L A N Clèmerson Merlin Clève O Clèmerson Merlin Clève Em face dos desafios que o Brasil CI Bruno Meneses Lorenzetto U T TI Professor Titular de Direito Constitucional S precisa enfrentar no processo de N O da Universidade Federal do Paraná. Pro- C O fessor Titular de Direito Constitucional do construção de uma sociedade livre, Ã Ç Centro Universitário Autônomo do Brasil – DI UniBrasil. Pós-graduado em Direito Públi- justa e solidária, o presente livro se S RI U co pela Université Catholique de Louvain – GOVERNO J E Bélgica. Doutor em Direito do Estado pela propõe como mais uma ferramen O C Pontifícia Universidade Católica de São TI ta para pensar o aprimoramento Á DEMOCRÁTICO Paulo. Líder do NINC - Núcleo de Investi- R C O gações Constitucionais em Teorias da Jus- M das instituições nacionais. Na inevi tiça, Democracia e Intervenção da UFPR. E D E JURISDIÇÃO O tável presença de dúvidas e sonhos, N R VE Bruno Meneses Lorenzetto O CONSTITUCIONAL procurase contribuir para que esse G Professor de Direito da Pontifícia Univer- projeto possa ter continuidade. o sidade Católica do Paraná. Professor de t eet vz Direito do Programa de Mestrado em Di- èn Cle n or reito e da Graduação do Centro Uni ver- erlies L sitário Autônomo do Brasil – UniBrasil. Ms e n n Visiting Scholar na Columbia Law School, oe rsM Columbia University, New York. Doutor meo n èu em Direito pela UFPR na área de Direitos ClBr Humanos e Democracia. Visite a nossa Livraria Virtual: ISBN: 978-85-450-0131-7 www.editoraforum.com.br L [email protected] A N Vendas: (31) 2121-4949 TO CIO EIU RT Acesse nossa livraria virtual DISTI CÓDIGO: 10000975 www.editoraforum.com.br/loja N O C Clemerson_GovernoDemocratico_CAPA.indd 1-5 05/04/2016 12:28:38 GOVERNO DEMOCRÁTICO E JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 1 05/04/2016 12:25:49 CLÈMERSON MERLIN CLÈVE BRUNO MENESES LORENZETTO GOVERNO DEMOCRÁTICO E JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL Belo Horizonte 2016 Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 3 05/04/2016 12:25:49 © 2016 Editora Fórum Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, inclusive por processos xerográficos, sem autorização expressa do Editor. Conselho Editorial Adilson Abreu Dallari Flávio Henrique Unes Pereira Alécia Paolucci Nogueira Bicalho Floriano de Azevedo Marques Neto Alexandre Coutinho Pagliarini Gustavo Justino de Oliveira André Ramos Tavares Inês Virgínia Prado Soares Carlos Ayres Britto Jorge Ulisses Jacoby Fernandes Carlos Mário da Silva Velloso Juarez Freitas Luciano Ferraz Cármen Lúcia Antunes Rocha Lúcio Delfino Cesar Augusto Guimarães Pereira Marcia Carla Pereira Ribeiro Clovis Beznos Márcio Cammarosano Cristiana Fortini Marcos Ehrhardt Jr. Dinorá Adelaide Musetti Grotti Maria Sylvia Zanella Di Pietro Diogo de Figueiredo Moreira Neto Ney José de Freitas Egon Bockmann Moreira Oswaldo Othon de Pontes Saraiva Filho Emerson Gabardo Paulo Modesto Fabrício Motta Romeu Felipe Bacellar Filho Fernando Rossi Sérgio Guerra Luís Cláudio Rodrigues Ferreira Presidente e Editor Coordenação editorial: Leonardo Eustáquio Siqueira Araújo Av. Afonso Pena, 2770 – 15º andar – Savassi – CEP 30130-012 Belo Horizonte – Minas Gerais – Tel.: (31) 2121.4900 / 2121.4949 www.editoraforum.com.br – [email protected] C635d Clève, Clèmerson Merlin Governo democrático e jurisdição constitucional / Clèmerson Merlin Clève, Bruno Meneses Lorenzetto. Belo Horizonte: Fórum, 2016. 251 p. ISBN 978-85-450-0131-7 1. Direito constitucional. 2. Direito público. 3. Teoria do Direito. 4. Direito administrativo. I. Lorenzetto, Bruno Meneses. II. Título. CDD: 341.2 CDU: 342 Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): CLÈVE, Clèmerson Merlin; LORENZETTO, Bruno Meneses. Governo democrático e jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Fórum, 2016. 251 p. ISBN 978-85-450-0131-7. Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 4 05/04/2016 12:25:50 SUMÁRIO INTRODUÇÃO Clèmerson Merlin Clève, Bruno Meneses Lorenzetto .....................................9 JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DEMOCRACIA .........................15 1 Política e judicialização .................................................................................15 2 Considerações sobre as decisões do STF ....................................................20 3 As razões da democracia ...............................................................................33 4 Caminhando para a conclusão: exigência constitucional, Lei da “Ficha Limpa” e paternalismo libertário ........................................38 CONSTITUIÇÃO, GOVERNO DEMOCRÁTICO E NÍVEIS DE INTENSIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL .............................43 1 Introdução .......................................................................................................43 2 Breve olhar sobre um debate americano ....................................................45 2.1 A jurisdição constitucional e as origens do procedimentalismo .............45 2.2 A crítica ao procedimentalismo ...................................................................53 2.3 A Corte entre permanência e mudança ......................................................58 3 Constituição Federal, controle jurisdicional e níveis de intensidade .....60 3.1 O novo papel do Supremo Tribunal Federal ............................................60 3.2 Controle de constitucionalidade e níveis de intensidade.........................75 4 Conclusão ........................................................................................................84 TEORIAS INTERPRETATIVAS, CAPACIDADES INSTITUCIONAIS E CRÍTICA ......................................................................87 1 Introdução .......................................................................................................87 2 Jogos de linguagem ........................................................................................88 3 Interpretação constitucional .........................................................................92 4 Interpretação e integridade...........................................................................95 5 Interpretação dinâmica .................................................................................99 6 Entre dinâmica e integridade .....................................................................102 Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 5 05/04/2016 12:25:50 7 Capacidades institucionais: a guinada institucional ...............................106 8 Uma crítica das capacidades institucionais ..............................................115 9 Considerações finais ....................................................................................122 DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS: ESTRUTURA E LEGITIMIDADE ...............................................................................................125 1 Introdução .....................................................................................................125 2 A estrutura dos diálogos: o início da conversa ........................................130 3 A promessa (normativa) do diálogo..........................................................137 4 Diálogos institucionais no Brasil ................................................................142 5 Considerações finais ....................................................................................145 O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA E A CONSTITUIÇÃO ......................................................................................149 1 Introdução .....................................................................................................149 2 Federalismo ...................................................................................................153 3 Controle de constitucionalidade? ..............................................................166 MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL E SEGURANÇA JURÍDICA .......173 1 Introdução .....................................................................................................173 2 Mutação constitucional ...............................................................................174 3 Segurança jurídica ........................................................................................183 3.1 Dimensão objetiva da segurança jurídica .................................................186 3.2 Dimensão subjetiva da segurança jurídica ...............................................188 4 Considerações finais ....................................................................................191 PEQUENO DISCURSO SOBRE AS LIBERDADES DE INFORMAÇÃO E DE EXPRESSÃO ...........................................................193 1 Introdução .....................................................................................................193 2 Os campos de incidência das liberdades ..................................................195 3 Projeções normativas no Brasil e a Lei de Imprensa ...............................202 4 Considerações finais ....................................................................................209 DIREITOS FUNDAMENTAIS: REVISÕES E NOVOS CAMINHOS .......................................................................................................213 1 Introdução .....................................................................................................213 2 Retomando a doutrina da efetividade ...........................................................213 Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 6 05/04/2016 12:25:50 3 O avanço na teorização dos direitos fundamentais ................................217 4 Revisões e novos caminhos ........................................................................221 4.1 Judiciário entre deferência e intervenção..................................................221 4.2 Estado de coisas inconstitucional? .............................................................225 5 Considerações finais ....................................................................................231 REFERÊNCIAS .....................................................................................................235 1 Jurisdição constitucional e democracia .....................................................235 2 Constituição, governo democrático e níveis de intensidade do controle jurisdicional ...................................................................................236 3 Teorias interpretativas, capacidades institucionais e crítica ..................240 4 Diálogos institucionais: estrutura e legitimidade ....................................243 5 O Conselho Nacional de Justiça e a Constituição....................................245 6 Mutação constitucional e segurança jurídica ...........................................246 7 Pequeno discurso sobre as liberdades de informação e de expressão .......................................................................................................248 8 Direitos fundamentais: revisões e novos caminhos ................................249 Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 7 05/04/2016 12:25:50 INTRODUÇÃO Estamos a experimentar tempos em que as fronteiras entre os sistemas jurídicos do Civil Law e do Common Law ainda podem ser traçadas; porém, estas já não contam com a mesma robustez de tempos passados. As mudanças que ocorrem no substrato racional e prático do campo jurídico são, de fato, significativas. Inúmeros motivos podem ser indicados para explicar a nova conformação dos saberes jurídicos no Brasil: a globalização, os avanços tecnológicos, o maior acesso e diálogo com outros ramos do conhecimento e a desmistificação de certas tradições. Em determinadas áreas se pode notar desenvolvimentos teóricos a passos largos, em outras ainda há muito por ser feito. Por isso, assim como as aparências podem ser enganosas, não necessariamente tudo aquilo que se apresenta como “novo” vai além das condições já estabelecidas anteriormente ou consegue promover uma mudança profunda nas categorias que já estão a ser experimentadas. Mesmo que o diagnóstico de época indique que não há neces- sariamente coisas novas naquilo que se autointitula “neo”, não se pode procurar negar uma série de importantes readequações estruturais pelas quais o Brasil tem passado nas últimas décadas. Com tropeços e grandes dificuldades em determinadas conjunturas, o saldo institucional ainda pode ser tratado como positivo. Isso fez com que os discursos des- comprometidos com o Estado de Direito e o regime democrático já não tenham mais espaço na arena pública. Tais são sinais de um amadurecimento institucional louvável que indicam a importância da ocorrência de mudanças por meio dos mecanismos democráticos estabelecidos, ou seja, a abertura das instituições para aportes do mundo da vida que ocorrem pelos pro- cedimentos adequados, sem que isso signifique a estagnação ou a pura manutenção do status quo. Talvez seja o momento de dizer que estamos a (finalmente) aprender com a história, diante das duras lições de um século XX perfilado por diversos momentos de exceção e negação da democracia e dos direitos fundamentais. Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 9 05/04/2016 12:25:50 10 CLÈMERSON MERLIN CLÈVE, BRUNO MENESES LORENZETTO GOVERNO DEMOCRÁTICO E JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL O presente livro é a reunião de uma série de artigos produzidos nos últimos dois anos e possui elementos que são trabalhados inten- cionalmente mais de uma vez, em alguns casos com o intuito de cons- truir um argumento, em outros com a finalidade de analisar o tema de modo mais acurado: a jurisdição constitucional, o ativismo judicial, a deferência do Judiciário, a relação entre o Direito e a polí tica e a relação entre o constitucionalismo e a democracia, a segurança jurídica, as con- dições de legitimação das decisões judiciais, as teorias da interpretação, os direitos fundamentais e o desenho (ou design) institucional; para citar apenas alguns dos mais salientes, são os tópicos cogitados e que, no nosso entender, podem conferir uma vista panorâmica das discussões mais proeminentes do Direito Constit ucional em nosso tempo. Em síntese, procura-se vasculhar as questões políticas dentro das instituições ou a institucionalização das mudanças políticas. Com o mote que determina o próprio constitucionalismo, qual seja, a promessa, que pode ser mais ou menos cogente em uma determinada sociedade, de que as interações intersubjetivas que irão ocorrer na comunidade política serão regidas por um conjunto de normas superiores, pela Constituição. Um corpo normativo que, definindo como todas as outras normas serão produzidas, interpretadas e aplicadas, não apenas ocupa um espaço privilegiado na hierarquia normativa, mas que constitui a comunidade política – nos constitui. Isso se dá sob a influência de uma forma específica de com preender a Constituição, não de maneira fragmentada ou a partir de uma parte que é tomada como principal em detrimento de outras, mas buscando perceber a estrutura e a relação dos materiais constitucionais.1 Uma maneira de refletir sobre as estruturas nas quais são inseridas as disputas sociais e como são produzidas as respostas institucionais para tais conflitos.2 Tal escolha inspira a proposta da continuação da conversa entre as instituições, entre as instituições e povo, e permite uma mudança na construção da própria noção da jurisdição, a qual passa a ser vista como um esforço de justificação, da apresentação das razões que serão (re)discutidas no espaço público e, em certos casos, revisadas, 1 BLACK JR., Charles L. Structure and Relationship in Constitutional Law. Woodbridge: Ox Bow, 1985. 2 “We will have to deal with policy and not with grammar. I am not suggesting that grammar can be sidestepped, or that policy can legitimately be the whole of law. I am only saying that where a fairly available method of legal reasoning, by its very nature, leads directly to the discussion of practical rightness, that method should be used whenever possible. It is the best wisdom of every system of law to seek and to cleave unto such intellectual modes” (BLACK JR., Charles L. Structure and Relationship in Constitutional Law. p. 23). Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 10 05/04/2016 12:25:50 INTRODUÇÃO 11 ou adotadas como fundamento para a estabilização das relações sociais. O livro está dividido em seis capítulos, os quais abrangem as temáticas descritas na sequência. No primeiro capítulo, busca-se tratar da tensão entre a política e o Direito. Para tanto, os fundamentos que levaram à criação da Lei da “Ficha Limpa” no Brasil são discutidos, bem como se analisa a decisão do STF sobre o caso e sua postura em relação ao Legislativo. Ainda, são apresentados diferentes modelos de democracia, observando as demandas advindas da vontade popular. Não obstante, o artigo propõe, como alternativa ao paternalismo forte da referida Lei, o paternalismo libertário de Sunstein e Thaler. O segundo capítulo está dividido em duas seções. Em sua pri mei ra parte o artigo possui como fio condutor a análise do caso United States vs. Carolene Products Co. (1938) e suas consequências na atividade da Suprema Corte dos Estados Unidos. Observa-se como foi elaborada uma justificação procedimentalista do controle de cons titucionalidade a partir da nota de rodapé número 4 do caso Carolene Products. Apresentam-se as críticas substantivistas que evidenciam as limitações da postura eminentemente deferente derivada do caso. Em sua segunda parte o estudo enfatiza a realidade brasileira e ressalta que nossa Constituição Federal possui um sentido substantivo de justiça. Discute os fenômenos do ativismo judicial e da judicialização da política e assinala as mudanças às quais o Supremo Tribunal Federal foi submetido nos últimos anos. Em sua parte propositiva, aproxima a doutrina de Carolene Products e os níveis de escrutínio com a jurisdição constitucional nacional, distinguindo entre casos de controle forte e fraco da fiscalização de constitucionalidade. O terceiro capítulo é guiado pela indagação a respeito de qual instituição possui melhores condições para tomar decisões em casos controvertidos e qual teoria interpretativa seria adequada para conduzir o momento decisório. Assim, reconhece que a partir da ascensão do Judiciário como instância privilegiada para a solução de conflitos, teorias procuraram, de um lado, aprimorar o processo decisório atrav és de propostas normativas sobre a jurisdição e, do outro, refrear o papel dos tribunais por meio da deferência destes perante outros poderes. Logo, o artigo trata do giro linguístico ocorrido no Direito e de duas teo rias interpretativas normativas que acompanharam tal processo, o Dir eit o como integridade de Ronald Dworkin e a interpretação dinâmica da lei de William Eskridge. Expõe a tese das capacidades institucionais como antagonista das teorias normativas e delineia suas características Clemerson_GovernoDemocratico_MIOLO.indd 11 05/04/2016 12:25:50