ebook img

“Eu vinha rodando pela rua”: Que ponto de ancoragem para o sujeito adolescente em situação de ... PDF

286 Pages·2016·1.96 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview “Eu vinha rodando pela rua”: Que ponto de ancoragem para o sujeito adolescente em situação de ...

1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO UNIVERSITÉ SORBONNE - PARIS CITÉ UNIVERSITÉ PARIS DIDEROT PRÓ-REITORIA ACADÊMICA DOUTORADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA LABORATÓRIO DE PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL E PSICANÁLISE CENTRE DE RECHERCHES PSYCHANALYSE, MÉDECINE ET SOCIÉTÉ DOCTORAT EN PSYCHANALYSE ET PSYCHOPATHOLOGIE PAULA CRISTINA MONTEIRO DE BARROS “Eu vinha rodando pela rua”: Que ponto de ancoragem para o sujeito adolescente em situação de rua? RECIFE 2015 2 PAULA CRISTINA MONTEIRO DE BARROS “Eu vinha rodando pela rua”: Que ponto de ancoragem para o sujeito adolescente em situação de rua? Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade Católica de Pernambuco em cotutela com a Université Paris Diderot - Paris VII, como requisito parcial para obtenção de título de Doutor em Psicologia Clínica. Orientadores: Nanette Zmeri Frej (in memoriam) Maria de Fátima Vilar de Melo Christian Hoffmann RECIFE 2015 3 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA ACADÊMICA DOUTORADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA LABORATÓRIO DE PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL E PSICANÁLISE PAULA CRISTINA MONTEIRO DE BARROS “Eu vinha rodando pela rua”: Que ponto de ancoragem para o sujeito adolescente em situação de rua? BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Profa. Dra. ANGELA MARIA RESENDE VORCARO – Examinador Externo ___________________________________________________________________ Prof. Dr. OLIVIER DOUVILLE – Examinador Externo ___________________________________________________________________ Profa. Dra. EDILENE FREIRE DE QUEIROZ – Examinador Interno ___________________________________________________________________ Profa. Dra. GLÓRIA MARIA MONTEIRO CARVALHO – Examinador Interno ___________________________________________________________________ Profa. Dra. MARIA DE FÁTIMA VILAR DE MELO – Orientadora ___________________________________________________________________ Prof. Dr. CHRISTIAN HOFFMANN – Orientador RECIFE 2015 4 Dedico minha escrita a duas mulheres guerreiras, referências de vida e de trabalho, que, apesar de não testemunharem a concretização desta tese, deixaram comigo a força para seguir adiante. A você, Nanette, minha gratidão pela sua aposta, carinho e incentivo; a você, querida vovó Miriam, pela herança de muita garra e lembranças de afeto. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença em minha vida, pela proteção e encorajamento em todos os desafios, percalços e conquistas. A meus pais, referências de afeto, garra, simplicidade e sabedoria; lastros de sustentação em minha vida; com vocês, papai e mamãe, compartilho todos os méritos desta conquista. A Nanette Frej, pela sutileza de sua clínica, pela sua presença, amizade e aposta em meu trabalho. O eco de seus incansáveis “vá em frente!” e “a gente vai responder com o trabalho” me ajudaram a seguir sem você na construção desta tese. A Fátima Vilar, pela atenção, suporte, precisão teórica, inquietação e leitura crítica com a realidade dos “meninos de rua”. Agradeço também pelas discussões frutíferas, “brigas boas” e “empurrões” que me permitiram avançar na construção deste texto. A Christian Hoffmann, pour son accueil à Paris et au sein de l'Université Paris 7, sa disponibilité, ses encouragements quant à mon projet de recherche, son investissement dans cet accord inter-universitaire grâce auquel cette cotutelle a été rendue possible. Aos membros da Banca Examinadora, pelo acolhimento e ricas contribuições. A Angela Vorcaro, pela simplicidade com que transmite sua clínica, pela leitura propositiva acerca da topologia borromeana, pela generosidade na discussão de minha tese. A Olivier Douville, pour son engagement, sa sensibilité et le soin apporté aux jeunes errants en tant que clinicien de terrain, d’où la construction théorique solide qui inspire la clinique auprès des sujets en souffrance psychique et sociale. A Glória Carvalho, pelo acolhimento afetivo e precisão que, em muito, permitiram-me avançar. A Edilene Queiroz, pelo engajamento no acordo com a Université Paris 7, pelo apoio e por ter me apresentado a proposição do Traço do Caso. A Leônia Teixeira, pela disponibilidade em fazer o parecer desta tese e pela leitura cuidadosa. Aos professores da pós-graduação em Psicologia Clínica da Universidade Católica de Pernambuco, pelo compromisso ético, pelo saber compartilhado e incentivo a meu projeto de pesquisa. Ao querido Zeferino Rocha, pela implicação na transmissão da psicanálise e importância em minha trajetória. A Ana Lúcia Francisco, pelo afeto e acolhimento a cada encontro. A Cristina Brito, Cristina Amazonas e Carmem Barreto, pelo incentivo à cotutela. Aos funcionários da pós-graduação, em especial, Nélia, Marquinhos, Nicéas, Moacir e Eliene, pela presteza, disponibilidade e atenção. A Virginie Martin-Lavaud et Patrick Martin-Mattera, pour votre attention et accueil à Angers et au sein de l’Université Catholique de l’Ouest. A Ana Cabral, que, nos efeitos de sua escuta atenta e cuidadosa, encoraja-me, na errância de meu desejo, a encontrar “pontos de ancoragem” para minha vida. A Emília Lapa, pelo apoio, rigor teórico e sensibilidade clínica, que em muito contribuem na construção de minha clínica. A Albenise e Iaraci, pela amizade, humildade e ética no cuidado com o outro; pela força e incentivo tão presentes em meu percurso. Aos colegas e professores da Université Paris Diderot, da École Doctorale Recherches en Psychanalyse et Psychopathologie, pela acolhida e trocas em Paris. 6 Às duas instituições que acolheram meu projeto, pelo interesse em compartilhar prática tão desafiadora. Agradecimento especial a Mariana e a Rosa, pela disponibilidade e contribuição. A Antonio, meu companheiro, pelo carinho, incentivo, presença firme, compreensão e bom- humor que tornaram tudo muito mais ameno e possível. A meus irmãos – Júnior e Patrícia –, cunhados – Iliano, Patrícia e José Fernando –, sogros – Lourdes e Fernando –, Marcela e sobrinhos – Paulo Neto, Patrick, Petrus, Arthur e Lucas –, pelo afeto, cuidado e compreensão de minha ausência. A Patrícia, minha irmã, pelo apoio, carinho, palavras acolhedoras e presença em minha vida. Um agradecimento especial ao pequeno Arthur, que, mesmo sem saber, trouxe muita leveza e alegria em momentos duros de minha escrita. A Juliana, Luciana, Mércia e Marcela, amigas de longas datas, pontos firmes de sustentação, pelo carinho, torcida, cuidado, desejo de estar junto e de compartilhar a vida. A Lélis, Veridiana, Cynthia e Andréa, pela disponibilidade afetiva, pela partilha de conquistas, tropeços, avanços, alegrias. Muito grata pela amizade, pelo suporte, pelas aventuras e “atrapalhos” inesquecíveis. A Fabiola, Laura, Débora, Julianne, Edineide e Sheila, pela leveza que o encontro com vocês me trouxe, pela energia boa e riso frouxo a cada encontro, pela implicação clínica e, claro, por terem topado ir na mala comigo para Paris. Aos amigos do doutorado – Esperidião, Virgínia, Sarah e Célia –, pelo companheirismo e parceria nos desafios e conquistas; aos colegas do Laboratório de Psicopatologia Fundamental e Psicanálise, pela seriedade e consistência dos trabalhos. A Elisabete Siqueira, pela disponibilidade e pelo relevante trabalho sobre o Traço do Caso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão da bolsa de estudos para o doutorado-sanduíche na Université Paris VII. À mes professeurs de français, Gérard Leloup et Audrey Laurent, maîtres dans l’art de transmettre, d’une façon passionnante et solidaire, leur langue maternelle ; pour votre attention et soutien dans ce processus fascinant qu'est celui d’apprendre une langue étrangère. Aos encontros agradáveis em Paris: Camila, pela amizade e companhia nas andanças em terras francesas e nos desafios da cotutela; Milena, Manu e Caio, pela presença afetiva; Lorenza, pelo carinho e parceria nas inquietações sobre a errância; Tereza Pinto e Véronique Donard, pelo acolhimento e suporte. Aos “Friends da Gula”, pelo amor e pela gula que partilhamos pela vida. A Maria e Nevinha, pela amizade, presença e parceria num trabalho desafiador e apaixonante. A Ana Flávia, Antônia, Natacha e Natália, pela torcida e momentos de leveza. A Audrey, Lorenza, Astrid, Dominique, Gérard Leloup, Véronique e Fátima, pelo engajamento numa “força-tarefa” que assegurou a qualidade da tradução desta tese. Um agradecimento especial a Audrey Laurent, pela presteza na correção de todo o texto. Aos clientes e alunos, pela confiança e por contribuírem, ao porem continuamente o saber em questão, na construção de meu fazer clínico e em sua transmissão. 7 Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar Ao andar se faz caminho e ao voltar a vista atrás se vê a senda que nunca se há de voltar a pisar Caminhante não há caminho, senão sulcos no mar… (Antonio Machado) 8 RESUMO Os “meninos de rua” constituem uma problemática que denuncia a exclusão social de crianças e adolescentes, os quais vagueiam pelas ruas, numa trajetória em que prevalecem a transgressão, a violência, a destruição de si e do outro, por meio dos quais o sujeito insiste em existir para o Outro. Esta tese resulta das inquietações de uma prática clínico-institucional e visou a analisar o que pode indicar uma ancoragem e enodamento na errância do sujeito adolescente em situação de rua a partir dos traços que o singularizam e o destacam do universo “meninos de rua”. Sustentamos a hipótese de que a errância, apesar da degradação subjetiva e da radical expulsão, pode constituir um movimento de vida e resistência, uma tomada de posição do sujeito. Baseando-se na proposição psicanalítica do Traço do Caso, a pesquisa foi norteada pela construção de dois casos clínicos, a partir do que fez tropeço na intervenção e de seus efeitos na escuta. À luz da Aufhebung freudiana e da topologia lacaniana do nó borromeu, destacamos uma realidade marcada por um esgarçamento do tempo e do espaço, uma diluição das fronteiras, uma prevalência do Real. A proposição de uma clínica borromeana situa a instituição como referente simbólico; suplência que opera, no recurso à palavra, reparos nos lapsos do nó. Trata-se de uma construção – do adolescente e da instituição – que transgride o instituído da exclusão, do saber, das práticas sedimentadas, buscando, num ato inventivo e de autoria do sujeito, uma ultrapassagem da “marca da exclusão” para a rasura de um traço, por meio de uma nominação simbólica; um “entre” que enoda e faz laço social; um ponto de ancoragem para quem “vinha rodando pela rua”. Palavras-chave: Adolescente em situação de rua. Errância. Traço do caso. Clínica borromeana. Aufhebung freudiana. 9 ABSTRACT The presence of "street kids" denounces the social exclusion of children and adolescents that wander the streets, in a trajectory that prevails transgression, violence, destructivity, through which the subject persists to exist for the Other. This thesis is a result of questionings from a clinical practice in an institution. This thesis envisions to analyze what could be related to an anchorage and enlacing in the wander of homeless adolescents, based on the traces that make them unique and detached from the universe of “street kids”. We propose the hypothesis that the wander, regardless of the subjective degradation and the expulsion, could constitute a movement of life and resistance, an emergence of the subject. Based on the psychoanalytic Trace of the Case, this research was guided by two clinical cases, from what constituted an intervention’s stumble and its effects in the listening process. Guided by the Freudian Aufhebung and the Lacanian borromean knot, we highlight a reality characterized by the fraying of time and space, a dilution of boundaries, a prevalence of the Real. The proposition of a borromean clinic places the institution as a symbolic reference; a substitute that functions, utilizing the word as a resource, as a repair to the lapses of the knot. This is about a construction that transgresses what is institutionalized about exclusion, knowledge, and established clinical practice. It aims, through an inventive act, a trajectory from the “wound of the exclusion” to the draft of a trace, through a symbolic nomination; a “between space” that promotes the knot and the social engagement; a source of anchorage for whom “used to go rolling through the street”. Keywords: Adolescent living on streets. Wandering. Trace of the case. Borromean clinic. Freudian Aufhebung. 10 RÉSUMÉ Le « gamin de rue » incarne une problématique qui dénonce l’exclusion sociale des enfants et adolescents errant dans les rues, trajectoire où prévalent la transgression, la violence, la destructivité ; le sujet persistant à y exister pour l’Autre. Cette thèse résulte des interrogations suscitées par une pratique clinique institutionnelle et vise à analyser ce qui, dans l’errance du sujet adolescent en situation de rue, peut révéler un ancrage et un nouage à partir des traits qui le singularisent et le détachent de l’univers « gamins de rue ». L’hypothèse défendue est que l’errance, malgré une dégradation subjective et l’expulsion, peut constituer un mouvement de vie et de résistance, une prise de position du sujet. S’appuyant sur la proposition psychanalytique du Trait du Cas, cette recherche a été structurée suivant la construction de deux cas cliniques, à partir des entraves rencontrées lors des interventions et de leurs effets sur l’écoute. À la lumière de la Aufhebung freudienne et de la topologie lacanienne du nœud borroméen, se dégage une réalité marquée par un effilochage du temps et de l’espace, une dilution des frontières, une prédominance du Réel. La proposition d’une clinique borroméenne positionne l’institution comme référent symbolique ; suppléance qui, via la parole, répare les lapsus du nœud. Il s’agit d’une construction qui transgresse le caractère institué de l’exclusion, du savoir, des pratiques sédimentées, cherchant, par un acte inventif, à dépasser la « marque de l’exclusion » pour la rature d’un trait, au moyen d’une nomination symbolique ; un « entre » qui noue et fait lien social ; un point d’ancrage pour celui qui « tournait en rond dans la rue ». Mots-clés : Adolescent en situation de rue. Errance. Trait du cas. Clinique borroméenne. Aufhebung freudienne.

Description:
a seu pai; na certeza de uma morte, esperada e temida pelos seus pais – “Ele vai morrer. Aprontando como ele apronta, ele vai morrer ou ser preso”. La maison implique une ambiance familiale, une référence spatiale qui doit assurer un sentiment d'accueil et d'appartenance en délimitant des
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.