O livro censurado por um homem na França. Censurado por um assessor do Ministério de Igualdade de Gênero na França, Eu odeio os homens tornou-se um best-seller mundial. O homem ameaçou mover uma ação criminal contra os editores da pequena Monstrograph – sob acusação de incitação ao ódio –, caso não recolhessem os livros e parassem sua comercialização. Talvez este seja o primeiro caso em que a masculinidade frágil ajudou a divulgar um livro. O fato ilustra bem o propósito de Eu odeio os homens. Em sua estreia literária, a já celebrada autora Pauline Harmange faz um desabafo sobre o que é ser mulher em um mundo machista, ao mesmo tempo que desvela os mecanismos cotidianos de opressão que foram naturalizados. Com humor ácido, a feminista francesa usa o mote da misandria, entendida como a raiva das oprimidas em relação aos opressores, para revelar o que a misoginia tenta silenciar. O livro trata de temas que estão na ordem do dia, entre eles: articulações feministas, como o #MeToo; os números alarmantes de feminicídio e assédio sexual; a síndrome do impostor; a carga mental das mulheres; e a importância da sororidade. Aborda também a heterossexualidade compulsória e passa por questões próximas às que suscita a célebre frase de Simone de Beauvoir, em O segundo sexo – "O mais medíocre dos homens acredita que é um semideus perto de uma mulher". Bissexual casada com um homem, Harmange afirmou, em entrevista, que é possível amar uma pessoa e odiar sua parte que "vive segundo os códigos da masculinidade e se aproveita de seu status de homem". Assim, o ódio das mulheres contra os homens, neste livro, não é sinônimo de violência, mas um pretexto para desconstruir o modo sexista de ver o mundo – sempre a partir dos homens, menosprezando a existência da mulher e impedindo-as de compreender como são e o que desejam. Longe de propor uma guerra, em que um sexo é superior ao outro, Eu odeio os homens sugere a construção de novas relações, em que as mulheres sejam tão consideradas quanto os homens. "Para Pauline [...] a misandria se tornou o melhor conceito para expressar sua frustração contra a violência de gênero estrutural." – The New York Times "É um panfleto bem-humorado que pode ser lido de uma só vez. O tom é calmo, as frases são esculpidas e a argumentação é sólida." – Libération * "Acredito que não devemos mais ter medo de falar abertamente e de viver nossas misandrias. Odiar os homens e tudo o que eles representam é nosso mais pleno direito. Também é uma celebração. Quem poderia imaginar que haveria tanta alegria na misandria? Esse estado de espírito não nos torna amargas nem solitárias, ao contrário do que a sociedade patriarcal quer que acreditemos. Penso que o ódio aos homens nos abre as portas do amor pelas mulheres (e por nós mesmas) sob todas as formas que isso possa assumir. E que nós precisamos desse amor – dessa sororidade – para nos libertar."