HIBI.IOTECA DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DAS ClfNCIAS LOUIS ALTHUSSER VoL N~' 14 Coordenadores: J. A. Guilhon de Albuquerque e Roberto Machado FREUD E LACAN MARX E FREUD lntrÓcfuçào crítico-hist6rica, tradução e notas: Walter José E~angelista Revisão: Alaíde lnab González 2~ Edição HIBI.IOTECA DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DAS ClfNCIAS LOUIS ALTHUSSER VoL N~' 14 Coordenadores: J. A. Guilhon de Albuquerque e Roberto Machado FREUD E LACAN MARX E FREUD lntrÓcfuçào crítico-hist6rica, tradução e notas: Walter José E~angelista Revisão: Alaíde lnab González 2~ Edição "FREUD e LACAN" foi traduzido do original francês. "POSITIONS", - Paris, Editions Sociales, 1976 "MARX e FREUD" foi traduzido do original espanhol. "NUEVOS ESCRITOS", Barcelona, J.,.aia 8, l978 Direitos adquiridos para a Ungua portuguesa EDIÇOES GRAAL Ltda. Rua Hermenegildo de Barros, 31-A Glória - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20241 - Tel.: 252-8582 Atendemos pelo Reembolso Postal Capa: Beatriz Rondon Revisão: Áurea Moraes Santos INDICE Produçllo Gráfica: Orlando Fernandes INTRODUÇÃO por: Walter José EVANGELISTA Impresso no Brasil I -PTinted in Brazil - Althusser e a Psicanálise. ............................................................ 9 ~ibliografia quase completa de Althusser. ................................ 39 Bibliografia de Lacan ............................................................... 42 - Outras obras consultadas. ......................................................... 42 FREUD E LACAN por: Loujs ALT HUSSER CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte - nota preliminar ....................... .......... ... ..... 47 Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. - Introdução ....................................... ...... 51 · I -(voltar a Freud) ........ . ; .................. ...... 55 11 - (Qual é o objeto da Psicanálise?) .................. . 61 Althusser, Louis, 1918- Freud e Lacan. Marx e Freud : introdução critica-histórica 111 - {A passagem da ex.ist~ncia biológica a existência I Louis Altbusser ; traduçlo e notas Walter José Evangelista ; humana opera-se sob a Lei da Ordem e essa Lei revisão Alaide lnah Goo.zalez: - Rio de Janeiro: Edições Graal, da Or<iem. se conrunde em sua essência formal, com ordem da linguagem) ............ : ................. 63 2~ ediçlo- 1985. (Biblioteca de Filosofia e história das ciênçias ; v. n? 14) MARX E FREVO Bibliografia. 1. Althusser, Louis, 1918 - Bibliografia 2. Althusser, Louis, 1918 .- Fílosofia 3. Freud, Sigmund, 1856-1939 - por Louis AL'fHUSSER. ••••.•.....................•..••.•• 75 Critica e interpretação 4. Lacan, Iacques M., 1901-1983 - Bibliografia S. Marx, Karl, 1818·1883 - Filosofia- Critica e interpretação I. Evangelista, W alter José II. Título III. Ttítulo: Marx e Freud IV. Série CDD -194 335.411 84-0500 CDU-330.85:1 . 5 "FREUD e LACAN" foi traduzido do original francês. "POSITIONS", - Paris, Editions Sociales, 1976 "MARX e FREUD" foi traduzido do original espanhol. "NUEVOS ESCRITOS", Barcelona, J.,.aia 8, l978 Direitos adquiridos para a Ungua portuguesa EDIÇOES GRAAL Ltda. Rua Hermenegildo de Barros, 31-A Glória - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20241 - Tel.: 252-8582 Atendemos pelo Reembolso Postal Capa: Beatriz Rondon Revisão: Áurea Moraes Santos INDICE Produçllo Gráfica: Orlando Fernandes INTRODUÇÃO por: Walter José EVANGELISTA Impresso no Brasil I -PTinted in Brazil - Althusser e a Psicanálise. ............................................................ 9 ~ibliografia quase completa de Althusser. ................................ 39 Bibliografia de Lacan ............................................................... 42 - Outras obras consultadas. ......................................................... 42 FREUD E LACAN por: Loujs ALT HUSSER CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte - nota preliminar ....................... .......... ... ..... 47 Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. - Introdução ....................................... ...... 51 · I -(voltar a Freud) ........ . ; .................. ...... 55 11 - (Qual é o objeto da Psicanálise?) .................. . 61 Althusser, Louis, 1918- Freud e Lacan. Marx e Freud : introdução critica-histórica 111 - {A passagem da ex.ist~ncia biológica a existência I Louis Altbusser ; traduçlo e notas Walter José Evangelista ; humana opera-se sob a Lei da Ordem e essa Lei revisão Alaide lnah Goo.zalez: - Rio de Janeiro: Edições Graal, da Or<iem. se conrunde em sua essência formal, com ordem da linguagem) ............ : ................. 63 2~ ediçlo- 1985. (Biblioteca de Filosofia e história das ciênçias ; v. n? 14) MARX E FREVO Bibliografia. 1. Althusser, Louis, 1918 - Bibliografia 2. Althusser, Louis, 1918 .- Fílosofia 3. Freud, Sigmund, 1856-1939 - por Louis AL'fHUSSER. ••••.•.....................•..••.•• 75 Critica e interpretação 4. Lacan, Iacques M., 1901-1983 - Bibliografia S. Marx, Karl, 1818·1883 - Filosofia- Critica e interpretação I. Evangelista, W alter José II. Título III. Ttítulo: Marx e Freud IV. Série CDD -194 335.411 84-0500 CDU-330.85:1 . 5 INTRODUÇÃO . ALTHUSSER E A PSICANÁLISE . Walter José EVANGELISTA* Para Ana, Matheus e Kim • Professor de filosofia da U!!ivcrsidade Foderal de Minas (ierais. 7 INTRODUÇÃO . ALTHUSSER E A PSICANÁLISE . Walter José EVANGELISTA* Para Ana, Matheus e Kim • Professor de filosofia da U!!ivcrsidade Foderal de Minas (ierais. 7 INTRODUÇÃO ALTHUSSER E A PSICANÁLISE Walter J. EVANGEliSTA No início dos anos 60, o marxismo achava-se ameaçado. Torna ra-se uma doutrina de Estado. Ora, sobretudo depois de 1956, data do XX Congresso do PCURSS, começava-se a ver que as graves limi tações do Estado soviético estavam longe de ser apenas calúnias inven tadas pelas forças da reação. O marxismo estava obstruído. Obstruido não somente pelo dogmatismo stalinist.a, mas também pelas tentativas de superação, feitas a custo de alianças com certas antropologias exis tencialistas e com certas filosofias do homem, que, ao invés de fazê-lo avanç-.u, arriscavam-se a arrastá-lo em seu próprio declínio. Além dis so, o "humanismo teórico" resultante dessas alianças mostrava-se in capaz de ir além daj ustificada e necessária denúncia e de prestar con tas, analiticamente, dos impasses vividos. Por outro lado, com o apa recimento do estruturalismo, um novo ataque se esboçava: incapaz de uma concepção estrutural atenta aos isomorfismos, a tese central do marxismo de uma determinação pelo econômico, não seria, apenas, uma grosseira e mecânica relação de causa-efeito entre base e superes- trutura? · Nessa conjuntura, surge e intervém Althusser. Representante legitimo da mais pura tradição marxista, homem de-partido, ele, embora fiel ao PCF, vai abandonar, tão ousada quanto habilmente, a defesa da dialética dogmática e oficial, deixan do-a entreguo aos ataques das filosofias existenciais e do estruturalis mo. Para espanto geral e pânico de alguns, vai muito mais longe: pare- - INTRODUÇÃO ALTHUSSER E A PSICANÁLISE Walter J. EVANGEliSTA No início dos anos 60, o marxismo achava-se ameaçado. Torna ra-se uma doutrina de Estado. Ora, sobretudo depois de 1956, data do XX Congresso do PCURSS, começava-se a ver que as graves limi tações do Estado soviético estavam longe de ser apenas calúnias inven tadas pelas forças da reação. O marxismo estava obstruído. Obstruido não somente pelo dogmatismo stalinist.a, mas também pelas tentativas de superação, feitas a custo de alianças com certas antropologias exis tencialistas e com certas filosofias do homem, que, ao invés de fazê-lo avanç-.u, arriscavam-se a arrastá-lo em seu próprio declínio. Além dis so, o "humanismo teórico" resultante dessas alianças mostrava-se in capaz de ir além daj ustificada e necessária denúncia e de prestar con tas, analiticamente, dos impasses vividos. Por outro lado, com o apa recimento do estruturalismo, um novo ataque se esboçava: incapaz de uma concepção estrutural atenta aos isomorfismos, a tese central do marxismo de uma determinação pelo econômico, não seria, apenas, uma grosseira e mecânica relação de causa-efeito entre base e superes- trutura? · Nessa conjuntura, surge e intervém Althusser. Representante legitimo da mais pura tradição marxista, homem de-partido, ele, embora fiel ao PCF, vai abandonar, tão ousada quanto habilmente, a defesa da dialética dogmática e oficial, deixan do-a entreguo aos ataques das filosofias existenciais e do estruturalis mo. Para espanto geral e pânico de alguns, vai muito mais longe: pare- - ce passar para o lado dos estruturalistas. Na realidade, aproveita-se, estatuto que se articula rigorosamente: a Política e a Filosofia; de uma momentaneamente, dessa moda para desvençilhar o marxismo deve- política que se faz filosofia e de uma filosofia·que se faz politica, e que lhas filosofias e promover um rejuvenescimento de alcance mundial, constituem a paixão de Althusser. que se tornou conhecido como um ( re) começo do Materialismo Dialiri- "Freud e Lacan" é, antes de mais nada, um texto de Juta teórica. co. N~sa luta, Altbusser se define, inicial e essencialmente, em relação a Essa estratégia de (re)começo abrange dois grandes momentos. um texto de 1949-"Auto-critique: la psycha~alyse. une idéologie reac No primeiro, que culmina em 1965, mostrou-se 4e modo vigoroso tionnaire", e só em referência a este texto aquele pode ser inteiramente·· a cientificidade do Materialismo Histórico, que se achava encoberta compreendido.' Este último é um artigo que aparece em· Lo Nouvrlle por. ideologias. Nessa primeira fase, o recurso à categoria bachelardia Critique, que é a revista teórica· oficial do P-artido Comunista Franc!s. na de ruptura, assumida por Althusser sob a forma do conceito de cor Oitn profissionais. familiarizados com o.domrnio da Psiquiatria, Psi te epistemológico, foi decisivo. No entanto, a Filosofia, assimilando-se cologia e Psi"canálise, e que se assumem como marxistas o assinam. à Epistemologia e definindo-se ccimo Teoria das práticas teóricas, con Um deles, S. Lebovici, será, alguns anos mais tarde, entre 197Je t9n. centrou-se exageradamente na oposição Ci~ncia X Ideologia, dei~an nada menos que o único Presidente francês da lnternt:Ítiona/ Psycho":. . do, assim, a luta de classes em segundo plano. A nalytical Association. Nele, há uma condenação sem apelo à Psicaná No segundo, que se inicia em 1967 e tem como auge o ano de lise: I 974, a Filosofia é redefinida como sendo, em última instância, políti ..... wgamos ao fun da nossa autocrltica, à.con~icção de qUI! o coojWt ca na teoria. Com isso, a luta de classes retoma seus direitos e, conse· to. dizem os autores, sublinhando, eles mesmos. essa últimas palaVTa, das qüentomente, a· antiga oposição Ciência X -Ideologia perde o caráter teorias psicanalíticas está·cotUamiNJdo pelo que n6s poderíamos deMminar absoluto que se arriscava a assumir, para ser reafirmada de"modo mais IÍm ·princípio mistificador' ... , · · •. sutil e articulado. · Neste texto, poucos autores são citados, mas~ dentre eles, aparece De qualquer modo, o que mais nos importa aqui observar é que, os o nome de Lacan, que é criticado. em ambos momen.tos dessa estratégia que provocou o (re)começo Tendo como pano de fundo certas teses. de Politzer, conduzidos do Materialismo Dialético, o confronto com a Psicanálise ocupou um pe~a linha djanovista, procurando desesperad~mente fazer face à ofen lugar decisivo. · siva do imperialismo norte-americano que provocava efeitos ideológi Nessa estratégia e nesse confronto, "Freud e Lacan" (1964) bem ços no campo psicanalítico pela "ego psyclto/ogy", nossos autores irão como "Marx e Freud" ( 1976), textos que ora apresen~o ao leitor brasi lançar o equivocado dilema: ou Marx. ou Frnlli. . · .leiro, são duas táticas essenciais, adotadas, cada uma delas, em cada · Em 49 o stalinismo estava em plena vigênciâ. Assim, entre o um dos referidos momentos. A leitura de ambos permite, portanto, na acesao ..A uto-critique ... " e o "Freud e Lacan" irá existir um marco históri medida em que abrange esses dois momentos; uma forma de co, cuja importância nunca é demais sublinhar: o XX Congresso do completa, embora unilateral, à dimarcht althusseriana. · PCURSS, dito da desestaJin·izaçâo. Logo, o texto exprime, acima Oferecer algumas informações e reflexões. para facilitar tal ac;;es. de tudo, a tensão entre dois ·momentos diferentes. do movimento cO sp, é o objetivo desta introdução. munista internacional: o· stalinista e o pós-stalinista. Trata-se, pois, de ••• Consideremos, então, o primeiro.d esses textos: "Freud e Lacan". I: Althusser tciia escrito, em 21 de fevereiro de 1969, ao seu tradutor para a edição do É preciso ver, antes de mais nada, que; muito embora Louis "Freud c Laca.n" da N~w Left Re~iew, o seguinte; "Há um perigo de que este artigo seja Althusser seja um dos mais claros e pedagógicos filósofos da atualida mal compreendido, a menos que seja tomado pelo que entio objc:tivamcnte era: uma in· de, esse texto não ~onstitui uma "introdução ao pensamento de La tervcnçào filo:>úfic:o. inslamlo o:. mcm bros do PCr -a rc<;onhcccn:m a c:icntificidude du Psicanálise, da obr,uk.frw6e da importância da i{lt~rmJ;tç_àQ.~cariiana desta. Con5e- can", que iria, finalmente,.revelar-nos os tenebrosos mistérios escondi qücnt.ementc. de er<1 polemico, porque a Psicanálise fora oficialmente condenada, nos dos sob !J.S fórmulas mágicas que afirmam ser o inconsciente estrutura anos cinqDcnta, como uma "idcoloaia reacionária"; a despeito de algumas modifica do como uma linguagem ou falam dele como tendo o discurso do Ou ções. essa condco~o ainda dominava a situação quando cacrcvi este artigo. Esu situa ção excépcional deve ser levada em conta quando o sentido de minha interpretação é tro. Não se trata, tampouco, de um ensaio, puramente especulativo, e avaliado hoje". ALTHUSSBR, Louis. P()Sirõ~$·]. p. 103. · sobre Psicanálise. "Freud e Lacan" outra coisa. deriva de um duplo - 2. BO"NNAFE et alíi. "Auto-crit ..u c; la psycanalysc:. une idéologie reactionnaire." . lO