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Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou PDF

209 Pages·2017·4.33 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS, LITERÁRIOS E TRADUTOLÓGICOS EM FRANCÊS PAULA SOUZA DIAS NOGUEIRA Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou v. 1 versão corrigida São Paulo 2017 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS, LITERÁRIOS E TRADUTOLÓGICOS EM FRANCÊS Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou Paula Souza Dias Nogueira Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Prof. Dr. Álvaro Silveira Faleiros v.1 versão corrigida São Paulo 2017 2 Nome: NOGUEIRA, Paula Souza Dias Título: Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou Dissertação apresentada ao Departamento de Letras Modernas, Programa de Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Letras. Aprovada em: Banca Examinadora Prof. Dr. ________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ___________________________ Prof. Dr. ________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ___________________________ Prof. Dr. ________________________ Instituição: ___________________________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ___________________________ 4 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, ao meu orientador Prof. Dr. Álvaro Faleiros pela disponibilidade e presença ao longo deste processo, e também por suas leituras minuciosas e comentários pertinentes e fundamentais para a realização deste trabalho. À Prof. Dra. Adriana Zavaglia pela ajuda em relação aos fraseologismos e pelos comentários todos. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão da bolsa de mestrado e pelo apoio financeiro, essencial para a realização desta pesquisa. Aos meus pais, Marco Aurélio e Péia, e meu irmão, Caio, pelo apoio, incentivo e afeto, sempre. Ao meu pai, Marco, em especial, pela leitura atenta, pela prontidão e pelas ótimas sugestões e correções ao texto. 5 RESUMO NOGUEIRA, P. S. D. Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou. 2017. 208 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. O objetivo deste trabalho é apresentar ao leitor brasileiro a tradução do romance Mémoires de porc-épic (2006), de Alain Mabanckou. Para chegarmos à tradução, fez-se necessário entender alguns elementos centrais de sua poética e da estrutura narrativa do romance, assim como sua trajetória de vida e obra. Para tanto, discorremos, num primeiro momento, sobre sua visão de mundo e sobre as principais dimensões de sua poética, relacionando-os, sobretudo, ao pensamento rizomático proposto por Édouard Glissant. Em seguida, analisamos o romance em questão atentando para elementos macroestruturais, relacionados à literatura oral tradicional de algumas sociedades africanas de expressão francesa, nos baseando, majoritariamente, nos estudos feitos por Jacques Chevrier, e em elementos microestruturais, concernentes ao uso de repetições, paralelismos, interjeições, léxico africano, provérbios, responsáveis por criar o que Mabanckou chama de “ritmo congolês” da narrativa. Por fim, destinamos o terceiro capítulo à discussão tradutória, no qual apresentamos nosso projeto de tradução, baseado na abordagem de viés não etnocêntrico proposta, entre outros, por Antoine Berman; e nossa concepção sobre as notas de tradução, levando em consideração, primordialmente, o pensamento de Ana Cristina Cesar em relação ao ritmo na prosa. Apresentamos as notas de tradução divididas em dois blocos, o semântico e o sintático, ambos em diálogo com o que entendemos ser o ritmo da narrativa. A tradução completa é vista no anexo. Palavras-chave: Alain Mabanckou; literaturas de expressão francesa; literatura-mundo em francês; literatura de tradição oral; oralidade; ritmo da prosa; tradução. 6 ABSTRACT NOGUEIRA, P. S. D. Thorns of translation: a reading of Mémoires de porc-épic, by Alain Mabanckou. 2017. 208 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. The aim of this work is to present to the Brazilian public the translation of Mémoires de porc-épic (2006), a novel by Alain Mabanckou. In order to arrive at the translation, it seemed necessary to have a more in-depth understanding of some of the central elements of the poetic and narrative structure of the novel, as well as the author’s life and work. Therefore, we at first discuss his worldview and the main dimensions of his poetics; relating them, especially, to the concept of rhizome proposed by philosopher Édouard Glissant. Then, we analyze the novel in question, with attention to the macrostructural elements related to traditional oral literature in some African societies of French expression, drawing mainly on studies by Jacques Chevrier, as well as microstructural elements concerning the use of repetitions, parallelisms, interjections, African vocabulary and proverbs, responsible for creating the “Congolese rhythm” of the narrative. Finally, the third chapter discusses the translation and presents the translation project, drawing upon the non-ethnocentric approach proposed, among others, by Antoine Berman, and our conception of the translation notes, taking into account primarily the thoughts of Ana Cristina Cesar regarding rhythm in prose. The translation notes are divided into two blocks, semantic and syntactic, which are both in dialogue with what we understand to be the rhythm of the narrative. The full translation is located in the Annex. Key-words: Alain Mabanckou; French speaking literature; french world literature; traditional oral literature; orality; rhythm in prose; translation. 7 Sumário Apresentação ............................................................................................................................... 9 Capítulo 1 - Mabanckou, uma poética em movimento .......................................................... 12 1. Errância, rizoma: abertura ............................................................................................... 13 2. Literatura-mundo em francês .......................................................................................... 24 3. Dimensões da poética de Mabanckou ............................................................................. 33 3.1 Narrativa fragmentada e metalinguagem ................................................................ 33 3.2 Humor ..................................................................................................................... 35 3.3 Intertextualidade e registros de língua .................................................................... 39 3.4 Temática: identidade e imigração ........................................................................... 43 4. Verre Cassé e Mémoires de porc-épic ............................................................................ 47 Capítulo 2 - Mémoires de porc-épic: a oralidade e seus desdobramentos na escrita ........... 52 1. Oralidade na esfera macroestrutural ................................................................................ 67 1.1 Apresentação da história ......................................................................................... 67 1.2 Digressões ............................................................................................................... 71 1.3 Intertextualidade: provérbios e alusões literárias .................................................... 73 1.4 Pontuação: vírgulas ................................................................................................. 79 2. Oralidade na esfera microestrutural ................................................................................ 80 Capítulo 3 - Espinhos da tradução ........................................................................................... 87 1. Projeto tradutório............................................................................................................. 88 2. Notas de tradução ............................................................................................................ 93 2.1 Anotações semânticas............................................................................................. 98 2.2 Anotações sintáticas ............................................................................................. 115 Conclusão ................................................................................................................................. 136 Referências bibliográficas....................................................................................................... 140 Anexo.........................................................................................................................................145 Apêndices...................................................................................................................................146 8 Apresentação O caminho que me levou até a obra de Alain Mabanckou foi inusitado. A primeira vez que ouvi seu nome estava de intercâmbio na França, mas não dei muita importância. Anos depois, morando nos Estados Unidos, relembrei não sei bem como dele e fui atrás de seus livros. Apaixonei-me por sua escrita descontraída, irônica e divertida. Encantei-me pelas referências congolesas e pela aproximação com a África, que se relaciona muito mais à nossa própria história, no Brasil, do que a França. Gosto de pensar que esse caminho errante que me levou até os romances de Mabanckou dialoga com sua própria história e sua maneira de ver as relações humanas. Ao começar a leitura de seus livros, tive a ideia da tradução para o português e, com ela, o desejo de transformar isso em um estudo mais consistente sobre o autor e sua poética. Inicialmente pensava que o estudo sobre o Congo seria indispensável, mas à medida que fui me aprofundando em sua obra ficou claro que o que estava em jogo não era caracterizar o autor como pertencente a esta ou àquela literatura ou país, mas sim entendê-lo em movimento entre diferentes culturas e países. A disciplina “Para uma Geopoética das Línguas e Literaturas. Uma Leitura dos Ensaios de Édouard Glissant”, ministrada pela Prof. Véronique Dahlet, foi fundamental nesse sentido, pois pude ter contato com o pensamento de Édouard Glissant e com a discussão sobre identidade- rizoma, definida por ele a partir do estudo de Deleuze e Guattari. Com efeito, a leitura de Glissant se mostrou primordial para pensarmos não apenas sobre a visão de mundo de Mabanckou, mas também sobre como apresentá-lo ao leitor da dissertação de forma não categórica e excludente. Logo, a relação entre o pensamento rizomático de Glissant e a trajetória pessoal e intelectual de Alain Mabanckou é esmiuçada no Capítulo 1, no qual estão presentes também considerações sobre a literatura-mundo em francês e as principais dimensões da poética do autor. Vale ressaltar que a discussão sobre o “Manifesto por uma Literatura- Mundo em Francês” gerou grande polêmica no momento de sua publicação e posteriormente, porém, pelo fato de o tema deste trabalho ser a tradução, não desenvolvi uma análise crítica sobre o assunto. Detive-me em apresentar o manifesto e as reivindicações ali propostas, bem como a posição de Mabanckou em relação a ele. 9

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a leitura de seus livros, tive a ideia da tradução para o português e, com ela france.fr/media/presse/UPL181793705361781418_DP_A_Mabanckou.pdf >. où s'accélère le processus de décolonisation amorcé au lendemain de la No dicionário Bob, temos algumas variações para a expressão:.
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