa de trabalho bebericando um café, em casa jogado em uma poltrona reclinável, na academia se exercitando na bicicleta ergométrica ou na Estação Espacial Internacional orbitando ao redor do planeta, seu DNA está sendo constantemente modificado. Como milhares e milhares de pequenos interruptores, alguns estão sendo ligados e outros, desligados, todos ao mesmo tempo, em resposta ao que você está fazendo, ao que está vendo, ao que está sentindo. Esse processo é mediado e orquestrado pela maneira como você vive, onde vive, pelo nível de estresse que enfrenta e por aquilo que consome. E todas essas coisas podem ser mudadas. O que significa, de forma bastante clara, que você pode mudar. Geneticamente.[*] Isso não quer dizer que nossas vidas não sejam também moldadas por nossos genes. Elas sem dúvida alguma o são. Na verdade, o que estamos aprendendo é que nossa herança genética – cada uma das “letras” de nucleotídeos que compõem nosso genoma – é instrumental e influente de formas que nem mesmo o mais criativo escritor de ficção científica poderia ter imaginado até poucos anos atrás. Todos os dias adquirimos ferramentas e conhecimentos dos quais precisamos para embarcar em uma nova jornada genética, para pegarmos um mapa surrado, o colocarmos sobre a mesa de nossas vidas e traçarmos um curso novo para nós mesmos, nossos filhos e para todos os demais. Descoberta após descoberta, estamos nos aproximando de uma melhor compreensão da relação entre aquilo que nossos genes nos fazem e aquilo que nós fazemos aos nossos genes. E essa ideia – essa herança flexível – está mudando tudo. Alimentação e exercícios. Psicologia e relacionamentos. Medicação. Litígios. Educação. Nossas leis. Nossos direitos. Dogmas antigos e crenças profundamente arraigadas. Tudo. Inclusive a morte. Até agora a maioria de nós viveu sob a premissa de que as experiências de vida terminam quando a vida termina. Isso também está errado. Somos a culminação de nossa experiência de vida, assim como das experiências de vida de nossos pais e ancestrais. Porque nossos genes não esquecem facilmente. Guerra, paz, fome, diáspora, doenças… Se nossos ancestrais atravessaram tudo isso e sobreviveram, então nós as herdamos. E uma vez que as adquirimos, é mais que provável que as passemos para a próxima geração, de alguma forma. Isso pode significar câncer. Pode significar doença de Alzheimer. Pode significar obesidade. Mas também pode significar longevidade. Pode significar manter-se calmo na adversidade. E também pode significar a felicidade em si. Para o bem ou para o mal, estamos aprendendo agora que é possível aceitar e rejeitar nossa herança. Este é um guia para essa jornada. Neste livro, irei falar sobre as ferramentas que eu uso, como médico e cientista, para aplicar os mais recentes avanços no campo da genética humana à minha prática cotidiana. Irei apresentar a você alguns de meus pacientes. Mergulharei no universo clínico em busca de exemplos de pesquisas importantes para nossas vidas, e falarei a respeito de pesquisas com as quais estou envolvido. Falarei sobre história. Falarei sobre arte. Falarei sobre super-heróis, astros do esporte e profissionais do sexo. E farei conexões que mudarão a maneira como você vê o mundo, e até como vê a si mesmo. Ajudarei você a caminhar pela corda bamba que demarca a fronteira entre o conhecido e o desconhecido. Sim, tudo é incerto por aqui, mas vale a pena. Um dos motivos é que a vista é inesquecível. Sim, o modo como vejo o mundo não é convencional. Utilizando as doenças genéticas como um molde para compreender nossa biologia básica, fiz descobertas pioneiras em campos que aparentemente não têm relação entre si. Essa abordagem me tem sido bem útil, e me levou à descoberta de um antibiótico novo e inovador, chamado Siderocillin – que atua especificamente contra infecções por bactérias ultrarresistentes a antibióticos –, assim como o registro de vinte patentes pelo mundo para novas invenções biotecnológicas que visam melhorar nossa saúde. Também tive a sorte de colaborar com alguns dos melhores médicos e pesquisadores do planeta, e o privilégio de ter acesso a alguns dos mais raros e complexos casos genéticos já vistos. Ao longo dos anos, minha carreira me levou a entrar na vida de centenas de pessoas que confiaram a mim aquilo que tinham de mais importante no mundo: seus filhos. Em suma, eu levo isso a sério. O que não quer dizer que essa será uma experiência desagradável. Sim, falaremos de coisas de partir o coração. Alguns desses conceitos podem desafiar muitas de nossas crenças mais básicas. Além disso, algumas ideias podem ser um tanto assustadoras. Mas se você se abrir para esse fascinante mundo novo, ele poderá reorientá- lo. Pode fazer você pensar sobre a forma como vive. Pode te fazer reconsiderar como, falando em termos genéticos, você chegou a esse momento específico da sua vida. Eu garanto: quando você chegar ao fim deste livro, todo o seu genoma e a vida que ele ajudou a construir nunca mais parecerão ser os mesmos de antes. Portanto, se você estiver pronto para ver a genética de uma maneira muito diferente, eu gostaria de ser seu guia nessa jornada, percorrendo diversos lugares de nosso passado comum, por meio de uma coleção desordenada de momentos no nosso presente e na direção de um futuro repleto de promessas e armadilhas. Nesse caminho, convidarei você a conhecer meu mundo, e mostrarei como vejo nossa herança genética. Para começar, vou contar como eu penso, pois sabendo como os geneticistas pensam você estará mais bem preparado para o mundo no qual estamos ingressando a toda a velocidade. E deixe-me dizer uma coisa: trata-se de um lugar muito estimulante. Você abriu este livro no início de uma era de descobertas extraordinárias. De onde viemos? Para onde vamos? O que recebemos? O que passaremos? Todas essas perguntas estão em aberto e ao nosso alcance. Este é nosso futuro imediato e inexorável. Esta é nossa Herança. *. Gregor Mendel apresentou seu trabalho à Sociedade de História Natural de Brünn nos dias 8 de fevereiro e 8 de março de 1865. Um ano depois, a pesquisa foi publicada no periódico Verhandlungen des naturforschenden Vereins Brünn [Procedimentos da Sociedade de História Natural de Brünn]. Esse artigo só foi traduzido para o inglês em 1901. *. Isso pode incluir tudo, de mutações adquiridas a pequenas modificações epigenéticas capazes de alterar a expressão e a repressão de seus genes.

Description:
Médico e cientista premiado, Sharon Moalem desconstrói a ideia de que a genética é algo imutável neste livro de leitura acessível e atraente, o segundo da coleção de ciências Origem. Analisando casos de pacientes e as mais recentes pesquisas na área, o autor mostra que o genoma humano é m
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