Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil Predicting the Well-being of Latin-American Postgraduate Students in Brazil Explicando el bienestar de estudiantes latinoamericanos de posgrado en Brasil Kissel Quintana Bello*, Valeschka Martins Guerra Universidade Federal do Espírito Santo Doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.5117 Resumo este trabalho apresenta contribuições para pesquisas multiculturais no Brasil e para a construção de conhe- cimento que possa auxiliar na proposição de ações e Este estudo teve como objetivo investigar a existência programas que promovam uma adaptação adequada para de uma relação entre o bem-estar subjetivo, as es- o favorecimento do bem-estar do estudante estrangeiro tratégias de enfrentamento e os valores humanos em que busca seu aperfeiçoamento no Brasil. pós-graduandos latino-americanos passando por um Palavras chave: bem-estar, sojourner, América Latina, processo adaptativo no Brasil. Para tanto, participaram enfrentamento, valores humanos. 103 sojourners que realizavam um curso de pós-gra- duação em universidades brasileiras (52,4 % homens), Abstract provenientes de 13 países da América Latina. Os es- tudantes responderam questões sociodemográficas, o This work aims at investigating the relations between Inventário de Estratégias de Enfrentamento, a Escala subjective well-being, coping strategies, and human de Bem-Estar Afetivo no Trabalho, a Escala de Satis- values among Latin American postgraduate students fação com a vida e o Questionário dos Valores Básicos. going through an adaptive process in Brazil. Participants A satisfação com a vida foi explicada pelo sexo dos were 103 sojourners from 13 countries in Latin America participantes, valores normativos, de experimentação who are currently enrolled in postgraduate programs at e de existência, e pelas estratégias reestruturação cog- Brazilian universities (52.4 % male). Students answered nitiva, expressão emocional e afastamento social. Os sociodemographic questions, the Coping Strategies afetos positivos foram explicados pelo pensamento Inventory, the Life Satisfaction Scale, the Job-Rela- desiderativo, valores normativos e de experimentação; ted Affective Well-Being Scale, and the Basic Values e os afetos negativos, pelo pensamento desiderativo e Questionnaire. Life satisfaction was predicted by sex, valores de experimentação. Apesar de suas limitações, * Correspondência. Correio eletrônico: [email protected] Cómo citar este artículo: Bello, K. Q., & Guerra, V. M. (2018). Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil. Avances en Psicología Latinoamericana, 36(1), 111-128. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas. urosario.edu.co/apl/a.5117 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 111 Kissel Quintana Bello, Valeschka Martins Guerra by the normative, excitement, and existence values Palabras clave: bienestar, sojourner, América Latina, subfunctions, and by cognitive restructuring, emotional enfrentamiento, valores humanos. expression, and social support coping strategies. Posi- tive affect was predicted by wishful thinking and by the normative and excitement values. Negative affect was Introdução predicted by wishful thinking and excitement values. Despite its limitations, this work makes contributions De acordo com o Fundo para as Populações to multicultural research in Brazil and the construction das Nações Unidas (United Nations Population of knowledge that can assist in proposing actions and Fund - unfpa), em 2015, o número de migrantes programs to promote the well-being of foreign student internacionais no mundo atingiu 244 milhões de in that country. pessoas, o maior valor já registrado, constituindo Keywords: Well-being, sojourner, Latin America, co- 3,3 % da população mundial. Com relação ao Bra- ping, human values. sil, em 2015 os dados mostram o registro de 713 mil imigrantes vivendo neste país, com um taxa de Resumen migração de 0,34 % (International Organization for Migration - iom, 2016). Este estudio tuvo como objetivo investigar la existencia Para a International Organization for Migration de una relación entre el bienestar subjetivo, las estrate- (iom, 2016), diferentes razões podem iniciar um gias de enfrentamiento y los valores humanos en estu- processo migratório, tais como a busca por traba- diantes latinoamericanos de posgrado pasando por un lho ou por melhores condições de vida; a remoção proceso de adaptación en Brasil. Para esto, participaron forçada do país de origem por motivos de conflitos 103 sojourners que realizaban un curso de posgrado en armados, violência ou catástrofes naturais; temor universidades brasileras (52,4 % hombres), provenientes de perseguição por motivos de raça, religião, na- de 13 países de América Latina. Los estudiantes respon- cionalidade, pertença a um determinado grupo dieron preguntas sociodemográficas, el Inventario de social ou opinião política; a migração de pessoas Estrategias de Enfrentamiento, la Escala de Bienestar qualificadas ou talentosas no seu país de origem Afectivo en el Trabajo, la Escala de Satisfacción con para outro país, motivadas por conflitos ou falta de la vida e el Cuestionario de Valores Básicos. La satis- oportunidades (brain drain); e a possibilidade de facción con la vida fue explicada por el sexo de los reforçar as capacidades institucionais do governo participantes, valores normativos, de experimentación e da sociedade civil, melhorando os seus conheci- y de existencia, y por las estrategias reestructuración mentos, competências e habilidades, dentro da qual cognitiva, expresión emocional y distanciamiento social. existe a mobilidade estudantil. Quando o processo Los afectos positivos fueron explicados por el pensa- é realizado por uma decisão individual, motivada miento desiderativo, valores normativos y de experi- pela conveniência pessoal, este escolherá o país ou mentación; y los afectos negativos, por el pensamiento a região na qual pretende melhorar suas condições desiderativo y valores de experimentación. A pesar de de vida e perspectivas sociais, econômicas, educa- sus limitaciones, este trabajo presenta contribuciones tivas ou culturais. A duração desse processo pode para investigaciones multiculturales en Brasil y para ser temporária ou permanente, com a condição de la construcción de conocimiento que pueda ayudar en legal ou ilegal (iom, 2006). la proposición de acciones y programas que promue- Uma das formas mais comuns de migração van una adaptación adecuada para el favorecimiento está associada à busca por educação superior e del bienestar del estudiante extranjero que busca su especializada de qualidade, indicado pelo aumento mejora en Brasil. significativo no número de estudantes estrangeiros 112 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil de graduação e pós-graduação no mundo. Castro seu país temporariamente, buscando a realização (2011) menciona que os países pertencentes à Or- de uma tarefa específica, com a intenção de vol- ganização para a Cooperação e Desenvolvimento tar após a realização da mesma, como estudantes Econômico (ocde) recebem cerca de 1 milhão e internacionais, são chamados de “sojourners” 500 mil estudantes por ano, evidenciando que o pela literatura internacional (Bochner, 2006). A fluxo menor provém da América Latina. Aqui, é vivência das experiências inerentes ao processo importante mencionar que são poucas as informa- de aculturação pode gerar, nestes indivíduos, desde ções disponíveis sobre os estudantes estrangeiros um estado geral de estresse (Sam, 2006) até o no Brasil, em comparação com a informação dis- chamado choque cultural (Berry, 2006). ponível sobre os brasileiros em outros países. De De acordo com Misra & Castillo (2004), a en- acordo com dados da Polícia Federal, em 2014, trada na universidade já é considerada um período 118 mil pessoas solicitaram visto para entrada no estressante para os estudantes. No caso de estudan- país (Polícia Federal, 2017). Deste valor, segundo tes internacionais, esse período pode gerar ainda informações do Ministério do Turismo (2015), mais estresse, pois além da preparação acadêmica, 115,7 mil pessoas vieram ao país para estudar. há a necessidade de aprender uma nova língua e Números informados pelo Ministério das Rela- valores culturais diferentes dos seus. ções Exteriores no Brasil (Agência Brasil, 2013) Várias pesquisas abordam os desafios inerentes acerca dos vistos de estudantes requisitados nas à realização de algum curso em outro país, tais representações brasileiras em 156 países mostram como: a busca da moradia apropriada para as suas que os estrangeiros que mais buscaram Programas necessidades; o fornecimento de documentação de Pós-Graduação no Brasil são de origem co- em questões legais; lidar com a língua, a comida, lombiana num total de 1333 estudantes, seguidos o clima, o modo de viver, a vestimenta; o modo por 944 portugueses, 934 franceses e 745 ango- de se relacionar; a administração do dinheiro e do lanos. Estes estudantes vêm ao Brasil em busca tempo; e o modo de fazer amizades (Garcia, 2012; de formação acadêmica em um dos 6472 cursos Garcia & Bucher-Maluschke, 2016; Subuhana, de Pós-Graduação registrados pela Coordenação 2007). Do mesmo modo, eles se acham imersos de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior dentro de uma nova cultura, na qual vivenciaram (capes, 2017), nas mais diversas áreas de conhe- valores, costumes, tradições e normas que não cimento. reconhecem como suas, e, portanto, terão que se Devido ao aumento consistente no número de esforçar para passar por essas mudanças para se estudantes estrangeiros em universidades brasi- adaptar de um modo mais rápido e apropriado para leiras, tem sido importante o desenvolvimento a cultura de acolhida (Basabe, Zlobina & Páez, de pesquisas de impacto que possam contribuir 2004; Ward, Bochner & Furnham, 2001). para a compreensão desse contexto acadêmico Segundo Ampaw & Jaeger (2012), os atributos intercultural (por exemplo, Andrade & Teixeira, individuais dos estudantes de pós-graduação, tais 2009; Garcia, 2012; Garcia & Bucher-Maluschke, como características sociodemográficas, expe- 2016; Subuhana, 2007), se esboçando uma linha riências educacionais prévias em outros países, base para a proposição de futuras pesquisas onde compromissos externos (com a família ou o com se possa realizar uma serie de intervenções. Tais trabalho) e a existência de recursos financeiros propostas devem reconhecer que, para este grupo afetam diretamente a experiência institucional de estudantes, somam-se vários desafios, como dos estudantes através de sua integração social aqueles vivenciados com o processo de adaptação e acadêmica. Santos & Alves Jr. (2007), em sua à cultura de inserção. Estes indivíduos que saem do pesquisa, verificaram que cerca de 40 % dos alunos Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 113 Kissel Quintana Bello, Valeschka Martins Guerra de mestrado apresentaram sintomas de estresse. enfrentamento é um fator que pode ajudar as pes- Os principais estressores apontados pelos parti- soas para manter a adaptação durante os períodos cipantes dessa pesquisa foram a dificuldade de estressantes, acrescentando esforços cognitivos e conciliar o tempo e as finanças com a dedicação comportamentais para reduzir ou eliminar condi- necessária para a realização do curso, bem como ções estressantes e angústia emocional. a falta de incentivo e/ou motivação. Sam (2001) Os pesquisadores no Brasil que têm interesse indica que estudantes internacionais apresentam no tema tendem a abordá-lo a partir de uma pers- problemas de saúde mental como depressão, an- pectiva da área da saúde (Louzada & Silva Filho, siedade e reações paranóides, além de problemas 2005) ou uma perspectiva da área organizacional socioculturais, como dificuldades com a linguagem (Scherer, Minello, Scherer & Moura, 2013). Além e atividades sociais, discriminação étnica e pro- disso, são poucas as pesquisas internacionais e blemas acadêmicos, com o excesso de demandas nacionais que têm como foco os estudantes da Pós- e reprovações. -Graduação e, em especial, os latino-americanos As dificuldades vivenciadas pelos estudantes (Garcia & Bucher-Maluschke, 2016). tendem a se repetir nos diversos estudos, mas di- Neste sentido, sugere-se a relevância de apro- ferem no grau vivenciado pelos participantes de fundar alguns construtos propostos pela literatura acordo com a cultura de inserção. Neste sentido, que podem auxiliar na compreensão do processo é importante buscar compreender a distância cul- de manutenção do bem-estar de estudantes estran- tural, e não geográfica, entre o país de origem e o geiros em outra cultura, construtos esses apresen- país de acolhida, pois o processo de aculturação tados a seguir. demanda não apenas mudanças comportamen- tais externas, mas também mudanças cognitivas Bem-estar (McKinlay, Pattison & Gross, 1996). Assim, o que o estudante valoriza como guias em sua vida, ou O estudo dos aspectos positivos da experiência seja, seus valores podem ser considerados um cons- humana, ênfase da Psicologia Positiva, tornou-se truto importante para sua adaptação durante esse um desafio para a psicologia, na sua busca por período. Visto que os desafios que se apresentam compreender e fortalecer tais fatores, permitindo aos estudantes estrangeiros podem interferir em desenvolver indivíduos, comunidades e sociedades seu processo adaptativo, assim como dentro do (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). O bem-estar trabalho acadêmico (Brislin, 1981), é imprescin- é um dos construtos que contribuiu para a formação dível abordar o seu bem-estar no país de acolhida. deste campo de estudo, com pesquisas e abordagens Dentre as dificuldades observadas, alguns es- teóricas diferenciadas e bem estruturadas, sendo tudos indicam aquelas relacionadas ao contexto escolhido como foco deste trabalho. social como especialmente relevantes (Andrade & Segundo García-Viniegras & González (2000), Teixeira, 2009). “Com o acúmulo de estressores, a o bem-estar é uma experiência pessoal vinculada capacidade individual de lidar com a situação ou ao presente que também tem uma projeção ao futu- de se ajustar ao ambiente pode ser exigida demais, ro, já que se relaciona com os objetivos humanos. fazendo com que haja uma queda em seus recursos Neste sentido, o bem-estar surge do equilíbrio entre físicos e psicológicos” (Misra & Castillo, 2004, p. as expectativas (projeção do futuro) e os objetivos 133). Com a ausência de uma estrutura de apoio (valoração do presente). Na literatura psicológica, social tradicional, há a necessidade de os estu- duas teorias de bem-estar são mais comumente dantes desenvolverem estratégias enfrentamento conhecidas e pesquisadas: o bem-estar psicoló- ante estas dificuldades. Segundo Moss (1993), o gico, proposto por Ryff (1989), e o bem-estar 114 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil subjetivo, proposto por Diener (1994). Por esta 2014; Vera, Yañez & Grubits, 2013), indicaram que segunda proposta ser a mais pesquisada e divul- estes apresentam um alto nível de satisfação com gada na literatura, com instrumentos já validados a vida e de afetos positivos, levando em conta que no Brasil e em diversas línguas, esta abordagem esses resultados têm uma estreita interação entre foi escolhida para ser utilizada neste trabalho. fatores objetivos e subjetivos, condições de vida, aspirações, metas, que variam num determinado Pesquisas acerca do bem-estar subjetivo momento, contexto social e cultural. No entanto, Graham (2016) indica que migrantes, de diferentes Definido por Diener, Suh, Lucas & Smith (1999) países de origem, apresentam níveis mais baixos de como uma categoria ampla de fenômenos, o bem- bem-estar quando comparados com nativos de seus -estar subjetivo inclui a satisfação com a vida, que países de destino. Em uma pesquisa longitudinal, é a avaliação cognitiva da vida do indivíduo como este autor apresenta ainda resultados que indicam um todo, e os afetos positivos e negativos, que níveis mais baixos de bem-estar tanto antes como constituem as respostas emocionais das pessoas após a migração. às situações cotidianas. Diversas pesquisas foram No que diz respeito ao contexto latino-ameri- realizadas com base nessa teoria e a influência de cano, para Beytía (2016), as relações sociais têm diferentes situações nos níveis de bem-estar. um alto impacto no nível de felicidade dos latino- Costa, McCrae & Zonderman (1987) sugeri- -americanos: relacionamentos positivos, ou seja, ram que pessoas que passavam por situações de aqueles que são considerados próximos, com apoio mudança em algum momento da vida (seja mudar mútuo e coesão social, estão associados positiva de casa, de país, de emprego, de estado civil, de e significativamente com a satisfação com a vida. escola) não mostravam mudanças em seu nível de Com esta importância atribuída aos relacionamen- bem-estar psicológico, quando foram comparadas tos sociais, estar longe da família e dos amigos pode com pessoas que não haviam mudado seu estilo aumentar o nível de estresse dos estudantes. No de vida. No entanto, observou-se uma mudança país de inserção, a dificuldade de fazer amizades momentânea no nível de bem-estar das mesmas, com pessoas locais faz com que os estudantes se influenciado pelas situações vivenciadas, mas que aproximem de pessoas do próprio país ou outros depois voltavam a sua linha de base. estrangeiros. “A amizade com a população local Outros estudos sugerem que tanto a satisfação facilita a aprendizagem de sua linguagem e cultura, com a vida, quanto o componente afetivo do bem- enquanto que a amizade com pessoas do próprio -estar subjetivo, são influenciados pela avaliação país contribui para a redução do estresse e fornece que o sujeito faz sobre os eventos, as atividades e apoio instrumental e emocional” (Garcia & Bu- as circunstâncias que já vivenciou (Diener, Lucas cher-Maluschke, 2016, p.58). & Oishi, 2002; Diener et al., 1999; Diener & Oishi, González, Montoya, Casullo & Bernabéu 2000). No entanto, apesar de serem associados, es- (2002), num estudo realizado com adolescentes ses componentes podem diferir em seu conteúdo, na Espanha, evidenciaram associação entre o pois a satisfação representa uma avaliação geral bem-estar e as estratégias de enfrentamento. No da vida, enquanto os afetos dependem mais das entanto, não indicaram qual desses tópicos influi reações frente a situações específicas (García-Vi- no outro, observando que os adolescentes utili- niegras, 2005). zam diferentes estratégias de enfrentamento de Pesquisas relacionadas com o bem-estar subjeti- acordo como o nível de bem-estar. Tais resultados vo em estudantes (Coppari, et al. 2012; Cornejo & também foram observados por Cornejo & Lucero Lucero, 2005; Vera, Figueroa, Tánori & Rodriguez, (2005) com estudantes universitários. A partir dos Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 115 Kissel Quintana Bello, Valeschka Martins Guerra estudos mencionados, percebe-se que a forma co- resultantes da situação estressante, dos esforços mo os indivíduos avaliam e enfrentam as situações cognitivos ou comportamentais, para evitar pen- vivenciadas podem contribuir como um fator de sar sobre o estresse ou para tentar reduzi-o (Llull, proteção para o nível de bem-estar subjetivo dos Zanier & García, 2003). indivíduos. Neste sentido, sugere-se a relevância Uma das abordagens teóricas mais divulgadas de investigar esse construto, especialmente devido é aquela proposta por Tobin, Holroyd, Reynolds & às situações adversas vivenciadas pelos sojourners. Kigal (1989), posteriormente adaptada por Cano, Rodríguez & García (2007), que apresenta oito Estratégias de Enfrentamento estratégias específicas de enfrentamento, apre- sentadas a seguir: A maioria das pessoas tem que enfrentar situ- ações estressantes em ocasiões diversas que po- 1. Resolução de problemas: busca suprimir o es- dem perturbar seu bem-estar. Devido ao nível de tresse modificando a situação que o produz; estresse vivenciado, os indivíduos desenvolvem 2. Autocrítica: crítica direcionada a si mesmo, estratégias para lidar com tais circunstâncias, de gerando culpa pelo acontecimento estressante; forma a manter um equilíbrio e assim alcançar 3. Expressão emocional: dirigida para liberar as uma adaptação satisfatória dentro de qualquer emoções do processo de estresse; ambiente. Segundo Lazarus e Folkman (1984), o 4. Pensamento desiderativo: deseja, repetitiva- enfrentamento é um processo cognitivo e compor- mente, que a realidade não fosse estressante; tamental que se encontra envolvido em constantes 5. Apoio social: busca de apoio emocional; mudanças, onde o individuo tem que lidar com as 6. Reestruturação cognitiva: modificam o signi- demandas externas e/ou internas que são avalia- ficado da situação estressante; das como excessivas para seus próprios recursos. 7. Evitação de problemas: negação e/ou evitação Neste sentido, pode-se dizer que as estratégias de de pensamentos ou atos relacionados; enfrentamento ajudam o individuo a alcançar um 8. Afastamento social: afastamento de amigos, maior nível de bem-estar subjetivo em sua vida familiares ou pessoas significativas, associa- (Mikulic & Crespi, 2008). das com a reação emocional no processo es- tressante. Contexto e Pesquisas Acerca das Estratégias de Enfrentamento Dentro do contexto educativo, Mikkelsen (2009) observou que uma das estratégias mais O estudo do enfrentamento ou coping teve seu utilizadas por jovens universitários no Peru são auge ao final dos anos 1960, em várias pesquisas aquelas dirigidas à procura de apoio social, que, relacionadas ao estresse, apresentando diferen- por sua vez, se relaciona significativamente com ças entre os comportamentos defensivos que são a satisfação com a vida. Crockett et al. (2007) ob- rígidos, obrigatórios e que deformam a realidade servaram que estratégias de enfrentamento ativas e aqueles que são flexíveis, têm um objetivo e es- estavam associadas com um melhor ajustamento tão orientadas a uma realidade. As estratégias de cultural, enquanto estratégias de evitação con- enfrentamento foram classificadas como aquelas tribuem para elevar os níveis de depressão e an- estratégias focadas no problema, ou, na emoção. O siedade. Resultados similares foram observados primeiro manipula ou dirige o problema que leva por Akhtar & Kroner-Herwig (2015), ao estudar à solução e a segunda refere-se a todas as ativida- o estresse aculturativo em uma amostra de estu- des destinadas a regular as respostas emocionais dantes internacionais na Alemanha. 116 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil Bardi & Guerra (2011) realizaram uma pesquisa “categorias de orientação que são desejáveis, ba- com três estudos diferentes em uma população de seadas nas necessidades humanas e nas pré-condi- estudantes internacionais. Seus resultados indica- ções para satisfazê-las, adotadas por atores sociais, ram a existência de uma relação entre os valores podendo variar em sua magnitude e nos elementos culturais e as estratégias de enfrentamento escolhi- que as constituem” (Gouveia, 2003, p. 433). das pelos estudantes para lidar com as dificuldades A Teoria Funcionalista dos Valores Humanos vivenciadas em um país estrangeiro. Estas autoras (Gouveia, 2013) identifica duas funções consensu- sugerem que, para compreender o bem-estar e as ais dos valores: os valores guiam as ações e refle- estratégias de enfrentamento, faz-se necessário tem as necessidades humanas. A primeira função investigar os valores dos participantes. abarca três tipos de orientações valorativas (social, central e pessoal), e a segunda função classifica Valores os valores de acordo com seu tipo de motivação (materialista e idealista/humanitária). Assim, se- As diversas dificuldades vivenciadas no proces- gundo Gouveia (2013), o cruzamento dessas duas so de adaptação a uma nova cultura podem afetar funções de valores gera seis subfunções: diretamente o nível de bem-estar dos estudantes estrangeiros, afetando, consequentemente, o seu 1. Experimentação – busca por vivências e emo- trabalho acadêmico. Nesta busca em que os estu- ções na busca do prazer, contendo os valores dantes estrangeiros se encontram, de integração de emoção, prazer e sexualidade; dentro de uma cultura diferente, há tentativa de 2. Realização – busca pelo sucesso e reconheci- manter seus próprios valores no enfrentamento mento de terceiros, contendo os valores êxito, de desafios pessoais, sociais e emocionais, para poder e prestígio; alcançar sua satisfação. “No lugar de se ajustar 3. Interativa – busca por relacionamentos inter- completamente ao novo ambiente cultural, o so- pessoais em seus diversos níveis, contendo journer aprende as características mais salientes da valores afetividade, apoio social e convivência; nova cultura, adaptando-se às novas circunstâncias, 4. Normativa – busca por segurança e manuten- mas buscando manter seu próprio comportamento ção das regras dos grupos sociais, contendo os cultural intacto” (McKinlay et al., 1996, p. 380). valores obediência, religiosidade e tradição; Na literatura psicológica, definidos como prin- 5. Existência – busca por subsistência, contendo cípios guia na vida das pessoas, os valores repre- os valores estabilidade pessoal, saúde e so- sentam aquilo que é considerado importante para brevivência; e um indivíduo (Bardi & Goodwin, 2011). Estes 6. Suprapessoal – busca por autorrealização e orientam os objetivos, as atitudes e o comporta- conhecimento, contendo os valores beleza, co- mento individual, fornecendo duas funções bá- nhecimento e maturidade. sicas: motivar o comportamento e expressar as necessidades humanas básicas (Fischer, Milfont Na perspectiva adotada, pode-se inferir que o & Gouveia, 2011). sistema individual de valores exerce influência no Gouveia (2003) propõe uma classificação dos nível de bem-estar geral das pessoas, tendo em vista valores humanos, tomando como base a teoria que os valores estão conectados às necessidades das necessidades humanas proposta por Mas- e atitudes dos seres humanos (Gouveia, 2013). low (1954). Este autor define os valores como Também influencia na avaliação do bem-estar Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 117 Kissel Quintana Bello, Valeschka Martins Guerra subjetivo, pois os valores priorizados embasam os Instrumentos julgamentos elaborados sobre as próprias vivências e possibilidades futuras. Os participantes responderam a um questioná- Bardi & Goodwin (2011) sugerem que eventos rio em espanhol, composto pelos seguintes ins- externos podem iniciar um processo de mudan- trumentos: ça nos valores a partir de duas rotas específicas: Questões sociodemográficas. Os participan- um novo ambiente pode instruir os indivíduos de tes foram convidados a responder perguntas para forma automática, sem que estes tenham consci- caracterização da amostra, como idade, sexo, na- ência dessa instrução; ou o novo ambiente pode, cionalidade, estado civil, se têm filhos e quantos, de forma consciente para o indivíduo, desafiar as tempo de residência no Brasil, cidade onde reside, prioridades valorativas, causando uma mudança de que país é, religião, o nível de religiosidade adaptativa. Tais propostas teóricas indicam que a (1 = nada; 5 = muito), se tem bolsa de estudos, cultura é um dos principais fatores de influência entre outras. sobre o comportamento humano, onde os valores Inventário de Estratégias de Enfrentamento aprendidos orientam a conduta individual. Neste (csi). Desenvolvido por Tobin et al. (1989) e adap- sentido, é imprescindível o uso de ferramentas cul- tado por Cano et al. (2007), o csi permite avaliar turais adequadas para o enfrentamento apropriado as respostas de enfrentamento que uma pessoa usa de eventos estressantes, de forma a garantir uma para um problema ou uma situação estressante. manutenção de seu nível de bem-estar subjetivo. O questionário é composto de duas partes dife- Neste sentido, esta pesquisa tem como objetivo rentes: na primeira, é solicitado ao participante investigar a relação que as estratégias de enfren- fazer uma descrição da problemática ou situação tamento e os valores humanos estabelecem com o difícil que tem enfrentado no processo de adapta- bem-estar subjetivo de estudantes provenientes da ção nos últimos meses. Na segunda parte pede-se América Latina (tendo como língua nativa o espa- que o participante avalie como reage ao problema nhol), que realizam um curso de Pós-Graduação mediante uma lista de 40 itens, variando entre 0 em universidades do Brasil, durante o processo (De forma alguma) a 4 (Totalmente). Estes itens de adaptação. avaliam oito tipos de estratégias: 1) resolução de problemas (ex.: Luché para resolver el problema); Método 2) autocritica (ex.: Me critique por lo ocurrido); 3) expressão emocional (ex.: Deje salir mis sen- Participantes timientos para reducir el estrés); 4) pensamento desiderativo (ex.: Deseé que la situación nunca Participaram 103 pessoas, das quais 65 % rea- hubiera empezado); 5) apoio social (ex.: Encontré lizam curso de mestrado e os 35 % restantes curso a alguien que escuchó mi problema); 6) restrutu- de doutorado, sendo 54 homens (52,4 %) e 49 mu- ração cognitiva (ex.: Repasé el problema una y lheres (47,6 %), com idades compreendidas entre otra vez en mi mente y al final vi las cosas de una 22 e 52 anos (M = 29,43; dp = 4,35). A maioria forma diferente); 7) evitação de problemas (ex.: dos respondentes é solteira (80,6 %), sem filhos No dejé que me afectara; evité pensar en ello); (89,3 %), de religião católica (44,7 %), com bolsa e 8) afastamento social (ex.: Pasé algún tiempo de estudos (87,4 %) e provêm de universidades solo). Os índices de consistência interna (alfas públicas (91,3 %). de Cronbach) dos fatores da escala variam entre 118 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 Explicando o bem-estar de estudantes latino-americanos de pós-graduação no Brasil 0,77 (evitação de problemas) e 0,87 (resolução ajuda de Google Docs disponibilizados para pre- de problemas). enchimento através das redes sociais, sendo este Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho. Va- divulgado com a técnica da bola de neve. O pre- lidada no Brasil por Gouveia, Milfont, Fischer & enchimento foi liberado apenas após a leitura e Santos (2008), esta escala de 24 itens avalia com concordância com o termo de consentimento livre que frequência (de 1 = Nunca a 5 = Sempre) o e esclarecido, que informava a cada um dos partici- participante apresenta afetos positivos (ex.: Mi pantes sobre o estudo e o anonimato das respostas. trabajo me hace sentir tranquilo) e afetos nega- Os participantes que não aceitaram responder tivos (ex.: Mi trabajo me hace sentir rabia) com ao estudo foram redirecionados para uma página relação ao trabalho. Os índices de consistência agradecendo seu interesse na pesquisa. Aqueles interna (alfas de Cronbach) dos fatores da escala que aceitaram participar foram direcionados para são variam entre 0,94 para afetos positivos, e 0,90 a página seguinte, onde era explicado como fun- para afetos negativos. cionava a atividade e onde foi oferecida a opção Escala de Satisfação com a Vida. Validada no de recebimento, via e-mail, dos resultados gerais Brasil por Gouveia, Barbosa, Andrade e Carneiro da pesquisa. Foi explicitado nas instruções de (2005), esta escala é constituída por cinco itens preenchimento que o questionário deveria ser fei- que avaliam o componente cognitivo do bem-es- to enquanto o/a participante estivesse sozinho/a, tar (ex.: En la mayoría de las formas de mi vida sem observadores que pudessem influenciar em se acerca a mi ideal; Si pudiera vivir mi vida de suas respostas. nuevo, no cambiaría casi nada). Estes itens devem ser respondidos em uma escala de sete pontos, va- Resultados e discussão riando de 1 (Discordo totalmente) a 7 (Concordo totalmente). O índice de consistência interna (alfa Os resultados sociodemográficos são descritos de Cronbach) da escala foi de 0,87. na tabela 1, onde se apresenta um breve resumo da Questionário dos Valores Básicos (qvb). Este caracterização da amostra, compreendendo o país instrumento, elaborado e validado por Gouveia, de origem, tempo de residência no Brasil, cidade Milfont, Fonseca e Coelho (2009), é constituído onde reside, se tem parceiro e se moram juntos, por 18 itens ou valores específicos, seguidos de religião, o nível de religiosidade, se tem bolsa, o situações (por exemplo, Éxito. Obtener lo que se nível do curso e o porquê da escolha pelo Brasil. propone; ser eficiente en todo lo que hace; Salud. Os participantes dessa pesquisa são de 13 pa- Preocuparse por su salud permanentemente, no íses latino-americanos, sendo 48,5 % da amostra sólo cuando se está enfermo; no estar enfermo), de origem colombiana (ver tabela 1). Estes resul- que devem ser respondidos em uma escala compos- tados estão de acordo com os dados fornecidos ta por 7 pontos; com os extremos 1 = Totalmente pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil não importante e 7 = Totalmente importante. Os (Agência Brasil, 2013), que apontam os colom- índices de consistência interna (alfas de Cronbach) bianos como o grupo estrangeiro que mais busca dos fatores da escala variam entre 0,33 (suprapes- cursos de Pós-Graduação no país. México e o Peru soais) e 0,67 (realização). aparecem em segundo lugar, cada um deles repre- sentando 13,6 % dos estudantes que participaram Procedimento desta pesquisa. Estes participantes buscaram, prin- cipalmente, cursos de pós-graduação no Sudeste Após aprovação do projeto pelo Comitê de do país (78 %). Em sua maioria, eles(as) não têm Ética, os instrumentos foram criados online com familiares ou parceiros(as) no Brasil, estudam em Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515 119 Kissel Quintana Bello, Valeschka Martins Guerra programas de mestrado, com bolsas de estudo em Em seguida, foram analisadas médias das di- universidades públicas. mensões do bem-estar, estratégias de enfrenta- mento e valores humanos de acordo com o sexo, Tabela 1 para verificar possíveis diferenças significativas Informações sociodemográficos dos estudantes (ver tabela 2). Análises iniciais da escala de sa- estrangeiros tisfação com a vida, medida em uma escala de 7 Variável Respostas = F pontos (de 1 a 7), sugerem que tanto homens como Colômbia = 50 mulheres apresentaram níveis de satisfação acima Chile = 2 México = 14 Cuba = 2 do ponto mediano teórico da escala (4). Se consi- Peru = 14 Guatemala = 2 derarmos escores abaixo de 3 e acima de 5 como País de origem Argentina = 6 El Salvador = 1 Equador = 5 pontos de corte para baixo e alto nível de satisfação, Honduras = 1 Costa Rica = 3 respectivamente, aproximadamente 10 % e 50 % Venezuela = 1 Bolívia = 2 dos estudantes poderiam ser considerados como es = 27 pr = 3 apresentando baixo e alto nível de satisfação com rj = 26 ba, am, pe = 2 a vida. Adicionalmente, foi realizada uma análise Estado de Residência mg = 17 sp = 11 ce, se, pa, df, de teste t para amostras emparelhadas, que indi- mt = 1 rs = 8 cou maiores escores de afetos positivos do que de Média = 23,29 Mínimo = 1 mês afetos negativos, t(102) = 14,27, p = 0,000. Tal Tempo de Residência meses Máximo = 276 padrão, associado a altos escores de satisfação com dp = 34,15 meses a vida, compõem o que se descreve na literatura Parentes no Brasil Não = 95 Sim = 8 como um bom nível de bem-estar (Diener et al., Tem parceiro/a e mora Não = 45 Sim, mora com 1999). Tais dados corroboram estudos anteriores com ele/a Sim = 36 ele/a = 22 que indicam altos níveis de satisfação com a vida Ateu = 6 e de afetos positivos em estudantes (Vera et al., Católica = 46 Evangélica, Es- 2014; Vera et al. 2013). Religião Não tem = 25 pirita = 5 Cristã = 7 Apesar da sugestão da literatura de que mi- Muçulmano = 2 grantes apresentam níveis mais baixos de bem- Mínimo = 1 -estar quando comparados com nativos do país Nível de Religiosi- Média = 2,86 (Nada) dade DP = 1,27 Máximo = 5 de inserção (Graham, 2016), esse resultado não (Muito) foi observado. Comparando a média geral de sa- Bolsa Sim= 90 Não = 13 tisfação com a vida com aquela observada na li- Pós-graduação Mestrado = 67 Doutorado = 36 teratura para a população brasileira (m = 4,82; dp = 1,64; ver Gouveia et al., 2009), os estudantes Universidade Pública = 94 Particular = 9 apresentaram escores que podem ser considerados Bolsas de estu- Trabalho = 2 similares ou superiores. do = 38 Parceria com No que diz respeito às diferenças entre ho- Bom nível aca- universidade = 2 dêmico = 27 mens e mulheres, não foram observadas diferen- Sugestão = 2 Cultura = 10 ças significativas com relação às dimensões do Por que escolheu Companhia= 1 Já conhecia o Brasil? Erro= 1 bem-estar subjetivo ou às subfunções dos valores Brasil = 6 Maior econo- Idioma = 6 humanos (ver tabela 2). Adicionalmente, o teste t mia= 1 Por sua parcei- para amostras emparelhadas, mostrou que todas as Nenhuma razão ra = 3 específica= 1 subfunções dos valores apresentaram diferenças Clima = 2 significativas nos seus escores, com exceção das 120 Avances en Psicología Latinoamericana / Bogotá (Colombia) / Vol. 36(1) / pp. 111-128 / 2018 / ISSNe2145-4515
Description: