NATÁLIA AMARAL HILDEBRAND FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA TRANSTORNOS MENTAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CAMPINAS 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Médicas FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA TRANSTORNOS MENTAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Natália Amaral Hildebrand Dissertação de Mestrado apresentada à Pós- Graduação Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP para obtenção do título de Mestra em Ciências, área de concentração da Saúde da Criança e do Adolescente. Sob orientação da Profa. Dra. Maria de Lurdes Zanolli e co- orientação da Profa. Dra. Eloisa Helena Rubello Valler Celeri. CAMPINAS 2012 iii iv FOLHA DE APROVAÇÃO v Dedico este trabalho ao meu marido Victor, meus pais Renato e Evani, a minha filha Sophia. Muito obrigada pelo apoio nos momentos difíceis, orientação, incentivo e paciência. vii AGRADECIMENTOS A minha orientadora Profa. Dra. Maria de Lurdes Zanolli, pelo constante aprendizado, pela atenção, amizade, paciência e dedicação neste período. À co-orientadora Profa. Dra. Eloisa Helena Rubello Valler Celeri, pela confiança, apoio, pelo aprendizado e amizade. Ao Prof. Dr. André Moreno Morcillo, responsável pela análise estatística, por seus ensinamentos e pela grande paciência. Aos sujeitos deste estudo e suas famílias pela participação na pesquisa. A toda equipe do CREAS e dos Serviços Especializados conveniados que se empenharam colaborando com esse estudo. A todos os profissionais da educação pela participação na pesquisa. À Secretaria de Assistência, Cidadania e Inclusão Social e a Secretaria de Educação Municipal de Campinas, assim como a Secretaria Estadual de Educação por autorizarem a realização deste estudo. Às Prof. (as) Dr.(as) Denise Barbieri Marmo e Angélica Maria Bicudo Zeferino pela participação na qualificação, críticas e sugestões. Às Prof. (as) Dr.(as) Sheila Cavalcante Caetano e Renata Cruz Soares de Azevedo pela participação na defesa, críticas e sugestões. A toda minha família pelo apoio, incentivo e paciência. Em especial ao meu marido Victor, aos meus pais Renato e Evani e aos meus sogros Tineke e Paulino por me ajudarem a cuidar da pequena Sophia, que agradeço simplesmente pela sua existência... À FAPESP (Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo) pelo apoio financeiro. ix RESUMO Introdução: Existe uma tendência natural de enxergar a infância como um período na vida em que o sujeito está isento de problemas ou qualquer tipo de preocupação. Entretanto, muitas crianças e adolescentes apresentam transtornos psiquiátricos, principalmente associados a fatores de risco como situações de violência doméstica. Objetivo: Estudar fatores de risco e proteção para transtornos mentais em crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica; e, sob a perspectiva da promoção da saúde, verificar propostas de encaminhamento em relação ao projeto terapêutico individual das crianças, adolescentes e suas famílias. Método: Este estudo utilizou as abordagens quantitativa e qualitativa. Os sujeitos desta pesquisa foram crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica (de 4 a 16 anos) e suas famílias, atendidos por instituições que compõe o Serviço Especializado nesta temática, vinculados ao CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) do Município de Campinas, além dos professores e profissionais da área da psicologia e promoção social que os acompanham. Para a coleta de dados, foram aplicados instrumentos estruturados, entrevista semiestruturada e grupo focal. Este estudo utilizou inicialmente dois questionários de aplicação individual, SDQ – Strength Dificults Questionarie, para identificar problemas de saúde mental e DAWBA – Development and Well-Being Assessment, que tem como objetivo gerar diagnóstico em saúde mental infanto- juvenil. Para obter maior confiabilidade no diagnóstico, o segundo instrumento foi aplicado nas três versões existentes (crianças ou adolescentes, responsáveis e professores). Depois, realizou-se um Grupo Focal com os profissionais que acompanham as famílias com o objetivo de propor uma discussão sobre a problemática das crianças e adolescentes em xi atendimento, fatores de risco e proteção, atuação profissional e sobre o encaminhamento em relação ao projeto terapêutico dos indivíduos e suas famílias. Resultados: A prevalência de problemas de saúde mental no grupo estudado foi de 65,5% (IC 95%; 59,3-71,3). Foram fatores de risco para o desenvolvimento de psicopatologias na infância e juventude: uso preocupante de bebida alcoólica do responsável (p=0,018), este estar fora do processo produtivo (p=0,04), e a idade dos sujeitos, pois quanto maior a idade, maior o número de transtornos psiquiátricos (comorbidade). Foi fator de proteção o responsável estar inserido em algum tipo de trabalho. Verificou-se através do grupo focal a necessidade de: mudanças em relação às condições de trabalhos dos profissionais dos Serviços Especializados; realização de um trabalho efetivo de articulação em rede visando à mudança de paradigma sobre o fenômeno da violência doméstica na infância e juventude; rever e avaliar políticas públicas efetivas de prevenção e tratamento dessa população. Considerações Finais: A violência doméstica vivenciada na infância e juventude é, por si só, um fator de risco significativo para o desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes, sendo agravado pelo uso preocupante de bebida alcoólica do responsável ou este estar fora do processo produtivo. Além disso, identificou-se que quanto maior a idade, maiores são os riscos de transtornos psiquiátricos, principalmente de comorbidades. É fundamental garantir a integralidade do cuidado e o avanço na efetivação dos direitos das crianças e adolescentes, sendo para isso, necessário rever e avaliar políticas públicas efetivas de prevenção e de tratamento especializado em Saúde Mental para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. Palavras Chaves: Saúde Mental, Criança, Adolescente, Fatores de Risco, Violência Doméstica. xiii ABSTRACT Introduction: There is a natural tendency to see childhood as a period in life when the subject is free of any problems or concerns. However, many children and adolescents have psychiatric disorders, mainly associated with risk factors such as domestic violence situations. Objective / Aims: To study risk and protection factors for psychiatric disorders in children and adolescents victims of domestic violence, and, from the perspective of health promotion, verify referral proposals in relation to the individual therapeutic project for children, adolescent and their family. Method: This study utilized quantitative and qualitative approaches. The subjects of this research were children and adolescents victims of domestic violence (4-16 years) and their families, attended to a Specialized Service in care of domestic violence against children and adolescents in the city of Campinas, in addition to teachers and professionals of psychology and social promotion area that accompany them. For data collection, structured instruments, semi-structured interviews and focus groups were applied. This study initially used two questionnaires for individual applications, SDQ – Strength Dificults Questionarie, to identify mental health problems and DAWBA – Development and Well-Being Assessment, that aim to generate diagnosis in child and adolescent mental health. For greater reliability in the diagnosis, the second instrument was applied in the three existing versions (children or adolescents, caregiver/ parents and teachers). Then, it was performed a Focus Group with professionals that accompany the families in order to propose a discussion and analysis about the diagnosis of children and adolescents in care, risk and protection factors, xv professional activity and also on the referral in relation to therapeutic project of each individual and their family. Results: It was verified a prevalence of 65.5% of mental health problems in studied group. The risk factors for the development of psychopathologies in childhood and young adulthood included: alarming use of alcohol charge caregiver /parents (p=0,018), this one being out of the productive process (p=0,04) and the age of the subjects (p=0,031), because the higher the age, the greater the number of psychiatric disorders (comorbidity). It was a protection factor the caregiver/ parents be inserted in some kind of work. It was verified through focus groups the need of: changes in the work conditions of the professionals of Specialized Services; a construction of an effective network articulation aiming to change the paradigm of the domestic violence phenomenon in childhood and young adulthood; review and evaluate effective public policies of prevention and treatment of this population. Conclusion: The domestic violence experienced in childhood and young adulthood is, by itself, a significant risk factor for the development of psychiatric disorders in children and adolescents, aggravated by the alarming use of alcohol charge caregiver /parents or this one being out of the productive process. Furthermore, it was found that the higher the age, the greater the risk of psychiatric disorders, especially of comorbidities. It is essential to ensure the integrality of care and the progress in the effectuation of children and adolescents rights, and for this, it is necessary to review and evaluate effective public policies of prevention and specialized treatment in Mental Health for children and adolescents victims of domestic violence. Key words: Mental Health, Children, Adolescents, Risk Factors, Domestic Violence. xvii
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