Nº 98 · Verão 2001 · 2ª Série Forças Armadas em Mudança NAÇÃO E DEFESA Revista Trimestral Director José Eduardo Garcia Leandro Editora Executiva Isabel Ferreira Nunes Conselho Editorial Helena Carreiras, Isabel Nunes, João Gomes Cravinho, João Marques de Almeida, José Luís Pinto Ramalho, José Manuel Pureza, Luís Medeiros Ferreira, Manuel Ennes Ferreira, Nuno Brito, Nuno Mira Vaz, Paulo Jorge Canelas de Castro, Rui Mora de Oliveira, Teresa de Sousa, Vasco Rato, Victor Marques dos Santos. Conselho Consultivo Abel Cabral Couto, António Emílio Sachetti, António Martins da Cruz, António Vitorino, Armando Marques Guedes, Bernardino Gomes, Carlos Gaspar, Diogo Freitas do Amaral, Ernâni Lopes, Fernando Carvalho Rodrigues, Fernando Reino, Guilherme Belchior Vieira, João Salgueiro, Joaquim Aguiar, José Manuel Durão Barroso, José Medeiros Ferreira, Luís Valença Pinto, Luís Veiga da Cunha, Manuel Braga da Cruz, Maria Carrilho, Mário Lemos Pires, Nuno Severiano Teixeira, Pelágio Castelo Branco. Assistentes de Edição Cristina Cardoso, Nuno Sampaio, Rosa Dâmaso Colaboração Ver normas na contra capa Assinaturas e preços avulso Ver última página Propriedade e Edição Instituto da Defesa Nacional Calçada das Necessidades, 5, 1399-017 Lisboa Tel.: 213924600 Fax.: 213924658 E-mail: [email protected] http:\\www.idn.pt Design e Assessoria Técnica Rasgo, Publicidade, Lda. Av das Descobertas, 17, 1400-091 Lisboa Tel.: 213020773 Fax: 213021022 Composição, Impressão e Distribuição EUROPRESS, Editores e Distribuidores de Publicações, Lda. Praceta da República, loja A, Póvoa de Sto. Adrião, 2675-183 Odivelas Tel.: 219381450 Fax: 219381452 ISSN 0870-757X Depósito Legal 54801/92 Tiragem 2000 exemplares O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores Nº98 Verão 2001 2ª Série • • N AÇÃO D EFESA Forças Armadas em Mudança INSTITUTO DA DEFESA NACIONANÇÃAO L 1 DEFESA ÍNDICE Política Editorial Nação e Defesa é uma Revista do Instituto da Defesa Nacional que se dedica à abordagem de questões no âmbito da segurança e defesa, tanto no plano nacional como internacional. Assim, Nação e Defesa propõe-se constituir um espaço aberto ao intercâmbio de ideias e perspectivas dos vários paradigmas e correntes teóricas relevantes para as questões de segurança e defesa, fazendo coexistir as abordagens tradicionais com problemáticas mais recentes, nomeadamente as respeitantes à demografia e migrações, segurança alimentar, direitos humanos, tensões religiosas e étnicas, conflitos sobre recursos naturais e meio ambiente. A Revista dará atenção especial ao caso português, tornando-se um espaço de reflexão e debate sobre as grandes questões internacionais com reflexo em Portugal e sobre os interesses portugueses, assim como sobre as grandes opções nacionais em matéria de segurança e defesa. Editorial Policy Nação e Defesa (Nation and Defence) is a publication produced by the Instituto da Defesa Nacional (National Defence Institute) which is dedicated to dealing with questions in the area of security and defence both at a national and international level. Thus, Nação e Defesa aims to constitute an open forum for the exchange of ideas and views of the various paradigms and theoretical currents which are relevant to matters of security and defence by making traditional approaches co- exist with more recent problems, namely those related to demography and migratory movements, the security of foodstuffs, human rights, religious and ethnic tensions, conflicts regarding natural resources and the environment. The publication shall pay special attention to the portuguese situation and shall become a space for meditation and debate on the broad choices which face Portugal in terms of security and defence as well as on important international matters which reflect on Portugal and on portuguese interests. NAÇÃO DEFESA 2 ÍNDICE Editorial 5 Resumos 9 Forças Armadas em Mudança A Instituição Militar no Século XXI 17 Martins Barrento Que Modelo de Militar para a Nova Arte de Guerra e Paz? 33 Guilherme Belchior Vieira A Profissão Militar Um modelo à procura de sustentação 49 Nuno Mira Vaz A Natureza das Forças Armadas e a Reforma do Ensino Militar 73 Adriano Moreira Artigos A Privatização da Violência Legítima 87 Victor Marques dos Santos O Reequipamento e a Indústria de Defesa Subsídios para uma Política de Armamento 115 Rui Lobato de Faria Ravara Documentos Decreto-Lei n.º 320-A/2000 de 15 de Dezembro 149 Através das leituras 179 Abstracts 183 NAÇÃO 3 DEFESA NAÇÃO DEFESA 4 EDITORIAL O presente número da Revista Nação e Defesa é dedicado ao tema geral “Forças Armadas em Mudança” para o que se conta com o pensamento e a participação de autores de qualidade indiscutível. O tema é oportuno e incontornável, porém, este título, só por si, encerra claros riscos já que não é fácil definir previamente quais são os limites da MUDANÇA. O que muda? Onde? Porquê? Tudo ou parte? O que não muda? E é sobre esta difícil problemática que este Editorial se vai centrar, sem se querer substituir aos textos que constituem esta edição. O que muda será essencialmente consequência das alterações tecnológicas que obrigatoriamente irão produzir novos equipamentos individuais e colectivos, o que por si arrastará alterações na estrutura da organização militar. Também o ambiente internacional e um determinado sentir nacional terão a sua influência. Por outro lado, no âmbito NATO e no contexto europeu, a tendência será caminhar no sentido de forças cada vez mais conjuntas e combinadas, o que não obriga que tal orientação seja aplicada em todos os pontos do globo. Países existem que, aceitando aparentemente o conceito de Forças Con- juntas, não têm meios no seu quadro nacional que permitam, de facto, aplicar nos Teatros de Operações tal doutrina conjunta só o podendo (e querendo) fazer no âmbito Combinado. Acresce que no seio da União Europeia e da Aliança Atlântica se assume que os Países seus associados não terão entre si conflitos militares pelo que as suas forças serão essencialmente de projecção (ou expedicionárias) para serem empregues naquilo a que, em 1992 chamei de Fronteiras da Segurança e de Fronteiras dos Interesses e também como “Constabulary Forces” seguindo o conceito de Morris Janowitz. Mas o que é verdade, nestas duas associações de Estados, não é extrapolável para o resto do mundo. Tal significa que as mudanças em curso também terão em conta a situação que se vive em determinada nação, área geográfica ou contexto geopolítico e geoestratégico. NAÇÃO 5 DEFESA Editorial Por outro lado, desenvolveu-se nos últimos anos nos EUA a doutrina de “Baixas Zero” o que só é (eventualmente) viável num quadro estratégico em que o Potencial de Guerra de uma Nação e o Potencial de Combate de umas Forças, neste caso dos EUA, têm uma diferença abissal em relação a qualquer outra Nação ou quaisquer outras Forças. Portanto, esta noção também não é extrapolável, sendo possível numa NATO onde os EUA são a potência dominante, mas já não sendo viável na União Europeia, onde existe uma diferença marcante, por todos conhecida, entre o discur- so político e a realidade das suas Forças Armadas e dos investimentos na defesa. Outras duas grandes questões estão também na génese das Mudanças. Em primeiro lugar, a actual tendência europeia de transformar as suas Forças Armadas em forças constituídas por pessoal exclusivamente (ou essencialmente) voluntário criando carreiras profissionais de curta dura- ção. Há para esta opção a sua própria lógica, mas além de apresentar algumas vulnerabilidades conhecidas e de não ser (quanto a mim) solu- ção irreversível, constitui-se em termos práticos na maior revolução estrutural que os Exércitos europeus estão a fazer face nos últimos 200 anos. E o resultado final não é claro, pelo menos a curto prazo. Vamos esperar para ver. Por último, a concretização de cada vez mais Operações de Apoio à Paz, no âmbito da ONU, o que põe em contacto permanente e intímo os oficiais das Forças Armadas de quase todos os países do mundo e que, evidentemente, terá consequências numa certa homogeneização da cul- tura e dos procedimentos militares “urbi et orbi” e também da possível “exportação” das regras de comportamento militar das democracias consolidadas, o que nos últimos dez anos já apresentou resultados concretos. Estas questões e condicionamentos criam uma complexa teia de factores e chamam a atenção para a dificuldade da generalização do tema e para os limites do mesmo. Mas o RISCO é maior se com MUDANÇA se quiser significar alterações dos valores institucionais e tal parece-me ser um dos sentidos que pode ser dado a tal ideia. E sobre isto haverá que ser claro: independentemente de alterações do enquadramento internacional, nacional, legal, estrutural e tecnológico há aspectos que terão de ser preservados e que estão relacionados com o funcionamento da organização que passa pelos seus valores e regras, bem como pela formação de cada militar. NAÇÃO DEFESA 6 Editorial Atendendo ao tipo de Missões que são dadas às Forças Armadas onde o risco e a imprevisibilidade estão sempre presentes, à sua permanente disponibilidade e à eficiência que se lhes pede, por muitas mudanças que ocorram nunca será possível tentar igualá-las a qualquer organização civil (em termos de objectivos, de estruturas e de eficiência tem vindo a acontecer com determinadas empresas de excelência exactamente o con- trário). Assim há questões de formação individual, de funcionamento colectivo, de hierarquia, de liderança, de valores e cultura da Instituição, de inser- ção dentro da sociedade nacional e internacional, que permitem aos seus membros viver em conjunto e trabalhar em conjunto para objectivos comuns que são nacionais ou determinados pela ONU, e decididos em democracia pelo poder legítimo, que não poderão ser abandonadas; antes pelo contrário, quanto mais fortes forem as outras modificações mais estas terão de ser reforçadas e consolidadas. Em conclusão, MUDANÇAS SIM, mas sabendo o que se quer e para onde se vai e que aquelas sirvam para reforçar a Instituição e a sua eficiência nacional ou multinacional e não para a debilitar ou descaracterizar. NAÇÃO 7 DEFESA NAÇÃO DEFESA 8
Description: