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Graham Greene - O Americano Tranquilo PDF

141 Pages·2012·0.82 MB·Portuguese
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Graham Greene O Americano Tranquilo TRADUÇÃO DE P. J. DE MORAIS Clássicos da Literatura Contemporânea ULISSEIA Este livro foi digitalizado por Sandra Leonor Ferreira em Março de 2007 para uso exclusivo de deficientes visuais. Contracapa: Publicado em 1955, O Americano Tranquilo é um dos grandes romances alguma vez escritos sobre a guerra do Vietname. Não a guerra americana mas a francesa que a precedeu. E, contudo, como screve o crítico, Adam Schildge, este romance, de algum modo, através de um dos seus personagens principaisAlden Pyle (o próprio americano tranquilo, de facto um agente da CIA muito dado a intrometer-se no que não lhe diz respeito), o que veio a ser a intervenção norte-americana naquele país do Extremo Oriente. Livro de guerra que no entanto não se detém nas descrições bélicas, O Americano Tranquilo é, acima de tudo, uma obra sobre a condição humana. Mais que as questões políticas (que, não obstante, estão sempre presentes), mais que o antagonismo entre as visões do mundo do narrador, o jornalista britânico Thomas Fowler, que não gosta da política americana (para ele formada apenas por «meias-mentiras»), e o já citado Alden Pyle, o que está em causa nestas páginas é sobretudo o amor, o ódio, a traição, e depois, o sacrifício dos civis e a morte dos inocentes. Adaptado ao cinema em 2002 – por Philip Noyce e com os principais papéis a cargo de Michael Cain e Brendan Frazer, O Americano Tranquilo é uma das grandes obras ficcionais de Grahham Grenne e um romance que o leitor não esquecerá. Badana do livro: Graham Greene (1904-1991) é uma das grandes figuras da literatura inglesa do século XX. Iniciou a sua carreira como jornalista, colaborou longamente com o jornal The Times, tendo sido correspondente na Libéria, México, Malásia, Indochina, Cuba e Haiti. Foi essa longa experiência de testemunha das violências da história que deu matéria-prima que usou em muitos dos seus romances. Convertido ao catolicismo em 1926, foi por vezes comparado a François Mauriac, ainda que o seu extraordinário sentido dos ambientes, da cor, da realidade material dos lugares distingam a sua obra do carácter um pouco fechado dos romances deste último. De entre a sua vasta bibliografia, destacam-se os romances The Power and the Glory (1940), The Heart of the Matter [O Nó do Problema] (1948), The End of the Affair (1951), The Quiet American [O Americano Tranquilo] (1955), Our Man in Havana [O Nosso Agente em Havana] [1958), The Honorary Cônsul (1953), e The Human Factor (1978). Escreveu também uma autobiografia intitulada A Sort of Life (1971) e Ways of Escape (1980). Clássicos da Literatura Contemporânea colecção dirigida por João Carlos Alvim Título do original: The Quiet American Copyright © Graham Greene, 1986 Todos os direitos reservados para a língua portuguesa, excepto Brasil, por Editora Ulisseia, Lda. Av. Antônio Augusto de Aguiar, 148-1.° 1050-021 Lisboa Tel. 213801 100 Composição: Fotocompográfica, Lda. Impresso em Janeiro de 2003 por Tilgráfica - Sociedade Gráfica, SA Dep. legal n.O 190759/03 Capa de Editora Ulisseia Desagrada-me ficar comovido: porque a vontade se excita, e a acção É coisa extremamente perigosa; tremo com o artificial, Com qualquer prevaricação sentimental e processo ilegítimo; Somos tão propensos a coisas destas, com as nossas terríveis noções do dever.» A. H. Clough «É esta a era privilegiada para novas invenções De matar corpos e de salvar almas, Todas propagadas com as melhores intenções.» Byron 7 ....Meus caros René e Phuong: Pedi-vos autorização para vos dedicar este livro não só em memória das tardes felizes que convosco passei em Saigão nos últimos cinco anos, mas também porque descaradamente me servi da vossa morada para alojar uma das minhas personagens e do teu nome, Phuong, para conveniência dos leitores, porque é simples, bonito e fácil de pronunciar, o que não acontece com a maior parte dos nomes das tuas compatriotas. Poderão verificar que de pouco mais me servi e que é evidente que não copiei quaisquer personagens residentes no Vietname. Tanto Pyle como Granger, Fowler, Vigot e Joe não são cópias de originais existentes em Saigão ou Hanói e o general Thé já morreu: segundo dizem com um tiro nas costas. Os próprios acontecimentos históricos foram alterados. Por exemplo, a bomba junto do Continental não seguiu, mas sim precedeu, as bombas das bicicletas. Não tenho escrúpulos quanto a pequenas alterações deste tipo. Trata-se de um romance e não de uma descrição histórica, e espero que esta história acerca de algumas personagens imaginárias vos faça passar a ambos uma tarde quente de Saigão. Afectuosamente, GRAHAM GREENE 9 PRIMEIRA PARTE Capítulo I Depois do jantar sentei-me no meu quarto, na Rua Catinat, à espera de Pyle: ele dissera: "Chegarei quando muito às dez horas», e quando bateu a meia-noite senti-me incapaz de ficar quieto por mais tempo, desci as escadas e saí. Um grupo de velhas de calças pretas agachava-se no patamar: estávamos em Fevereiro e provavelmente sentiam demasiado calor na cama. Um condutor de trishaw pedalava lentamente em direcção à margem do rio, e no local de desembarque dos novos aviões americanos brilhavam lampiões. Em toda a extensão da rua não havia sinal de Pyle. Podia acontecer, evidentemente, que por qualquer razão o tivessem retido na legação da América, mas nesse caso teria certamente telefonado para o restaurante - era extremamente meticuloso quando se tratava de pequenas cortesias. Voltei-me para entrar em casa e vi uma rapariga que esperava no vão da porta seguinte. Não conseguia ver-lhe a cara, apenas as calças de seda branca e a comprida túnica florida, mas apesar disto sabia de quem se tratava. Esperara tantas vezes que eu chegasse a casa neste mesmo sítio e a esta mesma hora!... - Phuong (o que significa Fénix, mas hoje em dia nada existe que seja fabuloso e possa renascer das próprias cinzas. Antes que ela tivesse tempo de o dizer eu sabia que esperava Pyle) - disse-lhe. - Ele não está aqui. - Je sais. Je t'ai vu seul à la fenêtre. - Podes esperar lá em cima - disse-lhe. - Não deve tardar. - Posso esperar aqui. - Não é conveniente. A polícia pode levar-te. Ela seguiu-me pelas escadas acima. Pensei em várias graças irónicas e desagradáveis, mas os seus conhecimentos de francês e inglês 15 não eram suficientes para que ela atingisse a ironia e, o que é mais estranho, não me apetecia magoá-la nem magoar-me a mim mesmo. Quando chegámos ao patamar as velhas viraram as cabeças e logo que passámos as suas vozes elevaram-se e depois baixaram como se estivessem a cantar em coro. - De que estão a falar? - Pensam que voltei para casa. No meu quarto a árvore que eu arranjara para o ano novo chinês deixara cair a maior parte das suas flores amarelas. Jaziam entre as teclas da minha máquina de escrever. Apanhei-as. - Tu es troublé - disse-me Phuong. - Não é seu costume. É um homem tão pontual... Tirei a gravata e os sapatos e deitei-me na cama. Phuong acendeu o fogão de gás e pôs água a aquecer para o chá. Podia ter acontecido há seis meses. - Ele diz que vais partir brevemente - disse-me. - Talvez. - Ele é muito teu amigo. - Agradece-lhe em meu nome. Reparei que tinha um penteado diferente, deixando agora o cabelo negro cair, liso, até aos ombros. Lembrei-me de que Pyle criticara em tempos o complicado penteado que ela achava ser próprio da filha de um mandarim. Fechei os olhos e vi-a de novo como fora: 'o silvo do vapor, o tilintar de uma chávena, uma determinada hora da noite e a promessa de tranquilidade. - Ele não se demorará - disse-me, como se eu necessitasse de ser confortado pela sua ausência. Perguntei-me no que falariam quando estavam juntos: Pyle era muito sério e eu aturara-lhe as dissertações sobre o Oriente, que ele conhecia há meses, tantos quantos eu o conhecia há anos. Outro dos seus temas preferidos era a democracia e tinha ideias definidas e irritantes sobre o que os Estados Unidos estavam a realizar a favor do mundo. Em contrapartida, Phuong era de uma ignorância maravilhosa: se porventura o nome de Hitler surgisse numa conversa ela interrompia-a para perguntar de quem se tratava. A explicação era tanto mais difícil quanto ela nunca conhecera um alemão ou um polaco e as suas noções de geografia da Europa eram extremamente vagas, embora, evidentemente, quando se tratava da princesa Margarida, soubesse muito mais do que eu. Ouvi-a pousar um tabuleiro aos pés da cama. - Ele ainda está apaixonado por ti, Phuong? 16 Levar uma anamita para a cama é como que levar um pássaro: chilreia e canta sobre a nossa almofada. Houve tempo em que pensei que nenhuma delas cantava como Phuong. Estendi a mão e toquei-lhe no braço - também os seus ossos eram frágeis como os dos pássaros. - Ainda está, Phuong? Ela riu e ouvi-a acender um fósforo. Apaixonado? Talvez se tratasse de uma daquelas frases que não entendia. - Posso preparar-te o cachimbo? - perguntou-me. Quando abri os olhos ela já acendera a lamparina e o tabuleiro estava preparado. A luz dava-lhe à pele um tom de âmbar escuro e ela debruçou-se sobre a chama com uma expressão de concentração, aquecendo a pequena pasta de ópio, rodando com a agulha. - Pyle ainda não fuma? - perguntei-lhe. -Não. - Deves convencê-lo; caso contrário não voltará. Entre eles existia a superstição de que um amante fumador de ópio voltava sempre, nem que estivesse em França. A capacidade sexual de um homem podia ser prejudicada pelo fumo, mas elas preferiam sempre o amante fiel ao amante potente. Phuong amassava a pequena bola de pasta quente na margem convexa da taça e já cheirava a ópio. Não existe qualquer cheiro que se assemelhe. O despertador ao lado da cama indicava meia- noite e vinte, mas o meu estado de tensão desaparecera. Pyle esfumava-se. A lamparina iluminava a cara de Phuong enquanto cuidava do longo cachimbo e se debruçava sobre ele com a mesma atenção solene que teria dedicado a uma criança. Eu gostava do meu cachimbo: mais de sessenta centímetros de bambu direito, com marfim em ambas as extremidades. A taça encontrava-se a dois terços da extremidade superior, tal um convólvulo invertido, com a margem convexa polida e escurecida pelo frequente amassar do ópio. Com um movimento de pulso ela introduziu a agulha na pequena cavidade, libertou o ópio e inverteu a taça sobre a chama, segurando o cachimbo para que se mantivesse firme. A conta de ópio borbulhava brandamente, regularmente, à medida que eu aspirava. O fumador experiente consegue aspirar de uma só vez todo o cachimbo, mas eu precisava sempre de chupar várias vezes. Depois deitei-me para trás, com a cabeça encostada à almofada de cabedal, enquanto ela preparava o segundo cachimbo. - Sabes? É realmente claro como a água. Pyle sabe que eu fumo sempre umas cachimbadas antes de me deitar e não quer interromper-me. Amanhã de manhã passará por cá - disse-lhe. 17 A agulha entrou novamente e eu fumei o segundo cachimbo. Quando o pousei disse: - Não há motivo para preocupações. Não há mesmo o mínimo motivo. Bebi um gole de chá e levei a mão ao seu sovaco. - Quando me deixaste - disse - foi uma sorte ter isto a que me agarrar. Na Rua de Ormay há uma casa bastante boa. Nós, os Europeus, complicamos as coisas mais insignificantes. Não devias viver com um homem que não fuma, Phuong. - Mas ele vai casar comigo - respondeu-me. - Já falta pouco tempo. - Tens razão; o caso assim muda de figura. - Queres que te prepare novo cachimbo? - Quero. Pus-me a pensar se no caso de Pyle não aparecer ela consentiria em dormir comigo aquela noite; mas eu sabia que depois de quatro cachimbadas já não a desejaria. Evidentemente que seria agradável sentir a meu lado, na cama, a sua coxa Cela dormia sempre de costas), e quando .de manhã acordasse podia principiar o dia com um cachimbo em vez de o começar com a minha própria companhia. - Pyle já não vem - disse. - Fica aqui, Phuong. Ela estendeu-me o cachimbo e abanou a cabeça. Logo que aspirei o ópio, tanto a sua presença como a Sua ausência passaram a ter pouca importância. - Por que é que o Pyle não veio? - perguntou-me. - Como queres que saiba? - Foi falar com o general Thé? - Não faço a mínima ideia. - Ele disse-me que se não pudesse jantar contigo viria aqui ter. - Não te preocupes. Ele vem. Arranja-me outro cachimbo. Quando ela se debruçou sobre a chama lembrei-me do poema de Baudelaire: Mon enfant, ma soeur... E o resto? Aimer à loisir, Aimer et mourir Au pays qui te ressemble. 18 Ao longe, nos cais, dormiam os barcos dant l'humeur est vagabande. Pensei que, se a cheirasse, a sua pele teria uma ténue fragrância de ópio e que a sua cor seria idêntica à da pequena chama. Vira as flores do seu vestido junto dos canais do Norte; era tão indígena como uma erva, e eu nunca mais quisera voltar para o meu país. - Quem me dera ser o Pyle - disse em voz alta, mas o sofrimento era limitado e suportável; o ópio encarregara-se disso. Alguém bateu à porta. - É o Pyle - disse ela. - Não é. Ele não bate assim. Alguém bateu de novo com impaciência. Ela levantou-se apressadamente, fazendo estremecer a árvore amarela, que novamente espalhou as pétalas das suas flores sobre a máquina de escrever. A porta abriu-se. - Monsieur Foulair? - indagou alguém. - O Fowler sou eu - respondi. Não me ia incomodar por um polícia. Sem levantar a cabeça, conseguia ver os seus calções de caqui. Ele passou a explicar num francês vietnamita quase incompreensível que precisavam de mim imediatamente - já - rapidamente – na Sureté. - Na Sureté francesa ou vietnamita? - Francesa. Dita por ele a palavra soava como «françung». - De que se trata? Ele não sabia: as suas ordens eram as de me levar. - Toi aussi - disse a Phuong. - Diga vous quando se dirige a uma senhora - disse-lhe. - Como sabia que ela estava aqui? Repetiu simplesmente que eram estas as suas ordens. - Irei amanhã de manhã. - Agora - disse o homenzinho, cuidado e obstinado. Não valia a pena discutir, e consequentemente levantei-me, pus a gravata e calcei os sapatos. A polícia aqui tinha a última palavra: podia retirar-me o direito de circulação; podia proibir-me de assistir às conferências de imprensa; podia mesmo, caso quisesse, recusar-me o visto de saída. Estes eram os métodos legais vigentes, mas a legalidade não era essencial num país em guerra. Eu conhecia um homem que súbita e inexplicavelmente ficara sem cozinheiro: conseguira localizá-lo na Sureté vietnamita, mas os oficiais garantiram-lhe que o haviam libertado, após o interrogatório. A família nunca mais o viu. Talvez se tivesse 19 juntado aos comunistas; talvez se tivesse alistado num dos exércitos particulares que abundam em redor de Saigão: os hoa-haos ou os caodaístas ou o general Thé. Talvez estivesse numa prisão francesa. Talvez estivesse alegremente em Cholon, o subúrbio chinês, a ganhar dinheiro com raparigas. E era possível que o seu coração não tivesse resistido ao interrogatório. Eu disse: - Não vou a pé. Terão de me pagar um trishaw. Era indispensável manter uma certa dignidade. Por esta mesma razão recusei o cigarro que o oficial da Sureté francesa me ofereceu. Depois dos três cachimbos sentia- me com as ideias claras e alerta: era-me possível tomar decisões daquele tipo com facilidade e sem perder de vista o problema fundamental: que quereriam eles de mim? Encontrara Vigot por v_rias vezes em festas; reparara nele porque me parecera in- congruentemente apaixonado pela mulher, que o ignorava, uma loura vistosa e falsa. Agora eram duas da manhã e ele estava sentado, cansado e deprimido, envolvido no fumo do cigarro e no calor opressivo, com uma pala verde sobre os olhos e um livro de Pascal aberto sobre a secretária, para matar o tempo. Quando me opus a que interrogasse Phuong fora da minha presença cedeu imediatamente, com um único suspiro, que porventura representava o seu cansaço de Saigão, do calor ou de toda a condição humana. Disse em inglês: - Lastimo ter sido forçado a pedir-lhe que viesse aqui. - Não me pediram. Ordenaram-me. - Ah, esta polícia indígena... eles não percebem. Tinha os olhos fixos numa página de Les Pensées, como se ainda estivesse absorto naqueles tristes argumentos. - Desejava fazer-lhe algumas perguntas... acerca de Pyle. - É preferível fazer-lhas directamente. Virou-se para Phuong e interrogou-a secamente em francês. - Há quanto tempo vive com Monsieur Pyle? - Há um mês... não sei bem - respondeu Phuong. - Quanto lhe pagou ele? - Não tem o direito de lhe fazer uma tal pergunta - disse-lhe. - Ela não está à venda. - Ela já viveu consigo, não viveu? - perguntou abruptamente. - Durante dois anos. - Sou um correspondente cuja missão é fazer reportagens sobre a vossa guerra... sempre que me deixam. Não me peça que também contribua para a vossa secção de escândalos. 20 - Que sabe sobre Pyle? Peço-lhe que responda às minhas perguntas, senhor Fowler. Não me agrada fazê-las. Mas isto é sério. Peço-lhe que me creia quando lhe digo que é muito sério. - Não sou um informa dor. O senhor sabe tudo quanto lhe posso dizer sobre Pyle. Tem trinta e dois anos, trabalha na Missão de Auxílio Económico e é de nacionalidade americana. - O senhor fala como se fosse um seu amigo - disse Vigot, olhando para Phuong. Um polícia indígena entrou com três chávenas de café. - Talvez prefira chá - perguntou Vigot. - E sou amigo dele - disse-lhe. - Por que não? Há-de chegar o dia em que regresse à minha terra. Não posso levá-la comigo. Ela fica bem com ele. Trata-se de um acordo razoável. E ele, segundo diz, vai casar-se com ela. E até é possível que o faça, sabe? A seu modo é um tipo decente. Sério. Não é como esses malditos barulhentos do Conti- nental. É um americano tranquilo - defini-o precisamente como se tivesse dito "um lagarto azul», "um elefante branco». Vigot disse «Sim». Parecia procurar sobre a secretária palavras que exprimissem o que pretendia dizer tão precisamente como eu fizera. "Um americano muito tranquilo». Ficou ali sentado no pequeno gabinete escaldante aguardando que um de nós falasse. Um mosquito zumbiu preparando-se para o ataque e eu examinei Phuong. O ópio torna- nos perspicazes - talvez pela mera razão de nos acalmar os nervos e aquietar as emoções. Coisa alguma, nem mesmo a morte, nos parece excepcionalmente importante. "Phuong», pensei, "não se apercebera do seu tom de voz, melancólico e final, e o seu

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