João Gouveia Monteiro nasceu em 1958, em Coimbra, em cuja J GRANDES CONFLITOS Grandes conflitos da história da Europa é uma obra O Ã Universidade é Professor Associado com Agregação e investigador do O que nos propõe uma viagem por cinco momentos Centro de História da Sociedade e da Cultura. Ensina história medieval GO DA HISTÓRIA DA EUROPA decisivos da história do Velho Continente, ao longo de U europeia e história militar antiga e medieval, sendo autor de 90 trabalhos V catorze séculos. A batalha de Gaugamela, travada entre E DE ALEXANDRE MAGNO A GUILHERME “O CONQUISTADOR“ IA Alexandre Magno (o mais brilhante general do Ocidente científicos, entre os quais 10 livros. Foi Professor Convidado da Université Paul M O antigo) e Dario III (“Grande Rei” da Pérsia), em 331 a. C. Valéry (Montpellier) e Conferencista Visitante da École Pratique des Hautes N Série Investigação TE JOÃO GOUVEIA MONTEIRO A batalha de Canas, a mais pesada derrota da história Études (Paris). Entre 1995 e 2001, coordenou um projeto de investigação IR • O do Império Romano, ferida em 216 a. C., no sul de Itália, pluridisciplinar no Campo Militar de São Jorge – Aljubarrota. Em 2000, Imprensa da Universidade de Coimbra no âmbito da guerra pelo domínio do Mediterrâneo organizou com Mário Barroca e Isabel Cristina Fernandes a exposição Coimbra University Press que opunha Roma a Cartago (liderada pelo lendário 2014 “Pera Guerrejar – armamento medieval no espaço português”. É Académico D comandante Aníbal Barca). A batalha de Adrianopla, Correspondente da Academia Portuguesa da História, membro da Comissão AG que teve lugar na atual Turquia, em 378 d. C., entre o Portuguesa de História Militar e da De Re Militari – The Society for Medieval HR imperador romano do Oriente e uma coligação de povos A Military History. Entre os seus principais trabalhos, contam-se A guerra em ISN bárbaros, anunciando o inevitável advento de uma nova T Portugal nos finais da Idade Média (Lisboa, Notícias, 1998, Prémio Defesa ÓD IMPRENSA DA Europa. A batalha de Poitiers, ocorrida na Gália, E Nacional 1996); Os castelos portugueses nos finais da Idade Média (Coimbra, RS UNIVERSIDADE em 732 d. C., e em que Carlos Martel (avô de Carlos I DE COIMBRA A Colibri-FLUC, 1999, Prémio Defesa Nacional 1999); Nova História Militar de C COIMBRA Magno) venceu o exército do governador árabe do UNIVERSITY DO Portugal, vol. I (com José Mattoso, Mário Barroca e Luís Miguel Duarte, Círculo PRESS al-Andalus e travou as ambições muçulmanas de AN de Leitores, 2003); Vegécio. Compêndio da Arte Militar (com José Eduardo domínio da Gália. E a batalha de Hastings, travada em EF Braga, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, Menção Honrosa no UL 1066, no sul de Inglaterra, o combate mais espetacular I RT Prémio de Tradução Científica e Técnica da FCT-União Latina em 2010); OO da Idade Média e em que o duque da Normandia, e Cicatrizes da guerra no espaço fronteiriço português, 1250-1450 (com Miguel PS Guilherme, matou o rei anglo-saxónico, Haroldo II A Godwinson, provocando uma viragem no destino Gomes Martins, Coimbra, Palimage, 2010, Prémio Pedro Cunha e Serra da das duas maiores potências europeias de então. Academia Portuguesa da História em 2011). Professor, investigador e tradutor, Trata-se de um livro cuidadosamente ilustrado, que foi Pró-Reitor para a Cultura e Diretor da Imprensa da Universidade de se dirige a um público muito amplo e onde a história Coimbra. política e a história militar se iluminam mutuamente. 9 A obra, evocativa de grandes figuras da história antiga 7 8 e medieval europeias, é sustentada por uma leitura 9 8 9 cuidadosa das melhores fontes escritas e iconográficas 2 6 à disposição do historiador (como Arriano, Políbio, 0 1 5 Marcelino, a Crónica de 754, Guilherme de Poitiers 4 0 ou a fabulosa Tapeçaria de Bayeux, entre outras). Versão integral disponível em digitalis.uc.pt Verificar dimensões da capa/lombada. Lombada com 18mm. I N V E S T I G A Ç Ã O Versão integral disponível em digitalis.uc.pt EDIÇÃO Imprensa da Universidade de Coimbra Email: [email protected] URL: http//www.uc.pt/imprensa_uc Vendas online: http://livrariadaimprensa.uc.pt CONCEPÇÃO GRÁFICA António Barros REVISÃO Maria de Fátima Lopes INFOGRAFIA DA CAPA Carlos Costa PRÉ-IMPRESSÃO António Resende EXECUÇÃO GRÁFICA NSG - Novas Soluções Gráficas ILUSTRAÇÃO DA CAPA Pormenor da Tapeçaria de Bayeux - Séc. XI Com autorização especial da cidade de Bayeux ISBN 978-989-26-0154-0 ISBN DIGITAL 978-989-26-0922-5 DOI http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-0922-5 DEPÓSITO LEGAL 385593/14 OBRA PUBLICADA COM O APOIO DE: © DEZEMBRO 2014, IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Versão integral disponível em digitalis.uc.pt GRANDES CONFLITOS DA HISTÓRIA DA EUROPA DE ALEXANDRE MAGNO A GUILHERME “O CONQUISTADOR“ JOÃO GOUVEIA MONTEIRO ESQUEMAS DAS BATALHAS, MAPAS E ADAPTAÇÃO DE OUTRAS ILUSTRAÇÕES JOSÉ MORAIS IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS Versão integral disponível em digitalis.uc.pt 5 Ao José Eduardo Braga, por muitos anos de amizade e de ensinamentos, científicos e humanos. Versão integral disponível em digitalis.uc.pt 7 ÍNDICE Prefácio ................................................................................................................. 9 Capítulo I — Gaugamela (331 a. C.): Alexandre Magno – conquistar a Pérsia e depois o Mundo ...................................... 17 Capítulo II — Canas (216 a. C.): Roma e Cartago – a guerra pelo Mediterrâneo ....................................................... 73 Capítulo III — Adrianopla (378): quando o Ocidente muda de mãos ............. 109 Capítulo IV — Poitiers (732): alarme na Gália perante os muçulmanos .......... 141 Capítulo V — Hastings (1066): a conquista de Inglaterra – um dia para mudar a Europa .................................................. 189 Cronologia Sumária ...........................................................................................329 Índice das Ilustrações .........................................................................................331 Versão integral disponível em digitalis.uc.pt 9 PREFÁCIO Este livro é um sonho antigo. Depois de três décadas a investigar e a lecionar temáticas de história política e militar antiga e medieval, acalentava o desejo de escrever um dia um volume reunindo estudos acerca daquelas que eu considero serem as batalhas mais importantes da história do Oci- dente europeu. Não pretendia com isso reentrar na velha polémica acerca do ‘lugar’ da batalha no contexto da arte militar ocidental. Longe disso. Este livro é tanto de história política como de história militar, no sentido tradicional do termo. Nele, a batalha é ‘apenas’ o pretexto para iluminar toda uma época relevante da história da Europa, para conhecer de forma mais profunda e mais completa alguns dos seus maiores protagonistas, para compreender melhor as motivações e o alcance de alguns dos conflitos que ajudaram a construir o Velho Continente. Confesso que, de início, hesitei bastante na escolha dos “grandes confli- tos” a considerar na obra. A seleção não era fácil, tanto mais que pretendia cobrir um arco cronológico bastante amplo. Pensei incluir dez casos, mas depressa percebi que isso me obrigaria a ser demasiado superficial, ou a produzir um livro volumoso e de consulta desagradável. Fixei-me então no número de cinco e optei por ordenar os conflitos segundo uma sequência cronológica, do mais antigo para o mais recente, tendo assumido desde o início a preocupação de os interligar o melhor possível. Com tudo isto, a narrativa acabou por ficar situada entre a segunda metade do séc. IV a. C. e os finais do séc. XI d. C. São catorze séculos de história europeia numa casca de noz, uma temeridade evidente, mas de que me não arrependo, pois poucos projetos de fôlego me foram tão gratificantes quanto este. Versão integral disponível em digitalis.uc.pt Se a experiência for bem-sucedida e as condições de trabalho mo permiti- rem, talvez prossiga esta aventura amanhã, organizando nova viagem pela história político-militar europeia, desta feita entre os finais do séc. XI e os 10 meados do séc. XV. Daí em diante, é território que não ousarei pisar. Se à partida lhe disser, caro leitor, que os cinco casos eleitos estão acima de qualquer reparo, responder-me-á que sou suspeito. Por isso, o melhor será ajuizar por si próprio. Ainda assim, não me coibirei de justificar aqui a minha seleção. O livro abre com Gaugamela, uma batalha travada em 331 a. C., entre Alexandre Magno, rei da Macedónia, e Dario III Codomano, o “Grande Rei” da Pérsia. Gaugamela (ou Gaugamelos, no atual Iraque) constituiu o clímax da grande campanha conquistadora levada a cabo, entre 334 e 324 a. C., por Alexandre Magno, para muitos o maior general da Antiguidade e por quem Napoleão nutria uma profunda admiração. A reconstituição é feita a partir de uma fonte muito credível: o relato de Arriano, um escritor romano de língua grega nascido nos finais do séc. I d. C. e que se baseou no diário de campanha de um dos generais de Alexandre, Ptolomeu, assim como num outro registo, atribuído a um especialista grego que acompanhava a expedição, Aristobulo, que terá transcrito para o seu diário um documento do comando persa contendo a ordem de batalha de Dario III em Gaugamela! O estudo desta batalha é especialmente interessante e multifacetado, porque não é possível compreender o tremendo êxito do exército macedónico sem desvendar pre- viamente os segredos da arte militar da Grécia antiga (com destaque para a célebre falange hoplita, expressão militar da solidariedade comunitária, que era a essência da cidade-estado grega) e sem conhecer as matrizes da arte militar oriental (egípcia, assíria e, em especial, persa). Não se pode compreender o sonho de Alexandre, discípulo de Aristóteles, sem evocar a obra política de seu pai, o rei Filipe II da Macedónia, que foi capaz de federar o ressentimento helénico contra os Persas e que, inspirado pelos desenvolvimentos recentes da arte militar praticada em Tebas, renovou profundamente o pequeno exér- cito macedónico, tornando-o uma máquina de guerra pouco menos do que invencível. Por fim, falar de Alexandre Magno e das suas conquistas até para lá das fronteiras entre a imensa Pérsia e a Índia é também falar da dissemi- nação pelo Oriente e pelo Norte de África do legado cultural helénico, parte integrante e valiosíssima do património cultural europeu. Versão integral disponível em digitalis.uc.pt O segundo caso considerado neste livro é o do conflito político-militar entre Roma e Cartago, que conduziu às famosas Guerras Púnicas (relatadas por dois grandes escritores clássicos: Políbio e Tito Lívio) e, em especial, à 11 batalha de Canas, travada no sudeste da península itálica no ano 216 a. C. Nessa época, Roma e Cartago eram duas grandes potências em acesa disputa pelo controlo do Mediterrâneo. A Segunda Guerra Púnica ficaria marcada por uma incrível odisseia interpretada por Aníbal Barca, o general cartaginês que conduziu o exército púnico desde a sua base na Hispânia até ao norte de Itália, atravessando os Alpes com milhares de homens e de elefantes e surpreendendo os Romanos, que derrotaria depois numa série de batalhas, até se fixar na região da Apúlia, nas proximidades de Bari. Roma, sentin- do a ameaça, tanto mais que os Cartagineses estavam a atrair para a sua causa uma série de povos, mobilizou-se: organizou um imenso exército e enviou-o com ordens rigorosas para enfrentar o inimigo e para pôr fim à tragédia. Todavia, esse grande exército – comandado pelos cônsules Lúcio Emílio Paulo e Gaio Terêncio Varrão e que incluía nada menos do que oito legiões – acabaria por se despedaçar num quente dia de agosto entre a montanha de Canas e o rio Ofanto, num espaço de menos de cinco quiló- metros quadrados, onde lutaram perto de 130 000 homens e cavalos! Foi a maior derrota militar de sempre da história romana, e o desaire abalou profundamente o Senado, ele próprio devastado pela morte de um núme- ro elevadíssimo dos seus membros. A manobra tática de Aníbal Barca na batalha de Canas ainda hoje é estudada nas academias militares e inspirou muitos generais posteriores. Porém, nem isso garantiu a vitória de Cartago nas Guerras Púnicas: a força política de Roma, a sua capacidade para resistir às adversidades e os seus inesgotáveis recursos humanos acabariam por imprimir uma reviravolta no conflito, que só terminaria em 146 a. C., com a destruição da cidade de Cartago às mãos de Cipião Emiliano. Vem depois a história do conflito que conduziu à batalha de Adrianopla (na atual Turquia), travada em 378 d. C., entre um exército romano che- fiado pelo imperador do Oriente, Valente, e um exército visigodo liderado por Fritigerno, que contava nesse dia com a colaboração de contingentes militares montados de Ostrogodos, de Hunos e de Alanos. A batalha de Adrianopla, para cuja reconstituição contamos com o precioso testemunho de Amiano Marcelino (escritor coevo e oficial do exército romano), tem Versão integral disponível em digitalis.uc.pt Conquistar o Império Depois de deixar Arbela, Alexandre marchou em direção à Babilónia, 67 onde foi bem recebido. De forma inteligente, optou por manter Mazeu como sátrapa desta província, embora colocando-o sob tutela macedónica. A mesma política foi posta em prática com outros governadores. A partir daqui, como lembra J. Keegan, Alexandre tinha três possibilidades: a) retirar para as linhas do Eufrates, deixando a força económica e militar da Pérsia destroçada; b) parar, como faria mais tarde um imperador romano, Trajano, contentando-se com as planícies férteis da Mesopotâmia; c) ou prosseguir na senda da conquista do Império Persa. Alexandre optou pela terceira hipótese e dirigiu a sua ‘linha de controlo’ continuamente para oriente. Enfrentando a neve que cobria já os caminhos naquele inverno de 331-330 a. C., Alexandre avançou para a Ásia Central e começou por al- cançar Persépolis, a capital e a cidade mais rica do Império. Aqui, o rei macedónico apoderou-se de um imenso tesouro, que Diodoro da Sicília estima em 120 000 talentos de ouro e de prata. Em Persépolis, Alexandre promoveu jogos e sacrifícios, mas também deixou que a festa ficasse para sempre manchada por um episódio de embriaguez coletiva que irrompeu durante um banquete e que redundou no incêndio do fabuloso palácio régio. A seguir, Alexandre rumou a Ecbátana, de onde enviou para suas casas muitos dos aliados tessálicos e gregos, tendo igualmente procedido a nomeações entre os Persas, como forma de cativar a nobreza oriental, de serenar os ânimos e de reforçar a sua influência num mundo que ainda lhe era estranho e, em grande medida, hostil. Entretanto, Dario fora acolhido por Besso, o sátrapa da Bactriana. Todavia, depois da sua fuga em Gaugamela, a autoridade de Dario ficara reduzida a cinzas. Três sátrapas (Besso, Barsantes e Nabazanes) conspiraram contra Dario, que foi deposto e aprisionado, vindo mais tarde a ser apunhalado e abandonado moribundo em pleno deserto, onde Alexandre o recolheu (oito ou nove meses depois de Gaugamela) e enviou para Persépolis. Alexandre tornou-se então o novo Grande Rei da Pérsia, pondo termo à dinastia dos Aqueménidas (isto apesar de, entre os Gregos, continuar a intitular-se hegemon, isto é, líder da aliança contra os Persas). O direito de Versão integral disponível em digitalis.uc.pt
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