MARIA DA GLÓRIA HAZAN FILOSOFIA DO JUDAÍSMO EM ABRAHAM JOSHUA HESCHEL: Consciência Religiosa, Condição Humana e Deus MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO PUC / SP 2006 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. MARIA DA GLÓRIA HAZAN FILOSOFIA DO JUDAÍSMO EM ABRAHAM JOSHUA HESCHEL: Consciência Religiosa, Condição Humana e Deus Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Ciências da Religião, sob orientação do Professor Doutor Luis Felipe de Cerqueira e Silva Pondé. PUC / SP 2006 BANCA EXAMINADORA _________________________________ _________________________________ _________________________________ Dedico esse trabalho, À minha avó Josefina Pepi Braunstein. Aos meus pais, Hertha e Alfredo Herzberg. À minha irmã Gerda Traksbetrigyer. Origem, fundamentos e devir. Espero ter-lhes honrado a memória. Agradecimentos Minha gratidão das gratidões é para Deus, que me dá a Vida. À Abraham Joshua Heschel, que legitimou a eternidade como realidade pela força da verdade que existe em suas palavras, luz nos momentos de conflito entre a fé e a dúvida. Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Felipe Pondé, por ter me propiciado encontrar uma pista de pouso para os vôos de minhas idéias e ter me indicado A.J.Heschel. Ao querido Prof. Dr. José J. Queiroz pela sábia e generosa compreensão que compartilha. Ao Prof. Dr. Gilberto da Silva Gorgulho, pelo breve, mas marcante encontro em que tive o privilégio de beber em sua fonte de saber. Meus agradecimentos se estendem aos professores e aos colegas do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião que estiveram comigo. À Cristina Guarnieri, por compartilhar generosamente de seus conhecimentos e ter me dado apoio incondicional para realização deste trabalho. À Lílian Wurzba Ioshimoto pela ajuda e compreensão. À Mônica Poyares, querida amiga e incentivadora. À Camila Salles Gonçalves, que faz a vida valer a pena, inspiradora, fada madrinha. À Anna Maria C. A. Knobel pelos momentos de valioso compartilhar. Aos meus amigos do Grupo Vagas Estrelas, pela afeição. Aos amigos do Daimon, em especial Wilson, Fonseca e Cesarino, meu profundo reconhecimento e amizade. Ao Roberto Gambini, que conhece a origem desse projeto, minha eterna gratidão. Aos amigos que compartilharam desta jornada, cujas participações de forma direta ou indireta, foram fundamentais para o resultado final. As parceiras de caminho em busca da compreensão da Árvore da Vida da Cabala, àquelas que participam e participaram do grupo, meu profundo agradecimento. É de vocês o mérito de confirmarem ser possível realizar. Agradeço a minha família, em especial Karina, Tally e Henry pelo estímulo, apoio e compreensão pela minha distância. Aos meus pacientes que continuamente motivam meu desejo de compreender e de compartilhar. À Raymunda Ribeiro, que validou o MBTI, minha gratidão. Ao Cláudio Roth, que me apresentou um novo olhar a vida. Márcia G. Rivas, com quem aprendi que os últimos serão os primeiros. Cansado da fome espiritual Em meio a um deserto triste meu caminho fiz, E um anjo de seis asas veio a mim Num lugar onde havia uma encruzilhada. Com dedos leves como o sono Tocou as pupilas de meus olhos E minhas proféticas pupilas abriu Como olhos de águia assustada. Quando seus dedos tocaram meus ouvidos, Estes se encheram de rugidos e clangores E ouvi o tremor do céu E o vôo do anjo da montanha E animais marinhos nas profundezas E crescer a videira do vale. E, então, pressionou-me a boca E arrancou-me a língua pecadora, E toda a sua malicia e palavras vãs, E tomando a língua de uma sábia serpente Introduziu-a em minha boca gelada Com sua mão direita encarnada. Então, com sua espada, abriu meu peito E arrancou-me o coração fremente, E no vazio de meu peito colocou Um pedaço de carvão em chamas. Fiquei como um cadáver, deitado no deserto, E ouvi a voz de Deus clamar: “Levanta, profeta, e vê e ouve, Sê portador da minha vontade – Atravessa terras e mares E incendeia o coração dos homens com o verbo”. 1 1 Alexander PUCHKIN, Poema, In: Andrei TARKOVSKI, Esculpir o Tempo, p.265-266. Resumo Nosso trabalho procurou pesquisar o conceito de consciência religiosa proposto por Abraham Joshua Heschel (1907–1972), em Deus em Busca do Homem, livro no qual o autor entende o pensamento religioso como fonte de conhecimento e examina os diversos aspectos que objetivam o retorno à Religião. O livro é composto de três grandes temas: Deus, Revelação e Resposta. Essa pesquisa focalizou o primeiro tema que aborda a relação entre o desenvolvimento da consciência religiosa, Deus e o mundo. Nossa pesquisa foi guiada pela hipótese de que, em Heschel, há a possibilidade noética, ou seja, de conhecimento pela via da consciência religiosa. A relação da consciência religiosa e Deus se dá na abertura da consciência judaica ao Deus Abraâmico, que não se restringe ao povo judaico, mas que tem, na voz do Profeta, uma abrangência universal. Este conceito, para o autor, passa a existir na discussão da relação entre Deus e a condição humana, que se caracteriza pelas seguintes categorias: sublime, maravilhoso, temor, glória, mistério entre outras. Para Heschel, a consciência religiosa acontece no evento, isto é no encontro do humano com a história sagrada que transcende o tempo, supera a linha divisória do passado e do presente e se atualiza pela consciência do inefável. A religião e a consciência religiosa se dão no encontro da pergunta de Deus com a resposta do homem. Na consciência religiosa, abre-se o caminho para a fé e o caminho de fé. O caminho para Deus é um caminho de Deus. Se Deus não fizer a pergunta, todas as nossas indagações serão vãs. Apontamos a aplicação da categoria do inefável, legitimando sua aplicação à filosofia da religião judaica, como um parâmetro eficiente para o pensar situacional- filosófico a respeito do homem em sua relação com o outro, com o mundo e com Deus. Com base nesse pressuposto, podemos concluir que só há possibilidade de uma relação ética onde se encontra a consciência do inefável. Consciência de alteridade esta que possibilita o amor, ou seja, realmente ser capaz de olhar para o outro em toda sua singularidade e necessidade. Palavras-chave: Heschel, consciência religiosa, inefável.
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