ebook img

EUDORO DE SOUSA E SUA BIBLIOTECA: Dispersão e fragmentos de um pensamento PDF

273 Pages·2015·6.2 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview EUDORO DE SOUSA E SUA BIBLIOTECA: Dispersão e fragmentos de um pensamento

Universidade de Brasília – UnB Instituto de Letras – IL Departamento de Teoria Literária e Literaturas – TEL Programa de Pós-Graduação em Literatura – PosLit EUDORO DE SOUSA E SUA BIBLIOTECA: Dispersão e fragmentos de um pensamento Bruno de Alves Borges Brasília, 18 de maio de 2015 BRUNO DE ALVES BORGES EUDORO DE SOUSA E SUA BIBLIOTECA: Dispersão e fragmentos de um pensamento Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Literatura como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Teoria Literária. Orientadora: Dra. Elizabeth Hazin Brasília, 18 de maio de 2015 BRUNO DE ALVES BORGES EUDORO DE SOUSA E SUA BIBLIOTECA: Dispersão e fragmentos de um pensamento Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Literatura como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Teoria Literária. Orientadora: Dra. Elizabeth Hazin Brasília, 18 de maio de 2015 Banca Examinadora Doutor Jacyntho Lins Brandão Universidade Federal de Minas Gerais Doutor João Ferreira Universidade de Brasília Doutor Wilton Barroso Filho Universidade de Brasília (Suplente) Estou desempacotando minha biblioteca. Sim, estou. Os livros, portanto, ainda não estão nas estantes; o suave tédio da ordem ainda não os envolve. Tampouco posso passar ao longo de suas fileiras para, na presença de ouvintes amigos, revistá-los. Nada disso vocês têm de temer. Ao contrário, devo pedir-lhes que se transfiram comigo para a desordem de caixotes abertos à força, para o ar cheio de pó de madeira, para o chão coberto de papéis rasgados, por entre as pilhas de volumes trazidos de novo à luz do dia após uma escuridão de dois anos justamente, a fim de, desde o início, compartilhar comigo um pouco da disposição de espírito – certamente não elegíaca, mas, antes, tensa – que estes livros despertam no autêntico colecionador. Walter Benjamin, em Desempacotando minha biblioteca Outros, inversamente, acreditaram que o primordial era eliminar as obras inúteis. Invadiam os hexágonos, exibiam credenciais nem sempre falsas, folheavam com enfado um volume e condenavam estantes inteiras: a seu furor higiênico, ascético, deve-se a insensata perda de milhares de livros. O nome deles é execrado, mas os que deploram os “tesouros” que aquele frenesi destruiu, negligenciam dois fatos notórios. Primeiro: a Biblioteca é tão enorme que toda redução de origem humana acaba sendo infinitesimal. (...) Contra a opinião geral, atrevo-me a supor que as consequências das depredações cometidas pelos Purificadores foram exageradas pelo horror que esses fanáticos provocaram. J. L. Borges, em A biblioteca de Babel Livro não tem procedência, livro tem destino. Então chegou em quem o merece ter. Antônio Carlos Secchin Do po/lemoj viemos e ao po/lemoj voltaremos. Tarântula Mendes Para Paula, “minha música, musa única, mulher, mãe dos meus filhos, ilhas de amor...”, sem a qual estas páginas nunca teriam fim... Para Sidney Barbosa, sem o qual elas nunca teriam começado... AGRADECIMENTOS À minha família, especialmente à minha mãe, que acreditou em mim mesmo quando eu não acreditava, mas também ao Nonato, padrasto, pai, ex-seminarista, humanista que me inspirou com seu paganismo de fogueira no terreiro de casa, me ensinando a reconhecer estrelas e constelações. À minha avó, dona Amélia, que dedicou metade de seus 100 anos à leitura de um único livro, despertado em mim o ateísmo e a certeza de que Deus revela-se de tanta maneira, em tão variadas formas... até num livro não canônico. Ficam aqui os meus mais sinceros agradecimentos aos Mestres e Amigos que contribuíram na construção dessa pesquisa, seja me recebendo em suas casas, me hospedando, em longas ligações telefônicas, cartas, e-mails, sonhos e críticas. A minha orientadora, professora Elizabeth Hazin, a Joaquim Domingues, Eva Waisros Pereira, Ordep Serra, João Ferreira, João Evangelista, Hermenegildo Bastos, Alexandre Pilati, J. Conceição Silva (in memorian), Maria Luiza Coroa, Júlio Cabrera, Catarina Helena Knychala, Ezio Flávio Bazzo, Edson Nery da Fonseca (in memorian), Antonio A. Briquet de Lemos, Suzana Werner, Renato Tarciso de Sousa, Dulce Baptista, Antonio Carlos Carpintero, Affonso Heliodoro dos Santos, Santiago Naud, Maria Luiza Angelim, Henryk Siewierski, Nina Tubino, Nonato Silva, Antônio Miranda, Aryon Dall'Igna Rodrigues (in memorian), Anna Maria Moog, António Braz Teixeira, Constança Marcondes César, Antonio Paim, Rui Lopo, Renato Epifânio, Geralda Aparecida Dias, Filipe Delfim Santos, Adalgisa do Rosário, Seu Teodoro Freire (in memorian), Gorete Vulcão, Estevão Chaves de Resende Martins, Marcelo Gonçalves Barbosa (Mosca), Rogério Basali, Ana Mirian Wuensch, Cristina Jucá, Flávio Kothe, Mônica Kanegae. Meu profundo agradecimento a Oto D. B. Reifschneider, que me ensinou que bibliofilia também é engajamento. Sem vocês esta pesquisa não teria tido incentivo algum. Aos amigos André Gaio e Luiz Eudásio, que fizeram a catábase nos subterrâneos da biblioteca da UnB comigo. Gabriela Abreu, camarada. Meus sinceros agradecimentos ao Marco Aurélio Derru (o primeiro a ler para mim as palavras de Eudoro de Sousa, na jactância imprescindível às tardes de Guapuruvu). Ao Capeta, sempre onipresente, a Maíra Miranda, ao Chiquinho, o livreiro, outro mestre maior com quem trabalhei e tive lições que nenhuma sala de aula jamais ministrou. Guilherme Cobelo. A Rudolfo Boing (que um dia exclamou “Deus me livros!” quando lhe contei os absurdos que via nos porões da UnB). Tomate, João Gil, Celso Grecov, Adon Bicalho e Saulo Tomé, a todos os que conheceram comigo os bastidores da biblioteca (Aurino, Lamarque, Maure, Maxwell, Wesclei), aos irmãos Antunes e à sempre inspiradora floresta negra de seu Arrozal. A Juliana Del Lama e Renato Rios, artistas admiráveis. Maria Coeli de Almeida Vasconcelos, a única. Aos filhos de Eudoro de Sousa, Eudoro Augusto, Jorge e Teca, com os quais o diálogo constante nunca me deixou colocar de lado a dimensão humana do problema da pesquisa. Reginaldo Gontijo, Luiz Suffiati, Francisco Kaq e Severino Francisco. Cigana! Ao Rogério Brito, que me deu o jazz necessário para aguentar o duro processo desta dissertação. Ao Ariel Foina, anjo de coturnos que me acompanha e vence comigo o processo judicial do qual me fizeram réu. A todos que carregaram livros comigo nos últimos anos, pra lá e pra cá, eles mesmos memórias vivas da história dos livros e da biblioteca da UnB, meu mais emocionado agradecimento. À Biblioteca Central dos Estudantes da Universidade de Brasília, pela generosa doação de mais de mil exemplares representativos de algumas das mais importantes bibliotecas particulares do século XX, sem os quais esta pesquisa não seria possível. RESUMO No contexto de construção da Universidade de Brasília (UnB), inúmeros intelectuais fizeram parte de sua fundação. Neste processo, várias bibliotecas particulares fruto do erudito e meticuloso trabalho de bibliófilos e colecionadores vieram a constituir, ao longo das décadas, o acervo da UnB. Homero Pires, Pedro Moura, Agrippino Grieco, Carlos Lacerda são alguns deles. Nenhum, entretanto, contribuiu mais à história da UnB como Eudoro de Sousa. Nosso objetivo aqui foi analisar o que resta de sua biblioteca, após uma série de dispersões, descaminhos e desastres que culminaram com o maior bibliocídio da história no ensino superior no Brasil. Sob inspiração da História do Livro e da Crítica Genética, oferecemos aqui uma pequena contribuição à história intelectual de Eudoro de Sousa e de sua lendária biblioteca, analisando alguns fragmentos dispersos e folhas soltas que resistiram ao triste fim que teve essa que já foi a mais importante biblioteca de estudos clássicos da América Latina. Livremente se desenvolve redes interpretativas para tais manuscritos de maneira a interligá- los com a obra publicada e com os livros lidos por Eudoro de Sousa. Palavras-Chave: Eudoro de Sousa; História do Livro e das Bibliotecas; Crítica Genética; Leitura; Estudos Clássicos. ABSTRACT Many intellectuals helped to build the University of Brasilia in the 1960’s. In this process, several private libraries fruit of scholarly and painstaking work of bibliophiles and collectors came to be, over the decades, the UnB collection. Homero Pires, Pedro Moura, Agrippino Grieco, Carlos Lacerda are some of them. None, however, contributed more to the UnB history then Eudoro de Sousa. The aim of this dissertation was to analyze his library, at least what has left of it, after a series of dispersions, misleading and disasters that leaded to the biggest bibliocide of the Brazilian higher education history. Inspired by the Genetic Criticism and the History of Books, this work offers a modest contribution to the intellectual history of Eudoro de Sousa and his legendary library. It is made through the analysis of scattered fragments and sheets found among his books. These documents, notes and papers resisted to the sad end that had the library which was the most important one in the field of classical studies in Latin American. Freelly, it is developed interpretative networks to understand the manuscripts and its relations with the published work of Eudoro de Sousa, as well as with his thoughts and, especially, with the way he used to read his books. Key-Words: Eudoro de Sousa; History of Books and Libraries; Genetic Criticism; Lecture; Classical Studies. Sumário Introdução: ............................................................................................................................. 11 Capítulo 1: História do Livro e das Bibliotecas: indícios para a Crítica Genética .......... 18 Do Manuscrito ...................................................................................................................... 22 Natureza e Importância dos manuscritos do prof. Eudoro................................................... 26 À primeira vista: encontrando os manuscritos ....................................................................33 Paradígma indiciário, gêneses da crítica genética ..............................................................41 Elementos de crítica genética à luz de uma biblioteca terminal ..........................................46 A crítica genética e os estudos do livro no Brasil ................................................................55 Capítulo 2: Biblioteca eudorina: a intersecção entre o homem e sua obra ......................65 Um leitor em Heidelberg e algumas prévias .......................................................................74 Um grupo de São Paulo ......................................................................................................91 O sábio da colina ..............................................................................................................104 a) Antecedentes fundamentais ....................................................................................104 b) Brasília: crônicas de um bibliocídio ......................................................................113 c) Eudoro interruptus .................................................................................................116 Capítulo 3: Livros velhos e esquecidos: rastros de uma leitura.......................................157 Manuscrito 1 ......................................................................................................................159 Manuscrito 2 ......................................................................................................................163 Manuscrito 3 ......................................................................................................................166 Manuscrito 4 ......................................................................................................................171 Manuscrito 5 ......................................................................................................................173 Manuscrito 6 ......................................................................................................................175 Manuscrito 7 ......................................................................................................................176 Manuscrito 8 ......................................................................................................................179 Manuscrito 9 ......................................................................................................................181 Manuscrito 10 ....................................................................................................................188 Manuscrito 11 ....................................................................................................................191 Manuscrito 12 ....................................................................................................................196 Manuscrito 13 ....................................................................................................................198 Manuscrito 14 ....................................................................................................................201 Manuscrito 15 ....................................................................................................................203 Manuscrito 16 ....................................................................................................................207

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.