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Espaços para aprender e ensinar música PDF

66 Pages·2014·6.75 MB·Portuguese
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{ { Espaços para aprender Aloísio Leoni Schmid (organizador) e ensinar música: Projeto CAPES-MinC – Pró-Cultura “Arquiteturas para um Brasil Musical” construção e adequação { { Espaços para aprender e ensinar música: construção e adequação Schmid, Aloísio Leoni, org. , Espaços para aprender e ensinar música: construção e adequação. Ministério da Cultura e Ministério da Educação, Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior - CAPES, Programa Pró- Cultura, Pacto Ambiental, 2013. 32 f., 53 il. ISBN 978-85-99403-02-0 1. Arquitetura escolar 2. Acústica arquitetônica 3. Educação musical CDD 727 Projeto CAPES-MinC – Pró-Cultura “Arquiteturas para um Brasil Musical” { { Espaços para aprender e ensinar música: construção e adequação Aloísio Leoni Schmid (organizador) Sumário 06 Apresentação Aloísio Leoni Schmid 07 Educação musical no Brasil: conquistas e desafios Guilherme Romanelli 12 Definições na acústica arquitetônica: avaliação objetiva e subjetiva Aloísio Leoni Schmid e Letícia de Sá Rocha 16 Importância da acústica de salas de aula: fala (inclusive línguas) & música Andrey Ricardo da Silva e Raquel Rossatto Rocha 23 Recomendações da literatura e a opinião dos professores de músicas Letícia de Sá Rocha e Aloísio Leoni Schmid 29 Aulas de música no ensino básico brasileiro: um retrato das salas utilizadas Dinara Xavier da Paixão 36 Medições acústicas e simulação computacional de salas de aula Erasmo Felipe Vergara 44 Recomendações acústicas e arquitetônicas para salas existentes Aloísio Leoni Schmid 57 Projeto virtual: dimensionamento e condicionamento acústicos Gustavo Silva Vieira de Melo, Newton Sure Soeiro e André Luis Silva Santana Apresentação Aloísio Leoni Schmid As salas onde se ensina música, em aula prática e ensaio, têm tituições – UFPA, UFPR e UFSM procuraram propor pesquisas como suas peculiaridades. Não devem ser tratadas como salas de recortes que servissem ao projeto maior. Foram feitos três seminários: aula onde a fala é o principal meio de comunicação. Tampouco Santa Maria, Belém (2011) e Curitiba (2012). O projeto contou tam- devem ser tratadas como salas de concerto, pois assim se tornariam bém com apoio da EMBAP. itens bem mais onerosos no programa arquitetônico de cada escola. Somos gratos à CAPES e ao Ministério da Cultura pela oportunidade. A acústica arquitetônica é provavelmente o item mais complexo do Eis o resultado: este livro sobre acústica para salas para ensinar e campo de estudos mais amplo intitulado Física Aplicada às Edificações, aprender música, que se propõe apresentar o assunto aos profissionais que também compreende calor, iluminação natural e ventilação do am- de gestão escolar e projeto de edificações que atuem em educação fun- biente construído. No Brasil, nos anos 90, este campo foi rebatizado damental e básica. de Conforto Ambiental. Esta terminologia não é unanimemente aceita, Esperamos que sua distribuição às secretarias estaduais de edu- pois o conforto é compreendido, em termos mais gerais, como um esta- cação, de quem esperamos o repasse às secretarias de educação em do emocional de repouso, consolo, e não pode ser o valor mais impor- cada município brasileiro, assim como diretamente às bibliotecas das tante em algumas edificações cuja definição funcional não envolve o universidades possa subsidiar a concepção, discussão, projeto e imple- repouso, mas a atividade. Tal grupo inclui certamente as escolas, onde mentação de salas de aula tais que permitam que se possa apresentar a professores trabalham e alunos se desenvolvem. Num linguajar mais música como algo prazeroso, que se identifiquem aptidões e se desen- familiar a pedagogos e administradores, a escola é pura zona de cresci- volvam habilidades. mento, oposta à zona de conforto. E a educação musical não é diferente. E que se concretize a visão, e a audi- O projeto “Arquiteturas para um Brasil musical” surgiu como um ção, de um Brasil musical. diálogo entre as áreas da educação musical, da arquitetura e da acústica. Foram obtidas cinco bolsas de mestrado. Os orientadores em três ins- Projeto CAPES-MinC – “Pró-Cultura”: Arquiteturas para um Brasil musical 7 /01 Educação musical no Brasil: conquistas e desafios Guilherme Romanelli Introdução Com frequência, a literatura que trata do ensino de música no tura. Nesse contexto, é evidente que os processos de ensino-aprendiza- 1. É necessário destacar que as orien- Brasil toma como ponto de partida uma breve contextualiza- gem ocorriam, mesmo que sem seguir o modelo tradicional de ensino tações iniciais da Companhia de Jesus sugeriam que a música não deveria ção de sua trajetória na escola brasileira, tendo como ênfase o que costuma caracteriza as instituições escolares como as conhecemos. ser usada em missas e cerimônias ensino regular formal. Mesmo que essa aproximação pareça um tanto Com a chegada dos primeiros portugueses, logo vieram também os sacras. Entretanto, os Jesuítas pionei- desgastada, abordá-la mais uma vez é importante para demonstrar que jesuítas que se organizavam para se contrapor à reforma protestante ros também notaram que a música o percurso da Educação Musical tem neste país uma trajetória fasci- dando especial importância às instituições educacionais. Na tarefa de era uma forma privilegiada de apro- ximação com os povos que queriam nante e repleta de paradoxos. propagar o evangelho por meio de propostas didaticamente orientadas, catequizar (HOLLER, 2010). De um lado, somos orgulhosos da musicalidade que é resultado a música acabou assumindo um papel fundamental1, e encontrou gran- da miscigenação que marca nossa brasilidade, por outro, a Educação de correspondência entre vários grupos indígenas que se identificaram Musical nas escolas é marcada pela irregularidade, mesmo que, em com aquela nova estética musical (PREISS, 1988). ambientes não escolares como conservatórios e academias, o ensino de Os jesuítas incluíram a música em seu projeto educacional tanto música tenha ocorrido de forma mais contínua. para as comunidades indígenas, em especial aqueles reduzidos, como Para compreender a tortuosa trajetória da música na escola brasi- para os descendentes dos portugueses que frequentavam seus colégios. leira é preciso percorrer brevemente alguns períodos da história. Mui- Mesmo com sua expulsão em 1759, algumas de suas práticas de ensino tas nações indígenas que habitavam as vastas terras que os portugueses de música foram adotadas por outras ordens religiosas em suas escolas descobririam tinham a música como elemento estruturante de sua cul- e seminários. 8 Espaços para aprender e ensinar música: construção e adequação 2. Deve-se destacar que o canto orfeô- A instituição oficial do ensino de música ocorreu apenas em o teatro, o que a caracterizava dentro de uma concepção claramente nico não é uma invenção de Villa- 1854, durante o Brasil imperial, sendo que um ano após a proclama- contextualista3. -Lobos, pois já existia como proposta ção da República, um decreto torna obrigatória a formação especia- Diante da dissolução da importância da arte no currículo brasileiro, pedagógica na França e já tinha suas lizada do professor de música (FONTERRADA, 2005). Na década em função de seu status como atividade livre, a sociedade civil, em espe- versões brasileiras nas propostas de alguns educadores musicais como de 1930, há registros do destaque que Mário de Andrade dava à cial artistas e arte-educadores, se uniu para discutir formas devolver à arte Fabiano Lozano. Villa-Lobos adotou proposta do maestro Fabiano Lozano, que trabalhava com canto co- um espaço mais digno dentro da matriz curricular. Parte dessas discus- essa metodologia e a adaptou aos ral nas escolas, utilizando seus próprios livros de Canto Orfeônico sões foi levada em conta na redação da LDB de 1996, atualmente em vi- ideais do Estado Novo. (CARLINI, 1994). gor, que determinou que a “§ 2º O ensino da arte constituirá componente 3. A concepção contextualista é Um dos marcos mais importantes de um grande projeto nacional curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a aquela que considera o ensino da de Educação Musical tem ligação direta com o projeto do Estado Novo. promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL, 1996). arte a partir dos benefícios que ela A convite de Getúlio Vargas, Heitor Villa-Lobos organizou uma pro- A fim de orientar as instâncias estadual e municipal na elabora- traz às mais variadas áreas da for- posta de ensino de música de amplitude nacional. O canto orfeônico2 ção de propostas curriculares, o MEC publicou entre 1997 e 2000 os mação humana, como por exemplo, a criatividade. Essa visão se contrapõe era uma metodologia de ensino de música que dividia seus objetivos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN e o Referencial Curricular à concepção essencialista que de- entre ideais nacionalistas e a formação cívica das crianças. O proje- Nacional para a Educação Infantil – RCNEI. Nesse conjunto de docu- fende o espaço da arte na educação to entrou em decadência, acompanhando o declínio da Era Vargas, e mentos propõe-se que a música seja abordada como um dos eixos do fundamentando-se no seu próprio teve como principal barreira o desafio de formar professores habilita- ensino da Arte, dividindo a disciplina com as Artes Visuais, o Teatro e valor enquanto área de conhecimento (ALMEIDA, 2001). dos para lecionar o canto orfeônico em todo o Brasil. É provável que a Dança. nesse período já fosse possível identificar entre professores e gestores Diante das dificuldades caracterizadas por uma prática polivalen- 4. Segundo o texto da Lei, “Art. 3o  a preocupação com as características acústicas das salas de aula onde tedo ensino da arte herdada da LDB de 1971(FIGUEIREDO, 2004), Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às o canto era lecionado. Talvez esse tenha sido o pensamento que tenha diversas organizações ligadas à Educação Musical, como a Associação exigências estabelecidas nos arts. 1o influenciado o projeto arquitetônico de diversas escolas, como é o caso Brasileira de Educação Musical – ABEM, se mobilizaram para promo- e 2o desta Lei” (BRASIL, 2008). Em daquelas construídas durante a gestão do governador Moisés Lupion, ver discussões sobre a obrigatoriedade do ensino de música. Em 2008 muitas situações, esses dois anos na década de 1940 no estado do Paraná (CORREIA, 2004). Nessas es- foi promulgada a Lei 11.769 que define que “§ 6º A música deverá ser foram erroneamente contabilizados, definindo-se o segundo semestre de colas era comum encontrar um salão nobre, muitas vezes com palco e conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de 2011 para o início de vigência da cortina e um piano. Esses salões eram revestidos de materiais que se que trata o § 2° deste artigo” (BRASIL, 2008), ou seja, dentro da disci- Lei. Entretanto, o ano letivo sempre é adaptavam muito bem à prática de canto coral, favorecendo a propaga- plina de arte. contado a partir do mês de fevereiro. ção das vozes, mas mantendo sua clareza, já que não eram demasiada- Entrando em vigor a partir do início do ano letivo de 20124, a Lei mente reverberantes. colocou a música no centro das atenções no cenário da educação bra- A LDB de 1971 não abandonou a música, mas a reclassificou sileira. enquanto atividade complementar dentro da Educação Artística. Mesmo diante de tantas particularidades, é notável que a Educa- Sem status de disciplina, a música passou a ser valorizada enquanto ção Musical tenha voltado aos debates sobre educação. Se, por um lado, instrumento para o desenvolvimento da criatividade por meio da a Lei 11.769/08 traz avanços para a área, ela também provoca novas livre expressão e dividindo a carga horária com as artes plásticas e indagações. Uma das dúvidas concerne em saber quem são os profes- Projeto CAPES-MinC – “Pró-Cultura”: Arquiteturas para um Brasil musical 9 sores que serão responsáveis por ministrar essa disciplina, uma vez que arte que se fundamenta na relação entre som e silêncio. Para esses 5. O parágrafo “O ensino da música houve um veto presidencial à obrigatoriedade de um professor com dois elementos, as condições acústicas são absolutamente relevantes, será ministrado por professores com formação específica na área” foi formação específica em música5. Outra preocupação é orientar como por isso a continuação deste texto se dividirá em dois aspectos distin- vetado pela Presidência da República, se dará a seleção de objetivos, estratégias e conteúdos para o ensino de tos, porém interligados: o isolamento acústico das salas de aula e suas sob os argumentos de que no Brasil a música, considerando a pluralidade de práticas e culturas musicais que qualidades acústicas. música é uma prática social que não caracterizam a diversidade brasileira (SOUZA, 2000). está vinculada à formação acadêmica; e de que outras áreas do conhecimento Diante dessa conjuntura, há outra questão fundamental que me- Isolamento acústico de não exigem formação específica rece a atenção: os locais onde a música será ensinada. Tratando-se da para a transferência de conteúdo. salas de aula Educação Básica, à qual a nova Lei se refere, grande parte dos estabe- Na realidade a discussão fica ainda lecimentos é representada por Centros de Educação Infantil, Escolas e mais complexa se for levada em Colégios, públicos ou privados. Nessas instituições educacionais, salvo Uma das definições mais sintéticas de música está na Enciclopédia Bar- conta a obrigatoriedade de um pro- fissional formado em música que, de raras exceções, a música será ensinada em sala de aula comuns6, ou sa que a descreve como “Arte de coordenar fenômenos acústicos para acordo com a Lei nº 3.857 (BRASIL, seja, em locais que não foram previamente planejados e construídos produzir efeitos estéticos” (BARSA, 1994, p. 219). Essa definição breve, 1960),ainda está em vigor e não foi levando em conta as necessidades da Educação Musical. porém muito abrangente, destaca que não é possível compreender a revogada por nenhuma outra Lei. Antes de seguir a discussão sobre as características acústicas das música sem levar em conta elementos de produção e propagação da 6. No âmbito da Educação Infantil, salas na qual a música será ensinada, é necessário detalhar alguns prin- onda sonora. o termo mais adequado é “Sala de cípios essenciais para a Educação Musical. Na literatura específica há Para que um som seja ouvido, é necessário que não haja outros Atividade”. importantes contribuições que destacam os pilares fundamentais que sons concorrentes, ou seja, mascaramento (PEREIRA, 2010). O am- devem ser contemplados. Cada educador musical costuma dar ênfase biente ideal é aquele que classificamos genericamente como silencioso. ao princípio de aprendizagem musical que considera mais importan- Mesmo que silêncio absoluto não possa ser experimentado, o silêncio te, conforme pode ser observado nos diversos pedagogos da música relativo é a condição necessária para ouvir e fazer música. Na maioria citados na obra “Pedagogias em Educação Musical” (ILARI e MATEI- das salas de aula tradicionais, o isolamento acústico é precário, pois RO, 2011) e nas propostas de Swanwick (2003), Maneveau (2000) e sua construção distribui as janelas orientadas para ambientes onde há Wuytack& Palheiros (1995). Em todas essas abordagens de Educação muitos ruídos. De forma geral, por meio das janelas externas não é Musical, estão sempre contemplados ao menos dois princípios essen- incomum ouvir as atividades que ocorrem no pátio da escola (como ciais: a audição musical e a prática musical.A audição é a instância que aulas de Educação Física, por exemplo), assim como sons da paisagem privilegia o contato do estudante com um amplo repertório musical, sonora urbana (SCHAFER, 2001). Quando há janelas internas, geral- orientando-se à diversidade e à escuta ativa, ou seja,escuta engajada mente distribuídas no terço superior da parede orientada para corre- (WUYTACK e PALHEIROS, 1995). Já a prática musical é uma deno- dores internos, é normal ouvir todos os sons de circulação de pessoas minação que engloba o desenvolvimento de habilidades ligadas à inter- nesses corredores, assim como as atividades de todas as outras salas pretação, composição e improvisação musical. cujas janelas internas se conectam ao mesmo corredor. Tanto a audição quanto a prática musical dependem fundamen- Nesses ambientes, mal isolados acusticamente, atividades de audição talmente do espaço onde são praticadas, uma vez que a música é uma musical são frequentemente frustradas, uma vez que há uma sobrepo-

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Espaços para aprender e ensinar música: construção e adequação. NABELEK, A.; PICKETT, J. Reception of consonants in a classroom as aected
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