o ROMANCE DA HISTORIA Sandra Jatahy Pesavento Jacques Lecnhardt Ligia Chiappini FIávio Aguiar Incluindoensaio e entrevista inéditos de Antonio Cândido sobre o autorde O tempo e o vento NO^LEXANDRIA A Lutorde bestsellerse consideradotão importantequantoJorgeAmado,ÉricoVerís simo escreveu o romance monumental O tempoe o vento,pararepresentaravidae a Históríanoâmbitodaficção e comelemen toseminentementeiiterários.Paraalémdsso, alcançou com ele a revelação de uma di mensão crítica valiosa em nossa literatura: a da formação da identidade gaúcha e nacio nal,soba perspectiva histórica. Os quatroensaístasqueaquise encon tram propuseram-se, em momentos e de formas diferentes, a aceitar o desafio de empreender uma investigação minuciosa do processo de criação desse autor, va lendo-se dos recursos existentes nos três momentos do romance. Compreendendo a análise orada narrativaoradospersona gens, ou do espaço ou do tempo, em O continente, O retratoe Oarquipélago, os ensaiosaqui reunidosformam um amploe diversificado ieque de contribuições aos estudosda obra de Éricoe deseu projeto literário, que implicava uma visão particu lar de nosso povo. Na retomada da figura de Rodrigo Cambará, no contraponto entre a cidade e o campo no romance, ou na importân cia da memória como matéria para a cons trução narrativa, repousam avisãodas re laçõesde poder, osconflitosideológicos, a formulação de uma estrutura social cal cada nas relações escravocratas e as con tradições históricasque formaram os po vos do Brasil,particularmente no sul. ERICO VERÍSSIMO; ROMANCE DA HISTÓRIA >5» m H Artigo e entrevista inéditos de Antonio Cândido sobre o autor de O tempo e o vento Sandra Jatahy Pesavento Jacques Leenhardt Lígia Chiappíni Fiávio Aguiar novAlexandria Copyright, 2001. Sandra Jatahy Pesavento, Jacques Leenhardt, Ligia Chiappini M.Leite, Flávio Aguiar Todos os direitos reservados. Editora Nova Alexandria Ltda. Rua Dionísio da Costa, 141 04117-110 — São Paulo — SP Caixa Postal 12.994 04010-970 — São Paulo — SP Tel./fax: (11)5571-5637 [email protected] www.novaalexandria.com.br Preparação de originais; Maria Luíza Favret Revisão de texto: Simone Luiza Costa Silberschimidt Capa: Antonio Kehl Editoração eletrônica: Eduardo SeijiSeki Fotos do acervo de Antonio Cândido de Mello e Souza e do Acervo Literário de Érico Veríssimo Dados para Catalogação Pesavento, Sandraetai. Érico Veríssimo: o romance da história / Sandra Jatahy Pesavento, Jacques Leenhardt, Ligia Chiappini M. Leite, Flávio Aguiar: textoeentrevistainéditosde AntonioCândidode Mello e Souza. — São Paulo : NovaAlexandria, 2001. ISBN 85-7492-040-1 1.Crítica literária I. Leenhardt, Jacques II. Leite, Ligia Chiappini M. III. Aguiar, Flávio IV. Souza, Antonio Cândidode Mello e V.Título CDD-801.95 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 7 NOTAS DECRÍTICA LITERÁRIA 9 Entrevista comAntonio Cândido 11 Agoraé com a literatura 19 Antonio Cândido O CONTINENTE 23 Narrativa e históriaem Otempoe o vento 25 JacquesLeenhardt Anarrativa pendular: as fronteiras simbólicas da história e da literatura 41 SandraJatahyPesavento O continente, a estânciae os escravos 52 Ligia Chiappini O RETRATO 87 Atemporalidade da perda 89 SandraJatahyPesavento Campoe cidade no retrato 103 Ligia Chiappini Oretrato de Rodrigo Cambará 122 Jacques Leenhardt ♦♦♦ ÉRICOVERÍSSIMO:O ROMANCE DA HISTORIA OARQUIPÉLAGO 135 Flora-Floriano: impasses do escritordos anos 30? 137 Ligia Chiappini Oromance da dispersão do sentido 158 JacquesLeenhardt Floriano no espelho: o mágico e o lógico 170 SandraJatahyPesavento MEMÓRIA EMEMÓRIAS 183 A memória da terra: missão feminina 185 SandraJatahyPesavento Memória do passado e memória do futuro 198 JacquesLeenhardt Osobrado, a fonte e o poço 207 FlávioAguiar APRESENTAÇÃO A releitura de uma obra é sempre uma redescoberta. Surpreende mos novos sentidosque nãohavíamos percebido ainda, observamosdeta lhes até então não pressentidos, captamos insinuações, resgatamos peque nos indícios que se oferecemcomo portas que remetem a outras questões, até então não pensadas. Éclaro quetais descobertas se dãodevido ao fato deque, a cada retomada, as perguntas eas inquietações que guiamoolharse situamna temporalidade da leitura. Mas,poroutro lado, a possibilidademesma dessareleiturademons tra que aquelaobraaindaatraia atenção, aindadespertaa vontadede ler, ainda mostra que não acabou o que tinha para dizer.Este seria o caso da obraque"fica", efoi com esseolharquenosvoltamos paraÉricoVeríssi mo e sua obra maior, Otempoe o vento. Fizemos uma releitura deOtempoeovento, percorrendo mais uma vez a trilogia Ocontinente, Oretrato e Oarquipélago. Algumasquestões nosguiaram nestecaminho.Aprimeiradelas foi que o percurso obedecesse a um duplo olhar, da história e da literatura, instigando o cruzamento dessas duas formas narrativas, fazendo-as dia logare trocarsinais. Uma outra questão que se colocou foia de não considerar que tal obra fala apenasdoRioGrandeparaoRioGrande. Pelocontrário, concebe mos o"regional" não necessariamentecomo datadoelocalizado, mas como particularidadecapazde,sebemtrabalhada, ganhargeneralidade suficien tepara falarao "todo"da literaturaedopaís,semesqueceromundo.Assim, procuramos ver comoé possíveller na obra Otempoe ovento um retrato de um certo Brasil, ou mesmo uma redescoberta do nacional. Da mesma forma,nossa leitura pretendeu surpreender nesse livrouma dimensão do universal, daquilo que o faz tornar-se sempre contemporâneo e atual. Também a idéia do estético guiou nosso olhar. Parece-nosque a estratégia narrativa deVeríssimoolevaa formularnovasambiçõesformais ♦♦♦ ÉRICO VERÍSSIMO: O ROMANCEDA HISTÓRIA para o romance histórico. Deste pontode vista, as distintas partes da trilogiarevelam a necessidadede adaptação do modelo estéticotradicio nal do romance histórico, perfeitamente ilustrado em O continente. A transformação desse modeloemOretrato eOarquipélago chama a aten çãosobreotrabalhoestético,acompanhandoa transformaçãodoheróiem um herói problemático. Com tais questões que presidiram nossa leitura, entendemos redescobrira obra, fazendo-a romperos próprioslimites da temporalidade de suaescritae a espacialidade pressupostade seu tema, propondo inter pretaçõessemprea renovar-se. Olivroque agora apresentamos pretende contribuir para preencher, pelo menos em parte, a lacuna que Antonio Cândidoapontana entrevistaaqui publicada:deuma críticaquetranscen da as fronteiras doRioGrandee,sem tirá-lo delá, relance onome de Érico paraum círculo mais amplo de leitores. Muitadiscussão e troca de idéias presidiu a elaboração destes en saios e, no fim,viemos aindaa contarcom a colaboraçãovaliosa e a soli dariedade desse grande mestre que nos brindou com seu testemunho e suas reflexões, pautadasporumequilíbrioraroentreacríticaexigenteea profunda simpatia. Com isto, convidamoso leitora renovadas leiturase releituras des te romance da História. OsAutores