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Estudo anatômico da madeira de Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S. Grose PDF

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BALDUINIA. n.19, p.10-13, IS-XIl-2009 ESTUDO ANATÔMICO DA MADEIRA DE HANDROANTHUS PULCHERRIMUS (SANDWITH) S. GROSEI JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORF RESUMO A madeira de Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S. Grose é microscopicamente descrita e ilustrada. Foram observados os seguintes caracteres anatômicos: estrutura estratificada completa, placa de perfuração simples, ponto ações intervasculares alternas, raios homocelulares uni a trisseriados, fibras libriformes e parênquima paratraqueal aliforme, em curtos segmentos tangenciais eem estreita linha marginal. Palavras-chave: Handroanthus pulcherrimus, Tabebuia pulcherrima, anatomia da madeira, Bignoniaceae. SUMMARY [Wood anatomy of Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S. Grose]. The wood of Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S. Grose is anatomically described and illustrated. The following anatomical features were observed: ripple marks, simple perforation plates, alternate intervascular pitting, homogeneous rays with 1to 3 cells wide, libriform fibers and aliform paratracheal parenchyma, in short tangential segments and marginallines. Key words: Handroanthus pulcherrimus, Tabebuia pulcherrima, wood anatomy, Bignoniaceae. INTRODUÇÃO çãodogênero Handroanthus, Mattos (1970) não Descrita como Tabebuia pulcherrima incluiu a espécie em estudo, de modo que so- Sandwith, com base em material coletado na mente com osestudos de sistemática molecular, Argentina3, oipê-amarelo doAlto Uruguai tem que reconheceu três clados no antigo gênero distribuição restrita ao sul do Brasil, leste do Tabebuia (Grose & Olmestead, 2007), é que o Paraguai eprovíncias adjacentes de Corrientes material em estudo passou afigurar na literatura e Misiones (Zapater et aI., 1009). Na proposi- botânica como Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S.Grose, binômio atualmente válido. Por suas flores amarelas, Handroanthus J Recebido em 13-1-2009 e aceito para publicação em pulcherrimus separa-se facilmente do ipê-roxo 06-3-2009. (Handroanthus heptaphyllus), integrante da 2 Engenheiro Florestal, Dr,Professor Titular do Departa- mento de Ciências Florestais, Universidade Federal de mesma tipologia de vegetação (Floresta Santa Maria, RS. Bolsista deProdutividade em Pesqui- EstacionaI do Alto Uruguai). Comparada a sa, CNPq -Brasil. Balduinia @mail.ufsm.br Handroanthus umbellatus e H. chrysotrichus, ) Otypus (Bertoni 2937), conservado noHerbário deKew (Inglaterra), éprocedente deAcaragua, Dep. San Javier que também possuem flores amarelas, o mate- (Misiones). Coletado em 18-9-1946, consta, na etique- rialemestudo distingue-se por terfolíolos bran- ta, a altitude do ponto de coleta (200 m) e a seguinte cos ou branco-amarelados, com denso tomento referência: "árbo1alto, 15-20m,fi.amarilla" (Sandwith, de pelos ramificados. De Handroanthus albus, 1948.Op. cit., p. 134). Das amostras brasileiras, referi- das na descrição da espécie, cabe destacar uma coleta espécie que compartilha deste último aspecto deJames Tweedie norio"Jacquary", nãolonge, portan- morfológico, H. pulcherrimus separa-se pelas to,do local de procedência damadeira utilizada nopre- folhas menores, comumente 5-folioladas (5-7- sente trabalho; naetiqueta deste material, oviajante in- glês anotou: "one ofthegreat omaments oftheforest, it folioladas em H. albus), bem como pelas cáp- isalargetreeandisfrequently covered with largeyellow sulas estreitas « 1,5em), com sementes de até fiowers succeeded with seed pods hanging down in 5 mm de comprimento (Sandwith & Hunt, bunches 10inches long" (Sandwith, 1948. Op. cit. p. 1974). 135). 10 Ainda desconhecida, sob o ponto de vista Paraná, em aparelho Olympus cx40, equipado anatômico, apresente pesquisa visa àdescrição com câmera digital Olympus Camedia c3000. microscópica da madeira de Handroanthus pulcherrimus, contribuindo, desta forma, para DESCRIÇÃO ANATÔMICA o conhecimento das Bignoniáceas euxilóforas Anéis de crescimento: distintos, marcados, sul-brasileiras. fracamente, por zona fibrosa tangencial mais escura epor estreito parênquima marginal. MATERIAL E MÉTODOS Vasos: de seção arredondada (43 - 56 - 77 = Coletado na localidade de Gruta da Linha 1, /-lm; s 7,69), em porosidade difusa, uniforme, nointerior do município deNova Esperança do com frequência de7-14 - 24/mm2; sãoprinci- Sul- RS, omaterial em estudo consiste de uma palmente solitários, menos comumente emmúl- amostra de madeira erespectivo material botâ- tiplos radiais de 2 - 5 e em cachos de poucas nico, anexados ao Herbário do Departamento unidades. Elementos vasculares de 200 - 258 - = de Ciências Florestais (HDCF) da Universida- 350 /-lmde comprimento (s 28,32), com pla- de Federal de Santa Maria, sob o número 190. cas de perfuração simples, oblíquas; apêndices Para adescrição da madeira, foram prepara- ausentes ou então curtos, em uma, menos daslâminas decortes anatômicos edemacerado. comumente em ambas as extremidades. Da amostra de madeira, coletada do tronco e à Espessamentos helicoidais, estriações e tilos, altura do peito, foram extraídos três corpos-de- ausentes. Pontoações intervasculares alternas, prova (1x2x3cm) da parte mais externa do le- arredondadas (8- 9,5 - 11/-lm; s =0,80) e não nho, orientados para a obtenção de cortes nos ornamentadas, com abertura lenticular, horizon- planos transversal, longitudinal radial e longi- tal, inclusa. Pontoações raio-vasculares e tudinal tangencial. Um outro bloquinho foi tam- parênquimo-vasculares, semelhantes às bém retirado, com vistas àmaceração. intervasculares, embora menores. Conteúdo Os corpos-de-prova foram amolecidos por amarelado, abundante em vasos. fervura em água e seccionados em micrótomo Parênquima axial: paratraqueal aliforme, de deslizamento, regulado para a obtenção de com finas expansões tangenciais que confluem cortes com espessura nominal de 20 /-lm. Usou- em segmentos mais longos, sem formar, toda- secoloração com acridina-vermelha, crisoidina via, faixas tangenciais contínuas; parênquima e azul-de-astra (Dujardin, 1964), desidratação marginal, em estreita linha. Células em série alcoólica ascendente (30%, 50%, 75%, parenquimáticas em séries de 2, menos 90%, 95% e duas vezes álcool absoluto), comumente 3células; séries de 206- 226- 293 = diafanização em xilol e montagem de lâminas /-lmde altura (s 24,06) e 14- 22 - 28 /-lmde = permanentes, com Entellan. Na maceração, se- largura (s 3,52). guiu-se ométodo de Jeffrey (Burger &Richter, Raios: homocelulares, compostos inteira- 1991). mente de células procumbentes, com freqüên- A descrição microscópica da madeira ba- cia de 11- 12,5 -17/mm (s = 1,55); células seou-se em Ibama (1992). As medições foram perfuradas, eretas, quadradas, latericuliformes, realizadas em microscópio binocular dotado de envolventes, oleíferas ecristalíferas, ausentes. ocular com escala graduada, no Laboratório de Raios unisseriados, escassos (9%); de 24- 84- = Anatomia da Madeira, da Universidade Fede- 151 /-lmde altura (s 34,32), com 1- 5 - 9 = raldeSantaMaria. Osdados quantitativos, cons- células (s 2,04), e7- 12- 22/-lmde largura (s = tantes na descrição, correspondem aos valores 4,74). Os multisseriados, em sua maioria mínimo, médio emáximo, respectivamente, se- bisseriados (78%), menos comumente guido dodesvio padrão (s).As fotomicrografias trisseriados (13%); medem 62- 119- 180/-lm foram realizadas na Universidade Federal do de altura (s=23,29), com 2- 7- 10células (s= 11 FIGURA I- Aspectos anatômicos da madeira de Handroanthus pulcherrimus. A, B- Porosidade difusa, vasos solitá- rios eemcurtos múltiplos radiais, raios finos, fibras deparedes espessas eparênquima paratraqueal aliforme-confluente, compondo segmentos tangenciais deextensão variada, além de parênquima marginal (seção transversal). C,D- Raios homocelulares, vasos com parênquima paratraqueal seriado efibras de paredes espessas (seção longitudinal radial). E, F- Estrutura estratificada completa, parênquima axial em séries de 2, menos comumente 3células, e pontoações intervasculares alternas (seção longitudinal tangencial). 12 = 1,58), e 10- 22 - 31 Ilm de largura (s 4,52). compondo segmentos tangenciais mais longos, Raios agregados e fusionados, ausentes. por vezes confluentes. Fibras: libriformes, com pontoações simples pequenas, mais abundantes nas faces radiais da REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS parede; são muito curtas até curtas (780 - 900- BURGER, L.M.; RICHTER, H.a.Anatomia dama- 1100 Ilm; s = 42,68) e de paredes espessas a deira. São Paulo: Ed. Nobel, 1991. 154p. muito espessas (5- 6 Ilm). DUJARDIN, E.P. Eine neue Holz-Zellulo- senfaerbung. Mikrokosmos, n. 53, p. 94, 1964. Outros caracteres: madeira de estratificação GROSE, S.O.; OLMESTEAD, R.a. Taxonomic completa em plano tangencial, incluindo raios, revision in the polyphyletic genus Tabebuia s.l. parênquima axial, elementos vasculares efibras. (Bignoniaceae). Syst. Bot., v. 32, n. 3, p. 660- Canais intercelulares, canais celulares, cistos 670,2007. glandulares, cristais, sílica, floema incluso, cé- IBAMA, Instituto Brasileiro doMeio Ambiente edos lulas oleíferas, células mucilaginosas e mácu- Recursos Naturais Renováveis. Diretoria de In- las medulares, ausentes. centivoàPesquisa eDivulgação. Laboratório de Produtos Florestais. Normas eprocedimentos ANÁLISE DA ESTRUTURA ANATÔMICA em estudos de Anatomia da Madeira: I- Apresença deporosidade difusa, com vasos Angiospermae, 11- Gymnospermae. Brasília, desprovidos de espessamentos espiralados e 1992. 17p. (Ser. Tecn. n. 15). pontoações não ornamentadas, bem como os LOZANO, E.C.; ZAPATER, MA Delimitación y estatus de Handroanthus heptaphyllus y raios relativamente estreitos e baixos, inserem Handroanthus impetiginosus (Bignoniaceae, a madeira na farm1ia Bignoniaceae, de acordo Tecomeae). Darwiniana, v.46, n.2,p.304-317, com chave dicotômica de Record (1943), para 2008. madeiras neotropicais com estrutura MATTOS, J.R.Handroanthus, umnovo gênero para estratificada. os "ipês" do Brasil. Loefgrenia, São Paulo, A predominância de raios bisseriados com n. 50, p. 1-4, 1970. menos de 10 células de altura e escassos RECORD, S.J. Woods of storied structure. Tropical trisseriados, a abundância de conteúdo amare- woods, n.76, p.32-47,1943. lado em vasos, bem como o parênquima nos RECORD, S.J.; HESS, R.w. American timbers of padrões paratraqueal aliforme e marginal, per- thefarnily Bignoniaceae. Tropical Woods,n.63, mitem ainclusão daespécie no"grupo Lapacho" p. 9-38, 1940. do gênero Tabebuia, segundo Record & Hess RECORD, S.J.; HESS, R.W. Timbers of the New World.New Haven: YaleUniversity Press, 1943. (1940, 1943). Cabe ressaltar que oreferido gru- 640 p. po infragenérico, transferido ao gênero SANDWITH, N. Y. Notes on South American Handroanthus (Mattos, 1970), apresenta outra "Bignoniaceae". Lilloa, Tucuman, v.14,p. 133- espécie nativa na Floresta EstacionaI do Alto 137, 1948. Uruguai: Handroanthus heptaphyllus (Vell.) SANDWITH, N.Y.; HUNT, D.R. Bignoniáceas. In: Mattos (Lozano & Zapater, 2008), conhecida REITZ, P.R.Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: regionalmente como ipê-roxo. Comparada aesta Herbário Barbosa Rodrigues, 1974. 172p. espécie, a madeira presentemente descrita se- ZAPATER, MA; CALIFANO, L.M.; CASTILLO, para-se pela predominância deraios bisseriados, E.M.deI;QUIROGA, MA; LOZANO, E.C.Las com escassos trisseriados, pelos vasos mais es- especies nativas y exóticas de Tabebuia y treitos (diâmetro < 80 Ilm) e pelo parênquima Handroanthus (Tecomeae, Bignoniaceae) enAr- paratraqueal aliforme relativamente abundante, gentina.Darwiniana, v.47,n.1,p.185-220,2009. 13

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