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Guia Politicamente Incorreto da Historia do Brasil PDF

283 Pages·1.413 MB·Portuguese
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DADOS DE ODINRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo. Sobre nós: O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: eLivros. Como posso contribuir? 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Este livro não quer  ser um falso estudo  acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação.  Uma pequena  coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas  com o objetivo  de enfurecer  um bom  número de cidadãos. POR UMA NOVELA SEM  MOCINHOS         Existe  um  esquema  tão  repetido    para  contar  a  história  de  alguns países    que    basta      misturar      chavões,      mudar      datas,      nomes      de    nações colonizadas,  potências   opressoras,  e  pronto.  Você   já  pode   passar   em qualquer  prova  de  história   na   escola  e,  na  mesa  do   bar,  dar   uma  de especialista   em  todas  as  nações  da  América   do  Sul,  África  e  Ásia.  As pessoas   certamente  concordarão  com  suas  opiniões,  os  professores   vão adorar  as respostas. O modelo  é simples  e rápido,  mas também chato  e quase sempre errado.  Até  mesmo  as novelas de TV têm  roteiros  mais criativos.  Os  ricos só  ganham o  papel  de  vilões  se  fazem  alguma  bondade, é porque foram movidos  por  interesses. Já os pobres  são eternamente "do  bem", vítimas  da elite  e das grandes potências, e só  fazem  besteira  porque  são obrigados a isso. Nessa estrutura simplista, o único  aspecto que  importa é o econômico: o passado  vira um  jogo de interesses e apenas  isso. Só se contam histórias que  não ferem o pensamento politicamente correto  e não correm  o risco de serem  mal interpretadas por  pequenos  incapacitados nas escolas.  O  gên ero também  tem  tabus   e  personagens  proibidos,  como  o  rei  bom,   o  fraco opressor  ou os povos que largaram a miséria  por mérito  próprio  e hoje não se consideram vítimas. No  século  20,  quando  esse  esquema    se  tornou  comum, acreditávamos num  mundo dividido  entre preto  e branco,  fortes  e fracos, ganhadores e perdedores. Essa  visão  já estava pronta quando estudiosos  se debruçavam sobre  a  história:  o  que  eles  faziam  era  encaixar,  à força,  os eventos    do    passado    em  sua  visao  de  mundo. Isso    mudou. Uma    nova historiografia ganha  força  no  Brasil.  Se  no  começo  da  década  de 1990  o jornalista  Paulo  Francis falava de "rinocerontes à la Ionesco  que passam  por historiadores  em  nosso   país",  na  última   década  apareceram  acadêmicos alertas  de que  nao sao  políticos  a escrever manifestos. Eles tentam  elaborar conclusões  científicas   baseadas   em   arquivos   inexplorados  de   cartórios, igrejas  ou  tribunais, têm  mais  cuidado  ao  falar  de conseqüências de  uma lógica  financeira  e pesquisam  sem se importar tanto com o uso ideológico de   suas  conclusões.  As  interpretações  que  tiram   do  armário  sao  mais complexas e, numa  boa  parte  das vezes, saborosamente desagradáveis para os que adotam o papel de vítimas ou bons mocinhos. A  história  fica assim  muito  mais  interessante. No século 18,  quem quisesse  ir  de  Parati, no  Rio  de Janeiro, à  atual  Ouro Preto,    em  Minas Gerais,    tinha    que  cavalgar  por  dois  meses  - no  caminho, passava  por casebres  miseráveis onde  moravam  tanto escravos quanto seus senhores, que trabalhavam juntos  e comiam, sem  talheres,  na mesma  mesa. Sabe-se hoje que,  nas vilas  do  ouro  de  Minas, havia  ex-escravas  riquíssimas,  donas  de casas,  jóias,  porcelanas,  escravos,  e  bem  relacionadas  com  outros empresários. Os  primeiros sambistas, considerados hoje pioneiros  da cultura popular,  tinham  formaçao em  música  clássica,  plagiavam  canções estrangeiras e largaram  o samba  para montar bandas  de jazz. Uma das conseqüências da chegada  dos jesuítas a Sao Paulo  foi dar um  alívio à mata atlântica -até entao,  os índios  botavam  fogo na floresta  nao só para abrir espaço de cultivo, mas para cercar os animais  com o fogo e depois abatê-los. O problema é que essa nova história  demora a chegar às pessoas em geral.  Os  livros  didáticos continuam dizendo que  o  verdadeiro nome  de Zumbi era  Francisco  e que  ele teve  educaçao  católica  - uma  ficçao criada pelo  político  e jornalista  gaúcho  Décio  Freitas. Ainda se aprende na escola que  o  Brasil praticou  um  genocídio no  Paraguai  durante uma  guerra  que teria  sido  criada   pela  Inglaterra. E  tem  muito    descendente de  europeu achando que é culpado  pelo tráfico  de escravos, apesar de a maioria  de seus ancestrais ter imigrado quando  a escravidao se extinguia. No processo de fabricaçao  de um espírito  nacional,  é normal  que se inventem tradições, heróis,  mitos  fundadores e histórias  de chorar,  que  se jogue  um  brilho  a  mais  em  episódios  que  criam  um  passado  em comum para  todos  os  habitantes e provocam  uma  sensaçao  de  pertencimento.  Se este país quer  deixar  de ser café com leite,  um  bom  jeito  de amadurecer é admitir que  alguns   dos  heróis  da  naçao  eram   picaretas  ou  pelo  menos pessoas do seu tempo. E que a história  nem  sempre  é uma  fábula: nao tem uma moral  edificante no final e nem causas, conseqüências, vilões e vítimas facilmente reconhecíveis. Por  isso  é  hora  de  jogar  tomates na  historiografia politicamente correta. Este guia reúne histórias  que vao diretamente contra  ela. Só erros das vítimas e dos heróis da   bondade, só virtudes  dos considerados vilões. Alguém  poderá  dizer  que se trata   do  mesmo    esforço  dos  historiadores militantes, só  que  na  direçao oposta. É verdade. Qyer  dizer,  mais ou menos. Este  livro  nao  quer  ser um falso estudo  acadêmico, como o daqueles  estudiosos,  e sim uma provocaçao. Uma  pequena  coletânea de  pesquisas  históricas  sérias,  irritantes  e desagradáveis, escolhidas  com  o objetivo  de enfurecer  um  bom  número  d e cidadaos.   CINCO VERDADES QUE VOCÊ NÃO DEVERIA CONHECER         Em  1646,os jesuítas  que  tentavam evangelizar  os índios  no  Rio de Janeiro tinham um  problema. As  aldeias  onde    moravam com  os  nativos ficavam  perto  de  engenhos que  produziam vinhos  e aguardente. Bêbados, os índios  tiravam  o sono  dos  padres.  Numa  carta  de  25 de  julho  daquele ano,  Francisco  Carneiro, o reitor  do  colégio  jesuíta,  reclamou que o álcool provocava "ofensas  a Deus,  adultérios, doenças, brigas, ferimentos, mortes" e ainda  fazia o pessoal  faltar  às missas.  Para  acabar  com  a indisciplina,  os missionários decidiram  mudar  três  aldeias  para  um  lugar  mais  longe,  de modo  que  não  ficasse tão  fácil passar  ali  no  engenho e tomar  umas.  Não deu certo.  Foi só os índios  e os colonos  ficarem  sabendo  da decisão  para se revoltarem juntos.   Botaram  fogo  nas  choupanas  dos  padres,   que imediatamente desistiram da mudança. Os  anos  passaram  e  o  problema continuou. Mais   de  um  século depois,  em 1755 , o novo reitor  se dizia

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