ebook img

Guerras Santas PDF

370 Pages·2.023 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Guerras Santas

DADOS DE ODINRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo. Sobre nós: O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: eLivros. Como posso contribuir? Você pode ajudar contribuindo de várias maneiras, enviando livros para gente postar Envie um livro ;) Ou ainda podendo ajudar financeiramente a pagar custo de servidores e obras que compramos para postar, faça uma doação aqui :) "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." eeLLiivvrrooss ..lloovvee Converted by ePubtoPDF Ficha Técnica Todos os direitos reservados. Versão brasileira © 2013, Texto Editores Ltda. Título original: Jesus Wars © 2010 by Philip Jenkins Diretor editorial: Pascoal Soto Editora executiva: Maria João Costa Assessor editorial: Bruno Fiuza Preparação de textos: Rafael Rodrigues Revisão de textos: Thaís Lopes Capa: Ideias com Peso Produção Gráfica Direção: Marcos Rocha Gerência: Fábio Menezes     CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Jenkins, Philip, 1952 Guerras santas: como 4 patriarcas, 3 rainhas e 2 imperadores decidiram em que os cristãos acreditariam pelos próximas 1.500 anos / Philip Jenkins; tradução Carlos Szlak. – Rio de Janeiro: LeYa, 2013. Título original: Jesus Wars: How four Patriacrhs, three queens, and two emperors decided what christians would believe for the nest 1.500 years. ISBN 9788580449044 1. História 2. Cristianismo 3. Teologia – história 4. Civilização cristã I. Título II. Szlak, Carlos 13-0765 CDD:231.76     2013 Todos os direitos desta edição reservados a TEXTO EDITORES LTDA. [Uma editora do Grupo LeYa] Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86 01248-010 – Pacaembu – São Paulo – SP – Brasil www.leya.com.br Agradecimentos Quero agradecer a todos os meus amigos e colegas do Instituto de Estudos da Religião, da Baylor University, pela ajuda e apoio, em particular Byron Johnson, Tommy Kidd e Rodney Stark. Na Universidade da Pensilvânia, agradecimentos especiais para Christian Brady, Baruch Halpern, Paul Harvey, Kit Hume, Gary Knoppers e Gregg Roeber. Minha gratidão a Roger Freet, meu editor na HarperOne, e a Elyse Cheney, minha agente. Meus agradecimentos, sobretudo, para minha mulher, Liz Jenkins. Introdução Quem Vocês Dizem Que Eu Sou? Certa vez, Jesus perguntou a seus discípulos: “Quem o povo diz que eu sou?”. Responderam que muitas histórias estavam circulando: que ele era um profeta, talvez Elias ou João Batista de volta ao mundo. “Mas”, ele perguntou em seguida, “quem vocês dizem que eu sou?”.1 Nos últimos dois mil anos, os cristãos deram diversas respostas a essa questão. Sim, a maioria acredita que Jesus era um ser humano, mas, ao mesmo tempo, também era Deus, uma das três pessoas da Trindade. Era igualmente Deus e homem. Contudo, quando dizemos isso, suscitamos mais dúvidas do que respostas, pois a fé básica em Jesus Cristo exige a combinação de duas diferentes categorias de ser. Essa transgressão de fronteiras confunde e choca os fiéis das outras crenças, em especial monoteístas estritos como muçulmanos e judeus. E mesmo os cristãos que aceitam o conceito básico provavelmente não conseguem explicá-lo com algo parecido à precisão demandada pelos primeiros concílios eclesiásticos. Por aqueles padrões rigorosos, praticamente todos os não especialistas modernos (incluindo numerosos clérigos) logo cairiam em grave heresia.2 A Bíblia não é nada clara a respeito da relação entre as naturezas humana e divina de Cristo, não sendo possível conciliar de modo razoável suas várias afirmações sobre essa questão. No Novo Testamento, Jesus afirma explicitamente que é idêntico a Deus: “Eu e o Pai somos um”, declara. “Qualquer um que me viu, viu o Pai.”3 O Evangelho de João relata um encontro de Jesus com a multidão: “Vocês são de baixo, eu sou de cima. Vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo”. E continua: “Antes que Abraão existisse, eu sou”. Seus ouvintes ficam estarrecidos, e não só porque isso parece ser uma arrogância ultrajante da extrema velhice. As palavras que Jesus emprega para “Eu sou” – em grego, ego eimi – lembram a declaração que Deus fez a Moisés na sarça ardente. Poderíamos traduzir melhor isso como EU SOU. Jesus parece estar dizendo que ele é o mesmo Deus eterno que libertou Israel do Egito e que também criou o mundo. Previsivelmente, a multidão tenta apedrejá-lo por blasfêmia. Então, para os leitores posteriores dos Evangelhos, Pai e Filho devem ser a mesma coisa.4 No entanto, justamente quando estamos absorvendo esse fato incrível, lemos à frente que Jesus pleiteia ser distinto de Deus, o Pai. “O Pai é maior do que eu”, ele diz. Quando Jesus prevê o fim do mundo, admite que o momento exato é desconhecido para o Filho ou para os anjos, e que somente o Pai sabe a data com exatidão. Se o Filho sabe menos do que o Pai, os dois devem ser diferentes.5 O que significa dizer que Cristo era, ao mesmo tempo, Deus e homem? Certamente, o Jesus dos Evangelhos parece completamente humano: ele sangra, ama, fica zangado, morre numa agonia grotesca. Contudo, de alguma forma temos de conciliar o fato com a doutrina da Encarnação. As palavras iniciais do Evangelho de João identificam Cristo com o Logos, a Razão Divina ou o Verbo criativo: No princípio era o Verbo [Logos], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.6 O Verbo se fez carne, e Deus se converteu em homem. Mas como aquele Verbo se relaciona com um homem chamado Jesus? O que a Epístola aos Colossenses quer dizer quando declara que toda a plenitude de Deus vive em Cristo, numa forma corpórea?7 Os problemas e os paradoxos se multiplicam. Quando Jesus chegou a Betânia e descobriu que seu amigo Lázaro havia morrido, ele caiu em luto: soubemos que gemeu em espírito e ficou perturbado. Sofreu uma tristeza muito humana, e, conforme relata um dos mais famosos versos da Bíblia, “Jesus chorou”.8 Casualmente, a fonte desse verso é o Evangelho de João, ou seja, o mesmo texto que fala de Jesus e o discurso de arrepiar do EU SOU. Mas vamos refletir a respeito desse texto. Jesus chorou, então Cristo, o ungido, chorou – e, portanto, devemos acreditar que Deus, criador e origem de toda a existência, realmente chorou? De modo mais incrível, como, de fato, Cristo sofreu na cruz, Deus realmente morreu? Esses paradoxos não foram concebidos pelos teólogos cristãos tardios, trabalhando muito depois das crenças supostamente objetivas da era apostólica. Já em 110, enquanto o Novo Testamento ainda estava sob elaboração, Inácio de Antioquia, o grande bispo mártir, proclamou Cristo como “Deus feito em carne”. Inácio se dirigiu aos crentes, cujos corações estavam ardendo no “sangue de Deus”. Deus chorando é uma coisa, mas sangrando? Mesmo os católicos fiéis, que aceitam que a Eucaristia é Corpus Christi, o Corpo de Cristo, não ousam dar o salto que proclamaria isso o Corpo de Deus. Deus e Cristo são diferentes.9 Nos quatro primeiros séculos do cristianismo, os adeptos procuraram diversas maneiras de solucionar esses problemas das Escrituras Sagradas e da lógica. Diferentes Igrejas – pensadores e estudiosos importantes – variaram na ênfase que colocaram na humanidade de Jesus ou na sua divindade, e, sem praticar muita inventividade ou contorções textuais, encontraram passagens bíblicas que apoiaram todas essas opiniões.10 Alguns dos primeiros cristãos achavam que Cristo era tão dotado da qualidade do sagrado que sua natureza humana foi eclipsada. Nesse sentido, deveríamos pensar sobre Cristo como uma manifestação de Deus caminhando pelo mundo, vestido de forma humana como um disfarce conveniente. O Verbo se fez carne do mesmo jeito que posso vestir um sobretudo. Então, devemos acreditar que os sofrimentos de Cristo, todas as lágrimas e todo o sangue, eram uma espécie de representação ou ilusão? Outros viram Jesus como um grande homem, subjugado pela consciência divina. De alguma forma, o espírito de Deus desceu sobre ele, com seu batismo no rio Jordão sendo o provável momento da transformação, mas as duas naturezas sempre permaneceram distintas. Dessa perspectiva, Cristo permaneceu, acima de tudo, humano. Alguns acharam que as duas naturezas se fundiram de maneira indissolúvel e eterna; outros acharam que a conexão foi só parcial ou temporária. Então Jesus foi Deus com comportamento humano ou homem com comportamento divino? Entre esses dois pólos, existem diversas outras respostas, que competiram intensamente durante os primeiros séculos do cristianismo. Perto do ano 400, a maioria dos cristãos concordava que Jesus Cristo era, em certo sentido, divino, e que tinha tanto uma natureza humana (physis, em grego), quanto uma natureza divina. Contudo, essa crença permitiu uma grande variedade de interpretações, e ainda que os acontecimentos tenham se desenvolvido de maneira diferente – e que grandes concílios tenham tomado decisões diferentes daquilo que realmente vieram a fazer –, qualquer uma dessas inúmeras abordagens poderia ter se estabelecido como ortodoxia. No contexto da época, as pressões culturais e políticas estavam promovendo com força a ideia de Cristo enquanto Deus, de modo que, só com real dificuldade, a memória do Jesus humano conseguiu ser mantida. Historicamente, é bastante notável que a ortodoxia de tendência predominante emergisse com tamanha força em favor da reafirmação da humanidade plena de Cristo. Mas ela fez exatamente isso. Quando as Igrejas mais modernas explicam sua compreensão da identidade de Cristo – sua cristologia –, elas se voltam para um corpo comum de interpretações pouco originais, uma coleção de textos elaborados no século V. Em 451, num grande concílio realizado em Calcedônia (perto da moderna Istambul), a Igreja formulou a declaração que acabou se tornando a teologia oficial do Império Romano, que reconhecendo Cristo em duas naturezas reunidas em uma única pessoa. Existiam duas naturezas, “sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação; a distinção das naturezas não sendo de forma alguma anulada pela união, mas, de maneira mais precisa, as características de cada natureza sendo preservadas e se reunindo para formar uma pessoa”.11 Não podemos falar de Cristo sem proclamar sua natureza completamente humana, que não foi nem um pouco diluída ou abolida pela presença da divindade. Atualmente, a definição calcedônica se sustenta como a fórmula oficial para a grande maioria dos cristãos, quer sejam protestantes, católicos ou ortodoxos; embora quantos desses crentes possam explicar a definição claramente seja um número aberto ao debate. No entanto, como nos foi dito, o Concílio de Calcedônia esclareceu qualquer controvérsia a respeito da identidade de Cristo, de modo que, dali em diante, os trechos incômodos da Bíblia ou a tradição primitiva tiveram de ser lidos no espírito daquelas

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.