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FABRES, Valéria Barragana. “O fazer teatral na Escola Especial Professor Alfredo Dub: O uso da ... PDF

46 Pages·2011·1.17 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Centro de Artes – Curso de Teatro-Licenciatura Monografia O fazer teatral na Escola Especial Professor Alfredo Dub: O uso da máscara com alunos surdos Valéria Barragana Fabres Pelotas, 2011. 1 VALÉRIA BARRAGANA FABRES O fazer teatral na Escola Especial Professor Alfredo Dub: O uso da máscara com alunos surdos Monografia apresentada ao Curso de Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de licenciada em Teatro. Orientadora: Vanessa Caldeira Leite Co-orientadora: Madalena Klein Pelotas, 2011. 2 Quatro anos se passaram e muito tenho a agradecer: Primeiramente a Deus por ter me conduzido a caminhos fascinantes. Ao meu pai (in memorian) e minha mãe, que foram a base da minha educação, pelo apoio afetivo e maternal em todo este processo. À minha incansável orientadora Vanessa Caldeira Leite, sempre disponível. Uma professora que foi mais do que profissional, foi amiga. Uma parceira que foi além de seu papel, provendo bibliografias e incentivo extra a todo o momento, que conseguiu ser extremamente calma em meio às crises ocorridas durante a pesquisa. De uma forma especial, à minha co-orientadora Madalena Klein, pela paciência, pelos ensinamentos e pelo incentivo à pesquisa e ao aprendizado. A todos os meus professores por sua paciência, por todo conhecimento transmitido, por todo amor demonstrado. Um agradecimento especial às professoras Fabiane Tejada que me iniciou no universo teatral e Luciana Cesconetto que foi fonte de pesquisa e inspiração para a realização deste trabalho. Aos meus alunos da Escola Especial Professor Alfredo Dub, que se envolveram com paixão e dedicação nesta investigação. E àqueles que comigo estudaram, compartilharam, ensinaram e aprenderam. Obrigada a todos por terem cruzado minha vida. Carrego um pouquinho de cada um de vocês dentro do meu coração para sempre. 3 RESUMO Esta pesquisa se dispõe a refletir a singularidade do fazer teatral com alunos surdos na Escola Especial Alfredo Dub, em Pelotas, que atende crianças e adolescentes do ensino fundamental, usando Libras (Lingua Brasileira de Sinais) como primeira língua. Serão analisadas através dos jogos com máscaras formas para desenvolver a potencialidade teatral surda. Num primeiro momento para operacionalizar este estudo sobre a utilização de máscaras no desenvolvimento da expressão corporal de alunos surdos foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre máscara neutra, percorrendo brevemente a história do teatro com a Commedia dell’arte, e ao uso da máscara destacando os principais autores que tratam desta temática, tendo como base teórica para a prática de jogo da máscara neutra, o autor Jacques Lecoq. Fez- se necessário ainda fundamentar os estudos em autores que pesquisam a Educação Surda, entrelaçando informações sobre cultura e identidade. Neste trabalho, o objetivo principal foi trabalhar o corpo do ator surdo através da máscara para proporcionar economia e eficácia aos seus gestos, possibilitando um corpo limpo e vazio na neutralidade, pronto para ser preenchido com outras personalidades. Esta monografia foi o primeiro passo para realizações de novas pesquisas que abordem teatro e surdez embasados no conhecimento específico desta linguagem. Palavras-chave: Máscara. Teatro. Surdo. 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Arlecchino.................................................................................................13 Figura 2 – Brighella....................................................................................................14 Figura 3 – Capitano...................................................................................................14 Figura 4 – Columbina.................................................................................................15 Figura 5 – Pantallone.................................................................................................15 Figura 6 – Dottore......................................................................................................16 Figura 7 – Innamorati.................................................................................................16 Imagem 8 – Máscara Neutra......................................................................................21 Imagem 9 – Máscara Larvária....................................................................................21 Imagem 10 – Máscara Expressiva.............................................................................22 Imagem 11 – Máscara Abstrata.................................................................................22 Imagem 12 – Meia-máscara ......................................................................................23 Imagem 13 – Tipos populares....................................................................................23 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................06 Capítulo I: O uso da máscara no teatro.................................................................12 1.1 A Commedia dell’arte...........................................................................................12 1.2 A Commedia Dell’Arte – do século XVI aos nossos dias.....................................17 1.3 A máscara nos nossos dias.................................................................................19 1.4 A máscara e seus gêneros...................................................................................21 Capítulo II: Os protagonistas da ação....................................................................24 2.1 Abrem-se as cortinas, surge o cenário.................................................................24 2.2 As faces surdas....................................................................................................24 2.3 A máscara do audismo na face surda..................................................................26 Capitulo III: O jogo de máscara no universo surdo............................................. 29 3.1 Máscara em cena................................................................................................ 29 3.2 Construindo nossas máscaras: da neutralidade à expressividade..................... 33 CONCLUSÃO........................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS..........................................................................................................44 6 INTRODUÇÃO O referido trabalho tem por objetivo relatar minha experiência sobre o jogo de máscaras como estudo com alunos surdos elencando potencialidades de expressão. Há nove anos venho trabalhando com o teatro voltado para a educação na escola onde leciono como professora de Artes Visuais no Ensino Fundamental. Entre os vários motivos que me levaram a trabalhar o teatro na sala de aula, foi minha experiência enquanto acadêmica na Universidade Federal de Pelotas, onde tive oportunidade de conhecer mais profundamente a linguagem teatral através das disciplinas de Cênicas no curso de Licenciatura em Artes Visuais, que me proporcionaram a fabulosa vivência de ministrar oficinas de teatro para a comunidade. Foi justamente através da participação como ministrante em uma oficina intitulada: “Vivências Teatrais para Comunidade” que conheci a psicóloga que atua como profissional na Escola Especial de Ensino Fundamental Professor Alfredo Dub, escola especializada em surdez, atendendo crianças e adolescentes do Ensino Fundamental, utilizando a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua. Este foi o meu primeiro contato com a Língua de Sinais. De lá para cá, não parei mais de me envolver com o teatro, esforçando-me para proporcionar aos meus alunos a chance de conhecer esta linguagem artística para através dela desenvolver todo o seu potencial expressivo. Desde 2002, faço parte do quadro de profissionais desta escola que carinhosamente chamo de “Dub”, onde ministro aulas para as turmas de quinta a oitava séries do Ensino Fundamental. O desejo de realização desta pesquisa nasceu da minha experiência docente nesta escola especializada na educação surda, pois percebi que eu trabalhava o teatro com os alunos de forma imediatista, isto é, visava um produto final como, por exemplo, o aniversário da escola, datas comemorativas ou apresentações para os pais e familiares, não havendo uma real preocupação com o processo em si ou o conhecimento específico do teatro. Tal argumento pode parecer invasivo, mas sinto-me inteiramente confortável em realizá-lo, pois me incluo entre 7 os profissionais que até um tempo atrás, possuía uma visão simplista do fazer teatral. Acredito que este fato ocorra, principalmente, por não haver um profissional especializado nesta linguagem artística. Este episódio não é uma realidade exclusiva do Dub, mas da maioria das escolas brasileiras que ainda não possuem em seus currículos a disciplina de teatro, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei 9.394/96, que define que o “ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da Educação Básica de forma a promover o desenvolvimento cultural do aluno” (art.26/2º). A partir da implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1998) a arte começa a ser compreendida como área de conhecimento no currículo do Ensino Fundamental das escolas brasileiras, através de quatros linguagens artísticas: Artes Visuais, Música, Dança e Teatro. A metodologia triangular de Ana Mae Barbosa (produzir, apreciar e contextualizar), foi a base para a elaboração dos PCN, apontando um novo horizonte para o ensino das artes através da criação das modalidades artísticas. Este novo horizonte aponta um novo profissional, mais preparado e habilitado dentro da sua especificidade, para assim, poder dialogar com outras linguagens artísticas. Assim sendo, a antiga graduação de Educação Artística (sem habilitações específicas), a qual formava professores polivalentes é extinta, e no seu lugar surge uma nova formação, a do Ensino da Arte, a qual se preocupava em preparar um profissional habilitado em uma linguagem específica das artes. Podemos verificar em algumas discussões teóricas da pedagogia do teatro a respeito do processo de ensino e aprendizado através da arte, segundo KOUDELA (2002): Os conteúdos de Arte buscam acolher a diversidade do repertório que o aluno traz para a escola e trabalhar os produtos da comunidade em que a escola está inserida. São articulados com vista ao processo de ensino e aprendizagem na escola e foram explicitados por intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar. (2002, p.233). A constituição do aluno não apenas como atuante do jogo ou da cena, mas também como contemplador do espetáculo (fruidor, receptor), aquele que é capaz de observar e analisar, e através deste processo refletir criticamente, compreender a narativa e distinguir os elementos que compõe a cena teatral. 8 A importância do fazer, se pôr no jogo, e vivenciar a linguagem teatral através de sua experiência são fatores determinantes para que se processe a fruição teatral, pois a contextualização ocorre com o desvelar do desconhecido através da prática, assim como a compreensão do processo possivelmente servirá como mediador da apreciação. Até hoje, dentro da maioria das escolas, o teatro é visto como conteúdo e não como uma disciplina específica ou como uma área de conhecimento próprio. Torna-se quase impossível para um profissional de outra disciplina trabalhar o teatro da forma como os PCN e a pedagogia teatral indicam, pois ele tem os seus conteúdos específicos para ministrar. Em hipótese alguma gostaria de desvalorizar o trabalho do professor que tem o empenho de montar uma peça para apresentações de fim de ano ou outra data festiva na escola. Pelo contrário, são professores esforçados, que não temem os desafios de uma montagem teatral, muitas vezes, sem contar com recursos ou apoio para desenvolver seu trabalho. Mas, se faz necessário enfatizar que a importância do teatro como fim pedagógico está no processo em si, vivenciado no desenrolar dos encontros, através dos jogos e atividades. É um processo aberto, onde cada aluno/ator tem seu tempo e consecutivamente seus avanços na linguagem teatral. Espero que esta pesquisa possa contribuir com a forma como a maioria das escolas vê o fazer teatral e acima de tudo, colaborar com os educadores que, assim como eu, especializam-se na educação surda. Por entender que o teatro é importante no processo educacional do surdo e em seu desenvolvimento, resolvi explorar este tema em minha pesquisa, na qual me proponho analisar a singularidade do fazer teatral com alunos surdos na Escola Especial Professor Alfredo Dub, onde são investigados através do jogo da máscara neutra, a oportunidade de explorar todo o seu potencial corporal e expressivo no desenvolvimento da sua teatralidade. Bem como apresento a confecção de máscaras expressivas, embora ainda não tenham sido realizados os jogos específicos com estas, pois pretendo dar segmento no trabalho prático. Durante a minha graduação de Artes Visuais tive o meu primeiro contato com os jogos através das máscaras, onde pude vivenciar através de oficinas o grande benefício que este elemento traz para o amadurecimento da consciência corporal. Ao ingressar no curso de Teatro – Licenciatura tive a oportunidade de 9 aprofundar meus conhecimentos através da vivência no projeto “Teatro gestual para alunos surdos do ensino fundamental”, orientado pela professora Luciana Cesconetto, realizado nesta escola onde os alunos surdos tiveram seu primeiro contato com a linguagem das máscaras. Mais tarde, participei como aluna da disciplina de formação livre, “Máscara”, ministrada pela professora Moira Stein, onde aprendemos a técnica da confecção das máscaras, seu gêneros (máscara neutra, máscara larvária, máscara expressiva, máscara abstrata, meias-máscaras e máscara de tipo) e sua utilização. Esta pesquisa pautou-se na seguinte indagação: Como o jogo com máscara pode ser potencializador da expressividade corporal surda? Para tanto, os objetivos da pesquisa foram: Compreender a máscara e suas especificidades como um elemento estético do campo teatral; Analisar o processo do jogo com máscara elaborado com alunos surdos; Analisar a potencialidade do uso da máscara para a expressividade do ator surdo; Investigar outras referências e produções sobre a utilização da máscara teatral com atores surdos. Para tentar respondê-la, proponho um estudo de caso1 sobre a minha prática pedagógica com oficinas que foram realizadas com um grupo de alunos/atores/surdos da Escola Especial de Ensino Fundamental Professor Alfredo Dub. As oficinas tiveram uma duração de duas horas semanais, onde através do jogo de máscaras neutras – a partir dos exercícios de Lecoq. realizamos um trabalho no qual as expressões corporais foram exploradas através de uma ação física viva e intensa. Fundamentei ainda meus estudos em autores que trabalham sobre a Educação Surda, entrelaçando informações sobre cultura e identidade surda tais 1 [...] é o estudo de um caso, seja ele simples e específico, como o de uma professora competente de uma escola pública, ou complexo e abstrato, como o das classes de alfabetização (CA) ou o do ensino noturno. O caso é sempre bem delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo. O caso pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio. [...] o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo. O interesse, portanto, incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente venha a ficar evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações. (LUDKE; ANDRE,1986, p. 17).

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