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Filosofia Verde: Como pensar seriamente o planeta PDF

292 Pages·2017·2.45 MB·Portuguese
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Coleção Abertura Cultural Copyright © Roger Scruton, 2012 Publicado originalmente no Reino Unido pela Atlantic Books Ltd. Copyright desta edição © 2017 É Realizações Título original: Green Philosophy: How to Think Seriously About the Planet Editor Edson Manoel de Oliveira Filho Produção editorial e projeto gráfico É Realizações Editora Capa Daniel Justi Revisão técnica Marcelo Gomes Sodré Preparação de texto Edna Adorno Revisão Marta Almeida de Sá Imagem de capa Photo by Hulton Archive/Getty Images Produção de ebook S2 Books Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do editor. ISBN 978-85-8033-290-2 É Realizações Editora, Livraria e Distribuidora Ltda. Rua França Pinto, 498 · São Paulo SP · 04016-002 Caixa Postal: 45321 · 04010-970 · Telefax: (5511) 5572 5363 [email protected] · www.erealizacoes.com.br Sumário Capa Créditos Folha de rosto Prefácio Capítulo 1 | Aquecimento Local Capítulo 2 | Pânico Global Capítulo 3 | Em Busca de Salvação Capítulo 4 | Precaução Radical Capítulo 5 | Soluções de Mercado e Homeostase Capítulo 6 | Economia Moral Capítulo 7 | Heimat e Hábitat Capítulo 8 | Beleza, Piedade e Profanação Capítulo 9 | Chegando a Lugar Nenhum Capítulo 10 | Engendrando em Algum Lugar Capítulo 11 | Propostas Modestas Apêndice I | Justiça Global Apêndice II | Como Deveríamos Viver? Bibliografia Mídias Sociais Prefácio Os problemas relacionados ao meio ambiente parecem estar tão fora de nosso alcance que ficamos à deriva, perdidos entre opiniões e políticas concorrentes, mas sem termos, de fato, um ponto de apoio, exceto nos rastros de nossas preocupações. Damos crédito aos alarmistas, pois ninguém é tão sombrio sem uma razão. Por outro lado, também damos crédito aos céticos, uma vez que nos oferecem esperança, advertindo-nos que os alarmistas lucram com esse cenário sombrio. Ademais, observamos como governos, ONGs e grupos de pressão fazem o seu jogo ao aumentar a ansiedade comum, ao mesmo tempo que se oferecem para aliviá-la. Sem o concurso governamental fica difícil enfrentar questões como mudança climática, vazamentos de petróleo, resíduos tóxicos e perda da biodiversidade. Todavia a história nos ensina que projetos de grande escala perdem eficiência e responsabilidade quando deixados nas mãos dos burocratas, e que as regulamentações governamentais produzem efeitos colaterais que frequentemente pioram aquilo que procuravam solucionar. Além disso, os que prometem grandes esquemas de energia limpa e de redução da poluição são os mesmos que, no discurso seguinte, prometem uma expansão faraônica de aeroportos e rodovias e a criação de subsídios para a indústria automobilística. Quando os problemas ficam nas mãos do governo, perdemos o controle sobre eles. Nossa compreensão é moldada por necessidades locais, não por incertezas globais: o produto de emergências do dia a dia, uma sabedoria da sobrevivência. Há uma lição para os ambientalistas. Nenhum projeto de larga escala terá êxito se não estiver enraizado no raciocínio prático de pequena escala. Somos nós que temos de agir, criar consenso e trabalhar em conjunto as decisões tomadas em nosso nome, fazendo o sacrifício necessário para o bem das futuras gerações. Parece-me que os atuais movimentos ambientalistas, muitos dos quais exigem a implantação de gigantescos, e até mesmo quiméricos, projetos governamentais, os quais promovem alterações radicais em nossa vida, falharam nesse aprendizado. Seus esquemas, da mesma forma que seu brado apocalíptico, assustam o cidadão comum sem, contudo, recrutá-lo, e este se vê no meio de uma miríade de alertas ruidosos, esperando apenas atravessá-la sem antes enlouquecer. Neste livro, desenvolvo um olhar alternativo para os problemas ambientais que está, espero, em concordância com a natureza humana e com a filosofia conservadora que brota das rotinas diárias. Não ofereço soluções detalhadas a problemas específicos. Em vez disso, proponho uma perspectiva dos problemas, de modo que sejam vistos como nossos e que possamos começar a resolvê-los, valendo- nos de nosso equipamento moral. Esta é, creio, a mensagem permanente do conservadorismo. Todavia, caso ela seja recebida com hostilidade pelos que não conseguem lidar com um problema sem antes ditar soluções radicais (por eles controladas), isso provará, de forma ainda mais vigorosa, a validade dessa posição. Minha intenção é apresentar a questão ambiental em seu todo, incluindo suas ramificações. Para esse fim, apoiei-me na filosofia, psicologia e economia, como também nos escritos de ecologistas e historiadores. Proponho que as questões ambientais sejam enfrentadas por todos, na esfera das circunstâncias diárias, para que não sejam confiscadas pelo Estado. A solução será possível se as pessoas estiverem motivadas, e a tarefa do governo é justamente criar essas condições graças às quais a motivação adequada possa surgir e prosperar. Caracterizo essa motivação (melhor seria dizer um conjunto de motivações) como oikophilia, o amor que se tem pelo lar, e apresento as condições em que esse amor surge e o papel do Estado em sua acomodação. Defendo as iniciativas locais contra os esquemas globais, a associação civil contra o ativismo político e as fundações de pequeno porte contra as campanhas de massa. Consequentemente, o meu argumento é contrário ao que se vê em boa parte da literatura ambiental de nosso tempo, e talvez seja recebido com ceticismo por leitores que, não obstante, compartilham as mesmas preocupações centrais. Por essa razão, decidi explorar os princípios básicos do raciocínio prático e as formas como seres racionais alcançam, solidariamente, soluções que de outra forma não seriam tratadas de modo satisfatório – nem individual nem burocraticamente. Também critico as regulamentações de cima para baixo e os movimentos fixos e suas bandeiras, e vejo o problema ambiental como perda de equilíbrio, quando as pessoas cessam de compreender que compartilham um lar comum. Essa perda tem muitas causas, e o mau uso da legislação não está entre as menos importantes, assim como a fragmentação da sociedade controlada por burocratas. Trabalhar neste livro foi possível graças à minha posição como acadêmico residente do American Enterprise Institute, onde tive a felicidade de encontrar uma atmosfera de colegiado e uma mente aberta ao debate. Tirei grande proveito de minhas conversas com os colegas do instituto, de modo particular com Kenneth P. Green, Lee Lane, Stephen Hayward e Christopher C. DeMuth. Gostaria de agradecer também a Kimberley Hudson e a Keriann Hopkins pela inestimável assessoria editorial e a Tony Curzon Price, Angelika Krebs, Ian Christie, Alicja Gescinska, Mark Sagoff e David Wiggins, que leram pacientemente os rascunhos e me censuraram por meus erros, nem todos corrigidos. Scrutopia, julho de 2010. | Capítulo 1 Aquecimento Local O movimento ambientalista é hoje identificado, por representantes e antagonistas, como “de esquerda”: um protesto em defesa dos pobres e oprimidos em sua luta contra as grandes corporações, contra o consumismo e contra as estruturas de poder. Mas essa imagem é altamente enganosa. Na Grã-Bretanha, o ambientalismo deita suas raízes no culto iluminista da beleza natural e na reação, no século XIX, contrária à Revolução Industrial, em que tories e radicais tiveram importância semelhante; ademais, o antagonismo inicial contra a agricultura industrializada teve o apoio de socialistas de guildas como H. J. Massingham, tories como Lady Eve Balfour, gurus seculares como Rudolf Steiner e radicais excêntricos como Rolf Gardiner, que se valeu das ideias da esquerda e da direita e foi caracterizado (por Patrick Wright) como fascista.[1] O ambientalismo americano incorpora a adoração à natureza de John Muir, o individualismo radical de Thoreau,[2] o transcendentalismo de Emerson, o “ecocentrismo” de Aldo Leopold[3] e o conservadorismo social dos Southern Agrarians – grupo de escritores tipificados pelo nostálgico poeta Allen Tate e representado em nossos dias por Wendell Berry.[4] O ambientalismo francês é filho de conservadores do pays réel, como Gustave Thibon e Jean Giono, ao passo que os Verdes alemães herdaram aspectos do romantismo do movimento Wandervogel, do início do século XX, como também a visão de lar e povoamento, tão maravilhosamente descrita pelos poetas românticos alemães e adotada, em nossos tempos, pelo ex-nazista Martin Heidegger e, em tom mais lúcido e liberal, por seu aluno judeu Hans Jonas.[5] Além disso, os ambientalistas de nossos dias estão cientes dos estragos ecológicos provocados pelo socialismo revolucionário: coletivizações forçadas, industrialização caótica, projetos pantagruélicos de remanejamento populacional, mudanças drásticas por nós testemunhadas no curso de rios e paisagens na União Soviética e na China.[6] Ambientalistas de esquerda não considerarão tais abusos como o resultado inevitável de suas ideias. Não obstante, admitirão ser necessário trabalhar mais duro, para que a consciência das pessoas aceite que o socialismo é a resposta, e não uma parte do problema. Ao mesmo tempo, raramente reconhecem afinidades com a “direita” e, com frequência, o “conservadorismo” lhes soa “sujo”, sem conexão semântica com a “conservação” que defendem. A explicação, creio, é que os ambientalistas se habituaram a ver o conservadorismo como a ideologia da livre-iniciativa, e esta como um assalto aos recursos do planeta, sem outra motivação a não ser o desejo de ganho imediato. Além disso, existe uma arraigada tendência nas esquerdas de confundir os interesses individuais, racionalmente engendrados e propulsores do mercado, com a questão da ganância, que é uma forma de excesso irracional. Assim sendo, o manifesto do Partido Verde de 1989 detecta os “falsos deuses do mercado, ganância, consumismo e crescimento” e diz que “um governo dos Verdes substituiria esses falsos deuses por trabalho solidário, autossuficiência, distribuição igualitária e parcimônia”.[7] Esse manifesto ecoa um sentimento disseminado de que ao nos apoiarmos exclusivamente nos mercados, na resolução de nossos problemas, conduzimo-nos, de forma inevitável, numa senda antissocial. Essa acusação caminha de mãos dadas com a visão de que dispomos de outros motivos (mais altruístas), que podem ser exortados, e de fato o seriam por governos de esquerda. Concordo que esses outros motivos existem. Mas discordo de que seriam adotados por um governo de esquerda. Aqueles que se autodenominam conservadores na esfera política são em parte responsáveis por essa ideia errônea. Muitas vezes, essas pessoas avaliam a política moderna em termos estritamente dicotômicos, entre liberdade individual e controle estatal. Liberdade individual pressupõe liberdade econômica, e esta, por sua vez, implica a liberdade de explorar os recursos naturais para fins financeiros. A madeireira que devasta uma floresta tropical, a mineradora que decepa uma

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O meio ambiente tem sido há muito tempo território da esquerda política, a qual considera que as principais ameaças ao planeta partem do capitalismo, do consumismo e da exploração exagerada de recursos naturais. Em Filosofia Verde, Roger Scruton aponta as falácias por trás desse modo de pens
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