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GONÇALO NUNO RAMOS MAIA MARQUES Do vinho de Deus ao vinho dos Homens PDF

524 Pages·2011·11.03 MB·Portuguese
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GONÇALO NUNO RAMOS MAIA MARQUES (Bolseiro de Doutoramento da Fundação Calouste Gulbenkian) Do vinho de Deus ao vinho dos Homens: o vinho, os Mosteiros e o Entre Douro e Minho Dissertação de Doutoramento em História Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2011 São João de Alpendurada São João de Arnoia São Miguel de Bustelo São João de Cabanas Santa Maria de Carvoeiro São Pedro de Cete São Salvador de Ganfei São Simão da Junqueira Santa Maria de Landim Santa Maria de Leça Santa Maria de Miranda São Salvador de Moreira São Do vinho de Deus ao vinho dos Homens O Vinho, os Mosteiros e o Entre Douro e Minho Candidato: Gonçalo Nuno Ramos Maia Marques Orientador Científico: Prof. Doutor António Barros Cardoso Salvador de Paço de Sousa São Salvador de Palme Santa Maria de Pombeiro São Miguel de Refojos de Basto Santo André de Rendufe São Pedro de Roriz São Bento da Vitória Santo Tirso São Martinho de Tibães São Salvador de Travanca Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 2 À marcha das legiões romanas, que rolavam pelas vias consulares a fim de subjugarem ao império de Roma os povos distantes, sucedeu, com efeito, o exército pacífico dos monges, desprovidos de "forças materiais, mas armados do poder que vem de Deus" (2Cor 10,4), enviados pelo Sumo Pontífice a dilatar o reinado de Jesus Cristo até aos confins da terra, não com a espada, o pavor do saque, da carnificina, mas com a cruz e o arado, com o amor e a verdade. PIO XII in “Fulgens Radiatur” (Encíclica comemorativa dos 1400 anos de São Bento)1 1 Disponibilizada pelo sítio oficial da Santa Sé na internet [www.vatican.va], através da seguinte ligação: [http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_21031947_fulgens- radiatur_po.html], consultada em 13 de Maio de 2010. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 3 SSSSIIIIGGGGLLLLAAAASSSS EEEE AAAABBBBRRRREEEEVVVVIIIIAAAATTTTUUUURRRRAAAASSSS ADB – Arquivo Distrital de Braga ADP – Arquivo Distrital do Porto ADVC – Arquivo Distrital de Viana do Castelo AHMP – Arquivo Histórico Municipal do Porto (Casa do Infante) ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo AMS – Arquivo do Mosteiro de Singeverga APHVIN – Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho AUC – Arquivo da Universidade de Coimbra BA – Biblioteca da Ajuda Cod. – Codice DHP – Dicionário de História de Portugal Ed. – Edição FLUP – Faculdade de Letras da Universidade do Porto Fol. – fólio GEHVID – Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto Livs. – livros Ms. – Manuscrito p. – página pp. – páginas PMH – Portugaliae Monumenta Historica Vol. – volume Vols. – volumes Imagem de Capa Monge adegueiro bebendo vinho (iluminura de códice monástico do século XIII, existente na British Library, em que se faz sátira ao monge negro beneditino responsável pela adega que, enquanto enche a vasilha com a ração do dia bebe uma imensa taça de vinho de tamanho gigante) Fonte: http://www.historyforkids.org/learn/medieval/people/monks.htm JOHNSON, Hugh – História Universal do Vinho. Lisboa: LITEXA, 1999, p. 111. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 4 AAAAGGGGRRRRAAAADDDDEEEECCCCIIIIMMMMEEEENNNNTTTTOOOOSSSS À Fundação Calouste Gulbenkian, pelo gentil apoio e confiança demonstrada no nosso projecto, que apoiou com bolsa de estudos durante dois anos. Ao Prof. Doutor António Barros Cardoso, nosso orientador científico, pela atenta e próxima orientação que deu a este trabalho e pela experiência e conhecimento em torno da história da vitivincultura no Norte de Portugal que aportou a esta tese, o nosso muito obrigado pela solidariedade e confiança. Ao Prof. Doutor (Frei) Geraldo Coelho Dias, pela sua imensa sabedoria no campo da história monástica e pelo conhecimento profundo da documentação, o nosso reconhecimento por toda a ajuda prestada. Ao Dr. Miguel Nogueira, da Mapoteca da FLUP, o nosso grato reconhecimento pelo enorme ajuda na produção dos mapas. À Dra. Anabela Ramos, do Mosteiro de Tibães e à Doutora Teresa Mota, da Estação Vitivinícola Amândio Galhano, agradecemos o “intercâmbio”. Aos Professores Doutores José Viriato Capela, Hélder Marques, Aurélio de Oliveira e Jorge Queiroz, pela troca de impressões em torno destas temáticas. Aos meus colegas Henrique Rodrigues e Manuela Cachadinha o meu abraço amigo e fraterno pelo apoio, amizade e conselhos que sempre me deram neste processo. Ao Luís Alves dos Reis, por todo o acompanhamento e amizade que sempre me dá. À Helena Vieira, por todo o apoio nas horas em que o trabalho mais apertava na U.Jr. Ao meu tio-avô, Padre Alberto Dias, beneditino de todas as horas, por todo o entusiasmo e confiança. A toda a minha família “nuclear” (avó, tios e primos) – que me deu a sua força nos momentos de trabalho mais intenso. Dedico igualmente este trabalho aos meus familiares mais queridos e próximos, cujo incentivo foi determinante para mim. Aos funcionários dos Arquivos que visitei, a minha gratidão. À Sara, meu querido Amor, meu Sol e minha inspiração, meu generoso coração. À Vó Fi – um ser humano excepcional – pelas lições de vida. Aos meus Pais: por tudo o que sou. Por todo o Amor, por toda a confiança, por todo o Carinho, por todo o investimento feito em mim. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 5 IIIINNNNTTTTRRRRÓÓÓÓIIIITTTTOOOO Estudar as origens históricas da produção de vinho verde é tão imperioso quanto desafiante. O crescimento do consumo de vinho verde tanto em Portugal como no estrangeiro demonstra a curiosidade e o interesse com que o mercado olha para um vinho jovem (porém idoso na sua já larga história, como se verá), com uma graduação alcoólica mais modesta e com características odoríferas e gustativas peculiares. Ao consumidor hodierno – mais informado, por isso mais exigente – não basta apreciar o vinho e as suas propriedades organolépticas... o consumidor procura saber quais os “segredos” imanentes ao néctar: a região/localidade onde é produzido, a tradição histórica de produção (ou seja: se é antigo ou recente e quais os momentos mais marcantes), bem como as técnicas de cultivo e produção. Parece-nos que a função da investigação científica fundamental em História deve ser, tanto quanto possível, associar o conhecimento “académico” do passado à iniciativa da sociedade civil e à produção de saberes e equipamentos que potenciem a actividade social e económica. Neste particular, pensamos que o turismo cultural alicerçado numa experiência patrimonial, degustativa e de lazer são inegáveis mais- valias económicas que poderão alcandorar Portugal – país antigo, rico em tradições e elementos patrimoniais de relevância mundial – a um desenvolvimento económico e social (para já não falar do cultural: o princípio e a alavanca de todo este processo) desejável e urgente. Mais adiante dissecaremos este aspecto em maior detalhe. O crescimento do vinho verde enquanto produto de referência das nossas exportações tem vindo a cimentar-se nos últimos anos. Será este crescimento apenas sustentado na qualidade das vinhas e na labuta dos viticultores? Acreditamos que não. Parece-nos, antes de mais, que o “know-how” de várias gerações de produtores e consumidores permitiu conseguir – nos nossos dias – uma marca de enorme potencial. Mas este potencial só pode ser maximizado na sua plenitude se o vinho verde tiver – tal como o vinho do Porto já tem – uma investigação profunda sobre o seu passado. Este trabalho procura constituir um modesto contributo para alcançar este desiderato. A nossa tarefa foi desafiante, mas também complexa: deparamo-nos com um “puzzle” historiográfico composto por textos de origens cronológicas diversas (desde o século XVI até à actualidade), mas com informações algo esparsas, contraditórias e que, nalguns casos, não dispunham do conveniente respaldo documental. Como refere Aurélio de Oliveira “para a história dos vinhos propriamente dita, praticamente nada, Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 6 ou quase nada, ou, então, notas ou referências mais abreviadas do que as que lhe têm sido consgradas por geógrafos e agrónomos”2. Qualquer trabalho de investigação em História parte de um conjunto de problemas que o investigador procura resolver, com a preciosa ajuda das fontes documentais (e outras) que o passado nos legou. Partimos para a sua análise com um conjunto de dúvidas/interrogações: a produção de vinho verde é antiga? Qual a importância da produção de vinho verde? Onde se localizam os grandes centros produtores? Quais os grandes centros consumidores? Quais os principais instrumentos de viticultura? Que instituições produziam e comercializavam vinho verde? O Vinho Verde internacionalizou-se? Foi um produto de dimensão regional, nacional ou internacional? O seu consumo era característico dos grupos sociais mais humildes ou mais abastados? Os Beneditinos tiveram (ou não) um papel determinante na expansão da vinha no Entre Douro e Minho? Qual o papel das restantes ordens religiosas? Terá a condição monástica obstaculizado o comércio de vinho por intermédio dos Mosteiros? E os particulares – qual o seu papel no trato vinhateiro? Houve rivalidade (ou não) com a Região do Douro? Houve revoltas coincidentes com maus anos de produção ou racionamentos? Qual o papel social do consumo do vinho verde – era consumido em grupos? Nas tabernas, por exemplo? E quanto às aguardentes – qual o seu papel? Que contributo deu o Vinho Verde à História nacional? Estas são algumas das interrogações que serviram de base ao lançamento deste projecto de investigação e que procuramos, nesta dissertação, analisar e, sempre que possível, encontrar soluções de resposta: • Em traços gerais, o nosso trabalho procurará dedicar uma atenção especial ao papel que as ordens religiosas – nomeadamente a Beneditina – desempenharam na promoção e desenvolvimento qualitativo da viticultura no Entre Douro e Minho, num momento histórico em que a sua acção agronómica e fundiária fortaleceu a imagem da província minhota como um alfobre de produtos agrícolas para o Reino e como um oásis de verdura no seio da nação portuguesa. Essa “verdura” é bem credora dos belos vinhedos que os institutos religiosos apresentavam nas suas cercas, passais e terras foreiras. 2 OLIVEIRA, Aurélio de – O País dos Verdes: de um prometedor início a uma menoridade historiográfica. In “Vinho Verde: História, Economia, Sociedade e Partrimónio” (Actas do Congresso). Porto: APHVIN/GEHVID e Confraria do Vinho Verde, 2010, p. 59. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 7 PPPPEEEERRRRCCCCUUUURRRRSSSSOOOO DDDDEEEE IIIINNNNVVVVEEEESSSSTTTTIIIIGGGGAAAAÇÇÇÇÃÃÃÃOOOO EEEE FFFFOOOONNNNTTTTEEEESSSS Recorremos, neste estudo, tanto a ferramentas de análise quantitativa (de natureza estatística e gráfica) como de natureza qualitativa (heurística e de análise). Todo o trabalho de investigação parte de uma hipótese de trabalho – para a historiografia “post-annales”: o “problema”/dilema que a investigação deve tentar “resolver” – solução que deve ser “testada” dentro de um quadro analítico, que a infirmará ou confirmará3. Claro que o desenvolvimento do(s) caminho(s) da investigação determina, claramente, se a hipótese matricial, a pedra basilar em torno da qual se construiu o edifício da dissertação, segue este ou aquele caminho. Não raro sucedeu que o percurso que tínhamos idealizado foi sendo determinado, não pelas nossas motivações ou intuições, mas pela natureza da informação que as fontes históricas nos iam transmitindo. Mas como decorreu esse percurso? • A primeira fase do nosso trabalho consistiu na pesquisa arquivística, na qual foram levantados os documentos necessários para a formulação de uma hipótese de trabalho: o estudo do papel desempenhado pelas Ordens Monásticas no fomento do vinho verde no Entre Douro e Minho. Para darmos resposta a este desafio, tivemos em conta um facto inultrapassável: a realidade fundiária – estes institutos religiosos eram senhores de uma grande parte das terras aráveis e foram os grandes cultores e promotores da actividade agrícola. Neste sentido, seria natural que, num dado momento histórico, estas organizações tivessem desempenhado algum papel na promoção da viticultura num espaço geográfico que tinha condições morfológicas e edafo-climáticas que potenciavam o aparecimento da vinha4. Depois de alguma reflexão e de trocarmos impressões com o nosso orientador científico, perspectivamos as prioridades documentais na pesquisa arquivística que se avizinhava. Concluímos que, pela sua riqueza, diversidade e sistematicidade, os registos monásticos seriam fontes privilegiadas para o desenvolvimento do nosso estudo doutoral. Foi assim que partimos para o Arquivo Distrital do Porto – primeiro repositório de informação que consultamos – onde, graças à informatização das bases de pesquisa 3 Cf. LADURIE, Emmanuel Le Roy; LE GOFF, Jacques e DUBY, Georges – A Nova História. 3ª Edição. Lisboa: Edições 70, 1991. 4 LADURIE, Emmanuel Le Roy – Histoire humaine et comparée du climat. Paris: Fayard, 2004. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 8 arquivística, conseguimos obter alguns resultados promissores que, dentro do nosso espírito de investigação, permitiram começar a desenhar a estrutura da nossa dissertação. A leitura de livros de prazos, de foros e de diversa documentação de gestão económica e financeira, possibilitou o cruzamento de dados sobre a localização geográfica dos vinhedos, coexistência entre culturas agrícolas e as vinhas, bem como a topografia dos próprios vinhedos. A nossa pesquisa seguiu depois para Braga, onde tínhamos à nossa disposição o riquíssimo fundo da Congregação Beneditina Portuguesa, à guarda do Arquivo Distrital Bracarense (um dos mais ricos espólios arquivísticos nacionais), onde se encontram os relatórios de actividade trienal dos mosteiros da Ordem – os chamados “Estados”, em que se analisa o estado de cada uma das instituições monásticas, assim no plano temporal, como espiritual, com vista à apreciação da vida comunitária no Capítulo Geral da Ordem, realizado trienalmente em Tibães. Por último, fizemos algumas visitas de “reconhecimento” ao Arquivo Distrital de Viana (onde não há documentação monástica, mas onde tivemos ocasião de percorrer, brevemente, o fundo da misericórdia local); ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo (que nos proporcionou o acesso à documentação monástica mais antiga, nomeadamente medieval) e, em último lugar, ao Arquivo da Universidade de Coimbra (onde colhemos preciosos instrumentos de pesquisa no fundo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, casa mãe dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e cabeça de um importante domínio monástico a nível nacional – incluindo, claro, a Região dos Vinhos Verdes). • A leitura dos “Estados” da Ordem de São Bento – verdadeiro “coração” documental deste trabalho – mostrou-nos a sua enorme potencialidade. Para além disso, esta fonte apresentava a enorme vantagem de se encontrar organizada em rubricas, o que facilitou a construção de uma pequena base de dados para “alojar” a informação mais relevante. Neste sentido, compreende-se melhor a escolha dos “Estados”: apresentam a informação de modo mais organizado e permitiram economizar tempo na leitura pormenorizada de prazos e escrituras, cuja leitura sempre prolixa e, porventura, inconclusiva… Por outro lado, era nossa convicção que a importância litúrgica do vinho e o seu carácter simbólico constituía outro elemento que poderia determinar uma certa preferência pela cultura da vinha. Assim, começamos a explorar os textos produzidos pela Igreja Católica Romana, ao longo do tempo, que reflectem sobre a importância do produto. Num primeiro momento, recorremos à leitura da Regra de São Bento, Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 9 verdadeiro tratado de cultura europeia, que desde logo nos esclareceu que, se o vinho era importante, poderia também apresentar os seus escolhos aos monges5. • A investigação em História, como nas outras ciências, parte de uma base experimental e, ao debruçar-se sobre o ser humano, também empírica. Neste sentido, consideramos que é muito importante que o investigador coloque a si próprio questões/problemas que o deverão levar a procurar respostas, ou pistas de resposta, que façam “luz” sobre a solução. No caso da ciência histórica, tal só é possível se recorrermos aos vestígios que o passado nos deixa – sejam eles documentos e registos escritos, elementos materiais ou outros. Este capítulo da nossa dissertação procurará fazer uma breve apresentação do conteúdo de cada uma destas fontes de pesquisa, bem como demonstrar as suas limitações e potencialidades. A fonte pode ser um instrumento indispensável ao trabalho do historiador, mas se a sua leitura não for acompanhada de uma aturada crítica, a análise histórica ficará irremediavelmente mais pobre. Não nos podemos esquecer que, antes de se tornar “fonte histórica”, a “peça documental” foi um documento de uso da instituição produtora. Neste sentido, serviu um propósito... uma intenção... muitas vezes, o propósito com que o texto foi escrito e a análise que o historiador dele necessariamente, tem de fazer, diferem. Não querendo entrar numa “linha conspirativa” – que preconizaria que o documento foi escrito com intenções sub-reptícias, pouco claras e, até, “perversas” (não podemos por totalmente de parte tal circunstância) – queremos dizer que, nem sempre, a informação primordial do documento é a mais importante... há notas marginais, apontamentos esparsos que têm muito interesse... 5 Desenvolveremos este tema mais adiante, remetendo o leitor para as considerações que aí fazemos. Do vinho de Deus ao vinho dos Homens Página 10

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APHVIN – Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho GEHVID – Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do
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