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Explorações geográficas: percursos no fim do século PDF

182 Pages·1997·71.604 MB·Portuguese
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sempre, a geografia tem sua ideiu.^ade a à aventura das explorações. Os “novos da atualidade não são mais constituídos por m jnca visitadas ou por trilhas nunca percorridas, H S| • „ GpGANIZADORES ^explorações geográficas consistem em INÁ ELIAS DE CASTRO iras metáforas das antigas. Os mundos novos são PAULO CÉSAR DA COSTA GOMES !> nosso cotidiano, as descobertas são novas ROBERTO LOBATO CORRÊA ~le olhar, de relacionar, de conceber; as viagens ^jorâneas são constituídas pela interiorização em ^rcursos temáticos. Neste sentido, a Terra la não cessa de ser redescoberta. A aventurosa íe exploratória não acabou, mudaram as bes, os instrumentos e os sentidos. Afinal, hoje )fee pelos espaços das grandes redes de infor- Jle as caravelas que erram nestes mares são as i-chaves, conceitos, instrumentos de nossas luscas. Explorações de novos temas, em outros > e em novas abordagens, são a matéria que ;t;es inéditos relatos de viagem aqui expostos. N.Cham 910 E96 Título: Explorações geográficas percurs» no fim do século . ISBN 85-286-0626-0 1068768 «V-» 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA Y&ci 9 BIBLIOTECA DE CíENCiAS E TECNOLOGIA 9 & !-■ h cr o:\ EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS UFC/BU/BCT 10/05/1999 R1068768 Exploracoes geográficas : C412945 910 E96 BIBLIOTECA DE CiENCIAT Leia também: Iná Elias de Castro Paulo Cesar da Costa Gomes O Mito da Necessidade Roberto Lobato Corrêa Iná Elias de Castro {organizadores) Geografia e Modernidade Paulo Cesar da Costa Gomes Trajetórias Geográficas Roberto Lobato Corrêa Brasil: Uma Nova Potência Regional EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS na Economia-Mundo Bertha K. Becker e Cláudio A. G. Egler PERCURSOS NO FIM DO SÉCULO Brasil: Questões Atuais da Reorganização do Território Iná E. Castro, Paulo Cesar C. Gomes e Roberto L. Corrêa (orgs.) UFC/BU/BCT 10/05/1999 R1068768 Exploracoes geográficas : C412945 910 E96 BERTRAND BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL D0 CEARÁ BIBLIOTECA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Copyright © 1997, Iná Elias de Castro, Paulo Cesar da Costa Gomes, Roberto Lobato Corrêa, Marcelo Lopes de Souza, Paul Claval, Zeny Rosendahl, Maurício de Almeida Abreu, Pedro de Almeida Vasconcelos, Olga Maria Schild Becker Capa: projeto gráfico de Leonardo Carvalho, usando detalhe da tela Võgelteich am Rio de S. Francisco, atribuída a Cari Friedrich Phillip von Martius, nanquim e sépia, 30,5 x 40,5cm (Fundação Sumário Maria Luísa e Oscar Americano, São Paulo, Brasil). ^ioesyçs Editoração: Art Line 33o 1997 é Impresso no Brasil Printed in Brazil CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ E96 Explorações geográficas: percursos no fim do Século / Iná Apresentação * Elias de Castro, Paulo Cesar da Costa Gomes, Roberto Lobato Corrêa (organizadores). — Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. Geografia fin-de-siècle: O discurso sobre a ordem ISBN 85-286-0626-0 espacial do mundo e o fim das ilusões 13 1. Geografia. I. Castro, Iná Elias de. II. Gomes,'Paulo Cesar Paulo Cesar da Costa Gomes da Costa. III. Corrêa, Roberto Lobato. A expulsão do paraíso. O “paradigma da complexi­ CDD 910 97-1616 CDU 910 dade” e o desenvolvimento sócio-espacial 43 Marcelo Lopes de Souza Todos os direitos reservados pela: As abordagens da Geografia Cultural 89 BCD UNIÃO DE EDITORAS S.A. Paul Claval Av. Rio Branco, 99 - 20? andar - Centro 20040-004 — Rio de Janeiro — RJ 119 TeL: (021) 263-2082 Fax: (021) 263-6112 O Sagrado e o Espaço Zeny Rosendahl Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por 9 quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora. ?) Imaginário político e território: natureza, regiona- Atendemos pelo Reembolso Postal. lismo e representação 155 Iná Elias de Castro 5 EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS (^ }A apropriação do território no Brasil colonial 197 Maurício de Almeida Abreu (^5) Os agentes modeladores das cidades brasileiras no período colonial 247 Apresentação Pedro de Almeida Vasconcelos Interações espaciais 279 Roberto Lobato Corrêa Mobilidade espacial da população: conceitos, tipolo- gia, contextos 319 Desde sempre, a geografia tem sua identidade asso­ Olga Maria Schild Becker ciada à aventura das explorações. Descobridores, viajantes, cosmógrafos são, por isso, os legítimos antecessores dos geógrafos acadêmicos surgidos no final do século XIX. A partir desta época, em que pouco restava para ser “desco­ berto”, a aventura das explorações não cessou, mas mudou profundamente seu sentido. Os “novos mundos” da atuali­ dade não são mais constituídos por terras nunca visitadas ou por trilhas nunca percorridas. Hoje, as explorações geo­ gráficas consistem em verdadeiras metáforas das antigas. Os mundos novos são parte do nosso cotidiano, as desco­ bertas são novas formas de olhar, de relacionar, de conce­ ber; as viagens contemporâneas são constituídas pela inte- riorização em novos percursos temáticos. Neste sentido, a Terra incógnita não cessa de ser redescoberta. Percebemos facilmente que os viajantes do passado descobriam reais mundos novos, mas muitas vezes procu­ ravam compreendê-los seguindo o modelo do seu próprio mundo conhecido. As explorações geográficas atuais são 6 7 EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS APRESENTAÇÃO exatamente o oposto: iluminam formas e processos conhe­ sões, suas incoerências e seus limites e admite que estaría­ cidos para mostrar novos aspectos, sombreados e esqueci­ mos vivendo o fim do período de vigência dessas idéias. A dos pela pretensiosa suposição do conhecimento nascido segunda parte do seu trabalho é o estabelecimento de no­ da simples co-presença. Os limites deste novo mundo são vos fundamentos que poderiam passar a guiar as bases de infinitos, não cessam de ser engendrados nesta atividade um saber geográfico. Para ele a geografia é a ordem espa­ incessante do conhecimento. A aventurosa atividade explo­ cial das coisas e seu campo disciplinar se define pela inves­ ratória não acabou, mudaram as pretensões, os instrumen­ tigação desta ordem. Desta perspectiva resulta um novo tos e os sentidos. Afinal, hoje navega-se pelos espaços das patamar nas relações entre as ditas geografias humana e grandes redes de informação, e as caravelas que erram nes­ física e em novos temas de investigação relacionados a este tes mares são as palavras-chaves, conceitos, instrumentos campo. de nossas novas buscas. Explorações de novos temas, em Marcelo Lopes de Souza argumenta, por sua vez, a outros tempos e em novas abordagens, são a matéria que favor da utilização do paradigma da complexidade para a compõe estes inéditos relatos de viagem aqui expostos. questão do desenvolvimento sócio-espacial, cujas teorias Nesta coletânea são apresentados artigos relativos a existentes podem ser caracterizadas, em maior ou menor novos quadros de referência, envolvendo uma reavaliação grau, como pertencentes ao paradigma da simplificação. O epistemológica vinculada à concepção da natureza das ci­ autor aponta três temas como relevantes para a troca inte­ ências sociais e de seus procedimentos de investigação, lectual entre as ciências naturais e sociais: acaso e necessi­ particularmente da geografia, que implica a dissolução de dade nos processos sociais; a dialética entre ordem e desor­ alguns mitos. dem e suas relações com a sociedade e o espaço; e pers- A contribuição de Paulo Cesar da Costa Gomes de­ pectivas de apropriação crítica pela pesquisa social da senvolve-se em dois principais movimentos. No primeiro, sinergética. procura fazer o balanço de algumas idéias recorrentes na O artigo de Paul Claval aborda a renovação da geo­ epistemologia da geografia, as quais teriam funcionado de grafia cultural, uma tradição que tem suas origens no sécu­ fato como verdadeiros obstáculos ao desenvolvimento da lo XIX e que, a partir de 1970, é revitalizada. Estabele­ reflexão geográfica. Ciência de síntese, ciência do empíri­ cendo o estado da arte deste ramo da geografia, o autor co, morfologias classificatórias, objetividade dos dados, percorre autores e escolas até chegar à moderna geografia naturalismo ou causalidade histórica são identificados co­ cultural que, ao colocar o homem no centro de suas análi­ mo verdadeiras ilusões que teriam atuado de forma negati­ ses, precisou desenvolver novas abordagens. Estas incorpo­ va na definição de um campo disciplinar especulativo, atu- ram as sensações e percepções, a comunicação e á dimen­ ante e respeitável. Ele procura apontar as raízes destas ilu­ são simbólica, em oposição à perspectiva naturalista e re­ 8 9 EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS APRESENTAÇÃO gional do começo do século, que se reduzia à análise dos contribuem para, a partir das heranças do passado, eluci­ mecanismos que permitiam às sociedades funcionarem, dar o presente. triunfando sobre os obstáculos da dispersão e da disPânria A apropriação territorial no Brasil colonial é abordada O tema da geografia cultural tem ainda pouca tradi­ por Abreu, que busca na Idade Média portuguesa as ori­ ção na geografia brasileira, o que aumenta a importância gens do processo. O sistema de distribuição de sesmarias e da contribuição de Zeny Rosendahl, que penetra na di­ de terras urbanas, e a alienação da propriedade territorial, mensão do espaço imposta pelo sagrado. O devoto identifi­ são tratados pelo referido autor. Vasconcelos, por sua vez, ca e vivência os espaços sagrado e profano, vinculando-os apresenta os agentes modeladores da cidade colonial brasi­ em três níveis: direto, indireto e remoto. O simbolismo das leira e discute as suas ações. O papel da Igreja, dos proprie­ formas espaciais ligadas ao sagrado, a vivência do espaço tários rurais e dos traficantes de escravos, entre outros, é sagrado nos santuários do catolicismo popular brasileiro e a ressaltado, indicando o caráter historicamente variável dos gestão religiosa do espaço são abordados pela autora. tipos e ações dos agentes modeladores do espaço urbano. Numa perspectiva inovadora da geografia política, Iná Outras temáticas geográficas tradicionais são retoma­ Elias de Castro analisa o entrelaçamento do imaginário po­ das a partir de uma reavaliação teórica, como são os estu­ lítico com o território e a natureza, entrelaçamento este dos referentes às interações espaciais e às migrações. que contribui para tomar inteligível a representação terri­ Roberto Lobato Corrêa retoma a temática das intera­ torial da política, o papel da natureza e do território no dis­ ções espaciais, considerando-as no âmbito do capitalismo, curso político e no regionalismo. A autora toma como pon­ particularmente como expressão do complexo ciclo de re­ to de partida a passagem do imaginário ao imaginário polí­ produção do capital. As interações espaciais, por outro la­ tico e de ambos ao imaginário geográfico. Em sua análise, do, apresentam padrões que refletem e condicionam a or­ a compreensão do poder simbólico do território abre novos ganização espacial. Estão elas estruturadas em redes geo­ caminhos para a geografia política brasileira, na qual de­ gráficas, solar,- dendrítica, christalleriana, axial, circular e vem ser incorporados os conteúdos dos muitos discursos de múltiplos circuitos, cada uma apresentando importância regionalistas no país, os modos como a natureza é apropria­ e significados próprios, que revelam a complexidade da or­ da nestes discursos e os problemas concretos da represen­ ganização espacial. tação parlamentar de base territorial. As migrações são tratadas por Olga Maria Schild Pequena tem sido também no Brasil a dedicação às Becker a partir de alguns questionamentos, como o que diz pesquisas na geografia histórica. Maurício de Almeida Abreu respeito ao significado da mobilidade populacional, consi­ e Pedro de Almeida Vasconcelos contribuem para sanar es­ derando diferentes concepções teóricas para compreender ta lacuna com trabalhos sobre o período colonial. Ambos o papel das migrações na construção dos espaços que o 10 fí EXPLORAÇÕES CEOGRÁFICAS capitalismo organizou no país, ou, ainda, para compreen­ der suas faces em diferentes momentos, contextos e esca­ las. A autora aborda, então, diferentes conceitos da mobili­ dade espacial da população através das visões neoclássica e neomarxista e das suas categorias analíticas, as únicas dis­ GEOGRAFIA FlN-DE-SlÈCLE: poníveis, apesar de serem questionadas. A atual conjuntura O DISCURSO SOBRE A ORDEM ESPACIAL de crise no mundo do trabalho é discutida, evidenciando a DO MUNDO E O FIM DAS ILUSÕES necessidade de construção de um novo paradigma das migrações. Paulo Cesar da Costa Gomes O conjunto de estudos da presente coletânea é, em realidade, uma amostra do vigor da geografia que, ao intro­ duzir novas abordagens e temas e retomar antigas temáti­ cas, desempenha ativamente seu papel de analisar, inter­ Recentemente, em uma reunião de geógrafos e estu­ pretar e redescobrir a complexa e mutável espacialidade dantes, um expositor provocou muitos risos na platéia humana. quando se referiu às perguntas que têm, segundo ele, per­ seguido os geógrafos a propósito do que é a Geografia, para que serve e a quem serve. De fato, ao percorrermos a Os Organizadores história recente do pensamento geográfico, percebemos, sem muito esforço, que questões relativas à natureza do conhecimento geográfico, sobre seu objeto, seus métodos, os limites, o alcance e a importância deste conhecimento, têm tido uma recorrência insistente na voz de alguns de seus principais representantes. Muito mais do que hilarida­ de, esta persistência deveria despertar o incómodo, por exprimir a incerteza daqueles que trabalham em um domí­ nio sobre o qual pairam reiteradas dúvidas que afetam seu reconhecimento, sua legitimidade e sua importância. O fa­ to de rirmos, com suposta superioridade, não nos afasta de nossas dificuldades, e tentar ignorá-las ou escondê-las é a atitude, dentre todas, a mais perniciosa. Por isso voltamos a 12 13 EXPLORAÇÕES GEOCRÁFICAS CEOGRAFIA FIN-DE-SlÈCLí este assunto, acreditando que os debates não foram encer­ despeito desta atitude conservadora, essas ilusões se perde­ rados e que o único riso possível diante desta urgência é ram de forma mais ou menos definitiva. E são essas ilusões aquele que exprime nosso desconforto. que gostaríamos agora de explorar um pouco mais. Olhando por outro ângulo, o fato de a Geografia man­ ter por um longo período essas discussões pode se revestir de um significado bastante positivo. Isso quer dizer que ela O fim das ilusões se mantém atenta sobre a definição de seu campo de estu­ dos, sobre sua relação com as outras disciplinas, atenta A primeira grande ilusão perdida a ser assinalada é a sobre as questões emergentes postas pelos novos contextos da ciência de síntese. Os historiadores da ciência e das sociais que a atravessam e, finalmente, atenta ao seu papel, mentalidades têm-nos mostrado o quão difundida era, no como campo de reflexão e ação na sociedade. Por outro final do século XVIII e ao longo do século XIX, a idéia das lado, manter-se atenta não significa permanecer paralisada grandes sínteses globais (GUSDORF, 1978). Este foi o mo­ e pode mesmo sugerir que este tipo de reflexão é o veículo mento onde a ciência, diante do renascimento da razão e que tem conduzido os geógrafos a participarem com segu­ de sua aplicação, do crescente fluxo de informações gera­ rança, cada vez mais ativamente, dos principais debates das, e diante de novos campos de investigação, estabeleceu acadêmicos e, diríamos mesmo, dentro de recortes teóricos como orientação não só inventariar este material, mas tam­ cada vez mais amplos. bém organizá-lo segundo grandes eixos explicativos, gerais Entre a imagem da Geografia'como um ideal de con­ e sintéticos, que funcionariam como uma espécie de verte- templação do século XIX, presente no discurso de A. bração para todo conhecimento. Os grandes pensadores Humboldt, de K. Ritter e de E. Reclus, entre outros, ou o dessa época preocupavam-se então em encontrar grandes ideal da “descrição animada” de Vidal de La Blache, no matrizes que guiariam toda a reflexão, capazes de explicar o começo do XX, e as posições atuais, um longo percurso foi todo e a parte, o detalhe e o global, indo do simples ao realizado. Neste trajeto, a complexidade de seu campo de complexo. Esta é a época dos grandes sistemas filosóficos, estudos foi se afirmando e os sucessivos debates teórico- de Kant, de Hegel, de Comte, de Marx, que partilham to­ metodológicos são, neste sentido, uma companhia necessá­ dos da mesma pretensão de produzir uma interpretação or­ ria e inseparável. Muitos avanços foram realizados, e aque­ denada e total. Comum a todos esses sistemas, há esta idéia les que se obstinam a não os acompanhar são, em geral, os de síntese, verdadeira finalidade do conhecimento científi­ mesmos que não querem, por comodidade ou medo, re­ co. Coincidentemente, esses autores também produziram nunciar ao conforto de algumas ilusões que se associaram à grandes classificações e hierarquias entre os diversos cam­ Geografia em determinados momentos de sua evolução. A pos disciplinares, que assim funcionariam como sequências 14 15

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