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Federalismo e suas variantes: do modelo norte-americano à União Européia PDF

189 Pages·2010·0.91 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO CAROLINA MARIA LEMBO FEDERALISMO E SUAS VARIANTES – DO MODELO NORTE-AMERICANO À UNIÃO EUROPEIA Dissertação apresentada ao Departamento de Direito do Estado, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Direito do Estado, sob orientação da Profª Drª Monica Herman Salem Caggiano. São Paulo 2010 DEDICATÓRIA Aos meus avós, Renéa e Cláudio, cujo amor incondicional e retitude incontestável me guiam por todos os caminhos da vida. AGRADECIMENTOS A minha orientadora e amiga, Profª Dra Monica Herman Sallem Caggiano, meu agradecimento por sua verdadeira preocupação e carinho no auxílio para a concretização deste trabalho. À querida Profª Drª Pilar Jimenez Tello, pelo essencial apoio no desbravamento dos tortuosos caminhos do Direito Autonômico espanhol. A minha família e amigos: muito obrigada por estarem uma vez mais presentes em uma etapa importante de minha trajetória. “Each State, in ratifying the Constitution, is considered as a sovereign body, independent of all others, and only to be bound by its own voluntary act. In this relation, then, the new Constitution will, if established, be a FEDERAL, and not a NATIONAL constitution.” (James Madison, “Federalist n. 39”) RESUMO Esta Dissertação tem por finalidade examinar as diferentes formas por que o federalismo pode e vem se manifestando desde o modelo embrionário, dos Estados Unidos da América, até a união de Estados nacionais que integra a União Européia. Como primeiro passo, destaca os elementos constitutivos do Estado Federal, com ênfase na importância do fator descentralização do poder na construção de um Estado composto formado por Estados autônomos; em seguida, investiga as origens históricas do federalismo antigo e do norte-americano, na busca dos motivos que levaram à criação de tão inovadora forma de governo — de modo particular, traz a abordagem de um caso emblemático de federalismo assimétrico, o das Comunidades Autônomas espanholas, a fim de demonstrar a complexidade de coexistência em um só Estado de diversas nacionalidades, etnias, tradições regionais etc.; depois, apresenta o impacto do caso europeu, sem precedentes, em uma era globalizada, ante a necessidade de um processo de integração de maior consistência entre Estados. Culmina por perscrutar os fatores federativos emergentes do Tratado de Lisboa, aprovado em 2009. PALAVRAS-CHAVE Federalismo, Estados Unidos da América, Comunidades Autônomas, União Européia, Descentralização, Globalização, Tratado de Lisboa, Constituição. ABSTRACT The purpose of this thesis is to examine into the different ways federalism may assume and has assumed from the embryonic model of the United States of America through the union of national States found in the European Union. As a first step, this study points out the constitutive elements of the federal State, focusing on the power decentralization factor in building a composite State formed of autonomous States. Next, the historic origins of the ancient and the American federalism will be examined, in an attempt to identify the reasons that lead to the creation of such an innovative form of government. Particularly, an emblematic case of asymmetric federalism will be studied, namely, the Spanish Autonomous Communities, in order to demonstrate the complexity of the cohabitation, in a single State, of several nationalities, ethnic groups, regional traditions, etc. Finally, the impact of the unprecedented European case in a global era, in view of the need for a more consistent integration process among States, will be analyzed. The study culminates with an investigation into the federative factors emerging from the Lisbon Treaty ratified in 2009. KEYWORDS: Federalism. United States of America. Autonomous Communities. European Union. Decentralization. Globalization. Lisbon Treaty. Constitution. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................2  1. Federalismo: conceito, elementos e origem.......................................................................8  1.1. Conceito..............................................................................................................8  1.1.1. Formas do Estado...................................................................................................12  1.1.1.1.  O Estado Federal e a Descentralização. Os fenômenos da Centralização e Descentralização....................................................................15  1.1.2. Confederação versus federação..............................................................................20  1.1.3. O Agrupamento de Estados...................................................................................23  1.2. Elementos do federalismo.................................................................................26  1.2.1. Pluralismo e Liberdade..........................................................................................28  1.2.2. Repartição de competências...................................................................................32  1.3. Origem..............................................................................................................40  1.3.1. Federalismo antigo.................................................................................................40  1.3.2. Federalismo norte-americano.................................................................................49  1.3.3. A influência norte-americana nos Estados Federais..............................................59  1.3.3.1. Alemanha............................................................................................59  1.3.3.2. Suíça....................................................................................................63  1.3.3.3. Brasil...................................................................................................68  2. O Estado Espanhol das Autonomias: um Federalismo Singular?.................................76  2.1. Histórico da formação das Comunidades Autônomas......................................76  2.1.2. Aspectos Constitucionais das Comunidades Autônomas......................................83  2.1.3. O caso catalão e a problemática das comunidades históricas................................96  2.1.4. A questão federal.................................................................................................106  3. A União Europeia e o advento do Tratado de Lisboa: um federalismo de Estados?................................................................................................................................112  3.1. Breve histórico da construção da União Europeia..........................................112  3.1.1. Da Comunidade do Carvão e do Aço ao Tratado de Roma.................................118  3.1.2. Ato Único Europeu e Tratado de Maastricht......................................................126  3.1.3. Tratados de Amsterdã e Nice...............................................................................129  3.1.4. A Tentativa de uma Constituição para a Europa.................................................133  3.2. Relação entre direito internacional público, direito constitucional e direito comunitário............................................................................................................138  3.3. O Tratado de Lisboa: a visão federal além do Estado....................................143  3.3.1. Liberdades e direitos fundamentais.....................................................................144  3.3.2. Repartição de Competências................................................................................149  3.3.3. Princípios Democráticos......................................................................................151  3.3.4. Relações Exteriores e Política de Segurança.......................................................153  3.3.5. Instituições Europeias..........................................................................................154  Conclusão..............................................................................................................................163  BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................166 2 INTRODUÇÃO Quando um Estado ou um conjunto de Estados que atuam sob uma só ordem jurídica pode ser considerado Federal? Esse questionamento vem demandando a atenção do legislador, da jurisprudência e da doutrina, apontando como imperativo um exame do modelo federativo para a organização do Estado que compreenda suas raízes genéticas e seu percurso evolutivo; logo, é mister tentar responder a essa indagação considerando a multifária gama de versões de Estado Federal que o mundo vem conhecendo no último século. Da federalização da Espanha a expressões federalistas regionais, a exemplo da União Europeia, o mundo globalizado vem demonstrar que o federalismo, mutante em sua essência, pode se adaptar com naturalidade a diferentes realidades. Torna-se, assim, uma receita de organização estatal não somente viável na atualidade, como extremamente desejado. É importante mencionar que o método de abordagem a ser adotado nesta Dissertação será o hipotético-dedutivo; nesse contexto, a técnica de procedimento será a dissertativo-argumentativa de predominância teórica com a análise de casos práticos. O próprio tema requer o tratamento cotejado, e, adentrando não só no Direito comparado, mas também no panorama do Direito comunitário, pretende-se trazer a 3 lume o desenvolvimento das várias fórmulas federativas a partir da configuração norte-americana. Como será exposto ao longo do trabalho, as diferentes variações que vêm sendo praticadas sob o rótulo Estado Federal não têm, em sua grande maioria, as mesmas características da matriz concebida nos Estados Unidos; não obstante, em uma visão macro, podem ser consideradas federais, uma vez que detêm como objetivo final a união de interesses comuns, estruturados de maneira organizada. Considerando a expansão da receita federativa, principalmente no pós-guerra, a adoção da fórmula para a atuação conjunta de Estados, a pesquisa conduz naturalmente à seleção de alguns casos fáticos para um exame mais profundo quanto à aproximação de seus caracteres aos do modelo original, norte-americano. A proposta, pois, contém uma leitura comparativa, optando-se por dissecar o modelo espanhol — das autonomias — à luz do padrão que os pais fundadores da Constituição norte-americana esculpiram, e, logo a seguir, examinar em que medida a ideia federativa norte-americana encontrou guarida na criação da Comunidade Europeia, ensejando a idealização de um novo ramo do Direito, o Direito comunitário. A ponderação das principais diferenças e similitudes será objeto de análise. Como primeiro passo, será estudado o federalismo clássico, com ênfase na sua formação genética, no seu percurso histórico, nos elementos fundamentais que passam a servir de base para a conformação da matriz federalista norte-americana. 4 Adicionalmente, a investigação atinente aos elementos essenciais do federalismo buscará verificar e oferecer ao leitor um melhor entendimento das principais propriedades deste sistema, perquirindo a presença desses elementos nas diversas e diferentes modelagens de federalismo que foram irrompendo na Europa continental e, em seguida, por que não dizer, espalhadas pelo mundo. Dentre as matérias que são objeto deste estudo, merecem destaque as fórmulas de organização territorial do Estado, adentrando nos domínios dos métodos de centralização e descentralização para a institucionalização do poder político na esfera estatal; isso porque a descentralização é considerada característica primordial dos Estados Federais, por significar a consagração da individualidade no contexto do conjunto. Sob esse aspecto, é pertinente a preceituação de Hans Kelsen, que, de forma simples, aborda e explicita os conteúdos dos conceitos de centralização e descentralização, em sua Teoria Geral do Direito e do Estado: a concepção de uma ordem jurídica centralizada subentende que todas as suas normas são válidas para todo o território pelo qual ela se estende; isso significa que todas as suas normas possuem a mesma esfera territorial de validade. Por outro lado, uma norma jurídica descentralizada consiste em normas que têm esferas territoriais de validades diferentes. Algumas das normas serão válidas para o território inteiro — do contrário, este não seria o território de uma única ordem — , enquanto outras serão válidas só para uma parte do território, normas não centrais ou normas locais. (KELSEN, 2005, p. 434)

Description:
founders of the United States, tem a sua receita vocacionada a acomodar diversidades.” (Op. cit.) um Estado realiza uma descentralização de receitas, mas não administrativa, perdendo receita e BAKER, J. W.; MCCOY, C. S. Fountainhead of federalism - Heinrich Bullinger and the covenantal
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