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Eu não quero outra cesárea: ideologia, relações de poder e empoderamento feminino nos relatos de parto após cesárea PDF

274 Pages·2015·3.292 MB·Portuguese
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Luciana Carvalho Ideologia, relações de poder e empoderamento feminino nos relatos de parto após cesárea DEDICATÓRIA A todas as mulheres que contam seus partos A Adelir Carmen Lemos de Góes, arrancada de sua casa em trabalho de parto, por ordem da justiça, e submetida a uma cesárea contra a sua vontade em 31 de março de 2014 no município de Torres, no Rio Grande do Sul. Copyright © 2015, Lexema Editora Edição Lexema Editora Preparação de texto Luciana Benatti Capa Laura Corrêa Projeto gráfico e editoração Patricia Tagnin Produção gráfica Milxtor Arte Fotos Marcelo Min Bordados Sabrina Câmara Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Carvalho, Luciana Eu não quero outra cesárea : ideologia, relações de poder e empoderamento feminino / Luciana Carvalho. – São Paulo : Lexema, 2015. – (Coleção parto com prazer) Bibliografia. ISBN: 978-85-67695-03-7 1. Doulas 2. Nascimento 3. Nascimento - Aspectos psicológicos 4. Parto (Obstetrícia) 5. Parto (Obstetrícia) - Aspectos psicológicos 6. Relatos I. Título. II. Série. CDD-618.4 15-04140 NLM-WQ 300 Índices para catálogo sistemático: 1. Parto : Obstetrícia : Obras de divulgação 618.4 Os livros da coleção Parto com Prazer são publicados em pequenas tiragens e, no caso de traduções, comercializados por valores equivalentes aos praticados lá fora. Lexema Editora Colabore com a causa, fortaleça este Praça Marquês de Itanhaém, 51, anexo projeto e valorize o trabalho dos São Paulo | SP | Brasil autores, tradutores e editores: por 05447-180 favor, não faça cópias – impressas ou [email protected] digitais – do conteúdo desta obra. PARTO QUOD AVEBAS ALCANÇADO O QUE DESEJAVAS Achei que não conseguiria. A [médica] me perguntou se eu queria anestesia e eu respondi, ainda brincando: não, quero cesárea! Camila Abreu, autora do relato BRA_026 (VBA1C) Eu falei para ele [marido] que se eu falasse em cesárea era para ele desconsiderar e foi isso que ele fez! Larissa Moris Hernandes, autora do relato BRA_001 (VBA3C) Dei piti e depois morri de vergonha, rs. Pedia anestesia, pedia cesárea. Ainda bem que escolhi a equipe certa! Tenho certeza que qualquer outra equipe teria me operado. Dany, autora do relato BRA_037 (VBA1C) A dor era tanta que comecei a chamar cesarista de meu nêgo. O médico cesarista, outrora crápula, virou um cara bacana, um sujeito sangue bom, um cara cheio de suingue. Roberta, autora do relato BRA_048 (VBA1C) I cried that I was afraid that I would never feel the urge to push, told them to just take me in and cut him out, yelled that I couldn't do it, and felt like such a pansy! I was surprised to be so quick to start saying things like that so early. I knew it was an emotional marker for transition, but couldn't believe how true the words felt! Bekah, autora do relato EUA_101 (VBA1C) Uh Oh, I thought. Here comes the scary bit where I start wanting an epidural, a c-section and decapitation. Jane Bishop, autora do relato UK_103 (VB5A2C) My obstetrician arrived shortly after, and I screamed at him as he walked in JUST CUT IT OUT, he patted me, told me not to be silly and that I was doing fine by myself. Anônima, autora do relato AU_017 (VBA1C) Agradecimentos Parto (s.m.) ato ou efeito de parir 1 Rubrica: obstetrícia. conjunto de fenômenos mecânicos e fisiológicos que levam à expulsão do feto e seus anexos do corpo da mãe; parturição 2 Derivação: sentido figurado. trabalho, tarefa ger. exaustiva e difícil, e quase sempre resultante de uma anterior elaboração Ex.: sua tese foi produto de um p. (Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa) Agradeço imensamente à minha orientadora, professora Stella Tagnin, pela presença constante, pela amizade firme, pela orientação impecável e pelas cobranças devidas. Aos membros da banca, pelas valiosas e ricas arguições e pelo impulso para fazer da tese este livro: Daphne Rattner, Gilberto Bergstein, Deusa Passos e Elizabeth Harkot-de-La-Taille. Às amigas companheiras de jornada editorial: Luciana Benatti, pela revisão e preparação do texto, Patricia Tagnin e Laura Corrêa, pela arte e produção gráfica, e Sabrina Câmara, pelos incríveis bordados. Constelamos. Aos familiares e amigos queridos que literalmente me doularam em momentos difíceis e cruciais da tese. No nome da parteira Ana Cristina Duarte, que, de tanto ativismo que faz e parto que acompanha, aparece como palavra-chave do Corpus de relatos de mulheres brasileiras, agradeço a todas as parteiras, ativistas e cyberativistas. No nome do médico-parteiro Jorge Kuhn, agradeço a todos os médicos que lutam diariamente pela humanização do nascimento e pelo protagonismo feminino e se orgulham de ‘não fazer nada’ na hora do parto. A duas mulheres e profissionais admiráveis, Alvani Moreira Alves e Roseméia Sena de Araújo, por me fazerem compreender a dimensão do apoio e suporte que a maternidade requer. Sou uma mãe muito melhor por causa de vocês. Obrigada mil vezes. A minha avó, Erotildes Silva de Carvalho, 96, professora de história por 50 anos, que, desde que me entendo por gente, é avessa a nostalgia. Pelo menos três de suas sábias falas sempre ecoaram em mim: “Eu? Saudade do passado? Deus me livre! Hoje em dia é muito melhor. Naquele tempo, a gente não podia fazer nada.” “Parto? Tive os quatro em casa com D. Fininha, parteira. Quando estava na hora, a gente chamava, ela vinha. Nasceu muita criança nas mãos de Fininha. O médico só era chamado se precisasse. Muitas vezes era ele que perguntava para ela o que fazer ou só aparecia no dia seguinte.” “Carro apertado é que canta!” A meus três amores, Eduardo de Senzi Zancul, Henrique Fonseca Zancul e Bruno Fonseca Zancul, por estarem comigo nos momentos mais incríveis da minha vida. A todas as mulheres que lançam garrafas de mensagens dentro do imenso oceano virtual, compartilham suas experiências com desconhecidos, resgatam a tradição feminina de narrar histórias sobre o nascimento e transformam as bravas que dessas garrafas sacam a rolha. Sem vocês este trabalho não existiria. Agradeço a todas e, em especial, àquelas cujos relatos foram usados nesta pesquisa: às anônimas e a Abigail, Adriana, Adriana Natrielli, Alessandra, Alisia, Amber, Ana Carolina, Ana Cristina Duarte, Ana Thomaz, Andrea Fangel, Andrea, Andrea, Andréia Bello, Ângela Shida, Angi Nutt, Anika, Anna Basevi, Anna, Anna, Anna R. Matsumoto, Anne Karoline, Annelize Petres, Anne Rammi, Atonette Bashi Hazard, Bec Gorman, Becky, Bekah, Bella, Bella, Bianca, Bianca Lanu, Brandy, Bruna Romeiro, Bruna da Silva Almeida Dutra, Byanca Bonvini, Cami, Camila Abreu, Camila Faria, Cariny Cielo, Carla, Carolina Pinotti, Carolina Stuchi, Carolyn, Carolynne Glover, Carrie Nelson, Caryn, Cassie, Cheryl Long, Claire, Claudia Renata de Toledo Simões, Cristiane Maria Pereira, Crystal, Crystiane Galante, Dana, Dany, Deanne, Diana Faria, Chenia d'Anunciação, Eileen, Eliete Rose Del Barco, Elis, Érica, Erica, Erica Chianca, Erika Lolli Ccossegian, Erin, Eva, Fabiana Araújo Guerra, Fadias, Fernanda Claudio, Fernanda Fioretti, Fernanda Ribeiro, Fran, Gem, Fúlvia Andrade, Gisele Leal, Gláucia, Hannah, Heather, Heather, Helen Bates, Helô Vianna, Iliana Jana Llewellyn, Janaína, Jane Bishop, Jen Brown, Jenn, Jenny, Jess, Jessie, Joana Pontes Langhi Marini, Jodi, Juliana, Juliana Duarte, Julie, Karen, Katelyn, Katherine, Kathryn Horton, Kátia Zeny, Katie C., Katie, Kellie, Kelly, Kelly Lanfranca, Kelly, Kerry, Kristen, Kristin, Kush, Kyanja Lee, Larissa Moris Hernandes, Laura, Laurie, Letícia Barbosa, Lexi, Lia Savaris, Lily, Lindsey, Lisa, Liz, Louise, Louise, Luana, Lucy, Luiza, Mamfour, Marci, Marcia Fernandes, Maria, Mariana, Maria Aparecida Pereira da Costa, Marla Stern, Mel Rimmer, Melek, Melina, Melissa, Melissa, Michelle, Michelle, Miranda, Mirian Kedma, Molly, Aline Martins, Mônica Rodriguez, Narayana Donadio, Nikki, Noni, Pam, Patrícia Alsina, Patrícia, Patrícia Pillar Viana, Polly, Priscila Teixeira, Rachel Crawley, Rachel, Randee, Raquel, Rebeca Celes, Rebecca Reynolds, Renata Matteoni, Renneta, Riley, Rita Barros, Roberta, Rosana Araújo, Sara Dusso, Sarah Fuerstenau, Sarah, Sarah, Sarah, Sarah, Sarah, Shanamah, Shell, Sherena, Sonia, Sylvana Karla, Tania, Tati Sabadini, Tatiana Dutra, Tessie Marcondes, Thaís, Therese, Tonya, Vanessa, Vanessa Pangaio, Verônica F., Vicki, Viviane Coentro, Vivienne, Vyckie Kent, Winairajane Rafaelly, Yael, Yara Tropea e Zoe. Sumário Parto com Prazer ___________________________________________________11 Prefácio __________________________________________________________13 Apresentação ______________________________________________________17 Introdução ________________________________________________________19 1. relatos de parto: compartilhando histórias ____________24 2. Um pouco de teoria __________________________________________29 2.1. Análise Crítica do Discurso, uma teoria engajada ___________________________29 2.1.1. Intertextualidade: o termo ‘desnecesárea’ e a pressuposição que carrega _________32 2.1.2. Ideologia: ‘parto normal para mim é cesárea’ _____________________________33 2.1.3. Hegemonia: o ‘parto cesáreo’ e o fortalecimento da cultura cesarista ___________34 2.1.4. Modernidade tardia e modernidade líquida: o vernix e o temor das coisas viscosas __________________________________36 2.2. Linguística de Corpus : amostras de texto analisadas por computador ____________39 2.3. Análise do Discurso Baseada em Corpus : linguagem e relações de poder _________40 3. O problema social: querem parto, acabam em cesárea _41 3.1. Altas taxas de cesárea: impactos no sistema de saúde e na sociedade _____________41 3.2. O parto preferido não é o parto alcançado ________________________________42 4. Celebridades, mídia e as diferentes representações do nascimento ___________________________47 4.1. Imagens inculcadas: o nascimento na ficção _______________________________47 4.2. Maternidade líquida: o (não) parto das famosas ____________________________51 4.3. Coisa de pobre ou de übermodel : o nascimento vaginal na mídia ______________60 4.4. O confuso discurso da saúde pública: um tiro no pé ________________________66 4.5. Parir é poder: o nascimento no movimento pela humanização do parto __________73 5. Os paradoxos do nascimento no Brasil ___________________82 5.1. Escolaridade: educação + renda = cesárea _________________________________83 5.2. Direito de escolha: seja feita a sua vontade (desde que você queira cesárea) _______85 5.3. Discurso médico: justificativas nada científicas _____________________________87 5.3.1. Mulheres preferem cesárea ___________________________________________88 5.3.2. A vagina fica ‘larga’ ________________________________________________91 5.3.3. A cesariana é mais segura para o bebê __________________________________92 5.3.4. Parto normal é coisa de índia _________________________________________93 5.3.5. Uma vez cesárea, sempre cesárea ______________________________________97 5.4. Terminologia: a invenção do ‘parto cesáreo’ _______________________________99 5.5. Baixo peso ao nascer: prematuros fabricados _____________________________103 6. Os relatos de mulheres brasileiras _____________________108 6.1. Eu consegui ______________________________________________________108 Eu desisto _____________________________________________________111 Eu renasci _____________________________________________________112 Eu comia, o bebê mamava _________________________________________114 6.2. O bebê vai morrer _________________________________________________114 Bebê encaixado _________________________________________________114 Bebê alto ______________________________________________________115 Se o bebê morrer ________________________________________________116 Os batimentos do bebê ___________________________________________119 O sexo do bebê _________________________________________________120 Os bebês em geral _______________________________________________121 6.3. Agradeço ao meu marido ____________________________________________123 Marido companheiro _____________________________________________123 Marido que apoiou ______________________________________________124 Marido corta o cordão ____________________________________________125 6.4. Minha doula querida _______________________________________________129 Doula e obstetriz ________________________________________________132 A presença de uma doula __________________________________________133 6.5. O médico fofo ____________________________________________________137 O ex-médico ___________________________________________________138 Médico cesarista _________________________________________________139 Médico faz terrorismo ____________________________________________141 O médico do ultrassom ___________________________________________143 Médico ginecologista _____________________________________________144 Médico humanizado _____________________________________________145 Médico anestesista _______________________________________________148 Eles, os médicos _________________________________________________153 6.6. Cadê a porra da enfermeira? __________________________________________156 Enfermeira obstétrica _____________________________________________156 Chamar a enfermeira _____________________________________________159 A enfermeira e o soro _____________________________________________161 Elas, as enfermeiras ______________________________________________162 6.7. Chame a parteira __________________________________________________165 Ligar para a parteira ______________________________________________165 Parteira e doula _________________________________________________166 A parteira vai em casa ____________________________________________167 6.8. Obstetriz e doula __________________________________________________168 Obstetriz faz toque ______________________________________________169 Mais um toque _________________________________________________170 7. os relatos de mulheres americanas _____________________173 7.1. I : Eu sabia _______________________________________________________173 I knew I : eu sabia que ____________________________________________173 I think I : eu acho que ____________________________________________175 I wish : eu desejo ________________________________________________177 I protested : eu me opus ___________________________________________179 I lamented : eu lamentei ___________________________________________180 Palavrões: Oh, shit! Oh, shit! _______________________________________183

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