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Henri Poincaré e a Teoria da Relatividade PDF

268 Pages·2020·2.62 MB·Portuguese
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A.A. Logunov HENRI POINCARÉ E A TEORIA DA RELATIVIDADE Traduzido por Ayni R. Capiberibe editado por Ayni R. Capiberibe Posfácio por Ayni R. Capiberibe Página | 2 Logunov A.A. Henri Poincaré e a teoria da relatividade. – C. G.: Alrisha, 2020. – O livro apresenta ideias de H. Poincaré e H. Minkowski segundo os quais a essência e o conteúdo principal da teoria da relatividade são as seguintes: o espaço e o tempo formam um continuum quadridimensional unicamente fornecido pela geometria pseudo-euclidiana. Todos os processos físicos ocorrem exatamente neste espaço quadridimensional. Comentários sobre trabalhos e citações relacionados a este assunto por L. de Broglie, P. A. M. Dirac, A. Einstein, V. L. Ginzburg, S. Goldberg, P. Langevin, H. A. Lorentz, L. I. Mandel'stam, H. Minkowski, A. Pais, W. Pauli, M. Planck, A. Sommerfeld e H. Weyl são apresentados no livro. Também é mostrado que a teoria especial da relatividade foi criada não apenas por A. Einstein, mas até em maior extensão por H. Poincaré. O livro foi desenvolvido para trabalhadores científicos, pós-graduados e estudantes do ensino superior, formados em física teórica. ISBN Todos os direitos reservados © A.A. Logunov © Traduzido por Ayni R. Capiberibe editado por Ayni R. Capiberibe posfácio por Ayni R. Capiberibe [email protected] © Desenvolvido por Nauka Pubishers, 2005. © Distribuído por Alrisha, 2020. www.alrisha.webnode.com Página | 3 CONTEÚDO PREFÁCIO ....................................................................................... 04 1. GEOMETRIA EUCLIDIANA ..................................................... 06 2. MECÂNICA NEWTONIANA CLÁSSICA .................................... 08 3. ELETRODINÂMICA. GEOMETRIA ESPAÇO-TEMPORAL. ........ 24 4. A RELATIVIDADE DO TEMPO E A CONTRAÇÃO DO COMPRIMENTO ............................................................................... 69 5. ADICIONANDO VELOCIDADES ............................................... 80 6. ELEMENTOS DA ANÁLISE VETORIAL E TENSORIAL NO ESPAÇO DE MINKOWSKI .............................................................................. 81 7. GRUPO DE LORENTZ ............................................................. 86 8. INVARIÂNCIA DAS EQUAÇÕES DE MAXWELL-LORENTZ. .... 89 9. MECÂNICA RELATIVÍSTICA DE POINCARÉ ......................... 113 10. O PRINCÍPIO DA AÇÃO ESTACIONÁRIA NA ELETRODINÂMICA ........................................................................ 161 11. MOVIMENTO INERCIAL DE UM CORPO DE PROVA. DIFERENCIAÇÃO COVARIANTE. ................................................... 171 12. MOVIMENTO RELATIVÍSTICO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE. O PARADOXO DO RELÓGIO. EFEITO SAGNAC ........ 180 13. SOBRE A VELOCIDADE LIMITE .......................................... 201 14. PRECESSÃO DE THOMAS. .................................................. 215 15. AS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO E AS LEIS DE CONSERVAÇÃO NA TEORIA CLÁSSICA DE CAMPOS ............................................... 221 16. ESPAÇO DE VELOCIDADE DE LOBACHEVSKY ................... 242 PROBLEMAS E EXERCÍCIOS ......................................................... 262 BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 265 POSFÁCIO ..................................................................................... 267 Página | 4 Dedicado aos 150 anos de Henri Poincaré— o maior matemático, mecanicista, físico teórico Prefácio A teoria especial da relatividade “resultou dos esforços conjuntos de um grupo de grandes pesquisadores: Lorentz, Poincaré, Einstein, Minkowski” (Max Born). “Einstein e Poincaré se basearam no trabalho preparatório de H.A. Lorentz, que já havia chegado muito perto do resultado, sem contudo alcançá-lo. Na concordância entre os resultados dos métodos seguidos independentemente por Einstein e Poincaré, discerniu um significado mais profundo de uma harmonia entre o método matemático e a análise por meio de experimentos conceituais (Gedankenexperimente), que se apoiam em características gerais da física experiência” (W. Pauli, 1955). H. Poincaré, baseado no princípio da relatividade formulado por ele para todos os fenômenos físicos e na obra de Lorentz, descobriu e formulou tudo o que compõe a essência da teoria especial da relatividade. A. Einstein estava chegando à teoria da relatividade do lado do princípio da relatividade formulado anteriormente por H. Poincaré. Nisso, ele se baseou nas ideias de H. Poincaré na definição da simultaneidade de eventos que ocorrem em diferentes pontos espaciais por meio do sinal de luz. Por essa razão, ele introduziu um postulado adicional - a constância da velocidade da luz. Este livro apresenta uma comparação do artigo de A. Einstein de 1905 com os artigos de H. Poincaré e esclarece qual é o novo conteúdo apresentado por cada um deles. Um pouco mais tarde, H. Minkowski desenvolveu ainda mais a abordagem de Poincaré. Como a Página | 5 abordagem de Poincaré foi mais geral e profunda, nossa apresentação seguirá exatamente Poincaré. Segundo Poincaré e Minkowski, a essência da teoria da relatividade consiste no seguinte: a teoria especial da relatividade é a geometria pseudo-euclidiana do espaço-tempo. Todos os processos físicos ocorrem exatamente nesse espaço-tempo. As consequências deste postulado são leis de conservação de momento-energiae de momento angular, a existência de sistemas de referência inercial, o princípio da relatividade para todos os fenômenos físicos, transformações de Lorentz, a constância da velocidade da luz nas coordenadas galileus da estrutura inercial, o retardo com o tempo, a contração de Lorentz, a possibilidade de explorar sistemas de referência não inerciais, o paradoxo do relógio, a precessão de Thomas, o efeito de Sagnac e assim por diante. Séries de consequências fundamentais foram obtidas com base neste postulado e nas noções quânticas, e a teoria quântica de campos foi construída. A preservação (invariância da forma) de equações físicas em todos os sistemas de referência inercial significa que todos os processos físicos que ocorrem nesses sistemas sob as mesmas condições são idênticos. Por esse motivo, todos os padrões naturais são os mesmos em todos os sistemas de referência inercial. O autor expressa profunda gratidão ao acadêmico da Academia Russa de Ciências Prof. S. S. Gershtein, Prof. V. A. Petrov, Prof. N. E. Tyurin, Prof. Y. M. Ado, pesquisador associado A. P. Samokhin, que leu o manuscrito e fez uma série de comentários valiosos, e também a G. M. Aleksandrov pelo trabalho significativo na preparação do manuscrito para publicação e preenchimento de índices de autores e assuntos. A.A. Logunov Janeiro 2004 Página | 6 1. Geometria euclidiana No terceiro século a.C, Euclides publicou um tratado sobre matemática, os "Elementos", no qual resumiu o desenvolvimento anterior da matemática na Grécia antiga. Foi precisamente neste trabalho que a geometria do nosso espaço tridimensional - geometria euclidiana - foi formulada. Este foi o passo mais importante no desenvolvimento da matemática e da física. O ponto é que a geometria se originou de dados observacionais e experiência prática, i. e surgiu através do estudo da natureza. Mas, como todos os fenômenos naturais ocorrem no espaço e no tempo, a importância da geometria para a física não pode ser superestimada e, além disso, a geometria é realmente uma parte da física. Na linguagem moderna da matemática, a essência da geometria euclidiana é determinada pelo teorema de Pitágoras. De acordo com o teorema de Pitágoras, a distância de um ponto com coordenadas cartesianas x, y, z a partir da origem do sistema de referência é determinada pela fórmula 2 x2y2z2 (1.1) ou na forma diferencial, a distância entre dois pontos infinitesimalmente próximos é d 2 dx2 dy2 dz2 (1.2) Aqui dx, dy, dz são diferenciais das coordenadas cartesianas. Geralmente, a prova do teorema de Pitágoras é baseada nos axiomas de Euclides, mas acontece que ele pode realmente ser considerado Página | 7 uma definição da geometria euclidiana. O espaço tridimensional, determinado pela geometria euclidiana, possui as propriedades de homogeneidade e isotropia. Isso significa que não existem pontos singulares ou direções singulares na geometria euclidiana. Realizando transformações de coordenadas de um sistema de referência cartesiano, x, y, z, para outro, x', y', z', obtemos: 2 x2 y2 z2 x2 y2 z2 (1.3) Isso significa que a distância quadrada ℓ2 é invariável, enquanto suas projeções nos eixos de coordenadas não são. Observamos especialmente essa circunstância óbvia, uma vez que será visto também que essa situação também ocorre no espaço-tempo quadridimensional, portanto, dependendo da escolha do sistema de referência no espaço-tempo, as projeções nos eixos espaciais e temporais serão relativo. Daí surge a relatividade de tempo e duração. Mas esse problema será tratado mais tarde. A geometria euclidiana tornou-se uma parte composta da mecânica newtoniana. Por cerca de dois mil anos, a geometria euclidiana foi considerada a geometria única e imutável, apesar do rápido desenvolvimento da matemática, mecânica e física. Foi apenas no início do século XIX que o matemático russo Nikolai Ivanovich Lobachevsky deu o passo revolucionário - uma nova geometria foi construída - a geometria Lobachevsky. Um pouco mais tarde, foi descoberta pelo matemático húngaro Bolyai. Cerca de 25 anos depois, as geometrias riemannianas foram desenvolvidas pelo matemático alemão Riemann. Surgiram numerosas construções geométricas. À medida que novas geometrias surgiram, a questão da geometria do nosso espaço foi levantada. De que tipo? Euclidiano ou não euclidiano? Página | 8 2. Mecânica newtoniana clássica Todos os fenômenos naturais procedem no espaço e no tempo. Precisamente por esse motivo, ao formular as leis da mecânica no século XVII, Isaac Newton definiu antes de tudo esses conceitos: "O Espaço Absoluto, por natureza, sem considerar nada externo, permanece sempre semelhante e imóvel". "O Tempo Absoluto, Verdadeiro e Matemático, por si só, e de sua própria natureza, flui de maneira equitativa, sem considerar nada externo, e por outro nome é chamado Duração". Como a geometria do espaço tridimensional, Newton realmente aplicou a geometria euclidiana, e ele escolheu um sistema de referência cartesiano com sua origem no centro do Sol, enquanto seus três eixos eram direcionados para estrelas distantes. Newton considerou precisamente esse sistema de referência como "imóvel". A introdução do espaço imóvel absoluto e do tempo absoluto acabou sendo extremamente proveitosa na época. A primeira lei da mecânica, ou a lei da inércia, foi formulada por Newton da seguinte maneira: “Todo corpo persevera em seu estado de repouso ou de movimento uniforme na linha reta, a menos que seja compelido a mudar esse estado por forças impressas nele”. A lei da inércia foi descoberta pela primeira vez por Galileu. Se, no espaço imóvel, se define um sistema de referência cartesiano, então, de acordo com a lei da inércia, um corpo solitário se moverá ao longo de uma trajetória determinada pelas seguintes equações: xv t, y v t, z v t. (2.1) x y z Página | 9 Aqui, v , v , v são as projeções de velocidade constante, seus x y z valores também podem ser iguais a zero. No livro "A Ciência e a Hipótese", H. Poincaré formulou o seguinte princípio geral: “A aceleração de um corpo depende apenas de sua posição e de corpos vizinhos e de suas velocidades. Os matemáticos diriam que os movimentos de todas as moléculas materiais do universo dependem de equações diferenciais de segunda ordem. Para deixar claro que isso é realmente generalização da lei da inércia, podemos recorrer novamente à nossa imaginação. A lei da inércia, como já disse acima, não se impõe a priori; outras leis seriam igualmente compatíveis com o princípio da razão suficiente. Se o corpo não é acionado por uma força, em vez de supor que sua velocidade é inalterada, podemos supor que sua posição ou sua aceleração seja inalterada. Vamos por um momento supor que uma dessas duas leis é uma lei da natureza e substituí-la pela lei da inércia: qual será a generalização natural? Um momento de reflexão nos mostrará. No primeiro caso, podemos supor que a velocidade do corpo dependa apenas de sua posição e da dos corpos vizinhos; no segundo caso, que a variação da aceleração do corpo depende apenas da posição do corpo e dos corpos vizinhos, de suas velocidades e acelerações; ou, em termos matemáticos, as equações diferenciais do movimento seriam de primeira ordem no primeiro caso e de terceira ordem no segundo”. Newton formulou a segunda lei da mecânica da seguinte forma: “A alteração do movimento é sempre proporcional à força motriz impressa; e é feito na direção da linha reta em que essa força é impressa” Página | 10 E, finalmente, a terceira lei da mecânica de Newton: “Para toda ação sempre se opõe uma reação igual: ou as ações mútuas de dois corpos uma sobre a outra são sempre iguais e direcionadas a partes contrárias”. Com base nessas leis da mecânica, no caso de forças centrais, as equações para um sistema de duas partículas em um sistema de referência “em repouso” são: d2r r r M 1  Fr r  2 1 , 1 dt2 2 1 r r 2 1 (2.2) d2r r r M 2 Fr r  2 1 . 2 dt2 2 1 r r 2 1 Aqui M e M são as respectivas massas da primeira e da segunda 1 2 partículas, r é o raio do vetor da primeira partícula, r é o raio do 1 2 vetor da segunda partícula. A função F reflete o caráter das forças que atuam entre os corpos. Na mecânica newtoniana, consideram-se principalmente forças de dois tipos: de gravidade e de elasticidade. Para as forças da gravidade newtoniana M M Fr r G 1 2 , (2.3) 2 1 2 r r 2 1 G é a constante gravitacional. Para forças de elasticidade, a lei de Hooke é   F r r k r r (2.4) 2 1 2 1 k é o coeficiente de elasticidade.

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