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Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos. POR UMA NOVELA SEM MOCINHOS Existe um esquema tão repetido para contar a história de alguns países que basta misturar chavões, mudar datas, nomes de nações colonizadas, potências opressoras, e pronto. Você já pode passar em qualquer prova de história na escola e, na mesa do bar, dar uma de especialista em todas as nações da América do Sul, África e Ásia. As pessoas certamente concordarão com suas opiniões, os professores vão adorar as respostas. O modelo é simples e rápido, mas também chato e quase sempre errado. Até mesmo as novelas de TV têm roteiros mais criativos. Os ricos só ganham o papel de vilões se fazem alguma bondade, é porque foram movidos por interesses. Já os pobres são eternamente "do bem", vítimas da elite e das grandes potências, e só fazem besteira porque são obrigados a isso. Nessa estrutura simplista, o único aspecto que importa é o econômico: o passado vira um jogo de interesses e apenas isso. Só se contam histórias que não ferem o pensamento politicamente correto e não correm o risco de serem mal interpretadas por pequenos incapacitados nas escolas. O gên ero também tem tabus e personagens proibidos, como o rei bom, o fraco opressor ou os povos que largaram a miséria por mérito próprio e hoje não se consideram vítimas. No século 20, quando esse esquema se tornou comum, acreditávamos num mundo dividido entre preto e branco, fortes e fracos, ganhadores e perdedores. Essa visão já estava pronta quando estudiosos se debruçavam sobre a história: o que eles faziam era encaixar, à força, os eventos do passado em sua visao de mundo. Isso mudou. Uma nova historiografia ganha força no Brasil. Se no começo da década de 1990 o jornalista Paulo Francis falava de "rinocerontes à la Ionesco que passam por historiadores em nosso país", na última década apareceram acadêmicos alertas de que nao sao políticos a escrever manifestos. Eles tentam elaborar conclusões científicas baseadas em arquivos inexplorados de cartórios, igrejas ou tribunais, têm mais cuidado ao falar de conseqüências de uma lógica financeira e pesquisam sem se importar tanto com o uso ideológico de suas conclusões. As interpretações que tiram do armário sao mais complexas e, numa boa parte das vezes, saborosamente desagradáveis para os que adotam o papel de vítimas ou bons mocinhos. A história fica assim muito mais interessante. No século 18, quem quisesse ir de Parati, no Rio de Janeiro, à atual Ouro Preto, em Minas Gerais, tinha que cavalgar por dois meses - no caminho, passava por casebres miseráveis onde moravam tanto escravos quanto seus senhores, que trabalhavam juntos e comiam, sem talheres, na mesma mesa. Sabe-se hoje que, nas vilas do ouro de Minas, havia ex-escravas riquíssimas, donas de casas, jóias, porcelanas, escravos, e bem relacionadas com outros empresários. Os primeiros sambistas, considerados hoje pioneiros da cultura popular, tinham formaçao em música clássica, plagiavam canções estrangeiras e largaram o samba para montar bandas de jazz. Uma das conseqüências da chegada dos jesuítas a Sao Paulo foi dar um alívio à mata atlântica -até entao, os índios botavam fogo na floresta nao só para abrir espaço de cultivo, mas para cercar os animais com o fogo e depois abatê-los. O problema é que essa nova história demora a chegar às pessoas em geral. Os livros didáticos continuam dizendo que o verdadeiro nome de Zumbi era Francisco e que ele teve educaçao católica - uma ficçao criada pelo político e jornalista gaúcho Décio Freitas. Ainda se aprende na escola que o Brasil praticou um genocídio no Paraguai durante uma guerra que teria sido criada pela Inglaterra. E tem muito descendente de europeu achando que é culpado pelo tráfico de escravos, apesar de a maioria de seus ancestrais ter imigrado quando a escravidao se extinguia. No processo de fabricaçao de um espírito nacional, é normal que se inventem tradições, heróis, mitos fundadores e histórias de chorar, que se jogue um brilho a mais em episódios que criam um passado em comum para todos os habitantes e provocam uma sensaçao de pertencimento. Se este país quer deixar de ser café com leite, um bom jeito de amadurecer é admitir que alguns dos heróis da naçao eram picaretas ou pelo menos pessoas do seu tempo. E que a história nem sempre é uma fábula: nao tem uma moral edificante no final e nem causas, conseqüências, vilões e vítimas facilmente reconhecíveis. Por isso é hora de jogar tomates na historiografia politicamente correta. Este guia reúne histórias que vao diretamente contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis da bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém poderá dizer que se trata do mesmo esforço dos historiadores militantes, só que na direçao oposta. É verdade. Qyer dizer, mais ou menos. Este livro nao quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocaçao. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número d e cidadaos. CINCO VERDADES QUE VOCÊ NÃO DEVERIA CONHECER Em 1646,os jesuítas que tentavam evangelizar os índios no Rio de Janeiro tinham um problema. As aldeias onde moravam com os nativos ficavam perto de engenhos que produziam vinhos e aguardente. Bêbados, os índios tiravam o sono dos padres. Numa carta de 25 de julho daquele ano, Francisco Carneiro, o reitor do colégio jesuíta, reclamou que o álcool provocava "ofensas a Deus, adultérios, doenças, brigas, ferimentos, mortes" e ainda fazia o pessoal faltar às missas. Para acabar com a indisciplina, os missionários decidiram mudar três aldeias para um lugar mais longe, de modo que não ficasse tão fácil passar ali no engenho e tomar umas. Não deu certo. Foi só os índios e os colonos ficarem sabendo da decisão para se revoltarem juntos. Botaram fogo nas choupanas dos padres, que imediatamente desistiram da mudança. Os anos passaram e o problema continuou. Mais de um século depois, em 1755 , o novo reitor se dizia