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França, 1898-1920 PDF

367 Pages·2011·14.95 MB·Portuguese
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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-Graduação em História Social Rafael Faraco Benthien Interdisciplinaridades: latinistas, helenistas e sociólogos em revistas (França, 1898-1920) (VERSÃO CORRIGIDA) São Paulo, Março de 2011 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-Graduação em História Social Rafael Faraco Benthien Interdisciplinaridades: latinistas, helenistas e sociólogos em revistas (França, 1898-1920) Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Social como pré- requisito para a obtenção do título de doutor. Orientador: Prof. Dr. Francisco Murari Pires (VERSÃO CORRIGIDA) São Paulo, Março de 2011 ii Para Waleska. iii O progresso do conhecimento, no caso da ciência social, supõe um progresso no conhecimento das condições de conhecimento. PIERRE BOURDIEU iv AGRADECIMENTOS A presente tese é uma autobiografia impessoal. Ela sinaliza para o esforço crítico de alguém que, desde cedo engajado nos estudos clássicos e nas ciências sociais, quis refletir sobre como esses saberes foram e são socialmente produzidos. Mas isso não é tudo. Aqui e ali, em suas linhas e entrelinhas, todos aqueles com quem tive a chance de compartilhar os últimos quatro anos e meio deixaram suas marcas. Se enumerar é esquecer, ainda assim eu não poderia deixar de mencionar aqui indivíduos e de instituições que, retrospectivamente, me parecem terem sido determinantes para o trabalho. Inicio meus agradecimentos mencionando os apoios da FAPESP e, no contexto de uma bolsa sanduíche, da CAPES. Sem as excepcionais condições de trabalho oferecidas por tais agências de fomento nada do que se vê aqui teria sido possível. Ainda no plano institucional, expresso minha gratidão para com os funcionários da Universidade de São Paulo, em especial João Roberto Patrinhani da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, bem como o trio sempre prestativo e amigo que encontrei na Secretaria da Pós-Graduação de História, Osvaldo Medeiros, Priscila de Carvalho e Luiz Filipe da Silva Correia. Quando meu doutorado teve início, em agosto de 2006, eu estava em Curitiba lecionando como professor substituto no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. Agradeço aos colegas que me acolheram de braços abertos e me auxiliaram nesse que era apenas meu segundo semestre de experiência docente, bem como aos alunos de Teoria da História II e História Medieval II. Tenho aí uma dívida particular com Carlos Alberto Medeiros Lima e Helenice Rodrigues da Silva, amigos e interlocutores. Durante todo o ano de 2008 e em duas ocasiões diferentes em 2010, pude desenvolver partes da pesquisa na França. Essa primeira vivência concreta da diferença linguística, comportamental e institucional não teria sido suportável sem as várias amizades que aí tiveram início. Dentre as pessoas queridas que conheci na Maison du Brésil, destaco os nomes de Valter Lúcio de Oliveira, Fábio Carvalho, Renata Picão, Grégory Ponthière, Angélica Müller, Cristiane Oliveira, Camila Jourdan e Kenneth Günther. Para além do ambiente da Cité Universitaire, em seminários, festas, cinemas, cafés e restaurantes, tive ainda a sorte de cruzar o caminho de Laura e Lucile Chartain, Jessica Ozan, Catarine de Melo Baldan, Cristian Escorza, Marco-Antonio Machado, Barbara Maraux, Felipe Brandi, Aurelie Therond, Yann Coron e Manon Bosc. Guénolé Labey-Guimard merece um agradecimento especial: além de sua vontade de construir pontes capazes de amenizar a barreira da alteridade, auxiliou o desenvolvimento da presente pesquisa hospedando-me generosamente em sua casa e na de seus familiares não parisienses. v Na École des Hautes Études en Sciences Sociales, instituição que me acolheu em Paris, descobri mestres e amigos. Evoco, em primeiro lugar, o nome de Afrânio Raul Garcia Júnior, o qual tornou o estágio possível ao aceitar ser meu supervisor. Ele não poupou esforços para fazer o trabalho avançar, vibrando com minhas “descobertas” e encorajando-me em momentos-chave. Jean-Pierre Faguer, que conheci graças a Afrânio, foi certamente meu mais constante e fiel interlocutor. Indicando-me bibliografias, eventos e seminários, ou ainda acompanhando-me a arquivos e entrevistas, sua presença aqui é de tal ordem que não seria exagero dizer que sem ele não haveria tese alguma. Pude ainda, em diversas ocasiões, receber importantes conselhos e informações de Dominique Merllié, Marcello Carastro, Etienne Hubert, Pierre Judet de La Combe e Johan Heilbron. Destaco também o diálogo com pesquisadores não pertencentes a essa instituição, em particular Camille Tarot, Sarah Rey e Brigitte Le Roux. André Laks, que eu havia conhecido durante meu mestrado, recebeu-me em diversas ocasiões, tornando também possível meu acesso tanto à biblioteca da École Normale Supérieure quanto ao filólogo Jean Bollack. Bollack, aliás, não satisfeito em responder às questões ligadas a minha pesquisa, concedeu-me ainda a honra de entrevistá-lo. Não há como agradecê-lo por isso. O contato com arquivos é um capítulo à parte na história da presente tese. No Collège de France, todo o trabalho foi singularmente facilitado pela equipe da biblioteca da instituição, Claire Guttinger em especial. Na Bibliothèque Méjanes, em Aix-en-Provence, fui recebido com o maior dos profissionalismos por Philippe Ferrand e Michelle Allard. O mesmo pode ser dito dos funcionários do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine, em Paris e em Caen. Por fim, abro um parêntese especial quanto ao Musée d’Archéologie Nationale et Domaine National de Saint-Germain-en-Laye. Quando fui visitá-lo a primeira vez, estava interessado apenas nos arquivos pessoais e profissionais de Henri Hubert ali depositados. Para minha sorte, porém, encontrei também bons amigos e interlocutores. Meu muito obrigado a Loïc Hamon, Claire Aumeunier, Paul Chillon, Guillaume Goujon e, em especial, às sucessoras de Hubert no departamento de Arqueologia Comparada, Christine Lorre e Anaïs Boucher. Da França para a Inglaterra. Em um curto estágio de um mês, realizado já no final da pesquisa, pude conhecer sociólogos e antropólogos do outro lado do Canal da Mancha. O convite partiu de William Pickering, presidente e um dos fundadores do British Center for Durkheimian Studies. Sua gentileza, interesse, invejável vivacidade e faro detetivesco não serão esquecidos. Por intermédio de Bill, obtive acesso ao sistema de bibliotecas local, assim como travei contato com Nick Allen, cujo trabalho passei a conhecer e admirar. Além de presenciarem a apresentação de parte da pesquisa nos quadros de um evento do centro, ambos aceitaram conversar em particular comigo e deram importantes contribuições ao vi trabalho. At last, but not least, agradeço à família Gordon-Colebrooke – Sarah, Jeremy, Jack, Liv e Charlie –, a qual aceitou receber a mim e a Waleska como hóspedes. Sentimo-nos aí como em casa. Entre uma e outra viagem, em São Paulo ou em Curitiba, pude contar com o apoio de familiares e de bons amigos, alguns mais novos, outros de longa data. Seu Luiz, Dona Mara e Paty estiveram sempre lá, com atenção e afeto infinitos. Agradeço também a Sônia e Rodrigo Laux, Irô Floriano (in memoriam), Raquel Weiss, Joana Clímaco, Rafaela Deiab, Luis Filipe Silvério Lima, Miguel Soares Palmeira, Rodrigo Turin, Eduardo Dimitrov, Luiz Lima Vailati, Pedro Ipiranga Júnior, Carlos Ogawa, Bruno Hübscher, Germaine Mandelsaft, Maikon Augusto Delgado (o Magoo), André Luiz Cavazzani, Ricardo Sabbag, Rogério Cunha e Leonardo Marques. Pedro, confiando a mim e a Waleska sua casa, deu-me oportunidade de redigir boa parte da tese no mais propício dos ambientes. Rodrigo, Eduardo, Miguel e Magoo constituíram, por seus esforços combinados ou isolados, uma espécie de atelier de final de tese. Os três primeiros, comentando um ou outro subcapítulo, permitiram-me corrigir, esclarecer e aperfeiçoar ideias e encaminhamentos de pesquisa. Magoo, por sua vez, encarregou-se da revisão final do texto. Por terem me emprestado seus olhos e ouvidos, agradeço ainda aos helenistas, historiadores, antropólogos, sociólogos e estatísticos brasileiros: Marcelo Rede, Sergio Miceli, José Antônio Dabdab Trabulsi, Márcia Consolim, Lygia Sigaud (in memoriam), Paulo Bittencourt e Flávio de Oliveira. Destaco, entre eles, o nome de Sergio Miceli. Além de sua presença marcante no momento da qualificação, ele me permitiu entrar em contato com Afrânio, contribuindo assim decisivamente para o avanço do trabalho. E o que dizer de Francisco Murari Pires? Dotado de uma formação interdisciplinar no mais amplo sentido do termo, assim como dono de uma obra com estilo próprio, forjada com toda a erudição que ele pôde acumular ao longo dos anos, mas também contra ela, Francisco é mais que um simples professor/pesquisador. Ele é, em verdade, um projeto de ciência e de universidade. Com ele, as palavras não são desperdiçadas e os silêncios falam. Com ele, os dogmatismos, os jogos de salão e os corporativismos da Academia são rebaixados graças a uma reflexão intelectual séria, livre e inventiva. Foi um grande privilégio tê-lo tido como orientador, algo só superado pela satisfação de tê-lo como amigo. As últimas palavras dos agradecimentos vão a quem dedico a tese. Na por vezes dura e sempre sublime tarefa de amar, Waleska esteve presente em todos os dias. Obrigado por quase dez anos de história que me ajudaram a ser quem eu sou. Obrigado também por estar disposta a transformar o teu e o meu futuro em algo nosso. vii RESUMO Durante as décadas de 1890 e 1910, a sociologia adquiriu direito de cidadania na universidade francesa, passando a compor, em uma posição institucionalmente frágil e marginal, o leque das disciplinas ofertadas nas Faculdades de Letras. A presente tese se propõe a investigar os diálogos que os portadores desse saber “novo” travaram então com helenistas e latinistas, os quais representavam, por seu turno, disciplinas tradicionais e ainda hegemônicas no sistema de ensino daquele país. Para tanto, são aqui privilegiados os circuitos de ideias e de pessoas entre cinco revistas especializadas de perfil universitário: o Année Sociologique, o Bulletin de Correspondance Hellénique, os Mélanges d’Archéologie et d’Histoire, a Revue des Études Grecques e a Revue des Études Anciennes. A partir do exame dos sentidos de tal fluxo, procura- se esclarecer quais condições epistemológicas e sociais tornaram possível uma interdisciplinaridade historicamente dada, problematizando tanto seus limites práticos quanto seu peso na definição de cada um dos saberes nela implicados. Palavras-chave: Sociólogos, Latinistas, Helenistas, Universidade francesa (1898-1920), Interdisciplinaridade. ABSTRACT During the 1890s and 1910s, sociology acquired citizenship rights within the French University system, and became part of the spectrum of disciplines offered at the various faculties of Letters all over the country, even though it kept holding an institutionally weak position. The purpose of this thesis is to examine the dialogues during this early period between the holders of this “new” knowledge and Hellenistic and Latin scholars, who, in turn, represented traditional disciplines which still dominated the French educational system. To that end, we focus upon the circuits of ideas and people represented in five specialized academic journals, i.e: Année Sociologique, Bulletin de Correspondance Hellénique, Mélanges d'Archéologie et d'Histoire, Revue des Etudes Grecques, and Revue des Etudes Anciennes. By analyzing the meanings of such a flow, we attempt to elucidate the epistemological and social conditions that allowed a historically given interdisciplinarity, questioning both its practical limits and its influence on the definition of each knowledge area. Keywords: Sociologists, Latinists, Hellenists, French university (1898-1920), interdisciplinarity. Contato: [email protected] viii SUMÁRIO LISTA DE ABREVIAÇÕES/NOTA SOBRE AS CITAÇÕES xii LISTA DE QUADROS (TABELAS) xiii LISTA DE IMAGENS xv INTRODUÇÃO 1 Prólogo: Platão e as Ciências Sociais 2 Da hegemonia absoluta dos liceus à relativa autonomia universitária 4 [Caixa de texto: Universidades e grandes écoles] 6 Modos de fazer 10 CAPÍTULO 1 – A REVISTA DOS SOCIÓLOGOS E OS ESTUDOS GRECO-LATINOS 13 1.1 – O ANNÉE SOCIOLOGIQUE E OS CLÁSSICOS GRECO-LATINOS 15 Uma revista atípica 15 Por um comparatismo radical 18 De algumas formas sociológicas de classificação 20 Onde colocar Pausânias? 21 1.2 – OS COLABORADORES ANTIQUISANTS DE L’ANNÉE SOCIOLOGIQUE 44 Entre amizades e comparatismos 44 A adesão de jovens especialistas 52 CAPÍTULO 2 – AS REVISTAS DOS ANTIQUISANTS E A SOCIOLOGIA 60 2.1 – O BULLETIN DE CORRESPONDANCE HELLENIQUE 64 A École Française d’Athènes 65 *Caixa de texto: “Ateniense”+ 68 Criação e estrutura do BCH 69 *Caixa de texto: “Os diretores da EFA”+ 73 Padrões de recrutamento 74 A recepção da sociologia no Bulletin de Correspondance Hellénique 80 Os sociólogos no Bulletin de Correspondance Hellénique 82 2.2 – OS MÉLANGES D’ARCHÉOLOGIE ET D’HISTOIRE 86 A École Française de Rome 87 A estrutura dos MAH 90 Edmond Le Blant e Louis Duchesne 91 Padrões de recrutamento 95 A recepção da sociologia nos Mélanges d’Archéologie et d’Histoire 102 ix Os sociólogos nos Mélanges d’Archéologie et d’Histoire 104 2.3 – A REVUE DES ÉTUDES GRECQUES 107 Uma instituição de elite 108 [Caixa de texto: A AEEG e o sistema de ensino francês] 111 Do anuário à revista 112 Dois diretores 114 [Caixa de texto: A Villa Kérylos] 117 O helenismo é um humanismo 121 Padrões de recrutamento 125 A recepção da sociologia na Revue des Études Grecques 138 Os sociólogos na Revue des Études Grecques 144 [Caixa de texto: Uma forma antiga de contrato entre os trácios] 156 2.4 – A REVUE DES ÉTUDES ANCIENNES 157 Antecedentes institucionais e a caracterização de uma equipe 158 [Caixa de texto: Novas posições se consolidam] 160 O grupo antes do grupo (I): uma formação de elite 163 [Caixa de texto: Três retratos de normalianos por Salomon Reinach] 165 O grupo antes do grupo (II): reorientação e convergência 167 [Caixa de texto: Henri de la Ville de Mirmont (1858-1923)] 175 O todo e as partes 176 [Caixa de texto: A Dama de Elche] 178 Camille Jullian, patrono e patrão 182 [Caixa de texto: Do patriotismo gaulês] 189 O “incidente” Stapfer 191 Padrões de recrutamento 195 [Caixa de texto: Joseph Déchelette (1862-1914)] 202 A recepção da sociologia na Revue des Études Anciennes 207 Os sociólogos na Revue des Études Anciennes 213 2.5 – LINHAS DE FORÇA 221 “Jovens” x “Velhos” 221 Paris x província 222 Latinistas x Helenistas 224 Particularismos x Universalismos 226 Dreyfusards x Antidreyfusards 226 Padrões de relação 227 x

Description:
Épigraphique, a Revue Philologique, a Revue Celtique, a Revue des Études Juives e a Revue. Historique trabalhos voltados à numismática antiga – Les Monnaies Juives (1887) e Trois Royaumes de .. então nada mais será preciso fazer que colocar-se como seu aprendiz; é o que Roma fará, é o.
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